Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
12/03/2015 (Nº 51) PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ACADÊMICOS DE ENGENHARIA FLORESTAL PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2008 
  

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ACADÊMICOS DE ENGENHARIA FLORESTAL PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

 

Cristiano Cunha Costa¹

 

¹ Engenheiro Florestal (UFS), Especialista em Educação Ambiental e Recursos Hídricos (USP), Mestre em Agroecossistemas (UFS). Email: cristianocunha1982@hotmail.com

 

 

Resumo

 

Este trabalho teve como objetivo conhecer a percepção ambiental dos alunos de graduação da disciplina educação ambiental do curso engenharia florestal da universidade federal de Sergipe. Para a coleta das informações, foi utilizado um questionário semiestruturado abrangendo perguntas a respeito do perfil dos estudantes e percepção ambiental. As respostas foram tabuladas em planilha Excel. Em seguida, as respostas semelhantes foram agrupadas em categorias. A partir daí, foi utilizado o programa estatístico SPSS for Windows 1.0, sendo possível fazer uma análise quantitativa e qualitativa dos dados. Quanto ao gênero, observou-se a maioria dos alunos são do gênero feminino (65%) e que 35% são do gênero masculino. A maioria dos alunos da disciplina Educação Ambiental (74%) respondeu que possui uma afinidade com as questões ambientais. Quando perguntados sobre a participação em alguma ação de educação ambiental, 65% dos acadêmicos responderam que sim e 35% responderam que não. A maioria dos entrevistados (73%) responderam que tem alguma atitude em prol da melhoria do meio ambiente. O tema desmatamento foi apontado como sendo de maior interesse pelos acadêmicos. Há uma preferencia em vídeos como recurso para uso em educação ambiental. Percebe-se que os estudantes da disciplina educação ambiental possuem uma afinidade com as questões ambientais e que já participaram de alguma ação de educação ambiental, necessitando, por parte dos mesmos, entender a holisticidade dos fatores que interagem com o meio ambiente.

 

Palavras-chave: percepção ambiental, acadêmicos, universidade.

 

1. Introdução

 

Assuntos relativos ao meio ambiente são constantemente abordados pelos meios de comunicação como forma de alertar a sociedade, de uma forma geral, dos abusos com relação ao uso dos recursos naturais. Dessa maneira, a questão ambiental se torna ainda mais presente a cada dia, diante da pressão humana sobre a natureza.

Entender o comportamento que cada cidadão possui sobre a natureza é interessante que se analise o grau de percepção ambiental que o mesmo possui. O quanto ele se sente pertencente ao meio natural.

Diante dos problemas ambientais, torna-se de relevante a importância a participação da comunidade nas atividades de educação ambiental, favorecendo um contato direto com a natureza, estimulando a sensibilização e a compreensão de que o homem é parte integrante da natureza, favorecendo a mudança de comportamentos, valores e hábitos sociais.

A educação ambiental deveria ser implantada no ensino superior em todo o Brasil. No entanto, na realidade isso não ocorre, pois o acadêmico não tem contato com as ferramentas da educação ambiental, impossibilitando a formação de um profissional limitado quanto a entender a importância da sua profissão no uso de ferramentas de educação ambiental.  

Diante desse contexto, insere-se a educação ambiental há a formação de cidadãos críticos (com a realidade cotidiana) e participativos na busca de soluções para os problemas socioambientais, levando a uma menor degradação dos recursos naturais e uma tomada de consciência de que o homem faz parte do meio ambiente.

Este trabalho teve como objetivo conhecer a percepção ambiental dos alunos de graduação da disciplina educação ambiental do curso engenharia florestal da universidade federal de Sergipe.

  

2. Referencial teórico

2.1.  Aspectos da educação ambiental

 

Na conferência de Tbilisi (1977), foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de um enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. Dessa forma, essa educação deveria preparar o indivíduo, mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva, com vistas a melhorar a vida e proteger o meio ambiente, prestando a devida atenção aos valores éticos (DIAS, 2003).  

No entendimento de SANTOS (2006), a conferência das nações unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento ou Rio-92 destacou a necessidade do enfoque interdisciplinar, priorizando algumas áreas, tais como, a reorientação da educação para o desenvolvimento sustentável, aumento dos esforços, propiciando informações sobre o meio ambiente almejando promover a sensibilização popular.

