Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Relatos de Experiências
11/06/2019 (Nº 68) EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SAÚDE: PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS PARA PACIENTES DE UMA CLÍNICA ESCOLA DE ODONTOLOGIA
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SAÚDE: PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS PARA PACIENTES DE UMA CLÍNICA ESCOLA DE ODONTOLOGIA

André Paulo Gomes Simões¹, Lara Danúbia Galvão de Souza2, Bernadete Santos3, Bruna de Lima Alves Simão4, Karla de Lima Alves Simão5, Mylena Medeiros Simões6, Maria das Graças Veloso Marinho de Almeida7, Abrahão Alves de Oliveira Filho8

  1. Aluno(a) da Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: andrepaulosimoes@gmail.com

  2. Aluno(a) da Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: bernadetes672@gmail.com

  3. Aluno(a) da Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: bernadetes672@gmail.com

  4. Aluno(a) da Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: brunna_2012pb@hotmail.com

  5. Aluno(a) da Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: karlla_cb@hotmail.com

  6. Aluno(a) da Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: mylenamedeirossimoes@gmail.com

  7. Professor(a) da Universidade Federal de Camina Grande. E-mail: mgvmarinho@bol.com.br

  8. Professor(a) da Universidade Federal de Camina Grande. E-mail: abrahao.farm@gmail.com



RESUMO

A educação ambiental tem como finalidade a qualidade de vida dos povos. Desde os tempos mais remotos as plantas medicinais têm sido utilizadas dentro do tratamento terapêutico para tratar as enfermidades humanas. Atualmente o uso de fitoterápicos tem-se aumentado nas mais diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, onde há uma flora diversificada para possibilitar o desenvolvimento dessa ciência. A proposta deste trabalho foi relatar a experiência da utilização da educação ambiental aplicada à saúde com o objetivo de garantir o uso racional dos medicamentos fitoterápicos. O trabalho foi realizado na comunidade atendida pela Clínica Escola de Odontologia da UFCG na cidade de Patos-PB. Para a realização das ações foram utilizados vários recursos, materiais ilustrativos como banners e cartazes, vídeos e palestras, sempre utilizando uma linguagem acessível à comunidade estimulando a criação do elo entre a universidade e a comunidade. Após a realização do das atividades, pôde-se observar a importância do uso racional dos fitoterápicos, possibilitando uma mudança nos seus hábitos como uma forma alternativa e viável de tratamento de doenças.

Palavras-chave: Educação ambiental, Fitoterapia, Odontologia



ABSTRACT

Environmental education aims at the quality of life of the. Since the earliest times medicinal plants have been used within the therapeutic treatment to treat human diseases. Currently, the use of herbal medicines has increased in the most diverse parts of the world, including Brazil, where there is a diversified flora to enable the development of this science. The purpose of this study was to report the experience of the use of environmental education applied to health with the objective of guaranteeing the rational use of herbal medicines. The study was carried out in the community attended by the Clinical School of Dentistry of the UFCG in the city of Patos-PB. For the accomplishment of the actions were used several resources, illustrative materials like banners and posters, videos and lectures, always using a language accessible to the community stimulating the creation of the link between the university and the community. After performing the activities, it was possible to observe the importance of the rational use of phytotherapics, allowing a change in their habits as an alternative and viable form of treatment of diseases.


Key words: Environmental education, Phytotherapy, Dentistry



  1. INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental emerge como indicador na busca pela sensibilização da população primando intensamente pelas questões ambientais, além das questões sociais, e o bem-estar da coletividade (FAVILLA, HOPPE, 2011).

No Brasil a cultura de três civilizações: indígena, europeia e africana, influenciou o uso de plantas usadas para tratamento de doenças. No decorrer da história as tradições europeias e africanas foram somadas à cultura indígena, durante a colonização brasileira (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006; CAVALLAZZI, 2006).

Mudanças sociais, políticas, econômicas e na saúde, influenciaram no retorno do uso terapêutico de plantas medicinais no meio científico e resgatou a medicina alternativa, ressurgindo em função de falta de êxito no modelo biomédico para o tratamento das doenças, efeitos colaterais e alto custo das drogas alopáticas. A eficácia de algumas plantas medicinais com comprovação científica valorizou e respeitou essas práticas, em seus aspectos culturais (ALVIM et al., 2006).

A extensa utilização e credibilidade de ervas para tratamento de doenças pela população brasileira, impulsionou o governo a estabelecer oficialmente políticas voltadas ao uso e estudo da utilização de plantas medicinais e fitoterápicos para promoção da saúde, com diretrizes que incentivam, regulamentam e promovem a utilização desses recursos naturais no SUS (MARANHÃO, 2011).

Os medicamentos fitoterápicos são preparações vegetais padronizadas que consistem de uma mistura complexa de uma ou mais substâncias presentes na planta e precisam ser devidamente preparados e prescritos em obediência à legislação vigente (DI STASI, 2007; VALERIANO et al., 2017).

