Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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15/12/2015 (Nº 54) AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) E O CONHECIMENTO TRADICIONAL DE PLANTAS INSETICIDAS
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AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) E O CONHECIMENTO TRADICIONAL DE PLANTAS INSETICIDAS

                                                                                                         

José Rodrigues de Almeida Neto1

Roseli Farias Melo de Barros2

 

1Biólogo, Mestre em Desenvolvimento e Meio ambiente pela Universidade Federal do Piauí e Aluno de doutorado em Desenvolvimento e Meio ambiente da REDE PRODEMA. Endereço: Rua Mestre Antônio Neves, 192, Bairro de Fátima, Campo Maior – PI, CEP: 64.280-000.  E-mail: almeidanetobio@hotmail.com  Fone: 86 – 981327372

2 Bióloga. Profa. Dra. do departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí - UFPI. Teresina, Piauí. Brasil. E-mail: rbarros.ufpi@gmail.com

 

RESUMO                                                         

 

O conhecimento sobre uso de plantas como alternativa no controle de insetos se concretizou através da forte tradição no meio rural em todo o mundo, contudo a disseminação da informação sobre as possiblidades de um controle desses animais de forma mais eficaz por meio do uso de inseticidas químicos fez com que essas plantas deixassem de ser usadas em detrimento da nova tecnologia, e um conjunto de informações novas foram inseridas ao conhecimento tradicional do homem do campo, levando a novas posturas frente ao ambiente, muitas delas negativas. Assim, aqui se reflete sobre as temáticas de tecnologias de informação e comunicação (TICs) e uso tradicional de plantas inseticidas, baseados na literatura. Abrindo desta forma uma discussão entre as TICs e o conhecimento tradicional do homem do campo, no tocante à intervenção sobre insetos considerados pragas. Portanto, levantada a importância de cada temática, compreende-se o espaço que as TICs ganharam nos modos de vida da população, remodelando seus costumes, e a influência da comunicação midiática ao uso de agrotóxicos, bem como, a existência de bioatividade inseticida nas plantas que se mostra eficaz através do uso tradicional pelo mundo. Por fim se enxerga a necessidade de mais estudos sobre as possibilidades de articulação entre conhecimentos adquiridos pelas TICs e o conhecimento tradicional sobre o domínio cultural de plantas inseticidas, com o pressuposto de um desenvolvimento sustentável no campo e valorização deste conhecimento.

 

 Palavras-chave: Etnobotânica. Gestão do conhecimento. Plantas Bioativas. Mídia.

 


 

1 INTRODUÇÃO

 

O conhecimento é um conjunto de saberes sobre algo que constrói a identidade do indivíduo e de seu povo; e é sem dúvida uma ferramenta importante para o desenvolvimento e evolução deste. Especialmente o conhecimento sobre plantas, haja vista as inúmeras possiblidades que os vegetais oferecem ao homem, sejam na construção de casas, de ferramentas, na produção de fármacos, como alimentos e na existência de bioatividade para a confecção de produtos menos agressivos ao meio ambiente no controle de pragas.

Para que tal conhecimento se concretize é necessário que ocorra uma transmissão das informações necessárias nesse processo de construção das ideias e formação de conceitos. Essa transmissão e formação do conhecimento, tido como tradicional, pode ocorrer por meio de várias vias de influência, uma delas e sem dúvida a primeira, é através da comunicação pessoal estabelecida pelo exercício da prática, das experiências individuais que o ser humano mantem com os elementos e outros seres a sua volta. Feito isto, manifesta-se a possibilidade de expressão desse conhecimento pela comunicação interpessoal, em sua maioria pela oralidade, entre indivíduos próximos aparentados ou não.

Com o passar dos tempos, eis que surgem outras formas de transmissão das informações, através de ferramentas que possibilitaram a propagação do conhecimento em um espectro amplo, de alcance a um número grande de pessoas, como as tecnologias de informação e comunicação (TICs). Tais tecnologias, como exemplos o rádio e a televisão, por muito, foram bens inacessíveis a grande massa da população, especialmente aqueles que se mantinham distantes dos centros urbanos, sem possiblidade de energia elétrica ou de condições financeiras favoráveis.  Atualmente, esses bens se modernizaram e novas tecnologias surgiram com estes, como o celular e os computadores com acesso a internet, que adentram aos mais longínquos lugares, como as comunidades rurais, por exemplo, como sinônimos da democracia.