Para OLIVEIRA (2000) na medida em que o homem é parte integrante da natureza e, enquanto detentor de conhecimentos e valores socialmente produzidos, age, permanentemente, sobre sua base natural de sustentação, alterando suas propriedades e, em decorrência deste processo interativo, a sociedade também sofre modificações em sua dinâmica.

No Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambiental, realizada em Moscou (1987), concordou-se que a educação ambiental deveria, simultaneamente, preocupar-se com a promoção da conscientização, transmissão de informações, desenvolvimento de hábitos e habilidades, promoção de valores, estabelecimento de critérios e padrões, e orientações para a resolução de problemas e tomada de decisões. Portanto, deveria objetivar modificações comportamentais nos campos cognitivos e afetivos.

A educação ambiental promove a conscientização e esta se dá na relação entre o “eu” e o “outro”, pela prática social reflexiva e fundamentada teoricamente. A ação conscientizadora é mútua, envolve capacidade crítica, diálogo, a assimilação de diferentes saberes, e a transformação ativa da realidade e das condições de vida (LOUREIRO, 2004).

Trata-se de uma educação que deve prover os meios de percepção e compreensão dos vários fatores que interagem no tempo e no espaço para modelar o meio ambiente. Quando possível, o conhecimento em questão deveria ser adquirido por meio da observação, do estudo e da experimentação de ambientes específicos. Deve também definir os valores e motivações que conduzam a padrões de comportamento de preservação e melhoria do meio ambiente (DIAS, 2003). 

Uma questão crucial para o sucesso dos programas de educação ambiental é a adoção de ferramentas adequadas para que cada grupo atinja o nível esperado de percepção ambiental (JACOBI et al., 2004).

 

2.2. Percepção ambiental

 

Percepção ambiental é definida segundo FAGGIONATO (2005) como sendo "uma tomada de consciência do ambiente pelo homem", ou seja, como se auto-define, perceber o ambiente que se está localizado, aprendendo a protegê-lo e cuidá-lo da melhor forma.

Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto, resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo. Embora nem todas as manifestações psicológicas sejam evidentes, são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente. Assim, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas (FAGGIONATO, 2005).

Para HIGUCHI & AZEVEDO (2004) as capacidades e experiências pessoais são formas de pensar que nos fazem serem distintos uns dos outros, de modo que, diante de uma mesma situação, cada pessoa tem uma experiência única de percepção, que contribui para formar suas representações, ideias e concepções sobre o mundo.

KRASILCHIK (1986) expressa que a base dessa diversidade de percepções sobre as causas da degradação do meio e suas soluções, por sua vez, reside na variedade de pontos de vista sobre o processo de desenvolvimento e sobre o conceito de qualidade de vida, que não podem ser padronizados, mas dependem das aspirações de cada população, de cada comunidade.

FIORI (2002) considera que o estudo da percepção da paisagem pode contribuir, portanto, para uma utilização mais racional dos recursos ambientais, o que possibilita uma relação harmônica dos conhecimentos locais, do interior (ponto de vista de um indivíduo, uma coletividade, ou mesmo de uma população no seu conjunto), com os conhecimentos do exterior (abordagem científica tradicional), enquanto instrumento educativo e agente de transformação.

A educação ambiental tem a obrigação de envolver a comunidade, no sentido de ampliar a percepção, internalizando a mudança de comportamentos e atitudes. 

Para o entendimento de RUSCHEINSKY (2002), o basilar da educação ambiental compreende o diagnóstico dos problemas percebidos e a expressão das soluções visualizadas, considerando o envolvimento tanto subjetivo dos indivíduos quanto das políticas públicas. Em função disso, torna-se necessária a consolidação de um entendimento mais amplo do processo de educação ambiental, ou seja, de que a educação ao trabalhar com as questões ambientais não se reduza ao ensino ou a defesa da ecologia (OLIVEIRA, 2000).