Sabe-se que o uso do medicamento, de maneira inadequada, traz importantes danos à saúde dos pacientes. Erros no preparo, de dose, intoxicações, agravo e mascaramento de doenças, efeitos indesejáveis e interações medicamentosas são exemplos de efeitos adversos que essa prática sem conhecimentos de um médico responsável pode acarretar (CARVALHO, TREVISOL, MENEGALI, 2008).

Além disso, os cuidados dispensados aos medicamentos no domicílio são de fundamental importância para minimizar os riscos à saúde. Os medicamentos cuja validade esteja vencida devem ser devidamente separados de todos os demais e descartados. Também é importante a preservação da embalagem primária e do rótulo dos medicamentos permitindo sua correta identificação e evitando equívocos no uso dos mesmos (LIMA, NUNES, BARROS, 2010; MASTROIANNI et al., 2011).

Nesse sentido, promoção do uso racional de medicamentos deve ser prioridade dos sistemas de saúde em todo o mundo (AQUINO, 2008), sendo esta uma tarefa complexa, haja vista que o uso racional de medicamentos ocorre quando o paciente recebe o medicamento apropriado à sua necessidade clínica, na dose e posologia corretas, por um período de tempo adequado e com o menor custo para si e para a comunidade (OMS, 1985).

O desenvolvimento de atividades educacionais de caráter público constitui um dos meios de alcançar o uso racional de medicamentos, em especial os fitoterápicos, proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2012). No Brasil, o Ministério da Saúde tem proposto a Educação Permanente como uma estratégia de transformação das práticas de formação, atenção, gestão, formulação de políticas, participação popular e controle social no setor de saúde (ILLERA, 2007).

Nessa visão destaca-se a extensão, que funciona como uma forma de interação entre a academia e a comunidade na qual está inserida, trazendo benefícios para ambas as partes. A participação e o envolvimento de cada comunidade pelo diálogo trazem consigo a união, o desenvolvimento e a conscientização, ou seja, a educação para a transformação social (DIAS et al, 2007).

Neste contexto, o exercício da educação ambiental relacionada à saúde por meio da orientação da comunidade pelos alunos pertencentes a grupos de extensão pode auxiliar no uso consciente das plantas medicinais e dos medicamentos fitoterápicos pela população, diminuindo assim os casos de problemas de saúde relacionados à Fitoterapia.



  1. METODOLOGIA



O projeto de extensão foi realizado na Clínica Escola de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande do município de Patos.

Em um primeiro momento foram realizadas visitas na unidade participante do projeto para colher dados necessários a respeito do cronograma de cada unidade. Além disso, durante esta visita foram aplicados questionários aos profissionais responsáveis com o objetivo de compreender a rotina e o conhecimento básico da comunidade sobre o preparo, o uso, armazenamento e o descarte dos medicamentos fitoterápicos.

Após a primeira visita os dados coletados foram analisados durante reuniões com todos os integrantes do projeto para o planejamento das atividades que foram desenvolvidas pelos alunos na a comunidade atendida. Os integrantes do projeto lançaram mão de materiais ilustrativos (banner, cartazes), vídeos e realizaram palestras com o objetivo de informar à comunidade atendida sobre o uso racional dos medicamentos fitoterápicos, bem como, o seu armazenamento e descarte.

Foram preparados panfletos educativos com uma linguagem acessível para distribuição durante todas as abordagens com a comunidade, objetivando-se compartilhar conhecimentos horizontalmente. Durante este momento, foram ouvidas as experiências vividas pela comunidade atendida e foi estimulada a criação do elo universidade-comunidade. Essas experiências foram base para as próximas ações ditando mudanças ou adequações que sejam necessárias para o bom andamento das ações.

Na Clínica Escola de Odontologia foi realizada também uma oficina com a população atendida para se transmitir os passos corretos de preparação dos medicamentos fitoterápicos caseiros. Após a oficina, foi realizada uma roda de conversa para observar o nível de compreensão da comunidade depois das atividades práticas.



  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente foram realizadas as confecções do material de apoio, como banners, panfletos, que abordavam o tema de uso racional dos fitoterápicos. Foram confeccionados dois panfletos: um abordava sobre a definição do nosso projeto de extensão, além de orientações sobre como onde coletar, como coletar, quando coletar, secar e conservar, como preparar e como usar as plantas medicinais. O segundo panfleto abordava os cuidados na preparação de chá, ensinando a três formas de preparo, infuso, decocto e macerado.

Os banners utilizados durante as ações abordavam informações sobre as principais plantas com potencial fitoterápico e suas principais indicações.

Foram realizadas atividades com os pacientes da Clínica Escola de Odontologia da UFCG, os componentes do projeto dividiram-se em duas equipes. Uma atuou pelo turno da manhã e a outra no turno da tarde. Optou-se pelos dias das quintas-feiras, já que era o dia da semana com mais pacientes e cirurgias, onde os pacientes submetidos a este tipo de procedimento, apresentam em sua maioria algum tipo de ansiedade.

