Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 53) UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DA ESCOLA MARIA MENINA DE ALAGOA GRANDE - PB
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UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DA ESCOLA MARIA MENINA DE ALAGOA GRANDE - PB

 

¹Alex Gabriel Marques dos Santos

¹Graduado em Pedagogia pela Faculdades de Ciências de Wenselaw Braz - FACIBRA;

¹Licenciado em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA,

¹Especialista em Educação Ambiental Pela Faculdade Integrada de Patos - FIP;

gabriel_biologo@hotmail.com

²Maria do Carmo Marques dos Santos

²Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA,

²Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Integrada de Patos -FIP

²Mestranda em Ciências da Educação e Multidisciplinaridade pela Faculdade Norte do Paraná - FACNORTE;

 carmomarques2009@hotmail.com

 

 

RESUMO

A referente pesquisa faz um estudo da percepção ambiental dos alunos do ensino fundamental da Escola Maria Menina localizada na zona rural do município de Alagoa Grande - PB. Por se tratar de um estudo que envolve a percepção do sujeito investigado optou-se pela abordagem qualitativa. Este estudo foi desenvolvido com uma amostra de 20 alunos do 3° ao 5° ano do ensino fundamental. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário com 7 perguntas objetivas para cada um dos participantes da amostra. Os dados coletados foram agrupados e tabulados com a ajuda do software statistical package for social science que facilita na montagem e seleção dos dados a serem discutidos. Os resultados mais importantes da percepção ambiental dos alunos apontaram que a maioria deles já participou de ações de educação ambiental na comunidade onde moram e que muitos contribuem espontaneamente para minimizar os impactos ambientais provocados pelo acumulo do lixo naquele espaço. Por fim, conclui-se que a escola é considerada pelos alunos como sendo fundamental no desenvolvimento de ações voltadas para a preservação ambiental sendo importantíssimo que a escola desenvolva essas ações de forma continua.

Palavras chave - educação, meio ambiente, escola e sustentabilidade.

Introdução

         Com os crescentes problemas ambientais que a sociedade tem causado, e agora vem sofrendo as consequências, faz-se necessária uma mudança de comportamento no modo como o meio ambiente vem sendo cuidado.

         Neste sentido, diversos pesquisadores tem afirmado que escola é um local adequado para iniciar essas mudanças através de ações de educação ambiental que sensibilizem as pessoas a terem mais respeito e cuidado com o meio ambiente onde estão situados (CORDEIRO, 2012, OLIVEIRA, VALENTE, 2008, GUANABARA, 2007, ALVES, 2007, SANTOS A.G.M, 2014; SANTOS M.C.M, 2014).

         De fato a escola tem se mostrado um espaço ideal para o desenvolvimento de práticas que sensibilizem e ajudem na preservação do meio ambiente mais e os alunos tem percebido a escola como parceira no desenvolvimento de ações de preservação e cuidado do meio ambiente.

         Sabe-se que a missão do educador é importante perante a sociedade atual, e recai, geralmente sobre eles, a necessidade de realização de atividades que promovam a Educação ambiental em nível escolar, mostrando a relação do ser humano com o ambiente e vice-versa (OLIVEIRA, VALENTE, 2008, p.72).

         A educação ambiental é um tema que ultimamente vem sendo amplamente discutido nos diversos campos de conhecimento e está cada vez mais incorporado no cotidiano da sociedade. A escola em quanto instituição que exerce uma função social não poderia ficar de fora nesse processo já que é nesse ambiente que a educação ambiental pode ser desenvolvida de forma dinâmica e eficaz.

         A educação ambiental é um processo continuo e permanente da educação e como tal deve ser disseminada com a mesma importância que as demais disciplinas cabendo também ao professor avaliar os resultados positivos e negativos das ações de EA e a partir desses resultados encontrar novos meios para possibilitar a mudança de comportamento ou aprimoramento das atitudes ambientalmente positivas.

         Uma alternativa viável para identificar nos alunos se as ações que são desenvolvidas na escola estão possibilitando a mudança no comportamento dos alunos são os estudos de percepção ambiental que auxiliam o professor na disseminação das questões ambientais e estimulam o aluno a perceber com mais clareza os problemas ambientais locais do espaço onde vive.

         Neste sentido, buscou-se investigar a percepção ambiental dos alunos da escola Maria Menina no município de Alagoa Grande - PB. Procurando  também compreender através de uma abordagem qualitativa como os alunos percebem a escola enquanto parceira na luta pela preservação do meio ambiente bem como a sua compreensão quanto a importância da educação ambiental nesse processo.

 

Referencial teórico

Breve relato do processo histórico quanto a necessidade de proteção do meio ambiente.

         Nas últimas décadas do século XX, uma preocupação de caráter amplo e geral sobre a preservação da natureza foi se disseminando em algumas sociedades mais evoluídas, a princípio no âmbito individual, fluindo depois para organizações sociais, governamentais ou não, e para as escolas, desde o ensino fundamental, (MANO, PACHECO e BONELLI, 2010, p.01).

         A necessidade de proteger o meio ambiente aos poucos surge em decorrência dos avanços na industria que tem aumentado exponencialmente a exploração dos recursos naturais. A forma como a humanidade tem extraindo recursos do meio ambiente vem causando inúmeros impactos ao meio ambiente como a poluição das águas, destruição de florestas, exploração desordenada de recursos minerais e intensificação do uso de agrotóxicos na lavoura.

         As discussões iniciais sobre a importância de se adquirir uma consciência global que considere a necessidade de preservação dos recursos naturais, em função da intensificação das atividades econômicas e industriais levaram a uma intensa discussão sobre os padrões de desenvolvimento pautados na exploração excessiva do meio ambiente (FARIAS; ROCHA e SILVA; 2012).

         Alguns pesquisadores e ambientalistas preocupados com o meio ambiente começaram a investigar os efeitos negativos que a exploração desses recursos vem causado a natureza e alertam para a necessidade de mudança da relação entre a humanidade e a natureza.

         Alves (2007) fala que "em 1962, a jornalista Rachel Carson publicou em seu livro “Primavera Silenciosa”, denúncias contra a ação destruidora do homem em todo mundo, degradando o ambiente, o que provocou uma discussão Internacional, com efeito, através da Organização das Nações Unidas (ONU)".

         Entre as denuncias tem-se os perigos do uso de DDT na agricultura que contaminava os lençóis freáticos. Com o alerta da jornalista Rachel Carson muitos países passaram a proibir o uso de DDT na agricultura. Após essas denuncias vários estudos tem sido feitos sobre os impactos que a humanidade vem causando ao meio ambiente que aos poucos vem tornando a necessidade de preservação da natureza uma preocupação global.

         Segundo Farias, Rocha e Silva (2012), “as discussões sobre a problemática ambiental surgiram com maior intensidade, em meados da década de 1970, como conseqüência do processo histórico dominado pela expansão do modo de produção capitalista”

         O Brasil não ficou de fora dessas discussões ele foi praticamente pressionado a tomar iniciativas para tratar dos problemas ambientais. Uma das primeiras iniciativas a serem tomadas foi a criação de órgãos que tinham o objetivo de criar metas e desenvolver ações que tinham como foco a conservação do meio ambiente e para o uso racional dos recursos naturais.

         Em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e De­senvolvimento (Rio 92), onde diversas Organizações da Sociedade Civil elaboraram um tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentá­veis e Responsabilidade Global, em que reconhece a educação como um processo dinâmico e em permanente construção, propiciando a reflexão, o debate e a autotransformação das pessoas (RUA; SOUZA, 2010, p.01).

         Esta conferência foi importante para o Brasil porque foi a partir dela que  o país passou a ter mais participação nas ações e reuniões a nível internacional que discutiam as estratégias que cada pais deveria traçar para reduzir os impactos da poluição e degradação dos recursos naturais. A partir destes estudos não só o Brasil mais grande parte dos países desenvolveram programas e ações continuas de preservação e conservação da natureza incluindo também mudanças no sistema educacional afim de adequar a educação as atuais necessidades de sensibilizar a sociedade.

 

         A educação ambiental no contexto escolar: Uma preocupação atual.

         Com a necessidade de mudança quanto a forma como a sociedade tem explorado e cuidado do meio ambiente a escola não poderia ficar de fora desse processo. Após os exaustivos debates sobre os problemas ambientais ficou mais que evidente que a escola tem participação essencial na luta pela preservação do meio ambiente.

         Segundo Oliveira (2006, p.12) em 1994, iniciou-se a elaboração do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) e em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram concluídos. ainda de acordo com o autor supracitado, nestes últimos é indicada a inclusão da educação ambiental no currículo das séries iniciais de forma transversal.

         Assim, a educação ambiental foi reconhecida como  sendo uma questão que deve ser abordada em todas as disciplinas e nas diferentes etapas do processo educacional e em todas as escolas públicas do país. Santos (2007) complementa que:

É indiscutível a necessidade de conservação e defesa do meio ambiente. Para tanto, os indivíduos precisam ser conscientizados e, para que esta tomada de consciência se alastre entre presentes e futuras gerações, é importante que se trabalhe a educação ambiental dentro e fora da escola, incluindo projetos que envolvam os alunos.

         Percebe-se que não há como efetivar mudanças se não pela sensibilização do indivíduo quanto a necessidade de mudar a forma como vem cuidando da natureza e a escola é um local adequado para propor mudanças significativas. É certo que ela sozinha não poderá resolver todos os problemas mais seu papel é essencial nesse processo, pois comportamentos socioambientais só surgem através de mudanças positivas de atitudes e essas mudanças ocorrem através de novas concepção e visões da relação entre o homem e a natureza.

         Conforme Borges e Oliveira (2011), “embora a Educação Ambiental sozinha não seja suficiente para resolver os problemas ambientais, é peça fundamental, pois contribui para a conscientização do cidadão quanto ao seu papel na preservação do meio ambiente”.

         Para incorporar a questão ambiental nos currículos escolares surgiu uma serie de parâmetros que tratam deste tema no ambiente escolar para que o ensino desta temática não se torne distante da realidade local e nem seja visto como mais uma obrigação da escola foram elaborados alguns princípios que devem ser tomados como base para o seu ensino.

         Um dos princípios que regem "a Educação Ambiental é o da sensibilização, razão pela qual a presente questão revela a importância de se trabalhar no sentido de despertar nos alunos a consciência a respeito dos problemas socioambientais presentes no seu espaço vivido e da sua participação na minimização ou mesmo na resolução destes problemas"(RIBEIRO, AFFONSO, 2012, p. 80).

         Para sensibilizar os alunos é preciso inseri-los como cidadãos participativos nas ações de educação ambiental que devem ser desenvolvidas com atividades práticas, dinâmicas e que abranjam não só o espaço escolar mais o ambiente como um todo onde a escola encontra-se inserida.

            Segundo Borges e Oliveira (2011), “embora a Educação Ambiental sozinha não seja suficiente para resolver os problemas ambientais, é peça fundamental, pois contribui para a conscientização do cidadão quanto ao seu papel na preservação do meio ambiente”.

         Para mostrar aos alunos quanto ao seu papel na luta pela preservaçãoambiental é fundamental que se desenvolvam metodologias que contribuam para a percepção critica e efetiva dos alunos como agentes ambientais atuantes no espaço onde estão inseridos valorizando o desenvolvimento de atitudes de respeito e amor pela natureza. Uma alternativa bastante conhecida pelos professores para tornar isto possível é o trabalho com a pedagogia dos 3R's que vem sendo amplamente utilizada nas ações de educação ambiental. 

          A chamada pedagogia dos 3 R´s pode ser uma aliada na hora da elaboração de estratégias de educação ambiental, mas é preciso tomar cuidados para não reduzir a sua complexidade e trabalhá-la apenas como a pedagogia da reciclagem e da coleta seletiva (GUANABARA; GAMA; EIGENHEER, 2008, p. 121).

         O problema da educação ambiental é que ela ainda é vista no ambiente escolar como uma questão de cumprimento no currículo quando na verdade deveria ser implantada como parte da identidade da escola.

         Existem grandes dificuldades nas atividades de sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos e, principalmente, na manutenção e continuidade dos já existentes (NARCIZO, 2009, p. 91).

         Alguns projetos de educação ambiental desenvolvidos na escola não são continuados e nem tão poucos prorizam a mudança de comportamento dos alunos. Naverdade o que vem acontecendo é que após as ações e atividades serem desenvolvidas não se tem buscado compreender como os alunos tem percebido o meio ambiente e se estas ações realmente estão sendo positivas para a mudança de comportamento dos alunos. Nesse sentido, os estudos de percepção ambiental surjem como formas de investigar se as ações de educação ambiental desenvolvidas estão possibilitando sensibilizar os alunos a adquirirem uma consciencia mais comprometida com o meio ambiente.

 

         MATERIAL E MÉTODOS

         Por se tratar de um estudo que envolve a percepção do sujeito investigado optou-se pela abordagem qualitativa. Para Minayo (2007) as metodologias qualitativas são as capazes de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, relações, estruturas sociais, sendo estas compreendidas como construções humanas significativas.

         Este estudo foi desenvolvido com uma amostra de 20 alunos do 3° ao 5° ano do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Menina localizada na zona Rural do município de Alagoa Grande - PB.

         Para a coleta de dados elaborou-se um questionário com 7 perguntas objetivas relacionadas a percepção ambiental dos sujeitos da amostra. A coleta de dados ocorreu no período de fevereiro de 2015.  Posteriormente os dados coletados através da aplicação de questionário foram agrupados e em seguida foram tabulados com a ajuda do software statistical package for social science que facilita na montagem e seleção dos dados a serem discutidos.

         RESULTADOS E DISCUSSÕES

         A escola Maria Menina é uma escola pequena com apenas quatro salas das quais estudam cerca de 40 alunos que estão matriculados da educação infantil ao 5° ano do ensino fundamental. Desse total foram escolhidos 20 alunos que estudam do 3 ao 5 ano em uma turma multisseriada perfazendo o total da amostra. Os dados coletados revelaram que a maioria 55% dos participantes é do gênero feminino. Os alunos no geral estão com a faixa etária adequada as séries que estudam.

Tabela 01 - Distribuição da amostra por gênero e faixa etária.

                Gênero sexual

Faixa etária

 

Masculino

 

Feminino

 

Percentual

8 anos

20%

25%

45%

9 anos

5%

10%

15%

10 anos

5%

10%

15%

11 anos

10%

5%

15%

13 anos

5%

5%

10%

Total

45%

55%

100%

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2015).

         Uma característica preocupante é que as salas de aulas da escola são multisseriadas e que os alunos com faixa etária e nível menor dividem a mesma sala o que muitas vezes dificulta na aprendizagem dos conteúdos já que o professor tem de desenvolver atividades voltadas para cada série. 

            A seguir tem-se os resultados da pesquisa de percepção ambiental dos alunos envolvidos neste estudo. Como mostram os resultados abaixo é possível observar que a maioria dos participantes da amostra informaram que já tiveram aulas ou continuam tendo de educação ambiental.

Tabela 02 – Já teve ou tem aulas de educação ambiental?

Questão

Masculino

Feminino

Percentual

Sim

40%

35%

75%

Não

5%

10%

15%

Não lembro

0%

5%

5%

Prefiro não responder

0%

5%

5%

Total

45%

55%

100%

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2015).

                Ao analisar os dados foi possível constatar que alguns alunos relataram não se lembrar ou simplesmente disseram que não tiveram aulas de educação ambiental. De acordo com os professores da escola os alunos que possivelmente afirmaram não ter tido aulas de educação ambiental são alunos novatos ou que não participaram das ações na época em que elas foram desenvolvidas. Alem disso, conforme relatos dos professores dessa escola as ações de educação ambiental estão inseridas no currículo da escola e que a meta da escola é desenvolver ações com todos os alunos e pessoas residentes na comunidade.

            Ao questioná-los se as ações de educação ambiental contemplaram teoria e prática a maioria 90% informou que todas as ações desenvolvidas na escola foram iniciadas com a teoria em sala e depois foram postas em prática.

Tabela 03 – As ações de educação ambiental na escola aliaram teoria e prática?

Questão

Percentual

Somente prática

0%

Somente a Teoria

0%

Teoria e prática

90%

Não sei informar

10

Total

100%

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2015).

         Essas informações podem ser confirmadas nos estudos de Santos A.G.M (2014) e Santos M.C.M (2014) que aliaram, de forma eficaz, a teoria e prática em educação ambiental com ações voltadas para a coleta de resíduos na comunidade Maria Menina com os alunos desta mesma escola no ano de 2014.

         Ainda ao analisar os resultados quanto a importância da escola no desenvolvimento de ações de educação ambiental que visam sensibilizar os moradores locais a cuidarem melhor do ambiente onde vivem observou-se que 90% dos participantes da amostra relataram que a escola é muito importante no desenvolvimento de ações de educação ambiental.

Tabela 04 – A escola é importante para desenvolver ações de educação ambiental?

Questão

Percentual

Sim, muito importante

90%

Pouco importante

5%

Não é importante

0%

Não sei informar

5%

Total

100%

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2015).

         Percebe-se que os alunos demonstram interesse pelas questões ambientais e que se preocupam com o espaço onde estão situados. além disso, a grande maioria dos alunos acreditam que a escola pode fazer a diferença na luta pela preservação do meio ambiente.

         De acordo com Freitas e Ribeiro (2007) a escola assume vital importância para a consolidação desse processo por ser um espaço social capaz de formar consciências, não devendo ser apenas uma transmissora de conceitos biológicos, e sim um meio para facilitar a compreensão das inter-relações das pessoas entre si destas com o meio ambiente.

         Ao questionar qual o tipo de poluição é predominante na comunidade observou-se que a grande maioria 85% percebe o lixo como sendo o maior problema na comunidade. Relata Silva (2012, p.22) que nessa comunidade a coleta de lixo é um problema que deve ser discutido entre os moradores da comunidade.

Tabela 05 – Que tipo de problema ambiental é predominante na comunidade ?

Tipo de problema ambiental

Percentual

Lixo

85%

Queimadas

5%

Desmatamento

10%

Poluição do ar

0%

Poluição da água

0%

Total

100%

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2015).

         Santos A.G.M (2014) e Santos M.C.M (2014) iniciaram em 2014 algumas ações de educação ambiental com alunos desta escola com o objetivo de sensibilizar os alunos e moradores locais a tomarem atitudes quanto ao problema provocado pelo lixo naquela localidade. Na época em que essas ações foram desenvolvidas o lixo era considerado o principal problema na comunidade.

         Quando analisou-se os resultados em relação a se os alunos contribuem de alguma forma para minimizar os impactos provocados pelo lixo no espaço onde vivem a maioria 50% dos participantes da amostra disseram que separam e depois acondicionam temporariamente até  a destinação adequada.

Tabela 06 – Você contribui de alguma forma para minimizar os impactos provocados pelo lixo ?

           Questão

Percentual

Sim, separando e coletando os resíduos que podem ser reciclados e depois vendendo

25%

Sim, separo e acondiciono temporariamente até dar a destinação adequada

50%

Não eu não contribuo de nenhuma maneira

10%

As vezes aproveito alguns resíduos que iriam para o lixo e transformo em brinquedos

15%

Total

100%

Fonte: Dados da pesquisa de campo (2015).

         Outros 25% disseram que vendem os resíduos recicláveis que encontram na comunidade enquanto que 15% reaproveita alguns desses resíduos para transformá-los em brinquedos. Assim, observa-se que boa parte dos alunos já adquiriram hábitos ambientalmente corretos quanto aos cuidados que devem ter com os resíduos sólidos principalmente os que podem ser recicláveis. Ainda, um ponto que pode ser considerado negativo é o fato de alguns terem informado que não contribuem de nenhuma maneira para minimizar os impactos provocados pelo lixo.

         O lixo descartado de maneira incorreta ainda é percebido pelos alunos como sendo o principal problema ambiental na comunidade mais ao analisar os dados da pesquisa observa-se que eles tomaram consciência desse problema e percebe-se que pouco a pouco a educação ambiental vem transformando e mudando os hábitos e atitudes desses alunos.

         Neste sentido, percebe-se que a educação ambiental é um processo longo que deve ser continuamente trabalhada para que no futuro tenhamos uma sociedade capaz de se desenvolver em harmonia com a natureza.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

         Os problemas ambientais devem ser tratados com mais preocupação pelas pessoas que estão inseridas neste espaço, pois alguns problemas como o acumulo de lixo entre outros tem se intensificado nas comunidades rurais que cada vez mais passam a consumir produtos industrializados e acabam por descartar os resíduos destes produtos no meio ambiente onde estão inseridos.

         Percebe-se que a escola tem sido parceira desenvolvendo ações de preservação ambiental que contemplem o  espaço local onde ela esta inserida sensibilizando tanto os alunos como a comunidade em questão.

         Os resultados mais importantes da percepção ambiental dos alunos apontaram que a maioria deles já participou de ações de educação ambiental na comunidade onde moram e que muitos contribuem espontaneamente para minimizar os impactos ambientais provocados pelo acumulo do lixo naquele espaço.

         Os estudos de percepção ambiental com alunos contribuem na compreensão dos efeitos positivos e negativos no desenvolvimento de atividades voltadas para a educação ambiental. Alem disso, permitem investigar como os alunos tem percebido o meio ambiente local onde vivem e a importância da escola como parceira nas ações de preservação ambiental. Portanto, Conclui-se que a escola é considerada pelos alunos como fundamental no desenvolvimento de ações voltadas para a preservação ambiental.

