Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Relatos de Experiências
10/09/2018 (Nº 53) EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLA
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2110 
  
Caracterização da escola B e análise do PPP

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ENTRE  UNIVERSIDADE E ESCOLA

 

Thamirys Begname – Bióloga- Graduada - Universidade do Estado de Minas Gerais-  thamirysbegname@gmail.com

Kelly da Silva- Pedagoga- Doutoranda-  Professora Universidade do Estado de Minas Gerais- kelserena2003@yahoo.com.br

Renata Barreto Tostes- Bióloga - Doutoranda -  Professora Universidade do Estado de Minas Gerais- rtostes@hotmail.com

Cristiana Marcelo Resende- Química - Doutoranda-  Professora Universidade do Estado de Minas Gerais-  cristianauemg@yahoo.com.br

Luciana Marcelo Resende- Química - Mestre-  Professora Universidade do Estado de Minas Gerais- lunaufv@hotmail.com

 

Resumo: A questão ambiental vem sendo abordada na mídia, nas escolas, nas pesquisas. Há um alarde de que vivemos uma crise ambiental. Não vivemos uma crise ambiental e, sim uma crise da razão que se apresenta com o crescimento econômico, científico e tecnológico desenfreados. Pensando essa problemática nosso objetivo é compreender quais as contribuições que um projeto de educação ambiental traz quando desenvolvido junto a professores e alunos de 5º ano do ensino fundamental, visto que, é na escola que se formam os futuros responsáveis pelo desenvolvimento socioambiental.  Metodologicamente trabalhamos com a análise documental, aplicação de questionário á duas turmas de 5º ano, desenvolvimento de práticas ambientais e avaliação das atividades desenvolvidas. Os alunos tem papel importante nesse processo. Ao questionarmos sobre o que é meio ambiente 85% responderam que é o lugar onde vivemos, mas também tivemos respostas como; o meio ambiente é o verde 5%, a floresta amazônica 10%, demonstrando que existe confusão em relação ao conceito, mas ao questionarmos sobre a importância de preservarmos o ambiente, 100% dos alunos consideraram importante a conservação, além de que 92% afirmam que os problemas ambientais são causados pelo homem e sua exploração. Ao desenvolvermos práticas ambientais na escola, como a organização da horta escolar e elaboração de brinquedos com materiais recicláveis a maioria dos alunos participaram ativamente das atividades, nos fazendo perceber que a prática e conscientização de uma educação ambiental que colabore para um ambiente sustentável é possível, quando unimos as experiências dos professores da educação básica e as propostas pensadas no nível da Universidade. 

Palavras-chaves: Educação ambiental, ensino de ciências, interação.

 

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

A questão ambiental vem sendo muito abordada na mídia, nas instituições educacionais, nas conversas informais, nas pesquisas acadêmicas, enfim, em vários meios de comunicação. Tem se dado grande importância a esse tema e junto a isto se fala que estamos vivendo uma crise ambiental. Concordamos com Leff (2003) que não vivemos uma crise ambiental e sim uma crise da razão. O autor ressalta diz que a crise se apresenta a nós com o crescimento econômico, científico e tecnológico desenfreados; desequilíbrios ecológicos e não sustentação da vida; pobreza e desigualdade social. Esse nosso modelo de sociedade produz exclusão; fragmentação e hierarquia de saberes; desvalorização das particularidades; ênfase nos valores de mercado; entre outros.

A crise ambiental é, sobretudo, uma crise de conhecimento, de como produzimos o nosso conhecimento e como prevalece esse modelo de sociedade atual. Isso nos responsabiliza a pensar em outras formas de conhecimento. Faz-nos refletir que a sociedade do jeito que está, funciona para criar diversos tipos de exclusão. Faz-nos querer outro modelo de sociedade. A educação ambiental crítica visa fazer com que o indivíduo entenda essa crise, questione-a e busque alternativas para uma sociedade sustentável (LEFF, 2003). Em meio a esse resumo sobre a crise da sociedade, muitas pesquisas se debruçam sobre o que é educação ambiental. Apresentamos aqui dois conceitos que têm sido muito discutidos entre os acadêmicos: a educação ambiental conservadora e a crítica.

Sobre a educação conservadora, Amaral (2003) explica que o ambiente tem sido interpretado a partir de três perspectivas: antropocentrismo exagerado, utilitarismo cientificismo exagerado e reducionismo. Para o autor existe uma tendência a se enfatizar o ambiente como fonte de recursos naturais, como se a natureza fosse passiva e estivesse a mercê do homem, descaracterizando a existência em si do ambiente e caracterizando o homem como um ser não natural e com total poder sobre a natureza. Essa ideia caracteriza o que o autor denomina de antropocentrismo exagerado e utilitarismo (AMARAL, 2003).

Já em relação à educação ambiental crítica, Carvalho (2008) defende que essa educação só faz sentido se for pensada a partir da relação do indivíduo com o mundo em que vive e sua responsabilidade sobre ele (responsabilidade com o ambiente e com o outro). Acredita no caráter político da educação, onde se formam sujeitos sociais emancipados (autores de sua própria história). Somada a essa característica, a educação ambiental defendida pela autora é aquela em que educadores e educandos buscam compreender as relações entre sociedade e natureza, “(...) formando um sujeito ecológico que seja capaz de identificar e problematizar as questões socioambientais e agir sobre elas” (CARVALHO, 2008, p. 156).

A educação ambiental na escola tem sido amplamente debatida em eventos científicos que abordam o tema, visto que a escola é um espaço complexo no qual circulam pessoas com as mais variadas concepções de mundo e ambiente. Uma das ações do Ministério da Educação na tentativa de consolidar a educação ambiental no ensino formal foi a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, em 1997. Os PCNs foram elaborados a partir de um longo processo de discussões sobre as reformas curriculares que se iniciaram nos anos de 1980. Nesse documento se enfoca a importância da participação da sociedade no cotidiano escolar, com vistas a promover o exercício da cidadania, a articulação e integração entre as diferentes instâncias de governo e o tratamento de alguns temas sociais urgentes, de abrangência nacional, denominados como temas transversais.

