Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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15/12/2015 (Nº 54) VIABILIDADE DO USO DE INSETICIDAS BOTÂNICOS EXTRAÍDOS DE PLANTAS EXÓTICAS
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VIABILIDADE DO USO DE INSETICIDAS BOTÂNICOS EXTRAÍDOS DE PLANTAS EXÓTICAS

 

Carlos Alberto Batista Santos1, Ana Paula Miranda da Silva2

 

1 Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais Campus III, Avenida Edgar Chastinet Guimarães, s/n, São Geraldo, Juazeiro/BA CEP: 48.905-680. Fone/Fax: (74) 3611 6367. cacobatista@yahoo.com.br

 

2Discente do Programa de Pós-graduação em Horticultura Irrigada, Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais Campus III

 

 

RESUMO

 

A sociedade moderna está cada dia mais exigente em relação aos alimentos que consome e com o meio ambiente, no entanto, ainda é constante a utilização de produtos químicos nas culturas agricolas, comprometendo a qualidade dos alimentos e poluido o solo e as fontes de água naturais.  Como alternativa surgem os bioinseticidas ou extratos vegetais utilizados no controle de insetos, sem alterar as caracteristicas organolépticas dos alimentos ou deixar residuos no ambiente. Entre as variedades de plantas que apresentam potencial para a produção de inseticidas estão as plantas exóticas, que se adaptaram bem ao clima e solos brasileiros. O pulgão preto causa danos no feijão caupi, sugando sua seiva, e transmitindo vírus. O feijão caupi por sua vez, consiste na principal fonte proteica vegetal, para as populações rurais no Nordeste, além de se constituir numa alternativa econômica de geração de emprego. Este estudo teve como objetivo primordial, avaliar o efeito de extratos vegetais extraídos de espécies exóticas presentes na caatinga nordestina, sobre de pulgão preto do feijoeiro. As plantas foram selecionadas por meio de estudos quimiossistemáticos, e os extratos obtidos a partir de soluções etanólicas por percolação a frio. Os pulgões analisados neste trabalho foram coletados em ramos de feijão caupi, na área experimental da Universidade do Estado da Bahia. O delineamento empregado foi inteiramente casualizado sendo 10 espécies de plantas, cada extrato foi pesado em concentrações de 500, 1000, 1500, 2000 PPM, contendo 1,0 ml de Dimetil Sulfóxido. As plantas exóticas testadas mostraram poder inseticida podendo ser utilizadas para o controle do pulgão no feijoeiro. Novos testes serão realizados em casa de vegetação.

 

Palavras-Chave: Extratos botânicos, Inseticidas naturais, Controle de pragas.

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

No final do século XX, os teóricos já apontavam a crise pela qual passava o planeta terra, em relação à de perda de biodiversidade (WILSON, 1997). Entre as causas diretas da redução da biodiversidade, em primeiro lugar está a conversão de hábitats naturais pelas atividades humanas, sendo a introdução de espécies exóticas, apontada como a segunda maior causa (CARVALHO & JACOBSON, 2005; OPORTO & LATINI, 2005).

Uma espécie é considerada exótica, quando se encontra em uma região diferente de sua distribuição natural, onde foi introduzida de forma voluntária ou involuntária, pelo homem (BARROSO, 2009). As espécies inicialmente introduzidas no Brasil, eram utilizadas em parques e jardins, desempenhando na atualidade importante papel para a silvicultura, pois possuem crescimento rápido são pouco exigentes em relação à qualidade do solo e quantidade de água disponível, com retorno rápido e sem muitos gastos (BRANCALION, 2010).

Porem as plantas exoticas podem ser tornar uma ameaça a flora nativa, visto que,  por não terem predadores naturais, multiplicam-se sem controle e podem competir desigualmente pelo espaço (OPORTO & LATINI, 2005; THEOHARIDES & DUKES, 2007).

Cientes das implicações da introdução de espécies exóticas e da impossibilidade de remoção destas sem gerar prejuízos econômicos, busca-se alternativas para utilização das espécies exóticas na região semiárida do Nordeste brasileiro para beneficiar a agricultura familiar orgânica, com a produção de bio inseticidas, utilizados no controle de insetos como o pulgão Aphis craccivora Koch que predam culturas tradicionais nesta região.

       Aphis craccivora Koch (Hemiptera: Aphididae), vulgarmente conhecido como pulgão preto do feijoeiro, é uma das mais importantes espécies que parasitam o feijão da América Latina (OFUYA, 1993), tendo como hospedeiros preferenciais as leguminosas (URIAS et al., 1992; PETTERSSON, 1998). No Brasil ocorre em todo o Nordeste, com explosões populacionais nos períodos sem chuvas, atacando preferencialmente a cultura de feijão caupi (MORAES & BLEICHER, 2007; STEIN, 2007).

            Este inseto, forma colônias nos brotos terminais e nos pecíolos das folhas do feijão, deixando as plantas debilitadas, em virtude da grande quantidade de seiva retirada e das toxinas e vírus injetados (ANDRADE JR. et al., 2002).

Atualmente há uma preocupação do mercado com a qualidade dos alimentos e a proteção do meio ambiente. Entretanto, no sentido inverso a essa exigência, a agricultura utiliza produtos químicos para aumentar a produtividade das plantas e para protegê-las contra o ataque das pragas e doenças, comprometendo suas qualidades organolépticas (SOUZA & REZENDE, 2003), como consequencia os produtos químicos deixam resíduos no meio ambiente. Uma alternativa aos agroquimicos, são os extratos vegetais que atuam sobre os insetos de formas diversas, afetando sua alimentação, desenvolvimento e sua reprodução (THOMAZINI et al., 2000).

O Brasil possui uma variedade de plantas que apresentam potencial para a produção de compostos secundários que podem ser utilizados como inseticidas e/ou repelentes, entre elas as plantas introduzidas ou exóticas, que se adaptaram bem ao clima e solos brasileiros. O presente trabalho objetivou avaliar o efeito de extratos vegetais extraídos de espécies exóticas presentes na caatinga nordestina, sobre de pulgão preto do feijoeiro.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

Seleção de amostra

 

As plantas utilizadas para produção de extrato foram selecionadas por meio de estudos bibliográficos, buscando-se as espécies exóticas facilmente encontradas entre a vegetação nativa na cidade de Juazeiro-BA. Foram selecionadas 10 espécies de plantas (Tabela 1).

 

Tabela 1: Relação das espécies de plantas exóticas selecionadas

Nome vulgar

Nome científico

Algaroba

Prosopis juliflora Sw. (S).

Castanhola

Terminalia catappa  L.

Cola

Cordia abyssinica R. BR.

Eucalipto azul

Eucalyptus cinerea F. Mull

Eucalipto cinza

Eucalyptus moluccana Grey Box

Leucena

Leucaena leucocephala  Lam.

Moringa

Moringa oleifera Lam.

Neem

Azadirachta indica A. Juss.

Pata de vaca

Bauhinia forticata Benth

Sisal

Agave sisalana Perrine ex Engelm

 

 

 

As espécies

 

A algaroba (Prosopis juliflora Sw. DC). Planta nativa dos Estados Unidos, introduzida no Brasil como forrageira, está amplamente distribuida no Nordeste brasileiro. É uma árvore perenifólia, de 7-10 m de altura. A árvore produz madeira com cerne avermelhado, compacta e dura, apropriada para construção civil. Planta muito rústica e resistente à seca, é apropriada para solos áridos e pobres. As vagens são utilizadas como forrageiras para o gado. Em situações extremas impede o desenvolvimento da mata ciliar, causando a supressão da vegetação nativa e alteração do regime hídrico. Invade áreas de agricultura e pastagens gerando elevados custos de controle e remoção, além de perda de produção (PEGADO et al., 2006).

A castanhola (Terminallia catapa L.), especie nativa da Ásia e do Madagáscar, muito encontrada nas regiões litorâneas do Brasil. É uma árvore caducifólia, de 12-15 m de altura, que produz madeira dura, castanho-avermelhada, utilizada em construção, marcenaria doméstica interna, fabricação de barcos e o tronco empregado como poste. A árvore de copa densa e ampla é adequada para o plantio em parques, ao longo de praias, pelo magnífico sombreamento que proporciona. Por ser uma árvore grande, deve ser plantada em locais com espaço amplo, caso contrario, pode danificar ruas e casas, além de ser uma planta com folhas grandes da qual acumula muita sujeira (CAVALCANTE et al, 1986).

A cola (Cordia abyssinica R. Br.), é uma árvore nativa na África, Índia e Austrália, muito cultivada no Brasil. É uma árvore semidecídua, de 10-12 m de altura, rústica e de rápido crescimento, adequada para formação de bosques em parques e áreas de preservação, eventualmente utilizada na arborização urbana (AHMED & KORDOFANI, 2012).

O eucalipto azul (Eucalyptus cinerea F. Muell. ex Benth.), é originário da Austrália. É uma árvore perenifólia, de 7-15 m de altura, possui beleza notável pela coloração verde-azulada de sua folhagem, é amplamente cultivada como ornamental em parques e jardins. A ramagem, em corte, é utilizada para composição de arranjos. As folhas produzem óleo essencial de aroma típico. Pode provocar vários desequilibrios em  determinados locais, pois tem muita necessidade de água, competindo com mais agressividade com outras plantas, em muitos casos acaba por matar de sede as que se encontra ao seu redor, além de suas raizes produzirem substâncias alelopática, impedindo o crescimento de outras plantas (SILVA et al., 2011).

O eucalipto cinza (Eucalyptus moluccana Roxb.), é uma árvore originária das Ilhas Moluscas, cultivada amplamente pelo Brasil.  Árvore perenifólia, de 15-25 m de altura, Produz madeira leve, densa, durável, utilizada como postes, moirões, dormentes, construção civil, lenha de boa qualidade e carvão. A árvore é adequada para reflorestamentos destinados à produção de madeira, contudo é mais cultivada no sudeste do Brasil como árvore ornamental e para sombreamento. Se desenvolve bem em nossas condições climaticas, pouco exigente em solo e possuem crescimento rapido. Demanda-se uma grande quantidade de água tanto para plantar o eucalipto quanto para a produção de celulose, o que provoca o esgotamento das fontes de água (FIGUEIREDO et al., 2013).

A leucena (Leucaena leucocephala Lam.), é nativa da América Tropical, de onde se dispersou para outras partes do mundo devido a sua versatilidade de utilização, podendo ser empregada para forragem, produção de madeira, carvão vegetal e melhoramento do solo. Suas folhas são consideradas forrageiras para o gado e sua madeira pode ser aproveitada como lenha. A árvore é amplamente cultivada na arborização em geral, tanto na forma isolada como em agrupamentos e renques. Apresenta rápido crescimento e grande rusticidade às condições adversas de solo. Por ser uma árvore das quais as sementes germinam com tamanha facilidade, esta se tornando subespontânea em várias regiões do Brasil, a ponto de ser considerada planta daninha em pastagens (ANDRADE PEREZ & FANTI, 1999).

A moringa (Moringa oleifera Lam.), ou moringa, quiabo-de-quina, É uma planta originária da Índia e África. A árvore, com características ornamentais, é adequada para arborização de parques e jardins e, eventualmente, utilizada na arborização de ruas. Os frutos são tidos como comestíveis e partes da planta têm utilização medicinal. As sementes são usadas na purificação da água. Forma densos aglomerados excluindo todas as outras plantas e impedindo a circulação da fauna. Foi inicialmente cultivada como forrageira, mas, ao menos que seja roçada ou controlada, propaga-se rapidamente para áreas adjacentes, competindo com a vegetação nativa por espaço e luminosidade. Seu controle é extremamente trabalhoso e oneroso em função da resistência da espécie a roçadas e ao fogo e ao banco de sementes de longa viabilidade no solo. Possui altos teores de mimosina, substância tóxica aos animais não ruminantes se ingerida em grandes quantidades, causa a queda de pelos (BEZERRA et al., 2004).

O neem (Azadirachta indica A. Juss.), é uma planta originária da Ásia (Índia, Ceilão, Filipinas, Indonésia, Malásia). No Brasil, foi introduzida oficialmente em 1984 e, atualmente, pode ser encontrada em todas as regiões do país, com destaque para o município de Barreiras, no oeste da Bahia. É uma árvore com atributos ornamentais, adequada para arborização de parques, praças, ruas e avenidas. Recomendada para sombreamento de pastagem por ser repelente a insetos. As folhas e o óleo das sementes possuem "azadirachtina" uma substância com propriedade inseticida. Produz madeira marrom-avermelhada, durável, repelente a insetos, apropriada para construção, confecção de caixas e outros fins. Pormove a ttransformação de ecossistemas abertos em ecossistemas fechados, com perda de biodiversidade por sombreamento, exposição do solo e consequente erosão e assoreamento de cursos d'água, com impactos sobre a fauna aquática; redução de área pastoril para animais herbívoros; alteração do regime hídrico em ecossistemas abertos, onde substitui vegetação de pequeno porte; Supressão de outras espécies arbóreas em ambientes florestais pela ação de substâncias alopáticas e gradativo estabelecimento de dominância. É uma espécie de difícil controle, os custos são elevados e trazem impacto negativo a propriedades rurais onde a espécie é invasora (BEVILACQUA et al., 2008).

