Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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15/12/2015 (Nº 54) A EQUIPE INTERDISCIPLINAR E A RELAÇÃO SAÚDE E MEIO AMBIENTE NA ATENÇÃO BÁSICA
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A EQUIPE INTERDISCIPLINAR E A RELAÇÃO SAÚDE E MEIO AMBIENTE NA ATENÇÃO BÁSICA

 

 

 

DÉBORA APARECIDA DA SILVA SANTOS

Mestre em Ciências Ambientais e da Saúde, PUC-Goiás; Doutoranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande; Docente, Adjunto I, Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso, Avenida Marechal Dutra, n.840, Centro, Rondonópolis-MT, Brasil, celular: (66)92060446/9943908 deboraassantos@hotmail.com

 

MICHELE SALLES DA SILVA

Mestre em Saúde Coletiva, UFMT; Doutoranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande; Docente, Assistente I, Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso.

 

JULLIANNA VITORIO VIEIRA DE AZEVEDO

Mestre em Recursos Naturais, UFCG; Doutoranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande; Rua Aprígio Veloso, 882, Universitário, Campina Grande-PB, Brasil. E-mail: julliannavitorio@hotmail.com


RESUMO

 

Este artigo objetivou analisar as ações assistenciais prestadas pela equipe interdisciplinar no contexto saúde e meio ambiente na atenção básica de Rondonópolis-MT. Pesquisa de campo, quantitativa, descritiva, com 28 enfermeiros. A coleta de dados foi realizada através de um questionário nas unidades de saúde. Como resultado mostrou que 46,43% realizam atividades; dentre essas, as mais citadas foram palestras, orientações e educação em saúde sobre assuntos direcionados a problemas com o lixo, água, esgoto e saneamento básico. Neste sentido, as políticas públicas na atenção básica devem estar voltadas para a temática saúde ambiental, incluindo a educação ambiental, a fim de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e famílias.

 

Palavras-chave: Saúde ambiental; Atenção primária a saúde; Equipe de Assistência ao Paciente. 

 

INTRODUÇÃO

 

A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do conceito de saúde como um direito da população e dever do Estado, contemplado na Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988) e regulamentado através das Leis Federais 8080/90 (Brasil, 2013) e 8142/90 destaca-se como um novo direcionamento para as políticas públicas de saúde, consolidadas através dos princípios doutrinários e organizativos do SUS: universalidade, equidade, integralidade, regionalização, hierarquização, descentralização administrativa e participação popular.

Em 1994 o Ministério da Saúde implantou o Programa de Saúde da Família (PSF) com critérios bem definidos de atuação através de uma equipe multiprofissional, composta inicialmente por médico, enfermeiro e auxiliar de enfermagem, e com ênfase na promoção e prevenção, em detrimento do curativo, desarticulando o foco do indivíduo para a família e a comunidade, instituindo a criação de vínculos e de compromissos de corresponsabilidade entre os profissionais de saúde e a população. Essa estratégia possibilitou focar o trabalho na atenção à família, a partir do ambiente onde esta vive, cooperando com um melhor entendimento do processo saúde-doença e com as ações de melhoria das condições de vida da coletividade (BRASIL, 1997).

Este programa constitui-se em uma estratégica denominada de Estratégia de Saúde da Família (ESF), como sendo o grande centro da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) que prioriza a saúde da família, explícita no documento organizado pelo Ministério da Saúde (MS) através da Portaria GM/648 de 28 de Março de 2006. Foi atualizada em 2011, através da portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, que estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica (AB) e destaca a interdisciplinaridade como atribuição comum a todos os profissionais da ESF, no campo que trata da realização do trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações (BRASIL, 2011).

A AB abrange um conjunto de ações que abarca a promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde. Uma das estratégias é trabalhar com a educação em saúde ambiental de forma inovadora, não linear ou vertical e dialógica. Os profissionais devem propor ações associadas aos fatores de risco ambiental presentes no âmbito de atuação. As ações em âmbitos individual e coletivo são desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar por meio de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, nas esferas federal, estadual e municipal, onde cada uma possui sua responsabilidade específica (BRASIL, 2012a).

A interdisciplinaridade pode ser percebida como a colaboração entre disciplinas diversas, concebendo uma ruptura com a concepção fragmentada do ser humano em detrimento de uma abordagem holística, isto é, que analise o homem como um ser multifacetado (RAMOS-CERQUEIRA, 1994).

No mundo contemporâneo e globalizado há uma grande tendência a interdisciplinaridade relacionando sociedade e a natureza através de uma abordagem integrativa. Essa relação complexa visa minimizar os efeitos da crise social e ambiental que o planeta atravessa, refletindo diretamente nas condições de saúde da população (CIDADE, 2012).

No atual contexto da globalização é possível observar diversas reformas do Estado no campo da saúde, educação e meio ambiente, destacando seu caráter interdisciplinar e intersetorial entre essas três vertentes. Sendo assim, progressivamente vem sido traçada uma mudança no olhar da saúde da população, que deve ser trabalhada tanto na formação quanto nos campos de atuação dos profissionais de saúde, bem como sua relação com o meio ambiente. A consciência ambiental da população vem ganhando cada vez mais destaque devido aos grandes avanços dos estudos sobre essa temática, obrigando países influentes, antes reunidos por interesses meramente econômicos, agora necessitando ampliar suas discussões quando se tratam da questão ambiental, buscando a homogeneização do problema (BARROSO, 2005).

As ações integrativas entre saúde e ambiente traduzem a importância da relação dos problemas ambientais e a influência destes na saúde das comunidades, que mostram a necessidade de ação do poder público de co-responsabilização junto a sociedade de preservação do meio ambiente e promoção de saúde da coletividade. A participação social favorece a identificação e solução dos problemas que limitam a qualidade de vida das pessoas, através de um contexto interdisciplinar, desenvolvendo estratégias voltadas para um enfoque socioambiental no campo da saúde coletiva. Esse trabalho na atenção básica representa um desafio para todos os profissionais de saúde (enfermeiros, médicos, entre outros) em contato direto com a população, que tiveram em sua formação pouco conhecimento a respeito da temática saúde ambiental, porém necessitam identificar e intervir em ações na comunidade de forma global e holística associado ao saber socioambiental, valorizando o ambiente como determinante/condicionante no processo saúde-doença (CEZAR-VAZ et al., 2007). Conforme Oliveira et al. (2011), a saúde está diretamente conectada ás condições de desenvolvimento das cidades contemporâneas e a sustentabilidade ambiental torna-se sinônimo de qualidade de vida total e de saúde.

Desta forma, as ações interdisciplinares, seguindo os princípios orientadores do SUS, como a integralidade, mostram-se como desafios no ensino em saúde. Um desses desafios é oferecer uma contrapartida à influência do modelo fragmentado de organização do trabalho, em que cada profissional realiza parcelas do trabalho sem uma integração com as demais áreas envolvidas (BISPO et al., 2014).

Neste sentido o objetivo deste artigo é analisar as ações assistenciais prestadas pela equipe interdisciplinar no contexto saúde e meio ambiente na atenção básica do município de Rondonópolis-MT.

 

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo, quantitativa, descritiva, não documental, com coleta de dados realizada com amostragem em fase única e aleatória simples. É parte do projeto matricial denominado “Atuação do profissional enfermeiro na relação saúde e meio ambiente na atenção básica” e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Muller da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com número de protocolo 440.386, o qual atendeu aos aspectos éticos legais da pesquisa com seres humanos, sendo respeitada a resolução 466/2012 (BRASIL, 2012b).

 Os participantes foram 28 enfermeiros atuantes na atenção básica do município de Rondonópolis, localizado no estado de Mato Grosso (MT). A atenção básica neste município constitui-se de 32 ESF, 05 Centros de Saúde e uma Policlínica, onde cada unidade possui um enfermeiro como responsável técnico. Estas unidades estão cadastradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

Os critérios de inclusão foram enfermeiros, de ambos os sexos e de diversas idades, que estavam atuando nestas instituições no período da coleta de dados, marco de 2013, e que aceitaram participar da pesquisa. Foram excluídos os profissionais que estavam de licenças médica ou maternidade, de férias ou afastamento, além daqueles que não devolveram o questionário preenchido.

Foi assinado um termo de autorização pela Secretaria Municipal de Saúde deste município, autorizando a pesquisa nas dependências das unidades de saúde, que são coordenadas pelo Departamento de Atenção à Saúde desta secretaria. Estas instituições funcionam no período de 07 às 11 horas e 13 às 17 horas, de segunda a sexta-feira, exceto feriados municipais e federais. Os convites para a participação foram feitos de forma individual, pelos quais os enfermeiros foram abordados em seu próprio local de trabalho, sendo solicitado a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário elaborado pelas pesquisadoras, envolvendo o aspecto: As ações assistenciais prestadas pela equipe interdisciplinar sobre saúde e meio ambiente neste âmbito, com as seguintes questões: A equipe multiprofissional executa ação ou projetos interdisciplinares relacionando a saúde e o ambiente na unidade de saúde e /ou na comunidade? Quais temas e/ou ações você considera importantes serem trabalhados pela equipe de saúde para preservar o meio ambiente e que possam influenciar a saúde da população atendida na unidade?