         Este estudo foi limitado a pesquisa com alunos e não investigou como os moradores e pais dos alunos percebem a escola enquanto parceira nas ações de preservação ambiental. Portanto, sugeri-se a realização de uma pesquisa de percepção dos moradores ou pais dos alunos como estudos futuros que possam ser desenvolvidos nesta linha de pesquisa.

REFERÊNCIAS

ALVES, C. A. B. Educação ambiental e formação de uma mentalidade Ecológica: um estudo sobre a eficácia das ações desenvolvidas no Ensino Fundamental. Dissertação, Mestrado em Ciências da Educação, Univ. Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2007.

BORGES, E. ; OLIVEIRA, M. A. Educação ambiental com ênfase no consumo consciente e o descarte de resíduos – uma experiência da educação formal. II SEAT – Simpósio de Educação Ambiental e Transdisciplinaridade UFG / IESA / NUPEAT - Goiânia, maio de 2011.

CORDEIRO, J. M. P. O xote ecológico de Luiz Gonzaga e a educação ambiental na escola: Uma experiência com alunos do ensino fundamental. Geosaberes, Fortaleza, v. 3, n. 5, p. 21-29, jan. / jun. 2012.

FARIAS, J. F; ROCHA; F. R; SILVA E. V. Educação ambiental contextualizada no semiárido cearense: subsídios à gestão e preservação dos recursos hídricos. Geosaberes, Fortaleza, v. 3, n. 5, p. 30-36, jan. / jun. 2012.

FREITAS, E. F.; RIBEIRO, K. C. C. Educação e percepção ambiental para a conservação do meio ambiente na cidade de Manaus uma análise dos processos educacionais no centro Municipal de educação infantil Eliakin Rufino. Revista Eletrônica Aboré,  Edição 03, Nov/2007.

GUANABARA, R. A importância da coleta seletiva e da pedagogia dos 3 R´s na educação ambiental: o exemplo de nova Friburgo, rio de janeiro. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu – MG, 23 a 28 de Set. de 2007.

__________. GAMA, T; EIGENHEER, E. M. Os resíduos sólidos como tema gerador: da pedagogia dos três R’S ao risco ambiental. Rev. eletrônica Mestrado em Educação Ambiental ISSN 1517-1256, v. 21, julho a dezembro de 2008.

MANO, E.B; PACHECO, E.B.A.V. e BONELLI, C.M.C. Meio Ambiente, Poluição, e Reciclagem. 2ª Ed. São Paulo: Blucher, 2010.

MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2007.

NARCIZO K. R. S. Uma análise sobre a importância de trabalhar educação ambiental nas escolas. Rev. eletrônica Mestrado em Educ. Ambiental. ISSN 1517-1256, v. 22, janeiro a julho de 2009.

OLIVEIRA, D. F; VALENTE, V. Percepção ambiental entre alunos do colégio Tiradentes e do colégio estadual Coronel Pilar, na cidade de Santa Maria, RS. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências Humanas, Santa Maria, v. 12, n. 1, p. 71-83, 2008.

OLIVEIRA, S. F. Educação ambiental aspectos históricos e perspectivas. Boletim Goiano de Geografia Goiânia - Goiás - Brasil v. 26 n. 2 p. 151-166 jul./dez. 2006

RIBEIRO, C. R; AFFONSO, E. P. Avaliação da percepção ambiental de alunos do ensino fundamental residentes na bacia hidrográfica do córrego São Pedro – Juiz de Fora/MG. Boletim de geografia., Maringá, v. 30, n. 2, p. 73-85, 2012.

RUA, E. R; SOUZA; P. S. A. Educação Ambiental em uma Abordagem Interdisciplinar e Contextualizada por meio das Disciplinas Química e Estudos Regionais.  Química Nova Na Escola, Vol. 32, N° 2, maio de 2010.

SANTOS, A. G. M; SANTOS, M. C. M.  Práticas de educação ambiental com alunos do ensino fundamental na Escola Maria Menina em Alagoa Grande PB. Revista educação ambiental em ação, nº 47, ano XII, março de 2014.

SILVA, W. dos. S. Fragmentos da geografia agrária paraibana: assentamento Maria Menina como território de identidade e de esperança – Alagoa Grande - PB. 25f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia)- Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2011.

Ilustrações: Silvana Santos