Tendo em vista essas condições, realizou-se palestras, abordando o uso racional dos fitoterápicos de um modo geral, os cuidados com as plantas, as principais vantagens em utilizar esse tipo de tratamento.

Em um segundo momento, foram distribuídos chás com propriedades de calmante. Demonstrando na prática, que essas plantas possuem um efeito clínico comprovado, e desmistificando falsas crenças. O chá foi preparado em forma de infusão, pela utilização de folhas, que são partes moles da planta. Foram utilizados 10 gramas da planta seca, para cada 150 mL de água limpa. A preparação que extraiu os princípios ativos das plantas através da adição de água fervente sobre as partes das plantas lavadas e cortadas. Após a adição da água, o recipiente foi tampado e deixado em repouso durante 10 minutos (BARACUHY et al., 2016).

Nas salas de atendimento da Clínica Escola foram distribuídos panfletos ilustrativos sobre o uso racional dos fitoterápicos e outro com as formas corretas dos preparos dos chás. No final das atividades foi solicitada para cada comunidade a realização de uma avaliação sobre o projeto e a atuação dos alunos.

  1. CONCLUSÃO

Por tanto, através desse projeto os alunos tiveram a oportunidade de estender, divulgar e incentivar a preparação e o uso consciente dos medicamentos fitoterápicos, consolidando um dos pilares da educação ambiental relacionada à saúde. Para melhorar a demonstração dos fitoterápicos, foram realizadas oficinas e rodas de conversas, com o intuito de compartilhar conhecimento sobre as plantas medicinais.



REFERÊNCIAS



ALVIM, N. A. T.; et al. O uso de plantas medicinais como recurso terapêutico: das influências da formação profissional às implicações éticas e legais de sua aplicabilidade como extensão da prática de cuidar realizada pela enfermeira. 2006. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 3, 2006.

AQUINO, D.S. Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade? Ciênc. Saúde Coletiva v.13, p.733-36, 2008.

BARACUHY, J.G.V., et al. Plantas Medicinais de uso comum no Nordeste do Brasil. Camina Grande, EDUFCG, 2016.

CARVALHO, D. C.; TREVISOL, F. S.; MENEGALI, B. T.; TREVISOL D. J. Drug utilization among children aged zero to six enrolled in day care centers of Tubarão, Santa Catarina, Brasil. Revista Paulista de Pediatria. V.5, n.26, p.238-244, 2008.

CAVALLAZZI, M. L. Plantas medicinais na atenção primária à saúde. 2006. 144f. Dissertação (Mestrado) - Centro de Ciências Médicas. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2006.

DIAS, A. A. et al. Saúde Bucal Coletiva: Metodologia e Práticas. São Paulo. Ed Santos, 2007.

DI STASI, L.C. Plantas medicinais: verdades e mentiras. São Paulo: UNESP, 2007.

FAVILA, M.A.C.; HOPPE, J.M. As plantas medicinais como instrumento de educação ambiental. Revista Eletrônica do Curso de Especialização em Educação Ambiental da UFSM. V.3, n.3, p. 468– 475, 2011.

ILLERA, J.L.R. Como as comunidades virtuais de prática e de aprendizagem podem transformar a nossa concepção de educação. Rev Cienc Educ.v.3, p.117-24, 2007.

LIMA, G.B.; NUNES, L.C.C.; BARROS, J.A.C. Uso de medicamentos armazenados em domicílio em uma população atendida pelo Programa Saúde da Família. Cien Saude Colet. V.15, p.3517-3522, 2010.

MARANHÃO, D. G. Análise situacional de Seis Programas de Fitoterapia Brasileiros. 2011. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Fundação Oswaldo Cruz. Farmanguinhos. Complexo Tecnológico de Medicamentos. Rio de Janeiro. 2011.

MASTROIANNI, P.C.; LUCCHETTA, R.C.; SARRA, J.R.; GALDURÓZ, J.C.F. Estoque doméstico e uso de medicamentos em uma população cadastrada na estraégia saúde da família no Brasil. Rev Panam Salud Publica. V.29, n.5, p.358-364, 2011.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Conferencia de expertos sobre uso racional de los medicamentos. 1985, Nairobi, Kenia: OMS; 1985.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Perspectivas políticas sobre medicamentos de La OMS: promoción del uso racional de medicamentos-componentes centrales. Ginebra: OMS; 2002.

TOMAZZONI, M. I.; NEGRELLE, R. R. B.; CENTA, M. L. Fitoterapia popular: a busca instrumental enquanto prática terapeuta. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 15, n. 1, p. 115121, 2006.

VALERIANO, A.C.F.R.; et al. O Uso da Fitoterapia na Medicina por Usuários do SUS: Uma Revisão Sistemática. I Id on Line Rev. Psic. v.10, n. 33, Supl. 2, 2017.

Ilustrações: Silvana Santos