Os riscos relacionados com a participação dos indivíduos não foram evidentes, visto que foram mínimos por tratar-se de uma pesquisa com entrevista. Os benefícios para os profissionais enquanto participantes da pesquisa incluíram fornecer dados para que fique evidente a importância de uma atuação voltada para aspectos interdisciplinares entre saúde e meio ambiente, colaborando desta forma com uma assistência holística e de qualidade ao usuário, família e comunidade, no âmbito da atenção básica do município em estudo.

A análise dos dados foi descritiva, com uso de tabelas e gráficos para melhor exposição e interpretação dos resultados.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Nesta pesquisa, foram respondidos os questionários por 28 enfermeiros da atenção básica do município em estudo. Estes correspondem a 23 (82,14%) do sexo feminino e 05 (17,86%) masculino, predominando a faixa etária de 13 (46,43%) enfermeiros com 20 a 29 anos, seguido de 12 (42,86%) de 30 a 39 anos, 1 (3,57%) de 40 a 49 anos, 1 (3,57%) de 50 a 59 anos e 1 (3,57%) de 60 a 69 anos. Estes dados elucidam a predominância de uma profissão essencialmente feminina, considerando a característica do objeto do cuidar na atuação desta profissão.

A enfermagem como uma ciência nova, quando comparada com outras, está tendendo a ser interdisciplinar por identificar que a relação saúde/doença ou não pode ser vista como unicausal, mas sim deve assumir uma abordagem mais ampla em que os processos ambientais e históricos influenciam diretamente na construção de uma sociedade mais saudável e sustentável (CESAR-VAZ et al., 2005).

Do total destes profissionais, 26 (92,86%) são contratados e somente 2 (7,14%) são concursados. Já em relação ao tempo de atuação na atenção básica, 3 (10,71%) trabalham de 0 a 12 meses, 9 (32,14%) 13 a 24 meses, 4 (14,29%) 25 a 36 meses, 4 (14,29%) 49 a 60 meses, 1 (3,57%) 61 a 72 meses, 3 (10,71%) 109 a 120 meses e 4 (14,29%) mais que 120 meses. A maioria destes profissionais atua a pouco tempo na unidade (13 a 24 meses), uma vez que neste município os enfermeiros possuem alta rotatividade devido ao tipo de contrato que estão vinculados.

A equipe multiprofissional destas 28 unidades de saúde possui 100% em seu quadro enfermeiro, técnicos de enfermagem, médico, assistente administrativo e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Destas equipes, somente 18 (64,28%) possuem um dentista e um Auxiliar de Consultório Dentário (ACD) em seu quadro de funcionários.

O trabalho no PSF é realizado por uma equipe multiprofissional, composta por no mínimo um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de 4 a 6 ACS. A incorporação de outras categorias de profissionais da saúde, como dentistas e outros profissionais de nível médio da odontologia, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, farmacêuticos e outros, pode ocorrer a partir da demanda e das características da organização dos serviços de saúde locais, de forma a propiciar a realização de atividades em grupo junto à comunidade (BRASIL, 1997).

Ainda que tenham surgido novas oportunidades de emprego nas unidades básicas de saúde, a presença dos profissionais de odontologia é pouco observada nesses locais, principalmente pelo elevado custo dos materiais para o atendimento, fragilizando assim a prestação de serviços à população.  As unidades que possuem essa atividade necessitam ter mais cautela com os resíduos produzidos e eliminados, caso não descartados de maneira adequada, podem causar acidentes às pessoas que o manipulam, além de contaminar o meio ambiente. Acrescido aos resíduos, o bom estado de conservação dos equipamentos, esterilização adequada dos materiais e limpeza do ambiente são medidas essenciais de biossegurança para a prevenção e controle de infecções dessa população atendida (COSTA et al., 2012).

Entre as características do processo de trabalho das equipes na atenção básica, estas devem desenvolver ações que priorizem os grupos de risco e os fatores de risco clínico-comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a persistência de doenças e danos evitáveis e ações intersetoriais, integrando projetos e redes de apoio social, voltados para o desenvolvimento de uma atenção integral (BRASIL, 2012a).