O conhecimento sobre o uso de plantas no controle de insetos se concretizou como uma forte tradição no meio rural em todo o mundo, contudo a disseminação da informação sobre as possiblidades de um controle desses animais de forma mais eficaz com o uso de inseticidas químicos fez com que essas plantas deixassem de ser usadas em detrimento da nova tecnologia, e um conjunto de informações novas foram inseridas ao conhecimento tradicional do homem do campo, levando a novas posturas frente ao ambiente, muitas delas negativas. Assim, aqui se busca refletir, através da literatura sobre as temáticas de tecnologias de informação e comunicação e uso tradicional de plantas inseticidas, levantando a importância de cada temática e por fim indagando as possibilidades de articulação entre conhecimentos adquiridos pelas TICs e o conhecimento tradicional sobre o domínio cultural de plantas inseticidas. Abrindo-se desta forma uma discussão entre as TICs e o conhecimento tradicional do homem do campo, no tocante à intervenção sobre insetos considerados pragas.

 

2 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E O CAMPO

 

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), representadas pelo rádio, telefone, televisão e a internet, apenas para citar alguns exemplos, constituem um conjunto de recursos tecnológicos que se integram para proporcionar, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, interações entre processos de negócios, de pesquisa científica, de ensino e aprendizagem (REDIN et al., 2013). Conformando-se como os recursos e suportes tecnológicos que permitem o fluxo de informações, surgindo para promover interfaces, em torno das quais identidades coletivas coalescem na forma de redes sociais de múltiplas naturezas e alcances (SCHWARTZ, 2012; EMBRAPA, 2014).

A modernidade se desenvolveu de forma conjunta ao surgimento dos meios de comunicação massiva, que, portanto se entrelaçam aos processos de transformação social (SILVA, 2014). As TICs surgiram a partir da revolução industrial, e com o acesso a energia elétrica, especialmente o rádio e a televisão, passam a fazer parte do cotidiano das pessoas, não só do meio urbano, mas também no meio rural, mais tardiamente, remodelando comportamentos arraigados por princípios culturais anteriores a eletricidade (SONAGLIO, 2011). A televisão, por exemplo, passou a modificar não somente aspectos morais, mas também as formas das famílias do campo se relacionarem e se divertirem, ocupando os tempos livres que antes eram dedicados a conversas e encontros com os amigos, típicos do modo tradicional rural (RADIN, 2001). Para Redin et al.( 2013) as TICs no meio rural potencializam a comunicação e facilitam as trocas de experiências, especialmente, entre os jovens, que veem nela a possibilidade de sair para além de seus espaços geográfico e social.

Em algumas áreas rurais o acesso as TICs se torna complicado dado às condições geográficas, como em comunidades muito distantes e de difícil acesso, mas ainda sim, no Brasil essas tecnologias vêm se inserindo mais rapidamente e proporcionando uma inclusão digital no cotidiano das pessoas e do trabalho (SONAGLIO, 2011). Outra possibilidade de inserção mais lenta de algumas tecnologias no campo é a habilidade e competência que alguns agricultores necessitam obter para operacionalizar tais tecnologias, muitas vezes delegadas aos filhos dos agricultores familiares (SILVA, 2014). Mas, transformações no que diz respeito a comunicação no Brasil, faz romper com o isolamento que tradicionalmente assolava as comunidades do campo, possibilitando a aproximação do rural com urbano, facilitando o acesso da sociedade rural aos produtos e serviços ofertados na cidade (REDIN et al., 2013). Os avanços tecnológicos trouxeram mudanças nos sistemas de comunicação que envolve diretamente o homem do campo, primeiramente com o vídeo, depois fax, telefone celular, canais de TV a cabo ou por satélite, aumento de publicações especializadas, e então a famigerada Internet, alterando de forma significativa e sem barreiras as condições de acesso do agricultor à informação (VIERO, 2009).

Além de facilitar o acesso a informação, possibilitar novas relações interpessoais e trocas de experiências sem limites físicos e temporais, as TICs no campo também colaboram de forma significativa para o aumento da produção rural. Para Mendes et al. (2014), o acesso ao computador e a internet, além de outros dispositivos eletrônicos como o celular e o tablete, é uma das condições necessárias para que o produtor rural possa usufruir dos esperados benefícios de uso da tecnologia da informação aplicada ao campo para o aumento da competitividade agrícola. Segundo Embrapa (2014) a sofisticação de redes de comunicação e de transmissão de dados abre imensas perspectivas para novas formas de integração de atores e de cadeias produtivas e, para a implementação de inovações gerenciais na agropecuária brasileira no futuro.

