Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 55) ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO DE MAMONA NOS MUNICÍPIOS PAULISTAS ENTRE OS ANOS DE 2005 E 2012
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ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO DE MAMONA NOS MUNICÍPIOS PAULISTAS ENTRE OS ANOS DE 2005 E 2012

 

 

Guilherme Fonseca(1)

Rener Luciano de Souza Ferraz(2)

Jane Lima Batista(3)

Celso Antônio Jardim(4)

Marcelo de Andrade Barbosa(5)

 

([1]) Graduando em Agronegócio pela Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga. gui-fonseca@hotmail.com.

(2) Doutorando em Agronomia (Produção Vegetal) pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista. Docente do Senac São Paulo, Unidade de Jaboticabal. ferraz340@gmail.com.

(3) Graduanda em Biocombustíveis pela Faculdade de Tecnologia de Jaboticabal. Bolsista de Iniciação Científica da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista. bjanelima@gmail.com.

(4) Professor Dr. do Curso de Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga. celso.aj@bol.com.br.

(5) Doutorando em Agronomia (Ciência do Solo) pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista. marceloandrade.uepb@hotmail.com.

Resumo

A mamoneira vem sendo explorada para diversas finalidades, embora sua produção seja instável no estado de São Paulo, havendo necessidade de estudos para melhor planejamento e estabilidade dos cultivos. Objetivou-se realizar um levantamento da variação sazonal na produção de mamona nos municípios paulistas. Para a realização desta pesquisa, utilizou-se de dados do Instituto de Economia Agrícola, os quais foram submetidos às análises exploratórias de componentes principais e agrupamento. Com base na produção dos anos agrícolas compreendidos entre 2005 e 2013, foram formados dois componentes principais e dois grupos de municípios denotando Marília e Presidente Prudente como os mais produtivos. O município de Marília, historicamente, foi o mais produtivo, embora esta produção tenha caído nos últimos anos evidenciando o município de Presidente Prudente com elevada produção no ano de 2013.

Palavras-chave: Ricinus communis L. Planejamento Agrícola. Estatística Multivariada.

 

 

1 Introdução

As culturas oleaginosas têm ganhado destaque nos últimos anos, sobretudo com a crescente demanda por energias renováveis, principalmente biocombustíveis que podem ser obtidos a partir de óleos vegetais (CHEN et al., 2016).

Este cenário confere posição de destaque a cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) em relação a outras plantas produtoras de óleo, notadamente pelo fato desta planta oleaginosa possuir elevado potencial de produção e seu óleo não competir com fontes comestíveis (GUPTA & GUPTA, 2016).

Atualmente, a cultura da mamoneira vem sendo explorada em diversas áreas do conhecimento, merecendo destaque para seu emprego como fitorremediadora de contaminantes do solo, como metais pesados (ANNAPURNA et al., 2016).

Muitos estudos têm sido conduzidos visando compreender os mecanismos fisiológicos da cultura, tolerância a agentes estressores e respostas à aplicação de elementos benéficos (DANTAS et al., 2011; BARBOSA et al., 2012; FERRAZ et al., 2015). Em sentido complementar, pesquisas visando identificar genótipos mais produtivos podem ser evidenciadas na literatura (ARMENDÁRIZ et al., 2015). Acrescente-se que esforços também têm sido verificados quanto ao melhoramento genético da cultura, sobretudo com abordagens modernas baseadas em biotecnologia (SINGH et al., 2015).

Apesar da expressividade da cultura da mamoneira em diversos contextos, verifica-se que a produção da mesma mostra-se instável no estado de São Paulo. Assim, estudos relacionados às flutuações na produção dos últimos anos podem ser importantes para nortearem a tomada de decisões e planejamentos de cultivos futuros.

 O emprego de análise de componentes principais (PCA - Principal Component Analysis) mostra-se eficiente para análise de dados (MUSINGARABWI et al., 2016) tornando a explicação do fenômeno estudado mais simples. Em sentido complementar, a análise de agrupamento (Cluster Analysis) auxilia na visualização e interpretação dos resultados a partir da estrutura de grupos (WANG et al., 2016).

Objetivou-se realizar um levantamento da variação sazonal na produção de mamona nos municípios paulistas, visando identificar os municípios mais produtivos e os anos agrícolas que mais contribuíram para a expressividade da produção.

2 Material e Métodos

Para a realização desta pesquisa, utilizou-se do banco de dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Inicialmente, foi realizado o acesso à seção “Estatísticas da Produção Agrícola”; posteriormente, no campo indicado como “Produto” foi marcada a opção mamona. No campo “Período” foi estabelecido 2005 como ano inicial e 2013 como ano final, perfazendo um intervalo de nove anos. Para o campo “Região” optou-se pela opção Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR), sendo todos os municípios marcados. No campo “Tipo de Saída” foi selecionado a opção municípios. Por fim, os dados gerados a partir da busca foram baixados em planilha eletrônica e agrupados em função dos municípios e ano de produção. Para composição do banco de dados a ser analisado, optou-se pelos municípios (Araçatuba, Bauru, Campinas, Marília, Presidente Prudente e Sorocaba) com frequência contínua de produção entre os anos de 2005 e 2013.

Os dados foram padronizados, de modo a tornar a média nula e variância unitária. Visando reduzir as dimensões originais em menor número de construtos latentes, na tentativa de melhor explicar a produção dos municípios com maior objetividade, empregou-se análise exploratória de componentes principais (PCA). Posteriormente, a estrutura de grupos dos municípios foi analisada por meio de agrupamento hierárquico (análise de cluster) utilizando-se do método de Ward’s (HAIR et al., 2009).

3 Resultados e Discussão

            Foram formados dois componentes principais (CP1 e CP2), os quais juntos permitem explicar 95% da informação relevante contida neste estudo. O CP1 explica 81,6% da variância total, enquanto que o CP2 13,4% da variância remanescente (Tabela 1).

 

 

 

Tabela 1 - Cargas fatoriais dos anos, autovalores e porcentagem da variância acumulada, associados aos componentes principais. Taquaritinga, SP, 2015.

CPs

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

λ

σ2 %

CP1

-0,99

-0,95

-0,94

-0,83

-0,99

-0,95

-0,97

-0,92

-0,50

7,35

81,63

CP2

-0,13

0,30

-0,26

-0,36

-0,06

-0,15

-0,17

0,35

 0,85

1,20

13,39

CP: componentes principais, P: perguntas, λ: autovalores, σ2: variância.

 

O primeiro componente principal (CP1) foi formado a partir do intervalo compreendido entre os anos de 2005 e 2012, tendo os anos do intervalo contribuído de maneira expressiva para a identificação de dois municípios (MA - Monte Alto e PR - Presidente Prudente) considerados de alta produtividade, divergindo dos demais municípios avaliados que tiveram produções medianas. O segundo componente principal (CP2) foi formado pelo ano de 2013, o qual foi decisivo na separação do município de Presidente Prudente dos demais (Figura 1).

Figura 1. Projeção bidimensional (Biplot) mostrando a posição relativa dos municípios e dos anos de produção agrícola. Taquaritinga, SP, 2015.

 

Musingarabwi et al. (2016) reportam que a análise de componentes principais consiste na vetorização de muitas dimensões ou variáveis originais, neste estudo representadas pelos anos agrícolas, em dimensões menores ou variáveis latentes (Componentes Principais) construídas a partir das variáveis originais. Salienta-se que, para este estudo, o emprego desta técnica permitiu objetividade e facilidade na exibição e explicação dos resultados, notadamente pelo fato de vetorizar toda a informação relevante compreendida no período de estudo em dois CPs.

A análise exploratória de agrupamento denota a estrutura de grupos contida entre os municípios avaliados, sendo verificada a formação de dois grupos. O grupo um (G1), formado pelos municípios paulistas de Marília e Presidente prudente, pode ser caracterizado pela expressiva produção de mamona, enquanto que o segundo grupo (G2), formado pelos municípios de Araçatuba, Bauru, Campinas e Sorocaba, é definido como sendo de produção mediana (Figura 2).

Figura 2. Dendrograma mostrando o agrupamento dos municípios de acordo com a produção de mamona. Taquaritinga, SP, 2015.

O emprego de técnicas de agrupamento de dados justifica-se pela facilidade na visualização dos resultados a partir da estrutura de formação de grupos. Wang et al. (2016) reportam que a técnica é bastante utilizada na atualidade e consiste em vetorizar dados multidimensionais em um número menor de grupos. De fato, por meio da utilização da técnica é possível agrupar os munícipios mais expressivos em produção de mamona em função dos anos de produção, separando-os daqueles com produção mediana, gerando informação de fundamental importância para a tomada de decisões em relação ao planejamento de novos cultivos de mamoneira.

4 Conclusões

O município de Marília, historicamente, foi o mais produtivo, embora esta produção tenha caído nos últimos anos evidenciando o município de Presidente Prudente com elevada produção no ano de 2013.

5 Agradecimentos

Os autores agradecem à Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga pela capacitação intelectual do primeiro autor habilitando-o para realização desta pesquisa e ao Grupo de Pesquisas Agroecoenergia pelo suporte técnico no planejamento da pesquisa, análise dos dados e auxílio na interpretação dos resultados.

Referências

ANNAPURNA, D.; RAJKUMAR, M.; PRASAD, M. N. V. Potential of Castor Bean (Ricinus Communis L.) for Phytoremediation of Metalliferous Waste Assisted by Plant Growth-Promoting Bacteria: Possible Cogeneration of Economic Products. In: PRASAD, M. N. V. Bioremediation and Bioeconomy. 1. ed. Holland: Elsevier Ltd. 2016, 149-175.

ARMENDÁRIZ, L; LAPUERTA, M.; ZAVALA, F.; GARCÍA-ZAMBRANO, F.; OJEDA, M. C. Evaluation of eleven genotypes of castor oil plant (Ricinus communis L.) for the production of biodiesel. Industrial Crops and Products. v. 77, n. 23, p. 484-490.

BARBOSA, M. A.; SILVA, A. F.; NASCIMENTO, F. R.; GOMES, P. M. A.; MESQUITA, E. F. Crescimento da mamoneira variedade EBDA MPB1, adubada com biofertilizante bovino no 2º ciclo. In: 5º Congresso da rede brasileira de tecnologia de biodiesel e 8º Congresso brasileiro de plantas oleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel. (1ed). Lavras- MG: Editora UFLA, 2012, v. 1, 289-290 p.

CHEN, W.; WU, F.; ZHANG, J. Potential production of non-food biofuels in China. Renewable Energy. v. 85, n. 1, p. 939-944, 2016.

DANTAS, G. F.; MAIA FILHO, F. C. F.; BARBOSA, M. A.; MESQUITA, E. F.; RAIMUNDO, A. Características biométricas da mamoneira EBDA MPB1, adubada com biofertilizante bovino. Cadernos de Agroecologia, v. 6, p.1-5, 2011.

FERRAZ, R. L. S.; MAGALHÃES, I. D.; BELTRÃO, N. E. M.; MELO, A. S.; BRITO NETO, J. F.; ROCHA, M. S. Photosynthetic pigments, cell extrusion and relative leaf water content of the castor bean under silicon and salinity. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v. 19, n. 9, p. 841-848, 2015.

GUPTA, R. D.; GUPTA, S. K. Strategies for Increasing the Production of Oilseed on a Sustainable Basis. In: GUPTA, S. K. Breeding Oilseed Crops for Sustainable Production. 1. ed. Holland: Elsevier Ltd. 2016, 1-18.

HAIR, J. F.; BLACK, W. C.; BABIN, B. J.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L. Análise

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MUSINGARABWI, D. M.; NIEUWOUDT, H. H.; YOUNG, P. R.; EYÉGHÈ-BICKONG, H. A.; VIVIER, M. A. A rapid qualitative and quantitative evaluation of grape berries at various stages of development using Fourier-transform infrared spectroscopy and multivariate data analysis. Food Chemistry. v. 190, n. 1, p. 253-262, 2016.

SINGH, A. S.; KUMARI, S.; MODI, A. R.; GAJERA, B. B.; NARAYANAN, S.; KUMAR, N. Role of conventional and biotechnological approaches in genetic improvement of castor (Ricinus communis L.). Industrial Crop and Products. v. 74, n. 1, p. 55-62.

WANG, R.; ZHOU, Y.; QIAO, S.; HUANG, K. Flower Pollination Algorithm with Bee Pollinator for cluster analysis. Information Processing Letters. v. 116, n. 1, p. 1-14, 2016.

Ilustrações: Silvana Santos