Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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11/06/2019 (Nº 68) ORGANIZAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE BATERIAS AUTOMOTIVAS NO COMÉRCIO DE AUTOCENTROS EM TERESINA-PI
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ORGANIZAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE BATERIAS AUTOMOTIVAS NO COMERCIO DE AUTOCENTROS EM TERESINA – PI



Stenio Lima Rodrigues1, João Vitor de Oliveira Sousa2, Francisco Antônio Gonçalves de Carvalho3, Ana Carla Cavalcante das Chagas4, Luciana Batista Lima5



1Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal do Piauí (Stenio.rodrigues@ifma.edu.br)

2Especialista em Gestão Empresarial – Fundação Getúlio Vargas
(jvoliveira92@gmail.com)

3Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal do Piauí (tonyogc@hotmail.com)

4Mestranda em Administração e Controladoria – Universidade Federal do Ceará (a.carlacavalcante@gmail.com)

5Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal do Piauí (luciana.lima@ifma.edu.br)



RESUMO

Quando descartadas de forma inadequada as baterias inservíveis podem causar sérios problemas tanto ao meio ambiente como a saúde das pessoas. A logística reversa tem por finalidade facilitar o fluxo destes resíduos a uma destinação ambientalmente correta para minimizar tais problemas. Neste artigo foi adotada a seguinte questão de pesquisa: quais aspectos são importantes para que ocorra o funcionamento do sistema de logística reversa de baterias automotivas em uma rede de empresas do ramo de autocentro? O estudo teve como objetivos: analisar o sistema de logística reversa de baterias inservíveis em uma rede de autocentros na cidade de Teresina-PI, e identificar aspectos que são importantes e que influenciam o desempenho da logística reversa. A pesquisa desenvolvida pode ser classificada como qualitativa e teve natureza exploratória, foi adotado como delineamento o método estudo de caso. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada direcionada ao gestor ambiental da rede analisada. Os resultados revelaram a importância e operacionalização dos aspectos: coleta, responsabilidade socioambiental, inspeção/seleção/armazenamento e transportes de baterias, bem como suas interligações na cadeia da logística reversa de baterias inservíveis.



ABSTRACT

When disposed of improperly the scrap batteries can cause serious problems both for the environment as people's health. Reverse logistics is designed to facilitate the flow of such waste to environmentally correct disposal to minimize such problems. In this article, we adopted the following research question: which aspects are important to occur the operation of the reverse logistics system of automotive batteries in a network of autocenter branch companies? The study aimed to: analyze the reverse logistics system of waste batteries in a network of Teresina and identify aspects that are important and influencing the performance of reverse logistics. The developed research can be classified as qualitative and had exploratory, was adopted as the design study case method. Data collection was conducted through semi-structured interviews directed to the environmental manager of the analyzed network. The results show the importance and implementation of aspects: collection, environmental responsibility, inspection / selection / storage and battery transport and their interconnections in the chain of reverse logistics of waste batteries.

KEYWORDS: reverse logistics, waste batteries, environment.



1. INTRODUÇÃO



O chumbo é uma substância considerada como matéria-prima essencial para a produção de baterias de chumbo-ácido que são utilizadas em veículos automotivos. Devido o seu esgotamento nas jazidas localizadas no Estado de Minas Gerais, atualmente a produção brasileira se concentra principalmente no mercado secundário por meio da reciclagem, ou através de importação de outros países. O nível de toxidade do chumbo presente nas baterias automotivas quando são descartadas de forma inadequada, podem causar graves danos ambientais e à própria saúde das pessoas que lidam diretamente com estes produtos sem proteção adequada (PAOLIELLO E CHASIN, 2001).

O crescimento da sensibilidade ecológica da população tem provocado um aumento de discussões a cerca da implantação da logística reversa de pós-consumo nas empresas. Com a evolução do consumo e consequentemente da poluição ambiental, as pessoas estão mais cientes sobre as responsabilidades ambientais que as empresas devem ter para que não prejudiquem ao meio ambiente (LEITE, 2009). A possibilidade de reaproveitamento dos materiais após seu consumo, diminuição de custos com equipamentos e matérias-primas são fatores que tem proporcionado o crescimento da logística reversa nas empresas (CAMPOS, 2006).

No Brasil, a legislação que contempla a logística reversa de baterias é a resolução normativa nº 401, publicada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) em 30 de novembro do ano de 2008. Esta norma tem por finalidade estabelecer regras sobre a logística reversa adequada de pilhas e baterias, que deve ser implantada pelos fabricantes e importadores na comercialização de seus produtos aos demais agentes da cadeia reversa, como comerciantes, distribuidores e recicladores de baterias.