Deve ser encarada como um processo voltado para a apreciação da questão ambiental sob sua perspectiva histórica, antropológica, econômica, social, cultural e ecológica, enfim, como educação política, na medida em que são decisões políticas todas as que, em que qualquer nível, dão lugar às ações que afetam o meio ambiente (OLIVEIRA, 2000).

A percepção e a interpretação dos níveis e dimensões das realidades ambientais, das singularidades e da importância do patrimônio paisagístico, das atitudes e condutas humanas, dos valores ambientais devem contribuir, essencialmente, para a compreensão das transformações visíveis e não-visíveis, tangíveis ou não, da paisagem, percebida e interpretada como patrimônio de um povo, de um país, legado às futuras gerações, consideradas as várias instâncias e conjunturas, pois um horizonte de possibilidades individuais e coletivas é desvendado numa expressão de valores locais, regionais e universais (GUIMARÃES, 2007).

 

2.3. A educação ambiental formal

 

Segundo a Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e á coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Art. 225, caput). Dessa maneira, para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, entre outras providências, promover a educação ambiental em todos os níveis e ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (§ 1º , VI).

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), o Ministério da Educação e Cultura (MEC) elaborou a Carta Brasileira para a Educação Ambiental, recomendando que as instituições de ensino superior, defina metas para a inserção articulada da dimensão ambiental nos currículos a fim de estabelecer um marco fundamental para implantar a educação ambiental no nível de ensino superior.

Pela Lei de Diretrizes e Base (LDB), instituída pela Lei 9.394/96, entre outras finalidades do ensino superior está a de estimular o conhecimento do mundo presente, em particular os nacionais e regionais (Art. 43, VI).

Diante dessas circunstâncias, entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A inserção da educação ambiental nos currículos de ensino tem sido tema de debate e tem retomado à berlinda para se decidir se deve ou não ser uma disciplina ou se deve ser um tema transversal (HIGUCHI & AZEVEDO, 2004).

SATO (2002), como outros autores, defende que a educação ambiental deve ser abordada como uma dimensão que permeia todas as atividades acadêmicas perpassando os demais diversos setores de ação humana.

Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizando com a realidade da comunidade e ajudando o estudante a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão sistêmica. E mais, a educação ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal. Dessa maneira, assegura-se a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades acadêmicas (FELIZOLA, 2007).

Segundo TRISTÃO (2004) na estrutura conceitual de currículo, por disciplinas, não se sabe muito bem onde encaixar a educação ambiental. Sua natureza antidisciplinar provoca uma inserção por meio de projetos e/ou atividades extracurriculares. Nesse caso, é necessário analisar o cotidiano escolar para compreender como a educação ambiental vem se introduzindo nas práticas educativas e como outros contextos interferem e atuam sobre sua produção de sentidos e de racionalidades. Portanto, é preciso compreender a medição feita pelos alunos e professores sobre sentidos, representações e racionalidades geradas para além o conhecimento escolar.

De acordo com ARAÚJO (2004) a perspectiva de inserir questões ambientais no processo educativo requer que o professor oriente seu aluno a agir ativamente na sociedade e que o processo de aprendizagem não seja reduzido apenas ao aluno, mas possibilite ao professor o desenvolvimento constante de novas atitudes necessárias ao bom desempenho de sua profissão, compatíveis às frequentes mudanças socioambientais. Assim, o pensar criticamente a ação pedagógica e seus efeitos deve proporcionar a fusão entre a prática e a teoria. Esta fusão é o alicerce da construção de uma pedagogia apropriada à educação ambiental, estando o professor munido de saberes pedagógicos (formação pedagógica) e estar preparado para acompanhar, entender e discutir as relações e o dinamismo que regem o ambiente (formação ambiental) (ARAÚJO, 2004).

A interdisciplinaridade pretende garantir a construção de conhecimentos que rompam as fronteiras entre todas as disciplinas, também o envolvimento, compromisso, reciprocidade diante dos conhecimentos, ou seja, atitudes e condutas interdisciplinares. Portanto, a transversalidade e a interdisciplinaridade são nesse sentido, modos de trabalhar o conhecimento que visam reintegração de dimensões isoladas uns dos outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, pretendemos conseguir uma visão mais ampla da realidade que, tantas vezes, aparece fragmentada pelos meios de que dispomos para conhecê-la (FELIZOLA, 2007).