A atenção primária ou atenção básica exige uma reflexão crítica dos problemas éticos para responder às necessidades da saúde da população, que, em muitos casos, estão relacionados a determinado território e ambiente. Essas necessidades experimentadas individualmente devem ser organizadas de maneira coletiva, com objetivo de buscar soluções à demanda social (JUNGES; BARBIANI, 2013).

            Das equipes atuantes nas unidades de saúde pesquisadas, 15 (53,57%) não realizam atividades ou projetos interdisciplinares relacionando saúde e meio ambiente na unidade e 13 (46,43%) realizam.  Desses que realizam foram citadas: palestras educativas, em escolas e creches e mutirões 6 (46,16%), 1 (7,69%) citou exercícios e capacitações, 1 (7,69%) afirmou realizar o plano de ação semestral, 1 (7,69%) realiza orientações, 1 (7,69%) alegou aplicar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) e 3 (23,28%) não apresentaram resposta (Gráfico 1).

A ESF visa reorganizar o modelo de atenção à saúde tradicional, aproximando cada vez mais as famílias das unidades de saúde, através de ações destinadas para a comunidade, melhorando assim a qualidade de vida da população. Nesse contexto, é importante destacar que as famílias exercem influência sobre o processo de saúde-doença, dentro de um contexto histórico, político, social e cultural, além disso, também se relacionam diretamente com o ambiente em que vivem e com a educação das pessoas envolvidas (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006).

Reforçando os objetivos da ESF de proporcionar um modelo de atenção integral para promover saúde através de uma abordagem ecossistêmica em saúde, é relevante que os profissionais possuam uma ampla compreensão sobre os fatores determinantes e condicionantes de saúde. Contudo, é possível observar que nem sempre essa equipe multiprofissional garante uma atuação intersetorial ou transdisciplinar, pois para tal atividade são necessárias intervenções participativas dessas diferentes áreas para o enfrentamento de problemas ambientais, sociais e, também, de saúde (MENDONÇA et al., 2012).

 

 

GRÁFICO 1 – Profissionais de saúde que realizam atividades/projetos interdisciplinares relacionando saúde e meio ambiente na unidade de saúde, Rondonópolis-MT.

 

As ESF possuem como foco o trabalho de caráter preventivo da saúde não só do usuário, mas de sua família, indo além de uma visão biomédica para seguir de maneira interdisciplinar entre todos os profissionais da equipe de saúde atuantes na comunidade. Utiliza-se de assistência domiciliar a saúde, em especial a visita domiciliária, em que o profissional enfrenta a realidade da vida da população, visando atender cada necessidade dentro das possibilidades locais (GIACOMOZZI; LACERDA, 2006).

O estudo de Bispo et al. (2014) destacou a resistência da categoria médica para o possível trabalho interdisciplinar na ESF. Os médicos contaram a dificuldade de trabalhar com sua categoria profissional e justificam esta resistência, como: formação acadêmica/profissional deficitária no que concerne à interdisciplinaridade; o enfoque acadêmico em práticas técnico-curativas; e excesso de demanda para os atendimentos ambulatoriais nas unidades de saúde. É importante a prática e a teoria interdisciplinar nas relações de trabalho e na formação em saúde para o SUS, além da necessidade de educação permanente em saúde como prática de ensino-aprendizagem na produção de conhecimentos no cotidiano das instituições de saúde.

Já Santos et al. (2014) revelaram que a maioria dos profissionais da equipe de enfermagem (71,43%) realiza ações de educação ambiental nas atividade da atenção básica. Reforçam que o enfermeiro e sua equipe devem interferir no processo de orientação da comunidade, acompanhando de forma direta e crítica a educação ambiental, direcionada a elaboração de mudanças na realidade.

Diferentes setores da sociedade possuem uma estreita relação com a temática ambiental, em especial é o caso da saúde, que aos poucos apresenta cada vez mais discussões a cerca da interface saúde e meio ambiente devido a constatação da importância que a crise ambiental está diretamente relacionada ao setor saúde. Embora as discussões acerca desse assunto estejam ganhando cada vez mais espaço, ainda é possível identificar uma deficiência no que tange a produção científica nessa área, pois há um predomínio de estudos voltados ao modelo biológico, resultado principalmente de estudos epidemiológicos. Estudos que discutem sobre a importância da relação entre saúde e ambiente na formação e na prática dos profissionais são bem raros (CAMPONOGARA et al., 2013).

