Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 55) GUIA DE ATIVIDADES PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE AGENDAS 21 ESCOLARES
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GUIA DE ATIVIDADES PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE AGENDAS 21 ESCOLARES

 

 

Gabriel Moreira Perona¹

Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos²

 

Geógrafo, Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, especialista em educação ambiental, professor de geografia e educação ambiental. E-mail: gmperona@gmail.com. tel. (31) 98820-1478

 

Bióloga, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, doutora em Ciências e professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. E-mail: fernanda.wasner@prof.una.br.

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo apresentar um guia de atividades e os processos que subsidiarão a elaboração de Agendas 21 Escolares. Essa proposta surgiu a partir da investigação ocorrida na região da Bacia do Córrego Bom Jesus, em Contagem/MG, através de relatos de histórias orais com os moradores mais antigos da região, questionários de percepção socioambiental, trabalhos de campo e grupos focais foram desenvolvidos com alunos do Ensino Médio das escolas públicas localizadas na região. Essas atividades reforçaram a importância do papel da Escola para o desenvolvimento local. Este guia é uma compilação de atividades aplicadas junto aos alunos do Ensino Médio e que possibilitaram a integração entre a comunidade escolar e o meio ambiente, subsidiando a construção de Agendas 21 Escolares que busquem o desenvolvimento local a partir do sentimento de pertencimento. Foram propostas atividades para sensibilização e construção de conhecimento, dentre as quais, citam-se: trabalhos de campo, jogos e dinâmicas, leituras, debates, resgate da história local, oportunidades de falar que auxiliam no desenvolvimento crítico e favorecem o empoderamento local e devem ser explorados no processo de construção das Agendas 21 Escolares. Desta forma este guia foi dividido em cinco etapas: (I) sensibilização da comunidade escolar; (II) construção do conhecimento; (III) caracterização da região; (IV) atividades educativas para reflexão e a percepção, e (V) avaliação do processo.

 

Palavras-chave: Educação ambiental. Percepção. Desenvolvimento local. Gestão social.

 
 
empowerment and should be explored in the Agenda 21 School building process. Thus this guide has been divided into five steps: (I) awareness of the school community; (II) construction of knowledge; (III) characterization of the 
 

 Introdução

 

            Agenda 21 é um documento proposto em 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, que cria alternativas para o desenvolvimento socioambiental sustentável das nações mundiais, o que a difere das outras conferências ambientais.

            Com o objetivo de nortear ações específicas, os países signatários assumiram a responsabilidade de propor Agendas 21 que respeitassem as suas peculiaridades e adotassem os processos de gestão social em sua construção. Nesse contexto, a Agenda 21 de cada país pode e deve ser subdivida em local, regional, escolar, contemplando os pontos de vista social, ambiental, cultural, político e espacial existentes, em suas diferentes práticas de gestão socioambientais que deverão ser evidenciadas nos processos de estruturação das respectivas Agendas 21.

            No presente trabalho, é importante compreender o papel da Agenda 21 Escolar dentro de um processo de gestão social que busque o desenvolvimento local, pois através do envolvimento da comunidade escolar em sua construção, ocorrerá o aprendizado crítico e a sensibilização para a percepção dos impactos socioambientais da região, o que promoverá a união da comunidade para buscar alternativas para o desenvolvimento local.

            A proposta de um guia de atividades para a elaboração de Agendas 21 Escolares, como ferramenta de educação ambiental, facilita o (re)conhecimento pelo espaço em que vivem, despertando para suas potencialidades e sensibilizando para as oportunidades de melhoria, auxiliando no desenvolvimento crítico de toda a comunidade escolar, o que gera empoderamento local. Assim, a construção de Agenda 21 Escolar contribui no amadurecimento dos processos de gestão social, na preservação e conservação do ambiente, na formação de cidadãos críticos que busquem melhorias socioambientais para o local onde vivem.

            Essa proposta foi elaborada a partir da averiguação da importância do processo educativo para o desenvolvimento local, observados nos relatos obtidos nas histórias orais dos moradores mais antigos da região, por trabalhos de campo, grupos focais  e práticas formativas diversas, realizados com alunos do Ensino Médio das escolas públicas existentes na Bacia do Córrego Bom Jesus bem como pela análise do questionário de percepção socioambiental. Durante todo o trabalho fica perceptivo a necessidade de se estruturar atividades que possibilitem a elaboração de Agendas 21 Escolares, fazendo da educação um instrumento importante para o desenvolvimento local.

            Este artigo tem por objetivo apresentar um guia de atividades e os processos que subsidiarão a elaboração de Agendas 21 Escolares, como ferramenta educativa para desenvolver práticas de gestão social que busquem o desenvolvimento local.

            Ressalta-se que o Guia de atividades para elaboração de Agendas 21 Escolares, trata-se de um produto técnico que integra a dissertação no Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, tal como previsto no artigo 4º, da Portaria Normativa nº 17, de 28 de Dezembro de 2009 que dispõe sobre Mestrado Profissional no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

 

Referencial teórico

Educação ambiental e Agenda 21 para o desenvolvimento local

 

            O termo educação ambiental foi pronunciado inicialmente na Conferência de Educação, da Universidade de Keele, Grã-Bretanha, em 1965. Entretanto, os rumos da educação ambiental começaram a ser definidos na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia), em 1972, que definiu as diretrizes, para Educação e Meio Ambiente. Contudo, foi no Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado (1975) que se estabeleceram as metas e os princípios para a educação ambiental (MMA, 2015), iniciando os primeiros Programas de Educação Ambiental no país, mas que não se importavam com as questões socioeconômicas, difundindo apenas a ideia de ecologia e do "verde pelo verde" (DIAS, 2010).

            Durante a Conferência Intergovernamental para Educação Ambiental, em Tbilisi (1977), foi proposto um novo olhar para a natureza e para as questões ambientais, incentivando que o conhecimento deveria ocorrer através da interdisciplinaridade (JACOBI, 2003). No Brasil, acompanhando as tendências mundiais, em 1976, foram criados cursos de pós-graduação em Ecologia e, em 1977, após a Conferência Intergovernamental para Educação Ambiental de Tbilisi, tornou-se obrigatório nos cursos de Engenharia, a disciplina Ciências Ambientais (MEC, 2014). Em 1979, o MEC publicou uma proposta para o ensino de 1o e 2o graus sobre Ecologia, sendo que em 1985, o MEC reforça a ideia de inclusão de conteúdos ecológicos no 1o e 2o grau (MMA, 2015).

            Em 1987, o Congresso Internacional de Educação e Formação sediado em Moscou, destacou a importância da formação em educação ambiental (MMA, 2015) incentivada em todos os currículos escolares, garantidas na Constituição Cidadã, em 1988, em que a Educação Ambiental é uma responsabilidade do poder público, em todos os níveis de ensino (MEC, 2014). Neste contexto, em 1991, o MEC ressalta a importância de capacitar professores para trabalhar a temática educação ambiental.

            Em 1992, foi criada durante a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO’92), as premissas da Agenda 21, documento que propõe alternativas para melhorias sociais e ambientais para o desenvolvimento no século XXI (MEC, 2014). Em 1997, o tema Meio Ambiente integra os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) como um tema transversal (MEC, 2014) o que favorece a compreensão das questões ambientais e, consequentemente, na proposição e fortalecimento das práticas para a elaboração de diferentes Agendas.

            A Agenda 21 proposta na RIO’92, é um documento com 40 capítulos que busca ações conjuntas entre as nações, para alinhar o desenvolvimento e o meio ambiente, de forma que as ações no presente, não comprometam a qualidade de vida no futuro (MALHEIROS; PHILIPPI JR e COUTINHO, 2008).

           Segundo o MMA (2014), Agenda 21 são planos e ações que devem ser adotados em todas as áreas em que a ação humana gere impactos sobre o ambiente, buscando uma alternativa para o desenvolvimento, com a participação civil e dos governos.

            Em 1999, foi promulgada a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei no 9.795/1999, devendo as instituições de ensino fomentar projetos interdisciplinares de educação ambiental, com o objetivo de formar cidadãos críticos que lutem por melhorias sociais e que respeitem o meio ambiente (BRASIL, 1999). As Agendas 21 Escolares contribuem com este processo, fomentando ações participativas e interdisciplinares que visem o desenvolvimento crítico dos alunos e o desenvolvimento local. Entretanto, observa-se que muitas instituições de ensino ainda não possuem projetos com características inter ou transdisciplinares como mencionado por Barros Neta e Fonseca (2013) sendo a Agenda 21 Escolar, uma ferramenta que poderá auxiliar nesse processo.

            Segundo Reigota (2007), meio ambiente é o local de interação entre os elementos naturais e sociais de um determinado lugar, considerando os processos históricos de transformações do local e de seu ambiente.

            Jacobi (2003) e Dias (2006) compartilham deste pensamento e acrescentam que os modos de vida predominantemente urbanos das sociedades modernas, geram impactos no ambiente e no ecossistema, o que torna a educação ambiental necessária para sensibilização e conscientização das pessoas e para a geração de sentimentos socioambientais, principalmente, nos centros urbanos. Esses fatos foram constatados nos estudos realizados na região da Bacia do Córrego Bom Jesus, em Contagem/MG, na qual a urbanização gerou impactos socioambientais, sendo a educação ambiental importante para a percepção do espaço local e formação crítica dos indivíduos que nele atuam.

            Entretanto, Reigota (2009) e Reis e Vaz (2012) alertam que educação ambiental não consiste em tratar apenas de ecologia, mas sim, formar cidadãos críticos, capazes de discussões mais profundas sobre as questões ambientais, devendo a educação ambiental ser tratada em todas as áreas de ensino escolar para que as pessoas tenham atitudes espontâneas para resolver as questões ambientais conforme proposto na Carta de Belgrado (UNESCO, 1977). Ou seja, a educação ambiental deve ser tratada de forma interdisciplinar, com a participação dos professores de várias disciplinas, buscando a integração dos alunos e demais atores sociais no entendimento das diferentes questões ambientais (JACOBI, 2003; DIAS, 2010; PESSOA e BRAGA, 2012). Este fato está em consonância com os objetivos da Agenda 21 Escolar, que deve buscar através da interdisciplinaridade, ações que desenvolvam o senso crítico dos alunos para que estes sejam atores de transformação no, do e para o ambiente, respeitando as peculiaridades locais em busca do desenvolvimento adequado para a região.

            Reigota (2009) afirma que a educação ambiental deve ser uma prática para as melhorias sociais, em que as pessoas possam desenvolver seu senso crítico, e sejam capazes de reivindicar melhorias sociais, políticas, econômicas e ambientais para a região em que vivem. Mesmo porque, segundo este autor, os problemas ambientais são causados pelas pessoas, e parte delas têm o desejo e a necessidade de mudar estas ações, e serão essas pessoas que irão gerar soluções. Assim, a educação ambiental poderá fomentar mudanças de hábitos e atitudes de modo que as pessoas possam buscar alternativas para o desenvolvimento socioambiental desse ambiente.

            Sen (2010) corrobora com este pensamento ao afirmar que para ocorrer desenvolvimento é preciso que as pessoas e entidades atuem no local e trabalhem de forma conjunta, buscando o desenvolvimento de forma equilibrada, gerando um melhor aproveitamento dos recursos naturais, possibilitando uma nova maneira de viver, respeitando a natureza com novas práticas e valores sociais (JACOBI, 2003). O que reitera a importância da educação ambiental, na formação de cidadãos críticos, capazes de perceber os problemas socioambientais e que sejam capazes de buscar transformações para esta realidade (DOWBOR, 2013).

            Sendo assim, na tentativa de formar cidadãos críticos, é dever da educação ambiental integrar a realidade externa aos muros das escolas, para que esta possa ajudar nos processos de transformação e mudanças no agir das pessoas que propiciem o desenvolvimento local (GADOTTI e ROMÃO, 2013.)

            Pozza e Santos (2011) compartilham desta concepção e acrescentam que para o desenvolvimento de Agendas 21 é importante a participação de jovens nas tomadas de decisões e na implementação de programas relacionados ao desenvolvimento sustentável, pois assim garantirá o sucesso em longo prazo destas ações. Logo, a construção de Agendas 21 requer a participação ativa de diferentes atores sociais, através de uma gestão que busque atender as necessidades sociais, promovendo o desenvolvimento local, sem comprometer as questões ambientais (DOWBOR, 2013).

            A Agenda 21 Brasileira foi aprovada em 2002, depois de uma análise dos processos necessários para se atingir o desenvolvimento sustentável, sendo dividida em três partes: A primeira parte projeta o país para o século XXI, a segunda parte está dedicada aos temas ", infra-estrutura e integração regional, cidades sustentáveis, agricultura sustentável, redução das desigualdades sociais, gestão dos recursos naturais e ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável" e a terceira parte sobre como implementar (MMA, 2014), com essas temáticas estabelecidas os estados e municípios ficaram responsáveis pela construção de Agendas 21 estaduais, regionais e locais.

            No intuito de desenvolver estas agendas, criar Agendas 21 Escolares é relevante, pois como enfatiza o texto da Agenda 21 Global, deve-se agir de forma local pensando em um desenvolvimento global, em que as ações locais irão refletir em cadeia para o desenvolvimento sustentável no planeta. Ou seja, as ações que promoverão o desenvolvimento local, estarão contribuindo para o desenvolvimento global.

            No capítulo 36 da Agenda Global, destaca-se o papel da Agenda 21 Escolar no processo de desenvolvimento sustentável, afirmando ser importante a participação coletiva dos diversos atores, nas tomadas de decisões e que adultos, jovens e crianças devem ser orientados com temáticas socioambientais, para que estes participem de forma crítica e transformadora nos processos de desenvolvimento da região, como visto nos trabalhos de Malheiros, Philippi Jr. e Coutinho (2008), Amaral et al. (2014), MMA (2014) e que será significativo nos processos de desenvolvimento da Bacia do Córrego Bom Jesus, pois a população terá autonomia dentro dos processos de gestão social para buscar ações que levem melhorias para a região. Estas ações só irão ocorrer através do empoderamento da região pelos seus habitantes (GOHN, 2004) ou seja, os habitantes da região precisam se sentir pertencentes ao local,  sendo desta forma  a construção de Agendas 21 Escolares um mecanismo para gerar este empoderamento através da percepção, participação e criticidade. Assim, a população da Bacia do Córrego Bom Jesus buscará soluções para um desenvolvimento equilibrado da região, sem depender apenas de ações do governo ou do setor privado, como visto em Tenório (2008) e Dowbor (2013).

            Dallabria (2007) afirma que para o desenvolvimento de uma região é importante que ocorra a governança territorial que é a capacidade de uma sociedade gerir seu território através de uma intersotorialidade que envolva os diferentes atores sociais, como visto em Inojosa (2001), Lopes, Melo e Tenório (2012), constituindo uma forma de gestão social, que necessita do empoderamento local. Busca-se desta forma alternativas para o desenvolvimento sustentável, através do desenvolvimento da região, respeitando o meio ambiente.

            Sendo assim, espera-se que com a aplicação das atividades propostas nesse guia, seja possível elaborar Agendas 21 Escolares, capazes de gerar um empoderamento local por parte dos estudantes e seus familiares, para que todos se sintam pertencentes ao local,  possibilitando uma maior participação da comunidade escolar na busca de solução para os problemas socioambientais de cada região. Esse contexto permitirá uma melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento local, assumindo a escola um papel importante neste desenvolvimento por gerar integração e práticas de gestão social.