De acordo com os PCNs (1997), os temas transversais não devem ser tratados como disciplinas tradicionais, mas devem ser explorados nos conteúdos destas e trabalhados de forma articulada por projetos. Nos PCNs é ainda sugerido que o meio ambiente seja um dos temas transversais da educação formal para o Ensino Fundamental. A proposta é de que as questões ambientais permeiem os objetivos, conteúdos e orientações didáticas em todas as disciplinas, no período de escolaridade obrigatória (BRASIL, 1997).

O trabalho com a educação para o meio ambiente na escola é recomendado também na Lei nº 9795 de 1999 que instituí a Política Nacional de Educação Ambiental. De acordo com esta Lei a educação ambiental deve estar presente em todos os níveis e modalidades do ensino, em caráter formal e não-formal, sendo componente essencial e permanente da educação nacional. Destaca iniciativas de educação ambiental relacionadas direta ou indiretamente com as escolas. A partir desta Lei desencadearam-se outras leis nos níveis estaduais e municipais em todo o Brasil reforçando esse tipo de educação no ambiente escolar (BRASIL, 1999). A partir dos PCNs, da Lei nº 9.795, das pesquisas e encontros que debatem o tema, fica claro a importância de a educação ambiental ser trabalhada no ambiente escolar. Mas qual é a realidade das nossas escolas públicas?

A escola pública está cada vez mais engessada em normas e burocracias que impedem os docentes de realizarem um trabalho interdisciplinar, coletivo e flexível, como o que é proposto por uma educação ambiental crítica. Segundo Nogueira et al. (2011), as condições de trabalho do professor não permitem o tempo necessário de planejamento para as atividades, o que é essencial para um trabalho educacional de qualidade.

As precárias condições da infra-estrutura das escolas públicas também se tornam um agravante para o desenvolvimento de uma proposta educacional inovadora, além disso, exige-se demais do professor, além do cumprimento da aula, uma carga burocrática grande lhe é ofertada, tendo em troca uma baixa remuneração. Todos esses agravantes vem engessando a ação docente em práticas tradicionais, onde o conhecimento é ministrado de maneira hierarquizada, fragmentada e descontextualizada da realidade.

Por meio da discussão aqui apresentada convidamos o leitor à reflexão da importância de se pensar o papel da universidade como uma instituição educativa que atue em parceria com a escola em prol de uma educação de qualidade e, que neste caso, se preocupe com a questão socioambiental.

 

 

2. Por que Educação Ambiental?

 

Segundo Santos (2007) a educação apresenta-se como uma atividade própria do ser humano, por esse motivo ela deve ser conceituada para fundamentar e orientar os caminhos da sociedade. A educação deve ser utilizada como instrumento de transformação e promoção social. As tendências filosóficas da educação são constituídas de acordo com o padrão histórico de determinadas práticas educacionais.

            Santos (2007) identifica a tendência ambiental da educação como um meio de resgatar o sentido da natureza, evidenciando a natureza humana e não humana, unindo o homem com a natureza. É uma tendência voltada para a resolução de problemas socioambientais, incluindo a identificação, a problematização e a conservação ambiental.

Barbosa (2008) afirma que existem diversos conceitos que buscam definir a Educação Ambiental, formados por diferentes olhares oriundos, por exemplo, da pedagogia, da biologia, da geografia, da psicologia, da história, das engenharias, entre outras. Além disso, a Educação Ambiental é um campo do saber que ainda não se consolidou e está mergulhado em variados interesses e relações de poderes que buscam definir a área. Portanto, a Educação Ambiental é um tema em construção e, nesse trabalho discutimos a Educação Ambiental Conservadora e a Educação Ambiental Crítica.

Sobre a primeira definição, Ramos (2006) destaca apenas os fatores biológicos como parte do meio ambiente, desconsiderando assim a relação homem natureza. Este dualismo descarta a responsabilidade que o homem tem em relação às crises ambientais, de modo que, o homem não exerça o seu papel de cidadão e nem tão pouco de solucionar os problemas ambientais e transformar a realidade em que vive.

            Neste paradigma o homem é colocado como depredador do meio ambiente e a natureza, é considerada como algo que deve ser preservada e intocável pelo homem. Dessa maneira, acaba-se esquecendo que a intenção da Educação Ambiental vai muito além da conscientização e preservação, ou seja, busca a sensibilização e posicionamento do sujeito para os problemas ambientais, entendendo-se que o ambiente inclui, além do aspecto natural, os aspectos sociais, econômico, político, ético e cultural (RAMOS, 2006).

Para Bertolucci et al. (2005) na Educação Ambiental Conservadora o ambiente é tratado como algo em que homem e natureza estão dissociados e os conceitos e valores sobre o mesmo são apenas transmitidos, sem questionamentos ou vistas para transformação.

Nessa perspectiva, Amaral (2003), nos traz algumas categorias, como antropocentrismo, utilitarismo e fragmentação, afirmando que os currículos escolares ainda apresentam fortemente esses elementos.

O antropocentrismo coloca o homem acima de todas as coisas, desvalorizando assim as demais espécies do planeta, visto que a natureza deveria ser algo dominado pelo homem, em outras palavras, a natureza seria um sistema mecânico, onde o homem seria capaz de controlá-la para seu único benefício (AMARAL, 2003).

Figueiredo (2006) explica ainda que o antropocentrismo fundamenta-se no crescimento capitalista, onde a natureza é um recurso que está disposto ao homem e o homem tem o poder de transformá-lo, o que leva ao utilitarismo e a fragmentação.

Na perspectiva utilitária a natureza é considerada quanto ao seu valor de uso e é vista como algo inesgotável. Na perspectiva fragmentada, o ambiente não é definido em sua totalidade, ou seja, considera-se que o mesmo é composto apenas por aspectos biológicos, esquecendo-se dos aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos (AMARAL, 2003).