À educação ambiental cabe auxiliar os estudantes a adquirir conhecimentos, formar convicções que auxiliem na discussão desses conceitos e dos valores em que se fundamentam, uma vez que a política relativa ao meio ambiente depende do nível de consciência da responsabilidade social de cada pessoa. Assim, a educação ambiental passa a ter fundamental importância na formação do cidadão, sendo o sistema escolar formal a instituição que melhor oferece condições para implantá-la (KRASILCHIK, 1986).

 

3. Metodologia

3.1 Coleta e análise das informações

 

Para a coleta das informações sobre a percepção ambiental dos alunos da disciplina Educação Ambiental do curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Sergipe foi utilizado um questionário semiestruturado.    

O questionário abrangeu perguntas a respeito do perfil dos estudantes (idade, gênero, período de graduação, interesse em escolher a disciplina) e percepção ambiental (afinidade com as questões ambientais).

O questionário foi aplicado na primeira semana da disciplina antes que se iniciasse o conteúdo, sendo possível aplicar 37 questionários.

As respostas dos questionários foram tabuladas em planilha Excel. Em seguida, as respostas semelhantes foram agrupadas em categorias. A partir daí, foi utilizado o programa estatístico SPSS for Windows 1.0, sendo possível fazer uma análise quantitativa e qualitativa dos dados.

 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quanto ao gênero, observou-se a maioria dos alunos são do gênero feminino (65%) e que 35% são do gênero masculino (figura 1).

 

Figura 1 - Gênero dos alunos entrevistados da disciplina Educação Ambiental.

 

Ao estudar a concepção ambiental dos estudantes de graduação, Yamada et al. (2012) observaram que o gênero feminino despertou maior interesse em participar da pesquisa em detrimento do gênero masculino.

De modo semelhante, o gênero feminino foi maioria (89%) em pesqui8sa realizada por Roedel et al. (2013) em estudo da percepção de acadêmicos sobre o meio ambiente.

Pode-se afirmar que vertentes relacionadas ao tema ambiental vêm manifestando um acentuado interesse dos diferentes gêneros em virtude da sua atualidade e democratização participativa (DARÓS, 2010).

Com relação à idade, os alunos entrevistados possuem uma faixa etária de 20 a 30 anos (88%), seguido de alunos com faixa etária de 18 a 19 anos e de 31 a 40 anos (6%) (figura 2).

 

Figura 2 - Faixa de idade dos alunos entrevistados.

 

Jesus et al. (2013), ao analisar a percepção dos acadêmicos de administração, observou que 52% dos entrevistados possuíam um faixa de idade de 20 a 30 anos, corroborando com informações encontradas na pesquisa. 

A maioria dos alunos da disciplina Educação Ambiental (74%) respondeu que possui uma afinidade com as questões ambientais (figura 3).

             

Figura 3 - Opção na escolha da disciplina Educação Ambiental.

 

É interessante destacar que os alunos são do curso de Engenharia Florestal que consiste em um ramo da Engenharia voltado para a sustentabilidade do meio ambiente através do estudo e uso racional dos recursos florestais. Dessa maneira, as questões do meio ambiente estão próximas da afinidade do perfil do estudante ou profissional que escolhe esse curso de graduação.

Em estudo sobre a percepção ambiental dos policiais ambientais, COSTA (2013) percebeu que 90% dos entrevistados tem uma simpatia com as questões ambientais.

A afinidade das questões ambientais desperta no indivíduo um senso de autodisciplina sobre o meio ambiente, devido ao comportamento, hábitos e atitudes de proteção e uso racional dos recursos naturais, melhorando a relação do homem com a natureza (COSTA, 2013).

Por outro lado, 26% dos acadêmicos responderam que se matricularam na disciplina de Educação Ambiental com o objetivo de cumprir os créditos necessários para obter o requisito para a formatura, já que na sala de aula havia alguns alunos que estavam no último período de graduação. Segundo informações dos acadêmicos, há alunos que estão 11º, 10º, 9º, 7º e 5º períodos.

Quando perguntados sobre a participação em alguma ação de educação ambiental, 65% dos acadêmicos responderam que sim e 35% responderam que não (figura 4).