 

Metodologia

 

            O Guia de atividades para elaboração de Agendas 21 escolares trata-se de um produto técnico em cumprimento a Portaria Normativa nº 17, de 28 de dezembro de 2009 que dispõe sobre Mestrado Profissional no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (BRASIL, 2009).

            A elaboração deste Guia foi baseado nos resultados obtidos nos estudos realizados na Bacia do Córrego Bom Jesus, no qual foram realizados relatos de histórias orais com os moradores mais antigos da região, trabalhos de campo e grupos focais com alunos da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, e aplicação de questionários de percepção socioambiental, a 315 alunos do Ensino Médio, de escolas estaduais instaladas na região.

            Ressalta-se que todas as atividades descritas no Guia foram trabalhadas com os alunos da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves (Contagem/MG).

            O guia possui  dimensões de 210 mm x 297 mm, com orientação das páginas em estilo retrato, composto por 37 p.

            A pesquisa observou os aspectos éticos. Sendo assim, o projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil, sob o n° 39195814.0.0000.5098 (Anexo A) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP - Centro Universitário UNA), conforme a Resolução nº 466/2012 que regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.

            As pessoas participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento de Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndices E, F, G, H e I), emitido em 2 (duas) vias, sendo que uma delas ficou com o entrevistado.

 

 Resultados

 Proposta para Agenda 21 Escolar

 

            A Agenda 21 Escolar constitui um instrumento para o desenvolvimento local através do empoderamento e do desenvolvimento crítico dos alunos que os levam a participar efetivamente das tomadas de decisões locais. Por esse motivo, o produto técnico dessa dissertação é um Guia de atividades para subsidiar a elaboração de Agendas 21 Escolares, baseando-se em ações realizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus, no ano de 2015.

            Desta forma, para desenvolver uma Agenda 21 Escolar, capaz de gerar criticidade nos alunos e o empoderamento local, promovendo práticas de gestão social para o desenvolvimento local. Para isso, é preciso sensibilização da comunidade escolar; embasamento teórico; caracterização da região, desenvolvimento das atividades e avaliação.

            Desta forma, para se construir uma Agenda 21 Escolar, é necessário sensibilizar a comunidade escolar, para que esta conheça a importância da Agenda 21 Escolar enquanto mecanismo de gestão social, para promover a justiça social e a preservação ambiental (MMA, 2014).

            Se entre professores, funcionários e alunos não ficar claro o que é Agenda 21, seus objetivos e sua importância, pode haver desinteresse pela sua construção, não atingindo desta forma os seus objetivos (POZZA e SANTOS, 2011), que devem gerar atitude, comprometimento e mudança de hábitos dos alunos, necessários para os processos de gestão social que promoverão o desenvolvimento local. Assim, é importante realizar reflexões, dinâmicas de grupo e trabalhar textos científicos, sobre a importância da Agenda 21 Escolar para o desenvolvimento local em seus diferentes contextos.       O embasamento teórico é relevante, pois identificar na literatura trabalhos que foram bem sucedidos dentro das diferentes temáticas (educação ambiental, meio ambiente, impactos socioambientais, urbanização, desenvolvimento local, desenvolvimento sustentável, qualidade de vida), refletindo nos ambientes diferentes melhorias, é o que se pretende na elaboração das Agendas 21 Escolares.

            Estes temas podem estar estruturados em atividades diversas como as realizadas na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves (Contagem/MG), em que os alunos tiveram contato com os temas ao realizar trabalhos em duplas, pesquisas no laboratório de informática, elaboração de power points, concursos de redação, histórias em quadrinhos e jogos de forca e velha.