 

 

3 A INFLUÊNCIA DAS TICS NO CONSUMO DE INSETICIDAS

 

As relações que se estabelecem por meio das novas tecnologias, compreendidas também como mídias, desempenham um papel de mediar novas relações sociais, pois são capazes de criar novos significados e sentidos ao indivíduo (SILVA, 2014). As tecnologias de informação e comunicação possuem uma força dinâmica capaz de afetar as bases ideológicas e materiais da sociedade (SCHILLER, 1976). Em especial, os meios de comunicação de massa influenciam não só a formação da opinião como desempenham um papel importante na vida política e cultural dos indivíduos (LOPES, 2010).

Na visão de Ramos (1995), os meios de comunicação se configuram como instituições de credibilidade na sociedade, e que, portanto os conteúdos das mídias de massa depois de refletido e analisado pelos diferentes grupos sociais são capazes de gerar opiniões e atitudes, influenciando na incorporação de valores e comportamentos.

Para Lopes (2010) as informações sobre determinados assuntos veiculadas nos meios de comunicação de massa, podem constituir propagandas e publicidades, que modeladas às linguagens, persuadem e fabricam consensos ao público. Quanto aos agrotóxicos, por exemplo, o autor fala que a mídia no geral, distorce o termo e incute na mente dos cidadãos o sentido de segurança e proteção contra o ataque de insetos, quando na realidade mascara a agressão à saúde pública e o ambiente.

Os agrotóxicos são agentes químicos que determinam uma série de efeitos nocivos à saúde humana a depender da classe pertencente, como no caso dos organofosforados, bem como dos carbamatos, conhecidos como inseticidas, que atuam no organismo humano inibindo uma enzima denominada acetilcolinesterase que pode provocar sérios danos ao sistema nervoso, apenas para citar um exemplo (PERES; MOREIRA, 2007). O Brasil é um dos cinco maiores consumidores de agrotóxicos do mundo (LOPES, 2010), e a presença de inseticidas e seu uso em larga escala torna-se algo preocupante do ponto de vista de saúde pública no país, uma vez que exposições frequentes podem trazer graves problemas de saúde humana e danos ambientais (DIEL et al., 2003).  As intoxicações leves ou moderadas causadas por esses agentes químicos nos agricultores rurais, em muitos casos, não são notificados, dificultando a elaboração de propostas de intervenção para a erradicação da contaminação no campo (LOPES, 2010).

Castro (2011) em seu estudo sobre práticas e sentidos atribuídos ao uso e divulgação de agentes químicos potencialmente tóxicos no ambiente doméstico, verificou que as propagandas das peças publicitárias utilizam estratégias que ocultam o risco dos inseticidas e utilizam mensagens que insinuam que esses produtos são inócuos, que protegem a saúde e o ambiente, o que oculta seus riscos,  levando a utilização  indiscriminada  e   contaminação  do  meio,  consequentemente  aumentando  a  resistência  dos  insetos  ao  uso  do produto,  o  que  faz  com  que  o  consumidor  venha  a  usar  mais  o  inseticida,  ampliando  o  risco  de  intoxicações.

Para Diel et al. (2003), a população precisa ser mais bem orientada sobre a toxicidade dos inseticidas domésticos, como forma de tentar conscientizá-la a evitar, o máximo possível, o uso de substâncias tóxicas no controle de insetos. Para Peres e Moreira (2007) referindo ao uso indiscriminado de agrotóxicos, afirmam que são necessárias mais informações para a população, bem como a possibilidade de adoção de práticas alternativas.

 

4 USO TRADICIONAL DE PLANTAS INSETICIDAS COMO PRÁTICA ALTERNATIVA

 

Uma das formas alternativas ao uso de inseticidas químicos, sem dúvidas são as plantas com potencialidade bioativa para repelir ou matar insetos.  Sobre essa forma de controle desses animais Mendonça et al. (2005), afirmam que no Brasil grandes doses de inseticidas sintéticos são utilizados anualmente, sendo necessário o desenvolvimento de técnicas mais eficientes, sem efeitos graves sobre o meio ambiente, como é o caso da utilização de plantas.

 Para Saito et al. (2006), muitas espécies vegetais possuem substâncias ativas que se mostram eficientes no controle de insetos, como piretrinas, rotenonas, azadiractinas, avermectinas, hormônios juvenilizantes e precocenos, presentes no metabolismo secundários destas. Tais autores afirmam que uma possibilidade eficiente na seleção das espécies com essas características, são os estudos etnobotânicos realizados em comunidades tradicionais que averiguam as plantas conhecidas e utilizadas no cotidiano das pessoas. Para Karunamoorthi  et al. (2009) o costume de usar essas plantas para esses fins é o resultado de milhares de anos de experiência, passadas entre as gerações.

Em relação aos estudos etnobotânicos sobre plantas repelentes e inseticidas, estes têm sido conduzidos em todo o mundo, contudo se concentram nos países que compõem o continente africano, e poucos trabalhos, portanto incipientes, são observáveis na Americana Latina como é o caso do Brasil, que não por acaso ocupa posições de destaque no ranque dos países consumidores de agrotóxicos.