Desta forma a logística reversa de baterias automotivas inservíveis pode ser uma solução para minimização de danos causados ao ambiente, bem como para agregar valor às atividades operacionais de uma empresa que as comercializam. Foi neste contexto que surgiu a questão de pesquisa que fundamenta este artigo: quais aspectos são relevantes para que ocorra o funcionamento do sistema de logística reversa de baterias automotivas em uma rede de empresas do ramo de autocentros?

O estudo teve como objetivos: analisar o sistema de logística reversa de baterias inservíveis em uma rede de autocentros na cidade de Teresina e identificar aspectos que são importantes e que influenciam o desempenho da logística reversa.

Para resolver a questão e os objetivos propostos, foi desenvolvida uma pesquisa classificada como qualitativa em relação ao tratamento dos dados, com natureza exploratória em relação a sua finalidade, sendo realizada por meio do delineamento de pesquisa método estudo de caso. A coleta dos dados foi realizada através de entrevista semiestruturada direcionada ao gestor ambiental da matriz da rede de autocentros pesquisada.

Além desta introdução, na qual é apresentado um panorama do tema pesquisado e da importância da logística reversa de baterias, este artigo está estruturado em mais cinco capítulos. No segundo capitulo será apresentado uma revisão bibliográfica contemplando os seguintes temas: problemas ambientais decorrentes das baterias e logística reversa. No terceiro serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento da pesquisa. No quarto serão apresentados os resultados obtidos, já no quinto será realizada uma análise dos resultados. E finalmente no sexto capítulo serão expostas as considerações finais da pesquisa.



2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA



2.1 BATERIAS AUTOMOTIVAS E SEUS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE



Do ponto vista químico, uma bateria pode ser conceituada como uma solução eletroquímica que fornece energia elétrica conforme o uso de reações de elementos químicos, como chumbo, enxofre e hidrogênio. Já se observando pelo lado funcional, uma bateria automotiva tem a finalidade de dar partida elétrica ao motor de partida e ao sistema de ignição de um veículo além de auxiliar o alternador e estabilizar o sistema elétrico do veículo (SANTOS ET AL. 2012). As baterias de chumbo-ácido, presentes em veículos automotores, possuem reações reversíveis, desta forma podem ser recarregadas diversas vezes (PAOLIELLO E CHASIN, 2001).

Segundo a resolução nº 401 do CONAMA (2008) são consideradas baterias de aplicação veicular aquelas utilizadas para partidas de sistemas propulsores e/ou como principal fonte de energia em veículos automotores de locomoção em meio ambiente terrestre, aquático e aéreo, inclusive de tratores, equipamentos de construção, cadeiras de rodas e assemelhados.

O chumbo é considerado um metal pesado altamente maléfico e a principal substância utilizada na fabricação de baterias. As propriedades de dureza e maleabilidade do chumbo têm determinado um aumento progressivo em sua utilização industrial. Baixo ponto de fusão, alta resistência à corrosão, alta densidade e opacidade aos raios X e gama, estabilidade química no ar, solo e água são alguns fatores que facilitam sua comercialização no mercado nacional (PAOLIELLO E CHASIN, 2001). No entanto, é necessário que se estabeleçam padrões de segurança para que sejam minimizados os riscos à saúde através de contaminação na montagem de veículos, no manuseio e recuperação de baterias inservíveis.

O chumbo utilizado para a fabricação de baterias de chumbo-ácido, que são as mais utilizadas em automóveis, possui alto potencial de reciclagem principalmente devido ao seu valor econômico. Assim, quando as baterias são descartas incorretamente, não sendo recicladas, podem causar grandes perdas de recursos econômicos, ambientais e energéticos, além dos riscos ao meio ambiente e aos que nele habitam (CORREIA, SANT’ANNA E NETO, 2009).

Segundo Jost (2001) os processos de abertura e quebra de baterias devem ser realizados com dispositivos mecanizados e em locais específicos. As fontes mais comuns de contaminação ambiental por chumbo no descarte de baterias são: poeiras contaminadas com chumbo e eletrólito ácido, chumbo particulado e detritos contaminados (PAOLIELLO E CHASIN, 2001).

A disposição inadequada de baterias também pode contaminar o solo, além de um produto com substâncias corrosivas e tóxicas devido ao chumbo ácido que faz parte de sua constituição . Já para a saúde humana, devido seu nível de toxidade, o chumbo das baterias proporcionam doenças e sérios riscos de vida. Segundo Academia Sul-Americana de Medicina Integrada (2011) os altos níveis de chumbo no organismo humano geram os seguintes sintomas conforme o quadro 1 apresentado a seguir:

Quadro 1- Problemas ao organismo humano provocado pela contaminação com baterias

Local

Sintoma

Sistema Motor

Paralisias motoras, dores nas articulações e fortes dores de cabeça.

