Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 53) EVOLUÇÃO BIOLÓGICA NO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA CONFESSIONAL: UMA POSSIBILIDADE
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EVOLUÇÃO BIOLÓGICA NO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA CONFESSIONAL: UMA POSSIBILIDADE

 

MACHADO, Alexsandro Martins - Estudante do Curso de Ciências Biológicas da UNIASSELVI-IERGS. E-mail: professor.alexsandro.machado@gmail.com

FOFONKA, Luciana - Professora do Curso de Ciências Biológicas da UNIASSELVI-IERGS. E-mail: lufofonka@yahoo.com.br

 

 

 

RESUMO 

Este trabalho tem por finalidade descrever as experiências obtidas em estágio curricular obrigatório do curso de Ciências Biológicas da UNIASSELVI, polo IERGS de Porto Alegre, RS em series finais do Ensino Fundamental realizado no primeiro semestre de 2015 no colégio ULBRA São Lucas na cidade de Sapucaia do Sul, RS. A temática trabalhada no presente estágio foi “Evolução Biológica: Criacionismo e Evolucionismo” tendo como desafio abordar esse tema em uma escola confessional cristã luterana que sustenta como base de sua confessionalidade a crença no criacionismo. Neste estudo é relatado como foi o presente estágio e como os professores de Ciências/Biologia estão amparados para o ensino de evolução dentro de espaços confessionais e, também sobre como é possível ter êxito e um bom convívio com os representantes da confissão de fé presentes na escola.  

 

Palavras-chave: Ciências Biológicas. Evolução. Criação. Educação. 

 

1 INTRODUÇÃO

 

 O presente trabalho é fruto das experiências vividas no período de estágio curricular obrigatório, ensino fundamental, séries finais no colégio São Lucas de Sapucaia do Sul, RS. Este se localiza na Rua Vinte e Cinco de Julho, número 564, e está sob a administração do diretor Everton Vargas, que conta com o apoio do capelão Alexsandro Martins Machado nas questões confessionais da escola.

Esta escola é de cunho privado, e mantido por uma associação chamada Associação Evangélica Luterana do Brasil (AELBRA), a qual possui caráter confessional cristã luterana, e que defende em seus princípios um ensino educacional alinhado aos valores e ensinamentos cristãos conforme descritos na Bíblia, que é entendida como a palavra de Deus para a humanidade.

A filosofia da instituição preconiza, o ensino precisa ser pautado em valores cristãos, nos quais a Bíblia é fundamento para a vida, portanto, uma escola que detém a visão de um criador que tudo trouxe à existência e tudo mantém pelo seu poder.

E como esta é a visão da instituição, surgem algumas perguntas que podem ser interessantes quanto ao ensino de evolução por parte do professor de ciências biológicas, pois este, ao aceitar uma vaga de emprego numa escola de cunho confessional deverá respeitar os valores da instituição e promover o bom convívio dos alunos com esta confessionalidade. 

Sendo assim, aceitando o desafio quanto ao assunto e atendendo ao pedido dos alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental (turma 71) a temática deste estudo envolve Criacionismo e Evolucionismo. É um trabalho de cunho bibliográfico e qualitativo.  

A partir do exposto foi traçado o objetivo geral deste estudo:

Avaliar a possibilidade de trabalhar o tema “Criacionismo e Evolucionismo” com os alunos de uma turma do sétimo ano (71) do colégio São Lucas, uma escola confessional cristã luterana que sustenta como base de sua confessionalidade a crença no criacionismo.  

Tendo como objetivos específicos:

1. Apresentar as teorias sobre a origem da vida;

2. Analisar como foi possível a vida em nosso planeta;

3. Realizar uma análise crítica sobre os fósseis e as camadas geológicas.

 

O presente estudo é fruto do que foi trabalhado em sala de aula com os alunos em questão - alunos de uma turma do sétimo ano, durante cinco aulas seguindo a seguinte estrutura temática:

1ª aula: Os mitos antigos sobre o surgimento da vida e as teorias de geração espontânea e biogênese.

2ª aula: Evolução das espécies e a geologia.

3ª e 4ª aulas: Darwin e a Evolução das espécies.