A planta conhecida popularmente como, pata-de-vaca, unha-de-vaca, mororó, unha-de-boi (Bauhinia forticata Benth) é originaria da Índia, as áreas de suas maiores concentração são as regiões subtropicais, sendo encontrada em matas baixas, locais secos e declivosos. É uma das espécies mais cultivadas nas ruas das cidades do sudeste do Brasil, recomendada também para parques e jardins, tanto em plantios isolados como em grupos ou renques  (ROGERIO et al., 2009).

O sisal (Agave sisalana Perrine ex Engelm), é uma planta originária do México, e cultivada em regiões semiáridas. No Brasil, os principais produtores são os estados da Paraíba e da Bahia, neste último, especialmente na região sisaleira, onde está localizado o maior pólo produtor e industrial do sisal do mundo, Conceição do Coité. Do sisal, utiliza-se principalmente a fibra das folhas que, após o beneficiamento, é destinada majoritariamente à indústria de cordoaria (cordas, cordéis, tapetes etc), podendo ser colhido durante todo o ano. Os principais produtos são os fios biodegradáveis utilizados em artesanato; no enfardamento de forragens; cordas de várias utilidades, inclusive navais; torcidos, terminais e cordéis. O sisal também é utilizado na produção de estofos; pasta para indústria de celulose; produção de tequila; tapetes decorativos; remédios; biofertilizantes; ração animal; adubo orgânico e sacarias. As fibras podem ser utilizadas também na indústria automobilística, substituindo a fibra de vidro. É uma planta resistente à aridez e ao sol intenso do sertão nordestino (MARTINS et al., 2009).

Ressaltamos o fato de que apesar das diversas utilizações pelas populações locais do semiárido, qualquer planta exótica em uma determinada região, vai competir por água, luz e nutrientes, com as nativas, como na maioria das vezes estas não possuem predador ou agente de controle biológico, vai prejudicar o surgimento de novas espécies e a continuidade da mesma naquele local (OPORTO & LATINI, 2005; THEOHARIDES & DUKES, 2007).

 

Coleta de material botânico

 

As plantas foram coletadas na área experimental da UNEB/DTCS. Priorizando a coleta de folhas, devido a sua abundância. Para realização das coletas fez-se uso de materiais próprios para coleta vegetal, como tesoura e alicate de poda e luvas de couro.

De cada espécie coletada teve-se o cuidado de retirar um ramo completo com folhas, flores e frutos. Esses ramos foram catalogados, identificados e prensados com o objetivo de direcioná-los para o Herbarium da UNEB/DTCS.

Os pulgões ápteros foram coletados na horta experimental da UNEB/DTCS, concentrados em ramos novos e vagens do feijoeiro (Figura 1).

 

 

Figura 1: Concentração de pulgões em ramos de Vigna unguiculata, coletados na UNEB/DTCS.

Procedimentos laboratoriais

 

O material vegetal coletado foi levado para o laboratório de Entomologia Geral, sendo colocadas para secar por sete dias à temperatura ambiente. O material vegetal seco foi triturado, resultando em pós-vegetais, que foram acondicionados em recipientes hermeticamente fechados e devidamente identificados.

Em seguida 300 gramas de cada pó foram colocados em recipientes de vidro com álcool (92,8° INPM), vedado, agitado e posto para descansar por 24 horas, transcorrido esse tempo as soluções foram filtradas e os líquidos resultantes levados ao evaporador rotativo. Os extratos botânicos foram obtidos segundo metodologia proposta por Santos et al. (2011) que consiste na produção de extratos a partir de soluções etanólicas por percolação a frio, com remoção posterior do solvente por destilação à pressão reduzida, ou seja, remoção do solvente (álcool).

O liquido resultante foi drenado para um recipiente previamente identificado e colocado em ambiente aberto e ventilado para secagem, após secos os recipientes com extratos foram vedados com papel filme PVC e armazenados. Posteriormente, foram produzidos extratos

Os extratos foram pesados em recipientes de vidro de 10 ml, em quatro concentrações sendo 500, 1000, 1500 e 2000 PPM (Tabela 2). Foi adicionado 1% de Dimetil Sulfóxido (DMSO) para solubilizar os extratos, por fim os extratos foram levados para o banho de hidrozon por 24 horas para homogeneização.

 

 

Tabela 2: Relação de peso e concentração utilizados na pesagem dos extratos.

Unidades de Medidas

Relação de Peso e Concentração

Peso em Grama

0,050

0,100

0,150

0,200

Concentração em PPM

500

1000

1500

2000

 

Tratamentos

C1

C2

C3

C4

 

 

Após banho de hidrozon as soluções foram transferidas para recipientes de 150 ml aos quais foram adicionados 99 ml de água destilada, obtendo-se soluções com volume total de 100 ml.

 Em seguida foram preparadas as placas de Petri, forradas com papel toalha e folhas limpas de feijão. Cada tratamento experimental (10 plantas de cada espécie) constou de quatro concentrações diferentes e cada concentração foi composta de quatro repetições. Em cada placa foram depositados lotes de 10 pulgões e estes foram pulverizados com as soluções e vedados com papel filme PVC (Figura 2). Em seguida foram colocadas em câmaras BOD com delineamento inteiramente casualizado, a uma temperatura de 27±2ºC e umidade relativa de 70±5%.

As análises foram realizadas com base no número de pulgões mortos por placa, nos dez tratamentos e nas quatro concentrações, para cada extrato testado.

 

 

 

Caixa de texto: CCaixa de texto: BCaixa de texto: AFigura 2: Aplicação da solução, A=Placas de Petri pulverizada, B=Placas de Petri vedadas com papel filme PVC; C=Placas de Petri colocadas na BOD, UNEB/DTCS.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

A maioria das plantas exóticas apresentou dados satisfatórios quanto à taxa de mortalidade (Tabela 3).

 

Tabela 3: Taxa de Mortalidade das plantas exóticas. Juazeiro – BA, 2011

PLANTAS EXÓTICAS

Taxa de Mortalidade (%)

500 PPM

1000 PPM

1500 PPM

2000 PPM

Algaroba Prosopis Juliflora

65

67,5

65

65

Castanhola Terminalia Catappa

67,5

67,5

65

67,5

Cola Cordia Abyssinica

52,5

50

52,5

52,5

Eucalipto Azul Eucalyptus Cinerea

82,5

87,5

95

92,5

Eucalipto Cinza Eucalyptus Moluccana

85

85

90

90

Leucena Leucaena Leucocephala

45

42,5

47,5

45

Moringa Moringa Oleifera

72,5

75

75

77,5

Neem Azadirachta Indica

85

90

92,5

95

Pata de Vaca Bauhinia forticata

50

52,5

50

50

Sisal Agave sisalana

27,5

30

30

27,5

 

 

As maiores taxas de mortalidade dos pulgões foram alcançadas pelos extratos de eucalipto cinza e o neem. Foi observado que, na concentração de 500 PPM, os mesmos obtiveram a maior taxa de mortalidade igual a 85%.

As menores taxas de mortalidade foram registradas para os extratos de pata de vaca e cola, que tiveram taxa de mortalidade variando de 50% a 52,5% de mortalidade e para a leucina e sisal cujos extratos obtiveram os menores índices de mortalidade, abaixo de 50%.

Para a concentração de 500 PPM o destaque é para o eucalipto cinza e Neem, que apresentaram a mesma eficiência (85%).

O neem, apresentou maior desempenho com função inseticida (90%), na concentração de 1000PPM em relação às demais espécies vegetais.

O eucalipto azul, apresentou maior eficiência no combate ao pulgão, na concentração de 1500PPM em relação às demais espécies vegetais.

Nos tratamentos que utilizaram as maiores concentrações (2000PPM), destacamos a ação inseticida do neem como a mais eficaz.

Não são considerados como eficientes os extratos que obtiveram menos de 50% de mortalidade nos testes contra o pulgão preto do feijoeiro, resultados encontrados para a leucena e sisal nas quatro concentrações.

 

 

CONCLUSÕES

 

O uso de extratos vegetais surge como uma opção para o manejo integrado de pragas e associados a outras práticas, pode contribuir para a redução de doses e aplicações de inseticidas químicos sintéticos, diminuindo os problemas causados por estes aos organismos benéficos e ao meio ambiente.

A análise dos resultados das aplicações dos extratos elaborados a partir das plantas exóticas utilizadas neste estudo nos permite concluir que o neem, o eucalipto azul, o eucalipto cinza e a moringa apresentaram dados satisfatórios de letalidade, podendo estes ser utilizados para controle do pulgão preto do feijoeiro.

Não é indicado a utilização dos extratos de leucena e sisal nas concentrações testadas, pois estes obtiveram menos de 50% de mortalidade nos testes contra o pulgão preto do feijoeiro, no entanto recomendamos novos testes em concentrações superiores para verificar a possível utilização de extratos naturais produzidos a partir dessas duas espécies.

A partir dos resultados obtidos serão realizados testes com os extratos produzidos e que obtiveram maior índice de mortalidade para controle de pulgão preto, em mudas de feijão caupi num ambiente controlado de casa de vegetação.

 

 

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Ilustrações: Silvana Santos