Sistema Nervoso

Insônia, irritabilidade, distúrbios mentais generalizados, convulsões, entre outros.

Sistema Digestório

Anorexia, gosto metálico e diarréia.

Outros:

Desconforto muscular com tônus muscular diminuído fadiga, anemia, osteopatia, pode levar a alterações renais e hepáticas e aumento ácido úrico.

Fonte: Adaptado de Caetano et al.(2011)



2.2. LOGÍSTICA REVERSA



Na literatura de logística empresarial a logística reversa é considerada como um tema recente, a partir da década de 80 as empresas começaram a se preocupar com o fluxo reverso nas cadeias produtivas, visando reduzir os impactos ambientais causados por seus resíduos (MILANO E LIZARELLI, 2014).

Para Leite (2009) a logística reversa é uma área que planeja, opera e controla os fluxos e as informações logísticas correspondentes do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos. Grisiet al.(2003) de forma similar em uma abordagem funcional define a logística reversa como a movimentação de produtos do consumidor em direção ao produtor na cadeia de suprimentos.

A logística reversa tem por finalidade gerenciar os fluxos contrários da logística tradicional, que consistem no fluxo dos produtos do seu ponto de consumo até a sua origem para reincorporação ao ciclo de negócios através de reciclagem, remanufatura, envio para mercados secundários, destinação final, entre outras maneiras (KOPICKI ET AL.,1993). Trata-se de um processo de tratamento de informações, dados e agregação de valor aos bens que retornam ao ciclo produtivo (SOARES, OLIVEIRA, E TEMOTEO, 2011).

A importância econômica da logística reversa de baterias se deve à oportunidade de recuperação de grande parte do valor empregado no processo de produção, proporcionando desta forma benefícios financeiros em economias de custos (LEITE ET AL., 2005).

Os cinco determinantes a seguir resumem bem os fatores que motivam a implantação da logística reversa nas organizações. Estes cinco fatores citados por Acosta, Padula e Pérez (2010) se relacionam e agregam valor para marcas, possuem benefícios de economia de custo, ou pela remanufatura ou oportunidade de negócio, e têm forte impacto na preservação do meio-ambiente.

Quadro 2- Determinantes para a prática da Logística Reversa

Fator

Descrição

Fatores econômicos

Diz respeito às reduções de custos nos processos de produção através da recuperação de produtos obsoletos ou após sua vida útil. Desta forma a logística reversa passa a ser entendida como um investimento que gera retorno.

Legislação

Há casos em que a legislação torna obrigatória às empresas a prática da logística reversa através do recebimento de seus produtos ao final da útil, bem como recuperação. Desta forma ocorre a redução do volume de desperdício e o aumento do uso de bens reciclados.

Consciência Social

Consiste no conjunto de valores e princípios adotados pelas empresas e pelas pessoas que atualmente tem se preocupado cada vez mais com o meio ambiente. Além de ensinar aos clientes a melhor forma de consumir seus produtos, pode trazer também ganhos competitivos para as empresas relacionados a imagem corporativa.

Meio ambiente e pensamento ecológico

A logística reversa visa atingir benefícios ambientais que se incorporam as práticas do negócio e à vantagem competitiva. A imagem de produto sustentável, que não agride ao meio ambiente, é considerada um elemento de marketing que motiva a empresa a praticar a logística reversa.

Qualidade global e atendimento ao consumidor

Com a implantação de sistemas logística reversa, a qualidade do produto e o atendimento ao consumidor a qualidade amplia-se para estágios que vão além da manufatura e uso do produto, integrando parâmetros nos processos de recuperação, desmaterialização e tratamento do produto após o final de sua vida útil.

Fonte: Adpatado de Acosta, Padulae Pérez (2010).



Um canal de distribuição pode ser conceituado como uma série de etapas que fazem com que o produto seja entregue ao cliente final. Estas etapas podem ser categorizadas em movimentação, estocagem, processamento de pedidos de produtos finalizados. Na logística reversa existem os Canais de Distribuição Reversos (CDR´s) que tem por finalidade fazer com que os bens descartados ou devolvidos retornem ao ciclo produtivo ou tenham uma destinação adequada (BEZERRA ET AL, 2009).