 

Figura 4 - Participação dos acadêmicos em alguma ação de educação ambiental.

 

É interessante destacar que a formação e a capacitação na área ambiental não devem deixar de serem estimuladas, no processo pedagógico de transmissão do conhecimento, permitindo que tais mudanças de costumes, hábitos e comportamentos sejam no cotidiano dos acadêmicos e na prática profissional (2013). 

A maioria dos entrevistados (73%) respondeu que tem alguma atitude em prol da melhoria do meio ambiente (figura 5).

 

Figura 5 - Comportamento dos acadêmicos no que se refere ao meio ambiente.

 

Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo assim para a formação de cidadãos responsáveis.

Dentro do contexto no mundo moderno e globalizado, é clara a necessidade da mudança do comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das gerações atuais), a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos.

Essa mudança não pode ser desvinculada de um processo legal, em que leis irão tipificar todas as bases para a mudança de comportamento da sociedade, e essa mudança estará relacionada a um sistema legal que concretiza a educação ambiental.

Quando questionados sobre os temas ambientais de maior interesse, a maioria respondeu que desmatamento desperta maior interesse (53%), seguida de água (27%), ocupação do solo (13%) e fauna (7%) (figura 6). 

 

Figura 6 - Temas ambientais de maior interesse pelos acadêmicos.

 

Por se tratar do curso de engenharia florestal, os acadêmicos, durante a graduação, estudam várias temáticas sobre as árvores como, por exemplo, podem ser citadas as disciplinas: manejo florestal, ecologia florestal, melhoramento florestal, dendrologia, dendrometria, dentre outras. Dessa maneira, durante os 8 períodos do curso de graduação em engenharia Florestal, o acadêmico tem como foco de estudo as árvores.

Dentre as opções de recursos para realizar educação ambiental, os acadêmicos preferem os vídeos (39%), pesquisa (34%), trabalhos/jogos educacionais (16%) e as palestras (11%) (figura 7). 

 

Figura 7 - Preferência dos acadêmicos sobre a forma de abordagem dos temas ambientais na educação ambiental.

 

Os recursos audiovisuais podem ser considerados um bom recurso didático-pedagógico, justificando-os como sendo um atrativo a mais para a motivação em sala de aula, porque remete a situações prazerosas e lúdicas, o que pode proporcionar aberturas para o estabelecimento de contextos interativos em sala de aula (ALVES, 2005). A quebra de ritmo provocada pela apresentação de um audiovisual é saudável, pois altera a rotina da sala de aula (ROSA, 2000).

           Além disso, os próprios princípios de educação ambiental sugerem que ela seja uma educação dinâmica e participativa. E os recursos audiovisuais podem ajudar a alcançar melhor seus objetivos de forma a proporcionar um rol de atividades que atinja a todo o grupo (CUNHA & JADOSKI, 2007).

5. CONCLUSÕES

 

Não é de se negar que deveria ser cumprida a Carta Brasileira para a Educação Ambiental, estabelecendo a educação ambiental no nível de ensino superior.

No caso do estudo, percebe-se que os estudantes da disciplina educação ambiental possuem uma afinidade com as questões ambientais e que já participaram de alguma ação de educação ambiental.

Pelo fato de serem acadêmicos do curso de engenharia Florestal, tem maior interesse pelo tema desmatamento, uma vez que é o foco de estudo durante toda a graduação, necessitando, por parte dos mesmos, entender a holisticidade dos fatores que interagem com o meio ambiente.

A disciplina é de grande importância, pois permite dotar o estudante com ferramentas necessárias ao desenvolvimento da educação ambiental na seara profissional e no cotidiano dos mesmos, favorecendo uma mudança de hábitos, comportamentos e atitudes.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALVES, J. F. Visões Camaleônicas: vantagens e limites do uso do vídeo no processo de ensino-aprendizagem. Revista Linguagens, educação e sociedade. V.13, p. 111-121, 2005.

 

ARAÚJO, M. I.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        O. A universidade e a formação de professores para a educação para a educação ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, nº. 0, 2004, p.71-78.