E na 5ª aula: Escavando a Evolução. 

As quatro primeiras aulas foram teóricas e a quinta foi prática. Construímos no pátio da escola um espaço onde simulamos as camadas geológicas com os fósseis em cada uma delas e os alunos foram protagonistas de uma escavação e descrição do tipo de solo e os fósseis que encontraram em cada camada. 

Este trabalho inicia discorrendo sobre a obrigatoriedade deste tema/conteúdo no ensino básico, e segue descrevendo sobre as escolas confessionais e sua legalidade para operarem como instituição de ensino, e como estas precisam respeitar o espaço de ensino de evolução biológica dentro de seu currículo de ensino. Em um terceiro momento fala-se da dialética que existe entre evolução e criação e como o mundo cristão como um todo vê a evolução, pois nem todos os cristãos veem esta teoria como negativa para a fé.

Cabe neste ponto ressaltar o evolucionismo teísta que será abordado neste terceiro tópico. Após é apresentado um breve relatório da experiência do estágio e o andamento das atividades realizadas no mesmo.

 

2 O ENSINO DE EVOLUÇÃO NA ESCOLA

 

O ensino de evolução biológica sempre foi um assunto polêmico, pois este, desde sua gênesis criou certos desconfortos com o pensamento religioso, principalmente com os de uma leitura radical do texto bíblico. Mas, na verdade, aquilo que parece ser o princípio para uma guerra santa pode ser que não tenha tamanha força quanto muitos fazem aparentar que tenha.

O ensino de evolução biológica faz parte de um conjunto de indicativas legais que estabelecem seu ensino como obrigatório nas escolas de ensino básico. Em nossos dias é tema norteador de todo ensino de ciências biológicas nas escolas.

Um tema de importância no ensino de Ciências Biológicas é a origem e evolução da vida. Conceitos relativos a esse assunto são tão importantes que devem compor não apenas um bloco de conteúdos tratados em algumas aulas, mas constituir uma linha orientadora das discussões de todos os outros temas. O tema nº 6 dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – origem e evolução da vida – contempla especificamente esse assunto (BRASIL, 2006). Mas é importante assinalar que esse tema deve ser enfocado dentro de outros conteúdos, como a diversidade biológica ou o estudo sobre a identidade e a classificação dos seres vivos, por exemplo.

A presença do tema origem e evolução da vida ao longo de diferentes conteúdos não representa a diluição do tema evolução, mas sim a sua articulação com outros assuntos, como elemento central e unificador no estudo da Biologia (BRASIL, 2006, p. 22). 

No que diz respeito ao ensino de evolução das espécies conforme os moldes da ciência moderna é uma obrigação do professor de ensino básico e de todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas, confessionais ou não.

Nesse contexto surge uma dúvida: Como tratar este assunto em uma escola de cunho confessional  onde o criacionismo faz parte da filosofia da escola?

 

2.1 EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E O ENSINO RELIGIOSO EM ESCOLA CONFESSIONAL

 

No Brasil, apesar de se defender um ensino público e laico, existem escolas que não são públicas e onde o ensino está pautado dentro de uma confessionalidade religiosa - estas são as escolas confessionais. E elas possuem amparo legal para operarem como instituições de ensino.

 

I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo;  II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade;  III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior;  IV - filantrópicas, na forma da lei. (BRASIL, 1996, p. 08) 

 

Dentro do espaço escolar de colégios confessionais é permitido que se ofereçam disciplinas de ensino religioso de cunho confessional desde que o mesmo não seja pretexto para converter alunos ao tipo de fé esposado pela mantenedora. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 diante de sua respectiva correção, em 1997, pela Lei 9.475  declara que:

Art. 33 – O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Educação Básica assegurado o respeito à diversidade religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.  

 

Assim sendo, escolas confessionais poderão ter espaço para o ensino de religião nos seus componentes curriculares desde que não façam proselitismo religioso. Situação que lhes oferece espaço para abordagens criacionistas em seu ensino desde que respeite a Lei de diretrizes e bases e os parâmetros curriculares nacionais que estabelecem o ensino de evolução biológica no ensino de Ciências dentro de seu espaço escolar.