Os CDR´s podem ser classificados como de pós-venda ou pós-consumo. No primeiro, são utilizados materiais com pouco ou nenhum uso, geralmente são produtos com defeitos de fabricação, enquanto no segundo canal são captados materiais após sua vida util. A vida útil do produto compreende o período da produção ao consumo final de clientes. Os materiais constituintes de baterias, tais como liga de chumbo e plástico, são extraídos após o final de sua vida util. Trata-sede um canal reverso de ciclo fechado, já que seus materiais são reintegrados ao ciclo de produção de novas baterias (LEITE, 2009). No contexto deste artigo, as baterias automotivas estão inseridas no canal de distribuição reverso de pós-consumo.

Os canais da logística reversa de pós-consumo podem ser classificados em reuso, desmanche e reciclagem. “Os canais reversos de reuso são definidos como aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura” (CLM, 1993, p. 3). Já os canais reversos de reciclagem e desmanche são considerados canais de revalorização. O desmanche é um processo de desmontagem de um produto no final de sua vida útil, os componentes em condições de uso ou de remanufatura são separados dos que não possuem, e enviados ao mercado de peças usadas, enquanto os demais, que são passíveis de reciclagem podem sofrer destinação ambientalmente correta (CLM, 1993).

Sobre os aspectos legais que envolvem a logística reversa de baterias a resolução nº 401 do CONAMA (2008) determina que as baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrios e seus compostos, deverão ser entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializem ou a rede de assistência técnica autorizada, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.

Para a mesma resolução os fabricantes e importadores de baterias devem serem cadastrados no sistema Cadastro Técnico Federal (CTF). Através deste sistema é possível realizar prestações de contas anuais ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) das quantidades produzidas, vendidas e que foram destinadas. Cada fabricante ou importador deve possuir também um plano de gerenciamento de baterias para que possam receber licenças de funcionamento do IBAMA.

As empresas que comercializam baterias automotivas ou a rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes e importadores desses produtos, são obrigadas pela mesma resolução, a aceitar dos clientes a devolução das unidades usadas, que possuam características que sejam similares às comercializadas no inicio de suas vidas úteis. Estas empresas podem ter incentivos do setor público bem como dos próprios fabricantes para a promoção de campanhas ambientais educativas com a finalidade de coletar baterias usadas.



3 METODOLOGIA



O método utilizado para fundamentar a pesquisa realizada neste artigo foi o estudo de caso simples realizado em uma rede de autocentros localizada em Teresina-PI. Segundo Yin (2005) o estudo de caso consiste no delineamento mais adequado se investigar um fenômeno atual dentro de seu contexto real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos.

O estudo foi realizado em uma abordagem qualitativa com natureza exploratória, tendo-se como objeto de estudo as baterias de chumbo-ácido que são utilizadas na cadeia da logística reversa da rede de autocentros analisada. As fases do estudo de caso foram definidas em protocolo de pesquisa pelos autores, constituiu-se de revisão bibliográfica, coleta de dados, transcrição e análise dos dados por meio da técnica de análise de conteúdo, pelo qual foram definidas as categorias a serem analisadas e por fim, discussão e análise dos resultados.

A coleta de dados foi realizada através da aplicação questionários semiestruturados com natureza aberta, direcionado ao gerente ambiental da empresa. Martins (2008) considera que esta técnica de pesquisa tem por objetivo básico entender e compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações, em contextos que não foram estruturados anteriormente, com base nas suposições e conjecturas do pesquisador.

O mesmo autor ainda considera que a semiestruturação de instrumentos de coletas de dados deve ser realizada quando se pretende buscar informações detalhadas sobre tema especifico, com objetivos de levantar motivações, percepções e atitudes. Tais finalidades foram alcançadas neste trabalho com a realização dos procedimentos de coletas de dados e entrevistas de profundidade direcionadas ao gestor ambiental da empresa.

Para a elaboração dos questionários foi necessário se realizar uma revisão na literatura na área de logística reversa e baterias automotivas. As entrevistas foram realizadas com a finalidade de obtenção de dados sobre os principais aspectos que envolvem a adoção de práticas de logística reversa de baterias automotivas a nível regional pela empresa analisada.

É importante ressaltar que foi firmado contrato de sigilo entre os pesquisadores e a direção da rede de empresas pesquisada. Portanto neste trabalho será preservado o nome da organização pesquisada, pela qual está sendo citada apenas como “rede de empresas do ramo autocentros”.

Teve-se como roteiro básico para a realização deste estudo os seguintes aspectos: responsabilidade socioambiental, sistema de coleta, e o inspeção/seleção/ordenamento, movimentação e transporte. O primeiro foi identificado como umas das motivações para a pratica da logística reversa segundo Leite (2009), já os demais foram definidos com base no framework desenvolvido por De Brito e Dekker (2003) que define práticas para a execução de um sistema de logística reversa. Esses aspectos serão apresentados e discutidos na seção de resultados logo a seguir.



4 RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CASO



A rede de autocentros pesquisada neste trabalho faz parte de um conjunto de empresas de origem piauiense no segmento de prestação de serviços automotivos. O grupo empresarial iniciou suas atividades na prestação de serviços no ramo de combustíveis para veículos leves e pesados. A organização surgiu quando o seu fundador empreendeu o primeiro negócio próprio em 1968, em Teresina-PI. Porém, somente no ano de 1977 que o grupo iniciou a trajetória para a venda de pneus, baterias e prestação de serviços automotivos.

Atualmente o grupo conta com seis empresas, todas essas são relacionadas de alguma forma ao ramo automotivo. Esta rede é composta por empresas no ramo de combustível, lubrificantes, consultoria, transportadora e na distribuição de pneus e baterias. Apesar de todas as empresas fazerem parte de um só grupo, a gestão de cada empresa ocorre de forma independente e descentralizadas.

A distribuição das baterias automotivas para comercialização, é realizada em nove filiais, nos quais sete possuem o foco na prestação de serviços para veículos leves e duas tem o foco na prestação de serviços para veículos pesados. Nas filiais em que se tem por foco os veículos leves existe uma divisão em três setores: gerência, equipe técnica e equipe de comercial. Já nos autocentros com ênfase em veículos pesados os setores são divididos em: indústria de recapagem, equipe técnica e equipe comercial.

Com uma forte cultura organizacional pautada em valores como ética, valorização dos seus colaboradores e respeito a fornecedores e clientes, a rede de autocentros expandiu suas atividades para outros segmentos de atuação. A valorização das pessoas é considerado como um aspecto que faz com que a empresa mais se destaca em âmbito interno e externo. Além da valorização dos colaboradores, a empresa também visa o melhor desempenho dos seus produtos e serviços oferecidos. A organização conta com um índice de satisfação dos clientes em 97%. Ou seja, além do compromisso com o desempenho do produto, há um desempenho com a satisfação dos clientes. E é se baseando em qualidade e sustentabilidade que a organização planeja se posicionar no mercado através de princípios de qualidade como: liderança, abordagem de processos, foco no cliente e busca continua pela excelência em gestão, que a empresa sempre procura obter uma melhoria contínua em suas filiais.



4.2 ASPECTOS ANALISADOS

a) Responsabilidade socioambiental

A responsabilidade socioambiental da organização pode ser intitulada como “aspecto mãe”. Esse aspecto influencia e cria programas ambientais de conscientização interna e externa objetivando o conhecimento por parte do cliente da importância de se destinar as baterias automotivas. Esses programas são periodicamente desenvolvidos de forma que estabeleçam a cultura da sustentabilidade da organização para com seus fornecedores, clientes e a sociedade em geral.

Essas políticas trazem retorno tanto em imagem para a empresa, assim como para o bem estar dos colaboradores e comunidade em geral. Há também o retorno econômico da organização com a venda da sucata de baterias para o fabricante e assim, com a redução de custo na compra de uma bateria nova para revender. Esse caráter econômico pode ser considerado o principal fator de influência da operacionalização da logística reversa.

Para o estabelecimento dessa cultura, a organização promove uma conscientização sobre a importância da logística reversa de baterias. Essa conscientização é realizada através de panfletos, banners, outdoors, palestras e treinamento internos sobre a real importância de se destinar adequadamente os resíduos sólidos.

A responsabilidade socioambiental também é influenciada pelo fator legislação. Através da resolução nº 401 do CONAMA (2008), o fabricante passa a ter a responsabilidade de destinar corretamente todos os resíduos sólidos gerados pelo consumo de baterias automotivas. Assim, a legislação passa a cobrar o fabricante e, consequentemente o fabricante ao distribuidor. É por essa cadeia de influências que a logística reversa de baterias ocorre. Para que essa influência ocorra sem conflito entre as partes, o fabricante passa a estimular essa responsabilidade através do retorno:

  • Incentivo com dinheiro para campanhas de marketing;

  • Desconto na compra de novas baterias.

Esse retorno estimula a organização e fornece todo o suporte no desenvolvimento e execução da política ambiental da empresa. Podendo assim, executar esse programa de forma adequada junto a sociedade.

b) Sistema de coleta de baterias



A coleta de baterias inicia-se através dos vendedores externos e dos internos. São os vendedores que ficam responsáveis pela coleta de baterias junto ao cliente. No caso dos vendedores internos, o cliente chega na loja desejando comprar uma bateria nova. Ao chegar na loja o cliente é informado através de informativos, sobre os perigo ao meio-ambiente e a saúde pública da sucata de bateria. Segundo a resolução de nº401 do CONAMA (2008), o cliente é obrigado a deixar a bateria inservível na loja. Entretanto, isso não é exigido no momento da troca da bateria já que o fato de obrigar o cliente a tal situação pode acarretar em constrangimentos entre as partes.