            Caracterizar a região é uma forma de apresentar para os alunos a região do entorno da escola com seus problemas sociais e ambientais, cuja elaboração da Agenda 21 Escolar deverá impactar diretamente. Nesta caracterização, trabalhos interdisciplinares, histórias orais, trabalhos de campo e observação de mapas e registros fotográficos antigos e atuais são pertinentes, pois estas atividades possibilitam conhecer espacialmente a região, a sua história de ocupação e seus problemas socioambientais.

            Estas atividades foram realizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus, e se mostraram importantes para o desenvolvimento de Agendas 21 Escolares, pois permitiram uma relação entre teoria (embasamento teórico) e a prática no espaço de vivência dos alunos, evidenciando os quatro pilares da educação para o século XXI (DELORS, 1999)

            Atividades são as ações que devem ser realizadas para que os alunos desenvolvam seu senso crítico e percebam os impactos socioambientais de sua região. Através dessas atividades, os alunos vivenciam a região e se conscientizam do seu papel como agente transformador dentro de um processo de gestão social, para o desenvolvimento local.

            Atividades como oficinas de materiais recicláveis, campanha de doação de materiais recicláveis (apresentadas na figura 21), concursos literários e de desenhos, jogos entre outras práticas formativas podem ser observadas no Guia para elaboração de Agendas 21 Escolares, e que também foram aplicadas na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, na Bacia do Córrego Bom Jesus. 

 

 

Figura 1:Páginas ilustrativas do Guia - parte 1.

Fonte : Perona e Vasconcelos, 2015

            No processo de avaliação da atividade, consideraram-se as ideias de Pozza e Santos (2011), que afirmam que os processos educativos durante a elaboração da Agenda 21 são mais importantes do que os próprios resultados, pois estes irão ajudar na formação do desenvolvimento crítico dos alunos bem como em novas atitudes e comportamentos.

            Neste intuito devem ser observadas as atividades que foram realizadas, enumerando os êxitos e as dificuldades. Serão observados o interesse e a participação de cada aluno, em cada etapa e, posteriormente, ressaltar possíveis melhorias socioambientais, principalmente, no ambiente escolar, evidenciando o diálogo e a oportunidade de se expressar desse aluno (Figura 22).

            Desta forma, a Agenda 21 Escolar é uma ferramenta da educação ambiental que contribui para os pilares da educação, sendo uma forma de gestão social, pois a sua elaboração busca ações participativas, emancipatórias, reflexivas e críticas, para formar cidadão que lute pelo desenvolvimento local.

 

 

Figura 2 Páginas ilustrativas do Guia – parte 2.

Fonte: Perona e Vasconcelos, 2015.

Conclusão

 

            A partir da verificação da importância da educação para o desenvolvimento local, que ocorreu na região da Bacia do Córrego Bom Jesus, a proposição de um Guia com atividades para elaboração de Agendas 21 Escolares se faz pertinente.

            Durante a realização da pesquisa, observou-se uma maior sensibilização que refletiu em aspectos motivadores para o empoderamento local, por parte dos alunos participantes do projeto. Assim sendo, as Agendas 21 Escolares são instrumentos que incentivam a relação entre comunidade escolar e os problemas socioambientais no seu entorno. Assim, o Guia com suas atividades busca melhorar a qualidade socioambiental da região que vem sendo deteriorada pela ação humana.

            A execução das atividades propostas nesse Guia irá contribuir com a concepção de valores, através de vivências, contribuindo assim para a formação de atores que possam lutar por melhorias locais.

            Apesar de suas limitações, por ter sido elaborado com base nas escolas localizadas na Bacia do Córrego Bom Jesus, espera-se que este trabalho possa ser replicado para outras regiões, pois esse Guia é alicerçado em uma experiência local, mas com fins globais, podendo ser aplicado em outros contextos visto o pensar global e agir local preconizado pela Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

            Este Guia não tem a pretensão de acabar com todos os problemas socioambientais de uma região. Entretanto, este Guia auxilia na formação crítica dos alunos através de uma qualidade de vida melhor, ajudando assim, no desenvolvimento local.

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Ilustrações: Silvana Santos