Na concepção de Mavundza et al. (2011), produtos de origem vegetal, utilizados no controle de insetos,  normalmente não apresentam riscos de toxicidade para humanos e animais domésticos, e são facilmente biodegradáveis. Tais autores realizaram levantamentos dos usos de plantas repelentes e inseticidas na África da Sul e afirmaram que esta documentação fornece bases para estudos posteriores no desenvolvimento de novos, eficazes, seguros e acessíveis repelentes de origem vegetal que podem ser utilizados no futuro.

Soukand et al. (2010) afirmam que o conhecimento ecológico no uso de plantas para controlar insetos compõe uma das grandes tradições do campesinato na Europa. Em seu estudo realizado na Estônia, país do norte europeu, os autores verificaram uma diversidade de plantas citadas que podem ser encontradas em quase todo o mundo, bem como uma variedade de modos de uso, com destaque para as plantas aromáticas e as dispostas no chão, em armários, camas ou qualquer ambiente para repelir insetos. 

Em Lao no sudoeste Asiático, em estudo realizado em 66 aldeias compostas por 17 grupos étnicos diferentes, Boer et al. (2010) verificaram também que o uso de plantas no controle de invertebrados potenciais causadores de danos a agricultura e a saúde humana, se mostra uma prática comum por comunidades tradicionais que não dispõem de muitos recursos financeiros e veem na prática do uso de plantas como um maneira barata e eficaz, também do ponto de vista ambiental.

Guzman - Pantoja et al. (2012) fazem uma revisão sobre os trabalhos etnobotânicos desenvolvidos no México que levantaram plantas consideradas pesticidas, notadamente no controle de insetos, e verificam que o uso de plantas no País para esse fim é intenso, alertando que é necessário testes fitoquímicos para biossegurança geral e que políticas de conversação dessas sejam criadas levando em consideração os períodos fenológicos dessas plantas nas coletas para que sua disponibilidade seja contínua.

No Brasil, estudos etnobotânicos com esse enfoque são escassos, contudo, merece destaque o trabalho de Almeida Neto (2015) em comunidades rurais da região Nordeste, que mostra que o domínio cultural de plantas inseticidas e repelentes pode ser definido pelo critério de uso das populações e também alerta que plantas biotivas necessitam ser testadas e que produtos menos agressivos ao homem e ao ambiente podem ser comercializados a partir dessas plantas. O autor ainda sugere que novos estudos necessitam ser realizados no País para registro de um número maior de plantas com essa finalidade.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante das questões apresentadas neste artigo, três pontos são inegáveis e puderam ser vistos através da literatura referenciada: i) o primeiro relaciona-se a importância e ao espaço que as TICs ganharam nos modos de vida da população, em especial da população camponesa, levando informação, entretenimento e remodelando costumes tradicionais; ii) o segundo referisse as influências que a comunicação midiática possui, especialmente direcionando os sentidos e influenciando atitudes pela manipulação da informação numa sociedade de consumo, no tocante ao uso de inseticidas químicos; iii) o terceiro, está ligado ao fato de que as plantas possuem compostos bioativos capazes de repelir e matar insetos, muitas vezes considerados pragas não só no meio urbano, mas no rural também, em especial na lavoura, e o uso destas para esses fins são registrados como eficaz em todo o mundo.

Nesse sentido, no contexto brasileiro no que se refere ao conhecimento de plantas no controle de insetos são necessários estudos que discutam a gestão desse conhecimento e as possibilidades de influência das tecnologias de informação e comunicação. Uma vez que, as TICs cada vez mais presentes no campo podem ser responsáveis pela tomada de decisão do agricultor ao uso de agrotóxicos, notadamente inseticidas, fazendo com que estes abandonem o hábito tradicional do uso dessas plantas, mesmo diante da ineficiência apresentada por alguns e dos perigos potenciais dos químicos. E na contramão dessa ideia, abre-se o espaço para a discussão da possibilidade de uma conversão entre a informação passada entre gerações, portanto do conhecimento tradicional de plantas inseticidas, com a informação veiculada pelas TICs, aumentando a possibilidade do surgimento de novos produtos agroecológicos a base de plantas aplicadas na fitossanidade rural; ou o próprio conhecimento tradicional dessas plantas como forma alternativa ao uso de inseticidas químicos veiculados pelas TICs, como pressuposto de um desenvolvimento sustentável do campo, valorizando esse domínio cultural pelo aumento da transmissão e diminuindo suas chances de erosão.

 

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Ilustrações: Silvana Santos