Os vendedores também informam do desconto que a sucata da bateria inservível gera na compra de uma nova bateria. É perceptível que o principal fator para a devolução da bateria por parte do cliente seja econômico, visto que o desconto gera uma redução de custos considerável para o cliente. Cerca de 98% dos casos os cliente deixam a bateria inservível na compra de uma nova.

No caso dos vendedores externos, os clientes atendidos são pessoas jurídicas. O perfil destes clientes difere dos clientes atendidos pelos vendedores internos. Nesses casos, são os vendedores externos que entram em contato com o cliente para a realização da compra da sucata. Em geral, os clientes são proprietários de frotas de veículos de transportadoras, distribuidoras ou empresas de ônibus. Nessas situações, as baterias são recolhidas na empresa-cliente. Ou seja, diferente do cliente pessoa física que se dirige ao autocentro para a entrega da sucata, nos clientes pessoas jurídicas, os vendedores que se dirigem ao cliente para a compra da sucata de bateria.

Quando a bateria apresenta defeito de fabricação, a qual é denominada de “bateria em garantia”, é recolhida no local em que o cliente se encontra, independente se o cliente é pessoa física ou jurídica. Com exceção dos casos que o próprio cliente se dirige até a loja. Essa bateria é transportada para a matriz, onde é feito um laudo situacional dessa bateria. Caso o laudo confirme que seja um defeito de fábrica, essa bateria é armazenada separadamente em páletes dentro do estoque da matriz.

Outra questão importante, é que apesar da organização em questão ser distribuidora de uma grande marca de baterias no Estado, ela coletam baterias de outras marcas.



c) Inspeção/Seleção/Ordenamento



Finalizada a coleta da sucata de bateria por parte do vendedor, esse direciona os resíduos sólidos para o estoque da distribuidora. A partir desse momento, o estoquista inicia o processo de entrada de bateria no estoque através do pedido de compra recebido. Para a realização deste lançamento no estoque, a bateria precisa ser lançada como aquisição. Isso ocorre para efeito de controle de estoque. Através do sistema de controle de estoque, além da entrada da bateria inservível no estoque, é gerado o desconto na compra da bateria nova para o cliente e/ou na troca de produtos e serviços.

Feito isso, as sucatas de baterias são armazenadas no estoque dos autocentros separadas dos outros produtos. Elas são acondicionadas dispostas em páletes, não tendo contato com o chão. Sendo armazenadas em local fechado com o piso de concreto para evitar um possível vazamento de uma solução de bateria para o meio-ambiente.

As sucatas de baterias são armazenadas e destinadas mensalmente ao centro de distribuição regional da rede de autocentros. Nesse local as baterias são armazenadas em contêineres específicos para esses tipos de resíduos sólidos. Esses contêineres ficam sobrepostos em páletes, evitando-se o contato com os resíduos sólidos e químicos e evitando o contato desses resíduos com o meio ambiente.

No caso das baterias em garantia, elas são acondicionadas de forma distinta. Elas são dispostas no estoque também de forma separada dos outros produtos e das outras sucatas de baterias e, ao se destinar ao centro de distribuição, também é mantida em um contêiner sobreposto em páletes. Porém, distante de qualquer sucata de bateria.



d) Movimentação e Transporte de Baterias



Pode-se constatar que os procedimentos de coleta, inspeção, seleção e o ordenamento de sucatas de baterias tem suas particularidades. Entretanto, além desses, há outro aspecto que detém suas especificidades e deve ser levado em consideração na logística reversa: movimentação e o transporte.

No caso da sucata de baterias, o manuseio desse resíduo ocorre com luvas impermeáveis e com óculos para evitar o respingo de solução química. O manuseio é realizado com cuidado, evitando-se desta forma a danificação da sucata e o vazamento da solução ácida.

Em relação ao transporte propriamente dito, as sucatas de baterias são direcionadas para o centro de distribuição, através de caminhões baús. Essas baterias são movimentadas a partir do momento em que o caminhão entrega para a filial as baterias novas para serem revendidas e recolhem as sucatas e as baterias em garantia para o centro de distribuição e posteriormente são entregues nas fábricas x e y. Dentro do caminhão, esses dois tipos de baterias são separadas. Os caminhões possuem dois tipos de capacidades: 4 e 12 toneladas.