O meio ambiente na educação latu sensu, conforme citado por Portela et al. (2010) deve ser discutido de forma ampla, extrapolando as disciplinas e a dicotomia homem e ambiente, a fim de promover a transformação da realidade, nas suas múltiplas facetas e relações. Ao docente cabe modificar a orientação conservadora quanto à educação ambiental. Tavares (2013) descreveu o que os professores pensam sobre a criação de uma disciplina de educação ambiental na formação acadêmica. Em entrevista com 13 professores de uma Instituição Federal de Ensino Superior, 3 julgam não ser necessário, pois consideram que o conteúdo deva ser trabalhado desde o início da inserção do aluno no ensino fundamental e médio. Já outros 10 acreditam que seja viável a elaboração da mesma, pois consideram que o meio ambiente seja um tema que abrange o meio cultural, social e histórico estando ligado diretamente com a educação ambiental.

Para Mazzarino et al. (2012) a ecopedagogia sugere a transversalidade entre diversos campos dos saberes e deve ser ajustada a um currículo que extrapole as linhas dos conteúdos escolares, no intuito de colaborar o rompimento de uma educação tradicional e com uma formação social e ambiental. Ao educador ambiental cabe ser parte do processo transformador das formas de pensar e agir sobre o meio ambiente.

O ambiente de uma ESF é representado além de um espaço físico, como sendo locais de interesses para o uso social, com possíveis conflitos de interesses ambientais e sociais, que consequentemente incidem sobre a saúde dos usuários daquele território. A compreensão da relação entre saúde e ambiente não é somente uma ampliação da visão do espaço geográfico, e sim, olhar a saúde com uma ótica ecossistêmica, ou seja, o ambiente além do natural, englobando a parte cultural, social e política. Assim sendo, a saúde depende da qualidade de vida do ambiente, associada a comportamentos saudáveis da população (JUNGES; BARBIANI, 2013).

No que foi analisado sobre a realização de ações ou projetos interdisciplinares relacionando a saúde e meio ambiente na comunidade houve uma mudança dos valores encontrados, quando comparados com a questão anterior. A maioria dos enfermeiros, 16 (57,14%) afirma que a equipe realiza atividades na comunidade e somente 12 (42,86%) não realizam.

A base da atuação da equipe de ESF deve conter princípios que buscam desenvolver processos de trabalho baseados nos conceitos de prevenção, promoção e vigilância da saúde, de forma a atuar precocemente nos momentos iniciais de desenvolvimento das enfermidades, assim como sobre os riscos sanitários e ambientais, afim de garantir melhores níveis de saúde e qualidade de vida (BRASIL, 1997).

Vários são os obstáculos para a efetivação da ESF e entre eles pode-se destacar a quantidade e qualidade dos profissionais capacitados a lidar com as diversas situações que devem atravessar quando se relacionam com a população. Sobre essas dificuldades, estes diversos profissionais não conseguem em sua maioria incluir em suas atividades clínicas, às de saúde coletiva e, também, nem sempre conseguem incorporar a questão ambiental de maneira efetiva para tratar assuntos referentes às diretrizes da atenção básica (MENDONÇA et al., 2012).

Considerando a demanda urgente de ampliar a discussão sobre a interface saúde e ambiente, é importante destacar que o setor saúde necessita reforçar suas bases teóricas e práticas, sendo estas compatíveis com a responsabilidade ética de preservação do planeta para esta e futuras gerações.  É essencial buscar estratégias de ação dos sujeitos que interfiram de forma positiva nessa relação, através de debates multiprofissionais que possam resultar em fortes subsídios para a atuação profissional. Nesse sentido é importante mudar a visão que muitas pessoas têm sobre meio ambiente, diferenciando-se da visão superficial, muito enfocada pela mídia, para uma visão mais complexa e integradora de meio ambiente, na qual a natureza faz parte de uma rede de relações, não somente naturais, mas sim sociais e culturais. Além disso, pode ser destacada por uma abordagem mais aprofundada sobre o assunto nos cursos de graduação e nos espaços de trabalho (CAMPONOGARA et al., 2013; CARVALHO, 2004).

Para o MS, a ação interdisciplinar envolve uma atuação que exige um esforço para contribuir com a integralidade do cuidado aos usuários do SUS a partir da discussão de casos, interconsultas, construção conjunta de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde de grupos populacionais e da coletividade, ações intersetoriais e de prevenção e promoção da saúde e discussão do processo de trabalho das equipes (BRASIL, 2011).