Só o fato de aceitar o ensino de evolução em um ambiente em que a confessionalidade é contrária a este ensino já é um pouco desconfortável aos professores de Ciências. Mas, mais complicado ainda é quando os responsáveis pela confessionalidade da escola se deparam com afirmações dos PCNs como:

Uma outra estratégia que desperta grande interesse nos alunos é a que envolve uma pesquisa, individual ou em grupos, sobre um tema, e o debate em sala de aula das conclusões a que chegaram os diferentes grupos. Um tema adequado para esse tipo de abordagem é a “Origem e evolução da vida”. Os alunos seriam estimulados a pesquisar textos diversos sobre a origem da vida com explicações científicas atuais; explicações científicas do século 19; lendas indígenas, lendas da cultura oriental, textos extraídos da mitologia grega ou da Bíblia. Após a seleção dos textos, seria organizado um fórum de discussão para estabelecer distinção entre as concepções científicas e não-científicas e um debate em que parte dos alunos, baseados em argumentos construídos cientificamente, defenderia o acaso no surgimento da vida, e a outra parte defenderia a existência de um projeto orientando o seu aparecimento. (BRASIL, 2002, p.57). 

 

Como se pode ver, o ensino baseado na bíblia é colocado junto ao ensino baseado em lendas para que o mesmo seja confrontado com o ensino da teoria científica moderna sobre evolução da vida. Este texto pode não ser bem visto aos olhos dos  representantes de uma confessionalidade cristã. 

 

2.2 DIALÉTICA OU DIALÓGICA DA EVOLUÇÃO E CRIAÇÃO  

 

Quando se fala em evolução e criação logo se pensa em debate antagônico de ideias, mas na verdade, nem sempre é assim, pois, ao se analisar as interpretações bíblicas que nos chegam através dos porta-vozes do mundo cristão, ser evolucionista nem sempre é sinônimo de ser anticristão. 

Na verdade, existe um debate muito grande entre teólogos sobre uma correta interpretação do texto de Gênesis que relata a criação do mundo, já que dentro do texto bíblico, existem vários tipos de estilos literários e alguns deles possuem um caráter alegórico e poético. O caso de Gênesis capítulo 1 é um dos casos.

O que vemos ali é uma das mais profundas poesias hebraicas da antiguidade, onde Deus é desenhado dentro de uma linguagem antropomórfica como um trabalhador que labuta por sete dias em seu objeto de trabalho e depois que tudo está pronto descansa admirando tudo o que fez com grande satisfação. Repare no que a Bíblia diz no texto de Gênesis capítulo 2, versículos 1 a 4:

Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera. Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou (BÍBLIA, 1969).

 

Agora falta é definir se o autor que escreveu Gênesis tinha em sua mente uma perspectiva histórica quanto ao que escreveu, ou se o mesmo escreveu este poema como uma alegoria que ensinasse a humanidade que por trás de todo este mundo que nos encanta existe um ser transcendental que trabalhou o mundo até o que ele é hoje.

A Igreja católica manifestou-se com muita ênfase na voz de seu representante supremo, o Papa, que o texto de Gênesis não deve ser interpretado de maneira literal e a Bíblia não é um livro de ciências. Quem faz este tipo de leitura do texto sagrado está cometendo erro gravíssimo. A UOL notícias, no ano de 2014, descreveu em sua página eletrônica as afirmações do Papa Francisco no que diz respeito a este assunto:

O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (27) que a criação do mundo "não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo que cria por amor". "O Big-Bang não contradiz a intervenção criadora, mas a exige", disse o pontífice para os acadêmicos da Pontifícia Academia das Ciências, reunidos para a sua plenária, na inauguração de um busto de bronze em homenagem ao papa emérito Bento XVI. O papa criticou que quando as pessoas lêem o livro do Gênesis sobre como foi a origem do mundo, pensam "que Deus tenha agido como um mago, com uma varinha mágica capaz de criar todas as coisas. Mas não é assim". 

 

Com isto fica evidente que ser um evolucionista não significa a mesma coisa que ser um ateu, existe, portanto, evolucionistas teístas como deixa bem claro o porta voz da Igreja católica. Outro exemplo prático de evolucionista teísta é o Dr Francis Collins, médico e biólogo que mapeou o DNA da espécie Homo sapiens, o qual é autor do livro “A linguagem de Deus”, onde dá destaque para o fato de ser ele um cientista evolucionista e cristão.

Assim sendo, nem todas as escolas terão dificuldades em lidar com o tema criação e evolução, pois, para algumas confessionalidades evolução também é criação. 

 

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

 

O estágio curricular I, obrigatório do curso de Ciências Biológicas do IERGS/UNIASSELVI em sua primeira fase prevê 20 horas de observação as quais foram realizadas no colégio ULBRA São Lucas de Sapucaia do Sul, com as turmas de Ensino Fundamental, conforme já apresentado anteriormente.

Após as observações inicia-se a regência de classe que foi realizada com a turma 71 do sétimo ano do Ensino Fundamental. As aulas foram focadas desde o início no tema “Criação e Evolução”, e desde os momentos iniciais foi esclarecido que dentro do cristianismo existem vários tipos de interpretações sobre Gênesis, uma delas a que entende o texto como literal, e outras que entendem o texto de maneira alegórica, como um texto poético.

Se uma escola encara o texto de Gênesis 2 como poesia alegórica, a evolução das espécies por meio de seleção natural não necessariamente entraria em choque com a visão da Igreja, até mesmo porque a Igreja católica assim interpreta o texto sagrado das origens.

Mas, numa escola onde o texto de Genesis é entendido de maneira literal, haverá impasses com a visão evolucionista, e a rede ULBRA diante de seu vínculo com a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) tem uma tendência criacionista literalista na interpretação do texto bíblico. Situação que poderia ser um forte agravante para o ensino de Evolução biológica em suas dependências, mas não tem este problema por optar pela visão de magistérios não interferentes, visão educacional defendida pelo antropólogo Stephen Jay Gould.

Proponho que concentremos esse princípio central de não- interferência respeitosa - acompanhado de um intenso diálogo entre as duas disciplinas distintas, cada uma cobrindo uma faceta central da existência humana - enunciando o Princípio dos MNI, ou magistérios não-interferentes. Acredito que meus colegas católicos não reclamarão dessa apropriação de um termo comum de seu discurso - pois um magistério (do latim ter, ou professor) representa uma área de autoridade acadêmica (GOULD, 2002, p.12). 

 

Diante do alisar das arestas entre evolução e criação, as aulas foram conduzidas para o campo da Geologia e Teorias sobre a origem da vida e Evolução dos seres vivos, ficando evidente a forte corroboração das ideias evolutivas a partir da ciência experimental. E as metodologias que foram usadas nas aulas proporcionaram um aprendizado sobre evolução de forma muito satisfatória aos alunos. 

Na primeira aula, por exemplo, foi utilizado um vídeo explicativo sobre origem da vida. Tendo assistido o vídeo, os alunos tiveram uma experiência com microscópios onde examinaram água poluída com vários microrganismos. Esta experiência permitiu que se falasse do experimento de Stanley Miller com maior propriedade do que apenas uma leitura em livro didático.

Miller nasceu na Califórnia, dia sete de março de 1930. Formou-se em Química pela Universidade de Califórnia, em Berkley. Foi um cientista que realizou um importante experimento para demonstrar que a vida pode ter surgido a partir de moléculas existentes nas condições da Terra primitiva. Em seu experimento ele simulou todas as condições da Terra naquela época (gases na atmosfera, descargas elétricas) e conseguiu obter moléculas orgânicas (aminoácidos). Com esse experimento elevou o patamar do conhecimento sobre a origem da vida no nosso planeta (BRASIL ESCOLA, 2015)

Na segunda aula exploramos o fantástico mundo das rochas e das camadas geológicas e seus registros fósseis, que nos permitiu ter a frente um filme sobre a evolução dos seres vivos gravados nos extratos geológicos mostrando com clareza a evolução a partir de seres menos complexos.

Na terceira e quarta aula, a ênfase foi sobre a vida e obra de Charles Darwin. Nestas aulas com o fim de que os alunos conhecessem mais sobre o grande naturalista, assistimos a um documentário intitulado “Grandes livros: A origem das espécies” o qual está disponível para download no seguinte endereço eletrônico: .

Esta aula foi tão cativante que os alunos solicitaram mais informações sobre Darwin e acabaram após o termino do estágio assistindo o filme “Criação”, o qual conta a história da batalha interna de Darwin em publicar a obra “A origem das Espécies”.

E na última aula, os alunos foram levados ao pátio da escola onde um sítio de escavação arqueológica havia sido preparado para que os mesmos pudessem escavar e catalogar todos os objetos encontrados naquele local. Neste espaço, previamente, foram preparadas camadas diferenciadas com areia, terra, argila, pedras e pedriscos no meio das quais foram enterrados fósseis de gesso para que os alunos os encontrassem e fizessem suas observações quanto aos achados.

A metodologia usada nas aulas foi variada desde aulas teóricas a aulas práticas, todas com o intuito de que o ensino de ciências fosse interessante e instigante aos alunos. Rejeitou-se o modelo apenas tradicional de ler livro e prender-se a nomenclaturas que não auxiliam o aluno na leitura da realidade a sua volta, pois, ciências são lentes criadas pelo ser humano para que com elas o homem possa enxergar melhor o mundo que o rodeia.

 

4 CONCIDERAÇÕES FINAIS

 

O ensino de Evolução no estágio foi uma experiência muito marcante, onde pode-se trabalhar de forma desafiadora e instigante.

A partir do trabalho conjunto e a clara demonstração de confiança e companheirismo entre o professor de ciências biológicas e o estagiário, que também é professor de Ensino Religioso e Filosofia, além de ser o capelão da escola, ficou claro a possibilidade de se unir forças na educação, mesmo quando dois professores possuem pontos de vista diferentes sobre o mesmo assunto, desde que haja respeito quanto ao pensamento alheio e companheirismo no educar cidadãos para o mundo. 

Também se pode constatar a possibilidade de trabalhar o tema “Criacionismo e Evolucionismo” com os alunos mesmo sendo uma escola confessional cristã luterana que sustenta como base de sua confessionalidade a crença no criacionismo.  

O presente estudo pode contribuir com o conhecimento acadêmico, servindo de fonte para futuras pesquisas e estudos que possam seguir nesta direção, oferecendo também indicações de fontes que dão amparo para biólogos no exercício de suas docências.

 

REFERÊNCIAS 

 

BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil, 1969. 

 

BRASIL ESCOLA. Disponível em: http://www.brasilescola.com/biografia/stanley-lloyd-miller.htm. Acesso em 10 de março de 2015.

 

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2002. Disponível em:   Acesso em: 02 de maio, 2015. 

 

 ____________ Ministério da Educação. Secretaria Nacional de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, volume 2, 135p, 2006. 

____________  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, Brasil. Disponível em:   Acesso em: 03 de maio, 2015. 

COLLINS, Francis. A linguagem de Deus: Um cientista apresenta evidências de que Ele existe. Disponível em: Acesso: em 20 de maio, 2015 

 

DISCOVERY CIVILIZATION - Grandes Livros - A Origem Das Espécies - Charles Darwin, Disponível em: Acesso em: 10 de Abril, 2015. 

 

GOULD, Stephen Jay. Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.  

 

HISTORY CHANNEL. A Origem da Vida. Disponível em: https://www.youtube .com/watch?v=EjyH5MkGdPY Acesso em: 10 de Abril, 2015. 

 

UOL notícias Ciência. Papa Francisco garante que teoria do Big Bang não contradiz cristianismo. 2014. Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimasnoticias/efe/2014/10/28/papa-francisco-garante-que-teoria-do-big-bang-nao-contradiz-cristianismo .htm> Acesso em: 20 de maio, 2015. 

 

ZAMBERLAN, Edmara Silvana Joia; SILVA, Marcos Rodrigues da. O Ensino de Evolução Biológica e sua Abordagem em Livros Didáticos. Educação e Realidade UFRGS, Porto Alegre, v. 37, n. 1, p. 187-212, jan./abr. 2012, disponível em: Acesso em 20 de maio, 2015.  

Ilustrações: Silvana Santos