A frequência da visita desses caminhões nas filiais depende do volume de vendas. Em regra, pelo menos uma vez ao mês o caminhão recolherá em cada filial para entregar baterias novas. No entanto, dependendo do volume de vendas, a frequência pode chegar a quatro visitas mensais. Partindo desse pressuposto, observa-se a relação entre a força de vendas e a logística reversa desse resíduo sólido. Sendo que a destinação desse resíduo depende diretamente da quantidade de baterias novas vendidas.

No caso do transporte para a fábrica, essa bateria é transportada da mesma forma que as baterias nas filiais. É levada para fábrica em um caminhão com a sucata das baterias. E retorna para o centro de distribuição da rede em um caminhão com as baterias novas. Esse transporte é terceirizado a uma transportadora. No caso de baterias em garantia, há um relatório anexado a destinação das sucatas: dados, nota fiscal, identificação e laudos; além das baterias devidamente identificadas.

A frequência do transporte também depende das vendas. Em geral, é realizado uma vez ao mês para a fábrica. No entanto, também depende do volume de vendas. Em geral, são enviados 30 toneladas de baterias inservíveis para a fábrica.

É importante ressaltar dois aspectos relacionados ao transporte. O primeiro é que as informações ficam registradas no sistema da empresa. Essas informações são referentes às entradas de sucatas no estoque, a movimentação dessas sucatas entre filial-centro de distribuição e centro de distribuição-fábrica. Em relação ao fabricante, são gerados relatórios de acompanhamento para a destinação. Esses relatórios são utilizados no momento da destinação da fábrica.

Há também as informações relacionadas à conferência interna aos estoques por peso e por quantidade. No entanto, não há uma balança para isso. Sendo a conferência realizada a partir da experiência. Em relação ao fabricante, a conferência é referente ao peso. Em relação aos órgãos, essas informações são disponibilizadas através do cadastro técnico do IBAMA e através de relatórios de vendas e destinação.



5 ANÁLISE DOS RESULTADOS



Pode-se perceber a importância dos fatores de desempenho que foram discutidos na seção anterior para o funcionamento de uma cadeia de logística reversa. Fatores como coleta, inspeção, seleção, ordenamento, transporte e movimentação e, para finalizar, responsabilidade socioambiental se mostram como aspectos chaves em um sistema logístico reverso conforme identificado na literatura e analisado empiricamente na pesquisa que fundamenta este estudo.

De início, a coleta é o aspecto que inicia todo sistema logístico reverso. Através desse aspecto o canal reverso de baterias inservíveis se inicia e influencia todos os outros agentes e elementos do sistema. A coleta de baterias juntamente aos clientes influencia o canal de distribuição a ser escolhido ao longo do sistema, assim como será realizado a movimentação e o transporte destas.

No caso em questão, o sistema de coleta era tanto de empresa-cliente, como de cliente-empresa. Ou seja, tanto o cliente se dirigia a organização, como a organização se dirigia ao cliente para a compra da sucata. Esse aspecto tornava relevante a estruturação da coleta, pois o modo de coleta e a frequência dessas baterias usadas definem o canal mais conveniente e a triagem e armazenagem dessas sucatas.

No caso da coleta empresa-cliente, o caminhão se dirige até ao cliente, em geral pessoa jurídica, para a coleta de baterias e destina diretamente ao centro de distribuição. Já na coleta cliente-empresa, o cliente vem até a empresa. Nesse caso, a bateria é armazenada no estoque da filial. Isso demonstra a influência no modo de coleta nos aspectos relacionados a armazenagem e tipo de transporte.

Em relação a frequência de coleta, percebeu-se que está intimamente relacionada ao volume de vendas. Este se torna o principal fator de influência externa no sistema de logística reversa. Pois além de determinar o tipo de transporte a ser utilizado na busca das sucatas nos clientes e no transporte desses para a fábrica, determina o número necessário de utilização desse canal de transporte de baterias.

Outro aspecto importante trata-se da inspeção/seleção/ordenamento. Através desse aspecto, o processo de armazenagem e transporte é definido. No caso de baterias inservíveis, essa triagem ocorre principalmente pela motivação da destinação dessa bateria. A destinação da bateria inservível devido ao fim de sua vida útil é distinta da destinação de uma bateria devido a defeito de fábrica. Nesse último, o armazenamento é realizado em separado das demais sucatas, por conta da necessidade do fabricante na análise do defeito em questão, buscando evitar o dano da bateria.

Esse aspecto influencia também a disposição dessas baterias dentro do meio de transporte, visto que esse é disposto por amperagem e pela motivação da destinação. Esse aspecto é de fundamental importância no transbordo de produtos tanto relacionados ao transporte como relacionado a armazenagem em estoque. Isso determina um ganho de tempo em processos de conferência de estoque e movimentação de materiais.