O rompimento do modelo biomédico, hegemônico de atenção à saúde, deve-se ao fato da ineficiência de atender às demandas da população, desta forma, essa mudança se tornou um desafio para descobrir outra forma de cuidar da saúde da população por meio realização de práticas mais integrativas e humanísticas, que não estão contidas nos currículos universitários, e sim, acredita-se que esteja presente na essência dos indivíduos que escolheram alguma profissão da área de saúde. Há uma necessidade de formação mais humanísticas desses trabalhadores, pois a visão curativa encontra-se distorcida da realidade atual e das necessidades dos usuários, pois o profissional compromissado passa a ter um olhar para além do corpo que está a sua frente, dirigindo o olhar para a produção de cuidado daquele sujeito (GIUDICE et al., 2013).

O documento do MS sobre as Diretrizes do Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF) assinala que a maioria dos profissionais de saúde não tem formação básica que valorize o trabalho em equipe e que o atendimento compartilhado consiste no desenvolvimento de intervenção tendo como sujeitos de ação, o profissional de saúde e o apoiador matricial em regime de coprodução. Neste sentido, a proposta de atuação do NASF é a troca de saberes e de práticas em ato, gerando experiências para ambos os profissionais envolvidos (BRASIL, 2011).

Embora as ações da ESF estejam voltadas para a promoção da saúde e educação em saúde, ainda é necessário maior empenho das equipes de saúde da família para desenvolverem orientações, sejam elas individuais ou coletivas, que transponham a concepção reducionista centrada na doença, além de deixar de tratar a população de uma forma passiva, transmitindo de maneira vertical todo o conhecimento técnico e científico, muitas vezes desconsiderando o conhecimento empírico da população, bem como suas condições de vida. Sendo assim, é fundamental introduzir a questão ambiental no exercício das atividades para se atingir os objetivos da ESF (MENDONÇA et al., 2012).

Dos enfermeiros entrevistados que concretizam estas atividades na comunidade, 5 (31,25%) citaram palestras, orientações e educação em saúde; 2 (12,5%) declaram a importância dos mutirões de determinadas doenças como a dengue, a leishmaniose e a hanseníase; 2 (12,5%) afirmam concretizar ações educativas e caminhadas com a comunidade; 1 (6,25%) declarou o Plano de Ação Semestral; 1 (6,25%) realiza campanha contra diversas doenças; 1 (6,25%) citou que cada um deve fazer a sua parte e 4 (25%) não apresentaram resposta (Gráfico 2).

 

GRÁFICO 2 – Profissionais de saúde que realizam atividades/projetos interdisciplinares relacionando saúde e meio ambiente na comunidade, Rondonópolis-MT.

 

O aprendizado sobre meio ambiente deve ir além dos conhecimentos acadêmicos, ou seja, deve partir de experiências que o sujeito enfrenta no seu meio de trabalho e na sua vida em geral. Sendo assim, a formação desses profissionais de saúde necessita de uma organização curricular flexível e por competências, através da interdisciplinaridade e intersetorialidade, que deverão ser voltadas tanto para o crescimento profissional como pessoal (BARROSO, 2005).

Para Albuquerque et al. (2009) a organização disciplinar na formação em saúde proporciona os conhecimentos fragmentados e fora de contexto, levando a uma formação reducionista, recortada e centrada nos profissionais, além de beneficiar o pensamento unidimensional. As disciplinas que trabalham com os aspectos biológicos e com as intervenções no corpo, mediadas por procedimentos, são espaços que ganham maior investimento por parte da comunidade acadêmica. Pouca atenção está voltada àquelas que propõem reflexões e ações no campo da ética, das humanidades, do ambiente, das relações interpessoais, intrapsíquicas e das interações sociais.

Embora se tenha entrevistado 28 enfermeiros, foram encontradas 52 citações por eles que consideram temas importantes a serem trabalhados pela equipe de saúde para preservar o meio ambiente e que possam influenciar na saúde da população, as quais foram subdivididas para melhor entendimento e discussão dos resultados (Quadro 1).

 

 

TEMAS IMPORTANTES PARA PRESERVAR O MEIO AMBIENTE

N

%

Assuntos relacionados ao lixo

14

26,93

Temas relacionados a água, esgoto, saneamento básico,

10

19,23

Higiene de maneira geral

8

15,38

Temas relacionados a doenças (Dengue, Leishmaniose, Tuberculose, Hanseníse)

6

11,54

Cuidados com meio ambiente

4

7,69

Assuntos relacionados à Saúde Coletiva

4

7,69

Temas relacionados à alimentação e hidratação

3

5,77

Sem resposta

3

5,77

QUADRO 1 – Citações sobre os temas a serem trabalhados pela equipe de saúde para preservar o meio ambiente e que possam influenciar na saúde da população, Rondonópolis-MT.

 

 

Das citações, as que tiveram em maior número foram assuntos relacionados ao lixo, 14 (26,93%), desde coleta seletiva, reciclagem, segregação dos resíduos urbanos, cuidado com limpeza dos terrenos baldios, orientações sobre armazenamento, coleta e tratamento dos resíduos urbanos dentro da legislação pertinente e o PGRSS.

Outro tema mais citado pelos enfermeiros, 10 (19,23%) foram relacionados a água, esgoto e saneamento básico, na qual foram exemplificados o tratamento da água pela empresa referenciada do município e também de maneira caseira através do uso de hipoclorito diretamente na água, além do acompanhamento das condições sanitárias da comunidade.

Houve destaque também, o assunto higiene, a qual 8 (15,38%) enfermeiros delinearam desde higiene ambiental, residencial, alimentar, corporal, pessoal, bem como os agravos relacionados a falta de higiene. Apareceram 6 (11,54%) citações de temas referentes as doenças de notificação compulsória como a dengue, leishmaniose, hanseníase e tuberculose, que estão diretamente relacionadas com o cuidado da população com o meio ambiente.

A visão de saúde mais atualizada necessita de uma abordagem interdisciplinar, relacionando o conhecimento das ciências sociais com a educação, em especial no campo da produção de saúde. É importante destacar que as desigualdades sociais nos diferentes grupos da comunidade é um dos fatores determinantes para questões referentes no processo saúde/doença, associado a ele a questão ambiental também pode agravar essa relação. Nesse sentido, a degradação ambiental está diretamente ligada a condições sociais ruins, propiciando o surgimento de diversas doenças endêmicas (CESAR-VAZ et al., 2005).

Além disso, sobressaíram 4 (7,69%) citações referentes aos cuidados com o meio ambiente e 4 (7,69%) citações de assuntos relacionados a saúde coletiva. Ao relatarem sobre o meio ambiente, foram descritos diversos exemplos como plantar árvores, cuidar das plantas e preservação do meio ambiente. Quando tratado sobre saúde coletiva, foi citado na atenção básica, assuntos relacionados a direitos e deveres do cidadão e ações educativas. Além disso, 3 (5,77%) referiram-se a assuntos que tratam de alimentação e hidratação, alimentação saudável, cuidados com o manejo dos alimentos e o cultivo de hortas familiares; e 3 (5,77%) citações que não houveram respostas por parte dos enfermeiros.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

Sobre as ações que os enfermeiros consideram importantes que sejam desenvolvidas pela equipe interdisciplinar para preservar o meio ambiente e que possam influenciar a saúde da população atendida na unidade, foram identificadas 33 citações (Quadro 2).

 

AÇÕES IMPORTANTES PARA PRESERVAR O MEIO AMBIENTE

N

%

Palestras na comunidade, orientações gerais e atividades educativas

18

54,55

Mutirões (de limpeza de terrenos e educativos)

7

21,21

Visitas domiciliares e orientações dos ACS

4

12,12

Sem resposta

3

9,09

Não realiza ações no bairro não tem necessidade, pois a população já faz sua parte em contribuição com o meio ambiente

1

3,03

 

QUADRO 2 – Citações sobre as ações a serem realizadas pela equipe de saúde para preservar o meio ambiente e que possam influenciar na saúde da população, Rondonópolis-MT.

 

Dentre elas, a que mais se repetiu foram 18 (54,55%), referindo-se a temática de palestras na comunidade, orientações gerais e atividades educativas, seja elas de educação em saúde, educação ambiental, educação continuada, vigilâncias ambiental e epidemiológica, desde a infância à vida adulta para que se possa promover uma maior conscientização da população.

A preocupação com o meio ambiente deve-se a diversos fatores, dentre eles a destruição da natureza ao se observar a devastação causada pela monocultura do agronegócio exportador, a exploração das jazidas de minérios gerando poluição e riscos aos diferentes ecossistemas, a construção de barragens para geração de energia hidroelétrica e extinção dos biomas locais e da população local, a poluição industrial e de resíduos tóxicos em diferentes ambientes, entre outras, que por conseguinte possui a relação intrínseca com a saúde, ou seja, quanto maior a utilização dos recursos naturais de maneira desordenada, maior será o aumento das desigualdades de saúde em todo mundo (JUNGES; BARBIANI, 2013).    