Essas categorias são frequentes no âmbito escolar, pois os conteúdos são ensinados teoricamente e muitas vezes não são assimilados com a realidade, sendo apenas uma transmissão de conhecimentos fragmentados (AMARAL, 2003). Defendemos uma Educação Ambiental Crítica que deve formar pessoas conscientes de seu papel na conservação do meio ambiente e aptas a tomar decisões sobre questões socioambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável.

A Educação Ambiental Crítica visa à formação do indivíduo, para que este seja um cidadão consciente de seus direitos, sabendo reivindicá-los perante a sociedade. Essa formação deve ser no sentido individual e coletivo. As pessoas se constituem em relação ao mundo em que vivem pelo qual são responsáveis juntamente com os outros (BERTOLUCCI et al, 2005).

A Educação Ambiental Crítica nega intensamente a ruptura sociedade-natureza e propõe compreender os problemas socioambientais que nossa sociedade gera. Para isto, aposta na formação de um indivíduo que seja capaz de transformar a realidade que está inserido, fazendo fortes reivindicações sociais e ambientais. Suas ações pedagógicas estão vinculadas à contextualização da realidade; recusa à educação tecnicista e a simples transmissão do conhecimento (BERTOLUCCI et al., 2005).

Seguindo essas ideias, Carvalho (2004) defende uma Educação Ambiental Transformadora, que tem como papel o intermédio das transformações do sujeito. Este tipo de educação deve ir além das práticas pedagógicas tradicionais, ou seja, o conjunto das atividades pedagógicas devem abranger todas as questões que compõem o ambiente, como as questões naturais, sociais, políticas e culturais. Tais atividades devem ser um momento de reflexão para o indivíduo, de modo que ele mude suas concepções em relação ao ambiente.

Afirma que tal educação tem como meta a transformação do sujeito e de seus pensamentos, para que possa agir criticamente em sua sociedade, sendo esta uma educação contínua e constante (CARVALHO, 2004).

A Educação Ambiental possui várias adjetivações como tentativa de explicar seu termo, cada uma tem sua concepção e cabe ao educador ambiental analisar e compreender os seus significados (BERTOLUCCI et al., 2005). Aqui apresentamos duas posições distintas da Educação Ambiental, a conservadora e a crítica, sendo que defendemos e acreditamos nesta última.

 

 

3. Educação Ambiental em Minas Gerais e em Ubá

 

Em nosso Estado criaram algumas leis estaduais a fim de reforçar os compromissos já firmados pelas outras legislações. Uma das ações do governo foi à formulação do Programa Estadual de Educação Ambiental de Minas Gerais criada em 1999, dando resposta à demanda do Governo Federal por intermédio do Ministério do Meio Ambiente em conjunto com os estados (BARBOSA, 2008).

Para iniciar o processo de elaboração do Programa de Educação Ambiental em Minas Gerais a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD em parceria com a Secretaria de Estado da Educação - SEE, realizou em 1999 o I Fórum Estadual de Educação Ambiental. Após grandes discussões decidiram a criação do Fórum Permanente de Educação Ambiental de Minas Gerais e sua Comissão Interinstitucional Coordenadora, oficializada pelo Decreto Estadual n° 41.005 de 2000. Neste mesmo Fórum criaram o projeto de pesquisa Mapeando a realidade da Educação Ambiental do Estado de MG, a fim de conhecer a realidade ambiental do Estado, os resultados desta pesquisa mostraram que a sociedade preocupa com as questões ambientais e estão cientes quanto suas responsabilidades (BARBOSA, 2008).

O II Fórum de Educação Ambiental do Estado de Minas Gerais ocorreu em 2002, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente juntamente a Comissão Interinstitucional Coordenadora – Comfea do Fórum Permanente de Educação Ambiental de Minas Gerais. Este evento teve o objetivo de discutir e traçar diretrizes para a elaboração do Programa Estadual de Educação Ambiental. Todas as discussões foram baseadas nos dados obtidos na pesquisa Mapeando a realidade da Educação Ambiental do Estado de MG de acordo com os resultados puderam elaborar um Programa para Minas Gerais (BARBOSA, 2008).

Já em 2005 criou-se a Lei Estadual de Minas Gerais nº 15.441 que é um reforço da Política Nacional de Educação Ambiental, o qual conceitua o termo Educação Ambiental, garantindo sua abordagem em caráter interdisciplinar em todos os níveis de ensino, desenvolvimento de programas de acordo com os PCNs, além disponibilizar capacitação aos professores (BARBOSA, 2008).

Também foi em 2005 que foi estabelecida a Lei Estadual n° 10.889, que recomenda a especialização de professores em Educação Ambiental nas escolas de nível fundamental e médio, e sua capacitação. Fala ainda, que esses professores formados devem apoiar e coordenar programas interdisciplinares e atividades de Educação Ambiental nas escolas, preocupando-se com que a Educação Ambiental não se tornar uma disciplina (BARBOSA, 2008).

Na cidade de Ubá foram aprovadas as leis municipais nº 2.754 de 1997 e 3.466 de 2005, que instituem a semana do meio ambiente neste município, na semana do dia 05 de junho. Segundo a Lei 2.754, esta semana fica sob responsabilidade das entidades interessadas na preservação do Meio Ambiente, inclusive dos poderes constituídos e de organizações não-governamentais. Segundo a Lei 3.466 a Secretaria Municipal de Educação poderá estabelecer um concurso entre os alunos da rede municipal de ensino de redação ou desenho nesta semana (UBÁ, 1997; UBÁ 2005). Essas leis foram formuladas a fim de sensibilizar a população para as questões ambientais, mas acabam reforçando um caráter pontual e fragmentado de uma Educação Ambiental Conservadora, por se preocupar em trabalhar o tema apenas nessa semana.

A Lei 2.754 institui que os estabelecimentos de ensino criem a disciplina de educação ambiental, indo contra as leis estaduais e federais de Educação Ambiental, que recomendam que esta educação seja tratada de maneira interdisciplinar e não como disciplina. Em pesquisa no site da prefeitura de Ubá não encontramos uma lei que revogue esta. Mesmo com tal lei, em nossa experiência, não temos notícias de escolas que tomem a Educação Ambiental como disciplina na cidade de Ubá.

 

 

4. Educação Ambiental nas Escolas Públicas Realidade e Desafios

 

Atualmente o homem não pensa mas em só sobreviver ele está preocupado em retirar consumir e descartar e nem sempre essas atitudes são feitas da maneira certa e isso gera um grande impacto no ambiente colocando a questão ambiental como assunto principal nos dias de hoje.

Devido ao mau uso dos recursos ambientais é preciso conscientizar as pessoas para que preservem o ambiente não só para o dia de hoje mais para o futuro. A escola tem papel importante na questão da educação ambiental, pois, é um local onde pode ser trabalhado de forma a conscientizar os alunos para que esses possam transmitir o que aprendeu para outras pessoas que a natureza não é uma fonte inesgotável e isso nos mostra que devemos avaliar melhor nossas atitudes com o ambiente.

Com a urbanização e evolução da civilização, a percepção do ambiente mudou drasticamente e a natureza passou a ser entendida como algo separado e inferior à sociedade humana, ocupando uma posição de subserviência (TÂNIA, 2007).

Atualmente temos a maioria da população vivendo em centros urbanos. A água limpa sai da torneira e a suja vai embora pelo ralo, o lixo produzido diariamente é levado da frente das casas sem as pessoas terem a mínima preocupação de saber qual o seu destino. Ou seja, a grande maioria da população não consegue perceber a estreita correlação do meio ambiente, com o seu cotidiano. (DONELA,1997 apud TÂNIA, p. 14, 2007)

O ser humano tem grande dificuldade de se relacionar com outras espécies e também com a natureza, pois ele só vê a natureza como um meio econômico e de recursos inesgotáveis. Por isso é muito importante conscientizar-se para que ajam de forma certa e assim preservar o ambiente para o futuro e evitar desperdício e o consumo exagerado.

A partir de 10 mil anos a.C. a revolução agrícola acarretou impactos sobre a natureza, pelas derrubadas das florestas. Desde então, o homem ouviu falar em extinção de espécimes da fauna e flora, poluição do ar pelas queimadas, poluição do solo, excesso de matéria orgânica e erosão. (MUCELIN, 2004 apud TÂNIA, p. 15, 2007).

A educação ambiental necessária é uma educação ambiental crítica, pois, devemos ter senso crítico para capacitar os alunos para que fiquem por dentro de tudo que acontece com nosso ambiente e que tomem atitudes que os levem a buscar novas possibilidades para os problemas ambientais enfrentados nos dias de hoje.

A relação que temos com a natureza não são as melhores, pois nunca pensamos em preservar sempre pensamos em retirar e consumir cada vez mais e, esse é um dos grandes problemas que enfrentamos hoje, por isso, precisamos avaliar nossas atitudes para assim fazer um melhor uso dos nossos recursos.

De acordo com Phipippi Jr; Pelicioni (2005), a sociedade capitalista urbano-industrial e seu atual modelo de desenvolvimento econômico e tecnológico têm causado crescentes impactos sobre o ambiente, e a percepção desse fenômeno vem ocorrendo de maneiras diferentes por ricos e pobres. Se o homem não mudar radicalmente a sua mentalidade de depredar a natureza, ele ficará soterrado em seus próprios dejetos. Nem a natureza deixará a sociedade impune dos equívocos cometidos contra o ambiente, pois, teme-se que o homem do século XX, apesar de seu suporte tecnológico, fique marcado, na história da humanidade, como um bárbaro (MUCELIN, 2004) apud (TANIA, p. 20, 2007).

A educação ambiental pode ser definida como um aprendizado para saber lidar com as situações enfrentadas pelo ambiente, analisar o nosso comportamento e também nossas atitudes com a natureza e o mais importante que é ter consciência do nosso mal uso com ele. A educação ambiental conscientiza a sociedade da relação que temos não só com o meio ambiente mais também com os demais seres vivos que nele vivem.

Educação Ambiental significa aprender a empregar novas tecnologias, aumentar a produtividade, evitar desastres ambientais, diminuir os danos existentes, conhecer e utilizar novas oportunidades e tomar decisões acertadas (TÂNIA, 2007).

Para aplicar a educação ambiental na escola é preciso fazer algumas práticas para que os alunos possam ter uma visão melhor sobre a educação ambiental, ou seja, que os levem a ter  uma reflexão sobre quais são as atitudes positivas que devem ser tomadas e que eles possam se comprometer em ajudar o ambiente.

Entretanto, não raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora de uma cultura que é predatória ao ambiente, ou se limita a ser somente uma repassadora de informações. Nesse caso, as reflexões que dão início a implementação da Educação Ambiental devem contemplar aspectos que não apenas possam gerar alternativas para a superação desse quadro, mas que o invertam, de modo a produzir consequências benéficas (ANDRADE, 2000), favorecendo a compreensão global da fundamental importância de todas as formas de vida coexistentes em nosso planeta, do meio em que estão inseridas, e o desenvolvimento do respeito mútuo entre todos os diferentes membros de nossa espécie (CURRIE, 1998 apud TÂNIA, p.35,2007)

A escola precisa orientar ao aluno para que ele busque de uma maneira equilibrada o convívio com o meio ambiente e também com os outros seres vivos, respeitando todas as outras espécies que habitam o ambiente. Devemos mostrar para os alunos que as nossas ações tem uma grande influência nos desastres ambientais que estão ocorrendo, como o efeito estufa, além de avaliarmos junto aos estudantes o que essas ações causam as outras espécies.

A escola por meio da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo vital (TÂNIA, 2007).

Se atualmente estamos passando por todos esses problemas ambientais é porque as pessoas ainda não compreenderam que estão prejudicando o ambiente e a educação ambiental começou a ser abordada nas escolas somente anos depois que o problema já estava agravado a questão da educação ambiental na escola surgiu somente nos anos 80.

A educação ambiental é importante porque é na escola que formamos cidadãos e se conseguirmos trazer a tona os problemas e juntos pensarmos as soluções teremos grandes chances de mudar o rumo dos problemas ambientais no nosso planeta.

 

5. Procedimentos Metodológicos

 

A pesquisa contou com duas etapas: estudo do panorama da Educação Ambiental e implementação da Educação Ambiental problematizadora na escola Municipal Professor Antônio Araújo de Andrade.

Realizamos essa pesquisa a partir da abordagem qualitativa que tem como principal objetivo esclarecer os fenômenos no qual se observa, sendo o pesquisador o principal sujeito de investigação tendo necessidade de contato direto e prolongado com o campo, com intuito de captar os significados dos comportamentos observados (ALVES-MAZZOTTI e GEWANDSZNAJDER, 1999).

A pesquisa foi realizada na escola Municipal Professor Antônio Araújo de Andrade a escola possui duas salas de 5º ano. Em uma das salas foram desenvolvidas atividades como a análise e discussão de vídeos educativos sobre a educação ambiental e implementação de uma horta com os alunos onde eles plantaram, observaram o crescimento e cuidaram de seus vegetais até a colheita. A coleta de dados se deu por meio da aplicação de questionários, observações em sala de aula, análise documental e implementação do projeto na escola.

A pesquisa foi iniciada a partir de uma fase exploratória, onde realizamos uma visita à Secretaria de Educação de Ubá-MG. O intuito foi saber quais escolas municipais de Ubá possuíam mais de uma sala de 5º ano e que ainda não havia desenvolvido nenhum projeto com outras Universidades no que se refere a EA.

A partir daí foram feitas algumas observações das aulas de ciências em uma sala do 5º ano depois dessas observações passamos alguns vídeos mostrando a importância da conservação do meio ambiente. Em seguida, aplicamos um questionário com sete questões: o que é o meio ambiente, qual sua importância, quais os problemas ambientais enfrentados pela cidade de Ubá, como é o comportamento do aluno em relação à natureza, o que devemos fazer para preservar o meio ambiente e quem é responsável pelos problemas ambientais enfrentados atualmente?

            Os vídeos mostrados referem aos temas de preservação ambiental, a importância da reciclagem e boas práticas sobre educação ambiental. Os vídeos apresentavam o conteúdo de forma didática, o que facilita a compreensão dos alunos.        Os vídeos exibidos tinham como título:

 

  • Preservação Ambiental,
  • Importância da Reciclagem,
  • Vídeo Educativo sobre Meio Ambiente,
  • Boas práticas sobre EA.

 

O questionário foi aplicado com o objetivo de compreender como a educação ambiental vem sendo trabalhada nas escolas. Se os alunos tem alguma noção do quanto é importante preservar o nosso ambiente e porque ele é tão importante para nós, seres humanos e animais.

 

6. Resultados e Discussões

 

A Escola Municipal Professor Antônio Araújo de Andrade situa-se no Bairro Inês Gropo da cidade de Ubá- MG. A instituição atende crianças da primeira série até o 5º do ensino fundamental, não oferece muitos recursos para seus alunos é uma escola modesta, porém, os professores e diretores assumem ter uma grande preocupação com seus discentes, pois são eles a geração futura de nosso país.

Foram aplicados cerca de 45 questionários para duas salas de 5º ano da escola, esses questionários abordavam questões sobre o que é meio ambiente, como protegê-lo, porque é preciso preservá-lo, quais são os problemas ambientais enfrentados pela cidade de Ubá. Em resposta à pergunta sobre o que é meio ambiente 85% respondeu que a natureza é o lugar onde vivemos, mas também tivemos respostas como; o meio ambiente é o verde (5%), a floresta amazônica (10%), demonstrando que existe confusão em relação ao conceito, mas ao questionarmos sobre a importância de preservarmos o ambiente, 100% dos alunos considerou importante a conservação, pois o ambiente é essencial para nossa sobrevivência e sem ele seria impossível existir vida no nosso planeta, cerca de  92% afirmam que os problemas ambientais são causados pelo homem e sua exploração, quando foram questionados sobre os problemas ambientais enfrentados na cidade de Ubá 100% dos alunos disseram a poluição do Ribeirão Ubá.

 

 

6.1.Diagnóstico da Educação Ambiental nas escolas de Ubá

 

Iniciamos o trabalho aplicando um questionário diagnóstico na escola. O objetivo foi diagnosticar qual tipo de Educação Ambiental está sendo implementada nas escolas de ensino fundamental da cidade. Os participantes foram o diretor ou, na ausência deles, algum responsável pela escola e professores.

Ao serem questionados sobre as datas comemorativas referentes à Educação Ambiental, a maioria dos professores entrevistados afirmaram que realizam alguns trabalhos, como: dia da água, do meio ambiente, da árvore e projetos com exposições e atividades. Alguns entrevistados não compreenderam a relação de datas comemorativas com a Educação Ambiental.

Nas datas comemorativas geralmente são trabalhadas palestras, feiras de cultura, mas muitas vezes são atividades isoladas, a qual depois da comemoração da data não há uma continuidade do tema. Assim essas datas que deveriam ser utilizadas para a sensibilização das pessoas acaba caindo no esquecimento dos alunos (TRAVASSOS, 2006).

De acordo com Guimarães e Sánchez (2011) existem diferentes meios de se implantar a Educação Ambiental no âmbito escolar, como atividades artísticas, atividades fora da sala de aula, produção de materiais locais, projetos, entre outras atividades que conduzam os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo de Educação Ambiental. Neste sentido, por meio de práticas interdisciplinares o professor deve propor novas metodologias para a efetivação da Educação Ambiental, sendo importante relacionar os diversos problemas ambientais atuais.

Como proposta pedagógica é interessante que a escola aborde a Educação Ambiental como um tema interdisciplinar, englobando diferentes disciplinas que abordem temas que não estejam previstos em seus currículos, de modo que amplie e relatem problemas tão importantes quantos que estão previstos nas disciplinas (GUIMARÃES e SÁNCHEZ, 2011).

            Este fato foi observado na escola entrevistada, pois, propunham projetos de Educação Ambiental envolvendo todas as disciplinas e professores da escola.

 

 

 São desenvolvidas ao longo do ano de acordo com os conteúdos, a feira de conhecimentos pode ser um exemplo. Na semana da árvore plantam algumas de pequeno porte. Projetos realizados com ajuda de parcerias. Projetos como produção de sabão para conscientizar as pessoas da importância de não jogar óleo pelo ralo. Todos esses estes projetos são tratados de forma interdisciplinar (Escola).

 

 

Quando os entrevistados são questionados sobre o que é Educação Ambiental podemos analisar que esta concepção ainda está muito restrita ao termo “preservação e conscientização sobre a natureza”. Esse aspecto é apresentado na Educação Ambiental Conservacionista que separa natureza-homem, onde o meio ambiente deve ser preservado, ou seja, intocável pelo homem; concepção homem e natureza não estão interligados (SANTOS, 2007).

 

 

Conservação do ambiente, conscientização das crianças para o cuidado como meio ambiente (Professor 1).

Educação Ambiental é a forma de conscientização a respeito das questões ambientais, poluição, desmatamento, extinção de animais, trabalhando as formas como ocorrem e suas consequências para o planeta e para a sociedade (Professor 4).

É preservar, consumir menos, reciclar e aproveitar antes de virar lixo (Professor 2).

 

 

Apesar de a maioria ter uma visão conservadora da Educação Ambiental, pode-se notar algumas falas onde conseguimos identificar a Educação Ambiental crítica, que é voltada para formação do sujeito ecológico para que este seja capaz de tomar decisões com relação às questões socioambientais, mas caminhando lado a lado com a ética e a justiça ambiental. Detectando e problematizando as questões que precisam ser resolvidas no âmbito da prática social. Para a formação do indivíduo social, é necessário trabalhar no coletivo, e não centrar-se apenas no indivíduo. O propósito é haver uma relação indivíduo-sociedade, para que juntos possam pensar global e localmente, se responsabilizando pelo mundo, consigo próprio, com o outro e com o ambiente (VELASCO, 1999; CARVALHO, 2004). Alguns exemplos dessa educação podem ser observados nos trechos abaixo:

 

É conscientizar as pessoas da importância da conservação do meio ambiente para a garantia de uma vida saudável e que o ser humano faz parte do meio ambiente e é o grande responsável pelo seu futuro (Professor 1).

É desfrutar do meio ambiente de forma sustentável. É se responsabilizar pelos seus atos, levando em consideração que muitos recursos ecológicos não são renováveis. É inserir-se como parte integrante do meio. É respeitar o espaço do próximo. (Professor 2).

 

 

Quando perguntamos sobre os problemas ambientais da escola identificados pelos participantes, podemos relacioná-los à Educação Ambiental conservadora, que é voltada somente para os valores ecológicos, como o desmatamento, defesa da biodiversidade, questões relacionados ao lixo e preservações de áreas. Essas concepções reforçam o dualismo sociedade-natureza, onde o homem não está inserido no meio (BERTOLUCCI et al, 2005). Este tipo de educação está presente nas respostas dos participantes, quando abordamos quais os problemas ambientais enfrentados na escola, como podemos observar abaixo:

 

 

Pouca arborização; muita produção de lixo; desperdício de água (quando o aluno deixa a torneira aberta); desperdicio de energia eletrica (quando o ventilador fica ligado sem necessidade) (Professor 2).

Excesso de lixo nos arredores e pouco plantio de árvores (Professor 1).

 

 

Sobre os problemas ambientais identificados na cidade de Ubá, os participantes citaram:

 

 Poluição ambiental, cidade muito suja, reciclagem é pequena, lixão, lixo hospitalar para onde vai? Não existe aterro sanitário, esgoto não tratado, não existe programa de reflorestamento (Professor 1).

Poluição do rio Ubá; falta de uma usina de reciclagem, maior arborização das vias públicas, ou seja, há pouca arborização das vias publicas; mais campanhas educativas; coleta de lixo precária, à noite, deixam sacos de lixos rasgados com os detritos caídos pelo chão (Professor 2).

 

 

Nas respostas analisadas, observamos a frequência com que o rio Ubá é descrito como um problema ambiental. De acordo com Carvalho (2004) sobre a qualidade das águas do ribeirão Ubá, pode se observar que a qualidade das águas, do mesmo, estão seriamente comprometidas devido a poluição por esgotos domésticos e despejos industriais ocasionadas pelas atividades antrópicas. O que observamos é que as pessoas sabem de tal problema, sentem-se incomodadas, mas nada fazem para contribuir com a projeção de um planeta sustentável.

Apesar do termo Educação Ambiental já ser discutido há muito tempo e incentivado a ser implantado no âmbito escolar nas últimas décadas, considerando também que a mídia vem destacando muito a questão do desenvolvimento sustentável, o que podemos perceber através das análises dos questionários é que a Educação Ambiental conservadora ainda esta muito presente nas concepções dos educadores. Bertolucci et al (2005) percebe a Educação Ambiental Conservadora como sendo uma prática voltada para o pensamento ecologicamente correto, preservação e conservação da natureza, ou seja, manutenção de áreas protegidas e defesa da biodiversidade, destacando o dualismo sociedade e natureza, onde o homem não esta inserido no meio ambiente, desse modo ele não será responsável pela crise ambiental e muito menos pela sua recuperação.

Como podemos notar, a escola aborda a Educação Ambiental superficialmente, não realizando relações entre o ambiente e o homem; entre as complexas relações que compõe esse cenário. Seria necessário fazer com que o sujeito pense os aspectos social, ambiental, econômico, ético a partir de situações problematizadoras. Essa educação problematizadora de Paulo Freire busca fazer com que o homem se torne sujeito de sua própria história e a sociedade deveria ser conscientizada por uma educação de auto-reflexão, o qual levaria o indivíduo a entender o mundo em que vive (FIGUEIREDO, 2003; CARVALHO, 2004).

Como meio de promoção da Educação Ambiental Crítica, Guimarães (2005) acredita que para conscientização das pessoas o ideal é que se realizem programas educativos que abordem problemas ambientais e a realidade em que vivemos, para que educandos e educares troquem conhecimentos, a fim de contribuir para a transformação da sociedade e do meio ambiente, além de exercer o papel de cidadania.

 

 

6.2.Implementação da Educação Ambiental na Escola

 

O objetivo pedagógico da escola é garantir aos alunos o acesso igualitário a um currículo básico, rico e uma instrução de qualidade que permite transformá-los em cidadãos livres, solidários, capacitados a interagir com o meio social e físico em que é dotado de conhecimentos, habilidades e atitudes que contribuam na melhora de vida individual e social.

 As principais metas escolares referem-se à melhora nos resultados na aprendizagem e para isso, a escola conta com ações que visão a adequação das atividades pedagógicas à diversidade dos alunos, de realizá-las com autonomia, ora com ajuda de professores e/ou colegas; trabalho em grupo; monitoramento semanal e avaliações diagnósticas bimestrais; uso de recursos audiovisuais como data show, TV, DVD, som, jogos pedagógicos.

Os estudantes da escola são filhos de trabalhadores de fábrica de móveis, confecções, comércio e casas de família. A maioria dos alunos pertence à classe baixa. Devido á grande jornada de trabalho, muitos pais não acompanham os filhos nas jornadas escolares.

 

 

6.3. O desenvolvimento do projeto de Educação Ambiental

 

O projeto desenvolvido na escola envolveu professores e alunos do 5º ano. As atividades desenvolvidas para a implementação do projeto contaram com atividades teóricas e práticas, dentro da escola, visando despertar ao máximo a percepção dos envolvidos sobre os problemas ambientais.

Inicialmente foram observadas as aulas de ciências das turmas de 5º ano, e o que se pode constatar é que a Educação Ambiental é tratada de forma interdisciplinar na escola. No ano de 2013, a escola desenvolveu um projeto de Educação Ambiental com todos os seus alunos a respeito da importância da reciclagem, coleta seletiva com a separação do lixo seco e do lixo úmido.  Em parceria com a prefeitura municipal da cidade a escola fez um projeto de EA sobre a cidade limpa, onde os alunos assistiam a vídeos educativos e liam histórias sobre o tema.

  A partir dessa atividade foram criadas personagens denominados a turma da limpeza, essa turma da limpeza tinha a obrigação de manter a cidade de Ubá limpa. As histórias possuem muitas aventuras e seus personagens chamaram muita atenção dos alunos. O objetivo desse projeto foi tentar conscientizar os alunos a não jogarem lixo nas ruas, nos rios e sobre a necessidade de manter a cidade limpa, além de rios sem poluição. Ao final dessas histórias os alunos deveriam escrever suas próprias histórias usando os personagens da turma da limpeza, assim, a melhor redação seria premiada pela prefeitura e as cinco melhores de cada escola.

Com este projeto, todas as sextas-feiras não só as aulas de ciências tinham os temas ambientais como destaque, mas também as outras disciplinas, como geografia, português e história por meio de textos, elaboração de poesias e contos, trabalhos práticos com material reciclável, músicas e apresentações teatrais. O projeto veio como uma importante contribuição para as abordagens sobre os temas ambientais já iniciados na escola.

Desta forma contribuímos com atividades que consistiram de apresentação de uma palestra sobre reciclagem cultural e na exibição de filmes curtos e, ainda, foram apresentados e discutidos com a comunidade escolar temas relativos à adubação do solo e ao cultivo de hortaliças. Durante a apresentação, o tema “reposição de nutrientes para correção do Ph do solo” foi parte do tratamento da área onde faríamos os canteiros. Então, programou-se a correção do solo dos canteiros da horta, com orientação de profissionais de agronomia.

Durante tal ação, questões relativas aos aspectos físicos, químicos e biológicos do solo foram levantadas verificação sobre o estado geral do solo encontrado na área dos canteiros, constatou-se a necessidade de uso de matéria orgânica (compostagem ou esterco) para melhorar a qualidade das hortaliças.

 Através de uma parceria foi adquirida, sem qualquer custo para a escola, toda à matéria orgânica (esterco) que deveria ser adicionada aos canteiros e transporte do adubo orgânico até a unidade. Durante as fases de análise do solo, preparação e adubação dos canteiros, os alunos foram inseridos nessa nova proposta de reorganização do espaço da horta acompanhando, em grupos, tudo o que estava sendo feito.

Os alunos foram orientados e deram sequência ao plantio das mudas de alface, das espécies lisa, crespa verde e crespa rocha, salsinha, cebolinha e fizeram à semeadura de espinafre e beterraba. Antes da atividade de plantio, no espaço da horta, foram apresentadas aos alunos as mudas e as sementes que iriam ser plantadas para que pudessem relacioná-las às hortaliças que posteriormente seriam colhidas e consumidas. Depois do plantio das sementes, as hortaliças foram plantadas primeiro. As crianças trouxeram informações e experiências vividas por elas que confirmavam as informações que estavam recebendo durante acompanhamento do projeto.

Ainda em sala, foram planejadas as datas e os horários de regas dos canteiros, e distribuídos entre os grupos de alunos. Todas as crianças que participaram da dinâmica foram autorizadas pelos pais. As crianças tiveram a oportunidade de plantar e semear. Foi utilizada para bordas de canteiro e vasinhos decorados para plantar as mudas. Durante a atividade, explicou-se às crianças que seriam os “guardiões” da horta.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

Comentamos em detalhes qual a importância das plantas, e por que não se pode arrancá-las. Apesar do grande interesse das crianças pelo desenvolvimento das hortaliças, não seria possível acompanhar mudanças destas plantas como florescimento e frutificação, isso devido às partes preferenciais de consumo (apenas folhas, raízes) porque alguma delas necessitam de um tempo maior para crescimento até que possam ser colhidas. Toas as hortaliças plantadas nasceram. Esta ocorrência se deve a qualidade das sementes e o cuidado inicial, o qual abrange essa experiência vivenciada pelos alunos.

Como meio de promoção da Educação Ambiental Crítica, Guimarães (2004) acredita que para conscientização das pessoas o ideal é que se realizem programas educativos que abordem problemas ambientais e a realidade em que vivemos. Para que educandos e educadores troquem conhecimentos, a fim de contribuir para a transformação da sociedade e do meio ambiente, além de exercer o papel de cidadania.

 

 

 7. Considerações:

 

O trabalho apresentado sugeriu muito mais a problematização e o debate sobre a relação educação/ambiente do que esgotar o assunto ou produzir conclusões acabadas sobre o tema. Em relação à Educação Ambiental, muito ainda há para ser feito. O trabalho desenvolvido até o presente momento serviu para nos mostrar a importância de trabalhar a Educação Ambiental nas escolas, tornando visíveis muitos aspectos que devem ser aprofundados.

Mesmo com práticas pedagógicas inovadoras e trabalho interdisciplinar, a Educação Ambiental no âmbito escolar deixa a desejar, pois, promove o entendimento do ambiente de forma fragmentada dificultando ao aluno o entendimento sobre a complexidade de sua realidade e seu posicionamento crítico sobre ela.

Recomendamos, com a intenção de reverter esse quadro, que se promovam cursos de formação continuada nesta área para os professores da cidade de Ubá, a fim de aperfeiçoarem suas estratégias, e também de entenderem as complexas relações entre sociedade e natureza.

Vale ainda ressaltar que sugerimos trabalhos que dialoguem com a Educação Ambiental Crítica, pois, ela busca trabalhar o meio ambiente como um todo, em seus aspectos sociais, naturais, políticos, econômico e cultural. E ainda, acredita-se que as práticas educativas, nessa perspectiva, devam contribuir para as mudanças da realidade que compõem o mundo, tornando as pessoas cidadãos ativos na transformação da crise socioambiental.  Acreditamos que a educação sozinha não consegue transformar uma sociedade, sendo que a educação não é o único meio para a transformação, mas é um dos meios que sem o qual não há mudança.

Fica evidenciada a necessidade de continuidade desse trabalho, pois auxiliaria, no decorrer do tempo, a se verificar mudanças no perfil dos estudantes e também de toda comunidade escolar. Pensar em possibilidades de mudança de conceitos e práticas relacionadas ao meio ambiente é o desafio que propomos à quem interessa tratar o tema Educação Ambiental.

Apesar da escola não possuir uma visão crítica de Educação Ambiental, ela possui estratégias, tais como projetos, visitas técnicas, trabalhos interdisciplinares que envolvem a participação de vários professores. Segundo Coimbra (2005) a abordagem interdisciplinar promove a interação dos professores, produzindo um conhecimento globalizado do ambiente e o entendimento de cada pessoa sobre o mesmo tema, permite a elaboração de um novo saber, que busca uma compreensão do ambiente por inteiro.

No entanto, a escola trabalha com seus alunos algumas datas comemorativas como o dia da água, o dia da árvore entre outras, porém, o problema é como estas datas são celebradas, a escola só trabalha esses temas na data certa deixando assim muito restrito o conhecimento dos alunos e depois todo trabalho acaba sendo esquecido.

A escola tem consciência sobre a importância de se trabalhar a educação ambiental, porém justifica-se dizendo que o tempo para esses projetos é reduzido por  terem uma extensa currículo a ser cumprido, porém pode ser observado que a escola possui alguns pequenos projetos internos relacionados a educação ambiental, como o projeto de coleta seletiva. O livro didático dos alunos também aborda um pouco o assunto, sendo bem restrito, os professores complementam o livro trazendo textos referentes ao assunto e, com isso, estimulam a participação dos alunos durante as aulas.

            O trabalho foi realizado nas séries iniciais porque esses alunos ainda encontram-se em desenvolvimento e essa é uma boa idade para que eles possam aprender, por serem eles o futuro do nosso planeta, sendo assim,  é importante sensibilizá-los sobre a questão ambiental e mostrá-los, desde cedo, os problemas enfrentados atualmente devido a má ação humana no ambiente. É importante ressaltar para esses alunos que o meio ambiente não é uma fonte inesgotável, por isso precisamos agir de maneira consciente, essa foi nossa proposta e é oque sugerimos que continue acontecendo.

 

 

8. Referências Bibliográficas

 

AMARAL, Ivan A. A educação ambiental e o currículo escola. Contestado e Educação - Revista Virtual, n.6, out/dez, 2003.

 

BARBOSA, G. S. Educação Ambiental, uma Política Educacional: Como a escola a acolhe? 2008. 172f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, 2008.

 

BERTOLUCCI, D. et al. Educação Ambiental Ou Educações Ambientais? As adjetivações da Educação Ambiental brasileira. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental da FURG, v.15, jul/dez 2005.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Apresentação dos Temas Transversais. Brasília, 1997.

 

BRASIL, Lei n˚ 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, 1999.

 

CURRIE, K. L. Meio ambiente interdisplinaridade na prática. Campinas,

Papirus, 1998.

 

DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 8ª Edição. São Paulo, SP: Gaia, 2003.

 

DONELLA, Meadows. "Conceitos para se fazer Educação Ambiental" -

Secretaria do Meio Ambiente, 1997.

 

EFFTING,T.R. Educação ambiental nas escolas públicas: Realidade e desafios. Paraná, 2007.

 

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1970.

 

LEFF, Henrique. A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.

 

LOUREIRO, C. B. Educar, participar e transformar em Educação Ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, n° 0, Nov, 2004.

 

RAMOS, E. C. A. A Abordagem naturalista na educação ambiental. Uma análise dos projetos ambientais de educação em Curitiba. 2006. 232f. Doutorado (Doutorado em Ciências Humanas) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2006.

 

TRAVASSOS, E. G. A Prática da Educação Ambiental. 2.ed. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2006.

Ilustrações: Silvana Santos