Já em relação aspectos de movimentação e estoques, observa-se que esses são extremante dependente dos demais, sendo o tipo de transporte assim como sua capacidade determinado através da coleta de baterias, influenciada pelo volume de vendas, além do armazenamento, que determina a quantidade a ser transportada e a forma disposta dentro do caminhão. A movimentação também é relacionada com o tipo de sucata em questão.

Um aspecto que influencia todos os outros e que, de certa forma, trata-se de um aspecto mãe para os outros, devido sua importância para o sistema logístico. Trata-se da responsabilidade socioambiental. Esse aspecto é o grande motivador desse sistema logístico verificado. Através deste aspecto, a organização se mobiliza para o desenvolvimento desse sistema logístico específico. É perceptível que os principais motores desse sistema são os fatores econômicos e legislacionais. O primeiro é devido ao valor agregado a sucata de bateria. Gerando uma redução de custo considerável na compra de uma bateria nova, podendo assim gerar uma economia de custo e recursos. O segundo é devido a legislação de pilhas e baterias. Essa define que o número de baterias vendidas deve ser igual ao número de baterias destinas. Assim, a fábrica só vende baterias caso o revendedor a destine número igual de baterias. Para que isso ocorra em conformidade com a legislação, a organização deve atender a esses requisitos.

No caso em questão, esse fator é de grande influência a todo o sistema logístico, visto que a quantidade destinada deve ser igual a quantidade comprada pela organização. Assim, a organização passa a ser condicionada pelo fabricante e esse, pela legislação.



6 CONCLUSÃO



Este trabalho teve como objetivos analisar o sistema de logística reversa de baterias inservíveis em uma rede de autocentros na cidade de Teresina – PI, e identificar os aspectos relevantes que motivam, inter-relacionam e influenciam o desempenho do sistema de logística reversa na prática. Por meio de entrevista direcionada ao gerente ambiental da organização se buscou entender a infraestrutura da logística reversa de baterias a nível regional e também entender como os aspectos chaves desse sistema se interrelacionam e se influenciam na destinação das baterias inservíveis.

Constatou-se a influência de quatro aspectos que influenciam a logística reversa: coleta, inspeção/seleção/ordenamento, transporte e responsabilidade socioambiental que foram pesquisados previamente na literatura e analisados empiricamente no estudo de caso apresentado neste trabalho. Observou-se também que os fatores externos também exercem forte influência sobre esses aspectos. Fatores como legislação, volume de vendas e o valor agregado à sucata de bateria tornam-se motivadores para o desenvolvimento e execução do sistema de logística reversa.

É perceptível com a pesquisa realizada neste trabalho, a interrelação e interdependência dos aspectos entre si. Suas influências condicionam os demais aspectos de desempenho contidos no sistema de logística reversa de baterias. A alteração de um dos fatores provoca alterações em outro. Ou seja, os requisitos de responsabilidade socioambiental, influenciam e determinam o modo de funcionamento da coleta, ordenamento e transporte. E esses, por sua vez, se interrelacionam de forma que a ação de um tem o poder de modificar a atuação do outro.

Finalizando, é importante ressaltar o papel da legislação no sistema. A resolução CONAMA afirma que a organização deva estar em conformidade com seus requisitos e, assim, através da fiscalização, obedeça a todos os requisitos. Entretanto, os órgãos que fiscalizam toda a logística, desde a coleta, o armazenamento até a destinação desses resíduos, não desempenham isso na forma correta. Em geral, só fiscalizam anualmente, na época de licenciamento ambiental da filial.

O IBAMA fiscaliza com raridade. Por ser um órgão burocrata, pois exige bastante documentação da organização. No entanto, o corpo físico do órgão é pequeno, o que não favorece a fiscalização. Há uma fiscalização através do cadastro técnico federal de empresas potencialmente poluidoras. Esse cadastro técnico deve ser atualizado trimestralmente pela empresa estudada e também são realizados relatórios de vendas e destinação para o IBAMA. Ou seja, constata-se a pouca efetividade da fiscalização no sistema. Ficando restrita, efetivamente, ao fabricante. E esse, por consequência, acaba por pressionar o distribuidor e os seus revendedores na prática da logística reversa de baterias automotivas.

Considerando-se que este estudo teve como limitação a análise empírica de aspectos do desempenho da logística reversa em apenas um caso, sugere-se esses aspectos sejam analisados com mais exatidão e que seja desenvolvido um modelo de avaliação de desempenho aplicação em trabalhos futuros. Sugere-se também que sejam realizado estudo de caso múltiplo em trabalhos futuros, desta forma será possível desenvolver-se um modelo de pesquisa capaz de mensurar com mais acurácia o desempenho da logística reversa.



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Ilustrações: Silvana Santos