Outra ação considerada efetiva pelos enfermeiros, são os 7 (21,21%) mutirões realizados junto com a população, sejam educativos e/ou de limpeza de terrenos baldios.  Além disso, a visita domiciliária pelos ACS bem como suas orientações oferecidas à população, com 4 (12,12%) citações; 1 (3,03%) citação de não realizar ações no bairro, por não apresentar necessidade para tal atividade e 3 (9,09%) não apontaram qualquer ação que seja importante ser realizada na unidade.

A relação entre os moradores e profissionais de saúde que trabalham na comunidade é consolidada quando estes últimos realizam atividades coletivas educativas referentes à promoção de saúde e ambiente. Nesse sentido, os ACS além do conhecimento que devem possuir ou serem capacitados para atuarem em campanhas educativas e orientações às famílias, necessitam pertencer a comunidade para que possam se familiarizar com a realidade local, favorecendo assim a conquista da confiança dos moradores, fazendo uma estreita relação entre o conhecimento popular e científico (CECCHETTO et al., 2010).

As atividades de um grupo educativo realizado por uma equipe de ESF em Montes Claros favoreceram a aprendizagem significativa, resultando em mudanças nos hábitos de vida, no exercício da autonomia e responsabilização pelo cuidado com a saúde, contribuindo com sujeitos ativos no cotidiano de sua saúde e disseminadores dos conhecimentos construídos (FIGUEIREDO et al., 2012).

Outra pesquisa realizada em Manaus (AM) com profissionais de saúde de várias ESF, apresenta como um dos principais problemas ambientais a ausência do saneamento básico, exemplificado por ausência e sistema de esgotos sanitário, manejo inadequado de resíduos sólidos e deficiência no abastecimento de água de alguns bairros (MENDONÇA et al., 2012).

Um dos assuntos mais debatidos sobre a atual problemática ambiental é o ser humano como principal agente causal dos danos ambientais, porém poucos sujeitos se incluem nesse contexto, o que gera uma transferência de responsabilidade para o outro e não em si próprio (CAMPONOGARA et al., 2013).

A compreensão da questão ambiental em sua totalidade e sua complexidade é de extrema importância para a promoção de saúde, indo muito além das ações curativas e preventivas de doenças, sendo necessário práticas menos individuais e mais coletivas, menos assistenciais e mais participativas, para que sujeitos possam assumir o controle sobre sua saúde e seus determinantes e, por consequência, buscando condições de vida mais favoráveis (MENDONÇA et al., 2012).

Os fatores sociais, econômicos e culturais exercem forte influência na relação saúde e ambiente, principalmente quando se refere a desigualdades que existem entre a população em geral. Muitas doenças surgem resultado de problemas ambientais, sendo agravada entre pessoas menos favorecidas economicamente, que além de serem mais expostas ao risco de adoecerem também possuem um acesso mais restrito à assistência à saúde, levando a uma incapacidade de obter uma qualidade de vida satisfatória (CAMPONOGARA et al., 2013).

É nítido o entendimento dos profissionais de saúde sobre a relação saúde e ambiente, visto que de maneira geral referem que um ambiente saudável é importante para a saúde das pessoas, seja no contexto alimentar, saneamento básico, educação, trabalho ou moradia; ou seja, para melhorar a saúde da população é necessário melhorar as condições sanitárias onde vivem, além de outras particularidades como ambiente, valores e costumes (MENDONÇA et al., 2012).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Das equipes pesquisadas 53,57% não realizavam atividades ou projetos relacionando saúde e ambiente, o que mostra a pouca preocupação dos profissionais de saúde da atenção básica do município estudado, a respeito das temáticas essenciais que colaboram com a promoção de saúde. Das equipes que realizavam estas atividades, 46,16% citaram palestras educativas, em escolas e creches e mutirões e somente 7,69% alegou aplicar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Confirmando as citações pelos enfermeiros, 31,25% realizam palestras, com temas direcionados a lixo, água, esgoto e saneamento básico.

Neste sentido, as políticas públicas na atenção básica devem estar voltadas para a temática saúde ambiental, incluindo a educação ambiental, devendo o meio ambiente ser considerado como um fator determinante e condicionante do estado de saúde e da qualidade de vida dos indivíduos e suas famílias. Esta inter-relação deve ser priorizada por toda equipe interdisciplinar e ser debatida entre as esferas dos setores de saúde e do meio ambiente. Outra necessidade, é a reformulação dos currículos acadêmicos dos profissionais de saúde que lidam diretamente com a realidade da população neste âmbito, além da transformação das práticas da atenção básica pelas equipes atuantes, voltadas para a saúde ambiental e que possam promover saúde e prevenir as doenças causadas pelos fatores ambientais.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos