Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/03/2015 (Nº 51) PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE ÁREAS RURAIS DOS MUNICÍPIOS DE LAJEDO-PE E JUPI-PE SOBRE OS RISCOS TRAZIDOS PELO LIXO
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PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE ÁREAS RURAIS DOS MUNICÍPIOS DE LAJEDO-PE E JUPI-PE SOBRE OS RISCOS TRAZIDOS PELO LIXO

 

Larice Bruna Ferreira Soares

Médica Veterinária.

UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: brunaa_soares@hotmail.com

 

Sintya Nascimento Vilela,

Graduanda em Medicina Veterinária.

UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: sintyav@hotmail.com

 

João Luciano de Andrade Melo Junior

Eng. Agrônomo e Mestrando em Produção Agrícola

UFRPE.Garanhuns-PE, CEP: 55292-270. Email: luciiano.andrade@yahoo.com.br

 

Talitha Moraes Alves

Graduanda em Medicina Veterinária.

UFRPE, Garanhuns-PE, 55292-270. E-mail: lilizinha_moraes@hotmail.com

 

 

RESUMO: O Brasil é um país que possui notáveis deficiências do ponto de vista do saneamento básico. Nas áreas urbanas e rurais há um crescente numero de riscos aos animais e homem por não haver programas de educação sanitária, como coleta devida dos lixos para os aterros sanitários. É comum que ver o lixo depositado a céu aberto, jogado no ambiente, o qual fica susceptível ao aglomerado de animais em busca de alimentos, ocasionando quadros de doenças para os animais, consequentemente podendo transmitidas ao homem. Este trabalho teve como objetivo avaliar a percepção dos moradores da zona rural frente a este problema, bem como realizar a conscientização da população a respeito dos riscos e as consequências causadas pelo acumulo do lixo.

 

Palavras-chave: Lixo, Saneamento básico, Animais, Humano, Doenças.

 

1.    INTRODUÇÃO

A natureza trabalha em ciclos, nada se perde tudo se transforma. Animais, excrementos, folhas e todo tipo de material orgânico morto se decompõem com a ação de milhões de microrganismos decompositores, como bactérias, fungos, vermes e outros, disponibilizando os nutrientes que vão alimentar outras formas de vida (BRASIL, 2005).

Os progressos da humanidade aumentaram a qualidade e a duração da vida, aumentou o padrão de consumo que demanda matérias-primas, o que de certa forma pode comprometer a qualidade de vida das gerações futuras, mas espera-se que essas gerações futuras usem a capacidade que o homem possui de transformar a matéria de maneira sustentável (PHILIPPI et al., 2004.)

Segundo o Manual de educação: Consumo Sustentável (2005), a sociedade moderna tem rompido os ciclos da natureza, por um lado está extraindo mais e mais matérias-primas, por outro, fazendo crescer montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural, transformando-se em novas matérias-primas, pode tornar-se uma perigosa fonte de contaminação para o meio ambiente além de atrair doenças.

O Brasil é um país que possui notáveis deficiências do ponto de vista do saneamento básico. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2000) aponta que cerca de 230 mil toneladas de resíduos são geradas por ano no Brasil, desse total, cerca de 22% são destinadas a vazadouros a céu aberto ou lixões (PHILIPPI et al., 2004.)

É visto que nas áreas rurais há um crescente numero de animais acometidos por não haver programas de educação sanitária adequada, sendo na maioria das vezes os lixos depositados a céu aberto e jogados no ambiente, o qual promove uma susceptibilidade de aglomeração de animais em busca de alimentos, e como oferecem alimentação abundante, servindo de abrigo para alguns animais e disseminar enfermidades para outros animais e humanos (CERETTA et al., 2013). Além disto, as práticas relacionadas à produção agrícola, hoje em dia, são responsáveis por parte das alterações e impactos ambientais (CABANA, 2010).

Verifica-se que na maioria das comunidades rurais brasileiras não há serviço público ou particular para a realização da coleta do lixo, cabendo aos moradores à responsabilidade de dar um destino final para esses resíduos. Consequentemente se o lixo não tiver destino adequado, o risco de poluição aumenta comprometendo a saúde das pessoas que residem no ambiente, aliado a falta de um sistema de descarte consolidado e eficiente podendo ocasionar sérios problemas ao ambiente, entre eles a contaminação da água, do solo e até dos alimentos produzidos nessas propriedades (CERETTA et al., 2013, ALMEIDA, 2007).

Analisando essa problemática, através dos danos causados e nas perceptíveis ocorrências de doenças provocadas pelos lixos. Objetivou-se com este trabalho avaliar a percepção dos produtores rurais frente a este problema, bem como fazer campanhas de conscientização para explicar a real necessidade de realizar o descarte do lixo de maneira adequada e dos ricos que possam comprometer a saúde dos animais e do homem.

 

2.    METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa exploratória, através da análise descritiva dos dados, e uma abordagem quantitativa dos dados relacionada ao tema.

Foram realizadas visitas nas propriedades da zona rural dos municípios, com o intuito de verificar a problemática em questão.

Foram aplicados questionários em áreas da zona rural dos municípios de Lajedo – PE e Jupi – PE. Foi abordado um total de 100 pessoas, moradores da zona rural desses municípios. As analises foram realizadas durante o período de janeiro a março.

A conscientização da população foi feita através de panfletos informativos e explicação detalhada e esclarecimento de dúvidas sobre o tema em questão.

 

3.    RESULTADOS

O gráfico – 1 indica a quantidade de pessoas que residem por domicílio, dos locais onde moram as famílias pesquisadas, destes prevalecem às ligadas a agricultura, foi identificado que aproximadamente 55% das residências possuem até quatro moradores.

 Gráfico 1. Referente à pergunta feita a produtores rurais: Quantas pessoas residem no domicílio? 

O gráfico - 2 destacam as formas de descarte do lixo mais utilizadas nas propriedades onde foi realizada a pesquisa, pode-se observar que a principal forma de descarte do lixo que as pessoas utilizam.

A queima do lixo doméstico é citada por 54 % das famílias, sendo um dos principais métodos utilizados para seu destino final, já que não há o serviço de coleta de lixo nestas áreas rurais, ainda que esta não seja a melhor forma descarte do lixo, já que a mesma pode causar sérios problemas ao ambiente e a saúde dos moradores que residem nestas localidades, pois possuem na sua composição vários elementos químicos principalmente inorgânicos que causam a contaminação aeróbica e riscos de incêndios (CERETTA et al., 2013).

 Gráfico – 2. Referente à pergunta feita a produtores rurais: Qual destino é dado ao lixo domiciliar? ( ) Jogam no ambiente, ( )Queimam o lixo, ( ) Lixão, ( ) Desconhece.

O gráfico – 3 destaca como os lixos produzidos por essas famílias são armazenados. Pode-se observar que a maioria da população armazena o lixo de forma correta dentro de casa, porém quando são levados ao destino final, muitos não fazem de maneira adequada. 40% das pessoas entrevistadas utilizam lixeiras com tampa e saco.

Segundo Ceretta et al (2013) A geração de lixo cresce, conforme aumenta o consumo e quanto mais compras de mercadorias são efetuadas, consequentemente mais lixo é gerado.

 Gráfico – 3. Referente à pergunta feita a produtores rurais: Como é armazenado o lixo na residência? ( ) Lixeira com tampa e com saco, ( ) Lixeira sem tampa e com saco, ( )Lixeira com tampa e sem saco, ( ) Outros.

O gráfico - 4 mostra os dados percentuais dentre os entrevistados, se é realizada ou não coleta de lixo nas propriedades através do serviço de coleta municipal, 30% destes responderam que sim, por serem zonas rurais muito próximas das cidades os caminhões de serviço de coleta passam recolhendo o lixo. Pode-se observar também que ainda se tem um número muito alto de propriedade que não disponibilizam deste meio de coleta, 70% das propriedades não descartam o lixo de forma adequada. As mesmas necessitam de pontos de recolhimento para esses resíduos.

O gráfico - 5 pode-se observar a frequência que é recolhido o lixo nas propriedades, dos 30% que responderam que havia coleta de lixo no local, 50% responderam que essa coleta só é realizada mensalmente e 33% que é feita semanalmente.

 Os gráficos – 4 e 5. Referente às perguntas feitas aos produtores rurais: 4- É realizada coleta de lixo na propriedade? ( ) SIM ( ) NÃO. 5- Com qual frequência o lixo é recolhido? ( ) Semanalmente, ( ) Mensamente, ( ) 2-3 vezes por semana.

 

 

Os gráficos 6 e 7 mostram a intensidade de produção dos lixos orgânicos e lixos secos por família.

Os gráficos 6 e 7. Referente às perguntas feita aos produtores rurais: 6- Como é a produção de lixo orgânico? 7- Como é a produção de lixo seco? ( ) Pouco produzido, ( ) Médio, ( ) Muito produzido.

O gráfico – 8 mostra como qual destino é dado aos lixos orgânicos produzidos, 47% das pessoas responderam que os resíduos são utilizados na alimentação dos animais, como: galinhas, perus, porcos, ovelhas, cabras, etc. Pois nestas propriedades “nesta seca, nada se perde tudo se aproveita, porque não vamos deixar nossos bichinhos morrerem de fome”.

 Gráfico – 8. Referente à pergunta feita a produtores rurais: Qual o destino dos resíduos orgânicos? ( ) Alimentação de animais, ( ) Jogado no ambiente- jardim/ quintal, ( ) Compostagem, (.) Lixo comum.

4.    CONCLUSÃO

Através dos dados obtidos nesta pesquisa, pôde-se observar que nas zonas rurais dos municípios abordados, a situação das propriedades é preocupante, constituídas por famílias, na grande parte desfavorecida economicamente e que a maioria da população não possui conhecimento sobre educação sanitária, ou seja, não adéqua à produção de lixo, nem tão pouco o destino destes, prejudicam o meio ambiente, animais e o homem, favorecendo as área a proliferação de endemias.

 

5.    REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. Os Desafios da Sustentabilidade: uma ruptura urgente. Rio de Janeiro: Elservier, 2007.

 

BRASIL. Ministério da Agricultura. Pecuária e Abastecimento. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2014.

 

CABANA, G.S, BARROS, L.A, DUARTE, T.S, COSTA, A.J.V. Impactos ambientais e a questão do lixo no espaço rural. Universidade Federal de Pelotas, EMPOS, 2010.

 

CERETTA, G.F , SILVA, F.K, ROCHA, A.C. Gestão Ambiental e a problemática dos resíduos sólidos domésticos na área rural do município de São João – PR. GESTÃO AMBIENTAL, ADMpg Gestão Estratégica, Ponta Grossa, v. 6, n. 1, p.17-25, 2013.

 

CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/ MEC/IDEC, 2005.

 

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE. Censo Agropecuário 2012. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2014.

 

PHILIPPI. A. J et al., Curso de Gestão Ambiental, Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, Faculdade de Arquitetura e urbanismo, Núcleo de informações em saúde ambiental, Barueri, São Paulo, 2004.

Ilustrações: Silvana Santos