 

COSTA, C. C. Monitoramento participativo da qualidade da água na barragem da Ribeira (Cajaíba), município de Itabaiana, SE: uma proposta de intervenção em educação ambiental. Monografia de Especialização. Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008.

 

COSTA, C. C.; MAROTI, P. S. Utilização de recursos hídricos como estudo de percepção ambiental de alunos. Encontro sergipano de educação ambiental, 2008, p. 1-17.

 

COSTA, C. C. Percepção ambiental dos policiais do Pelotão de Polícia Militar Ambiental do Estado de Sergipe. Revista IberoAmericana de Ciências Ambientais, v.4, n.1, 2013.

 

CUNHA, J. A. L.; JADOSKI, S. O. Educação Ambiental Formal: Papel e Desafio. Revista Eletrônica Lato Sensu, Belém, ano 2, n. 1, 2007.

 

DARÓS, T. D. Avaliação do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais- PNC: Um estudo de caso no Estado do Paraná. Dissertação em Organizações e Desenvolvimento. FAE- Centro Universitário. Curitiba, 2011. 164p.

 

DIAS, G.F. Educação ambiental: princípios e práticas. 8ª ed. São Paulo: Gaia, 2003a, 551p.

 

DURA FLORA S.A. Educação Ambiental em Florestas - O projeto PIC-NIC na Floresta, na Dura Flora S.A. In: 2º Congresso Nacional sobre Essências Nativas, São Paulo, p.1112-1117, 1992.

 

FELIZOLA, M. P. M. Projetos de Educação Ambiental nas Escolas Municipais de Aracaju/SE, 2007. 105p. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2007.

 

GUARIM, V. L. M. dos S. Barranco Alto: uma experiência em Educação Ambiental. Cuiabá, UFMT, 2002. 134p.

 

HIGUCHI, M. I. G.; AZEVEDO, G.C. de. Educação como processo na construção da cidadania ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, nº. 0, 2004, p.63-70.

 

JACOBI, C.M.; FLEURY, L.C.; ROCHA, A.C.C.L. Percepção ambiental em unidades de conservação: experiência com diferentes grupos etários no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG. Anais do 7º Encontro de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.

 

JESUS, L. C.; ZANDONA, P. G.; SANTOS, E. T. Análise da percepção ambiental e comportamento de consumo dos acadêmicos do curso de administração – CPAQ/UFMS. Anais do Congresso de Administração da América Latina, 2013.

 

KRASILCHIK, M. Educação ambiental na escola brasileira – passado, presente e futuro. Revista Ciência e Cultura, Rio de Janeiro, nº. 38, 1986, p.1958-1961.

 

LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2004, 150p.

 

OLIVEIRA, E. M. de, Educação ambiental uma possível abordagem. Brasília: ed. IBAMA, 2000, 150p.

 

REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 5ª ed. São Paulo, Cortez, 2002.

 

ROEDEL, T.; VICTORINO, M.; CAMARGO, A. L. M. M. La cuestión ambiental en el centro - la universidad de brusque unifebe percepción del académico. Anais do Primer Foro Latinoamericano sobre Sostenibilidad y Universidad, 2013.

 

ROSA, P. R. S. O uso dos recursos audiovisuais e o ensino de ciências. Revista Caderno de Ensino de Física, Campo Grande, v. 17, n. 1, p. 33-49, 2000.

 

RUSCHEINSKY, A. Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto alegre: Artmed, 2002, 183p.

 

SANTOS, C.S. dos, Tipificação do Lixo Visando Estratégias de Educação Ambiental no Parque Nacional Serra de Itabaiana, 2006. 49p. (Monografia para conclusão de curso de graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2006.

 

TRISTÃO, M. Saberes e fazeres da educação ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, nº. 0, 2004, p.47-55.

 

WWF Brasil (2003). Manual de ecoturismo de base comunitária: ferramentas para um planejamento responsável. [Organização: Sylvia Mitraud]. WWF Brasil. Brasília. 470p.

 

YAMADA, R. T. T.; FAVARIM, L. C.; TEIXEIRA, E. S. Preservar a natureza: como estudantes de graduação concebem o meio ambiente. Revista Educação Ambiental em Ação. N.42. 2012.

 

 

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos