Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/03/2015 (Nº 51) EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA UTILIZANDO O LIXO DE FORMA INTERDISCIPLINAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL HAMILTON CERQUEIRA, CRUZ DAS ALMAS - BA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA UTILIZANDO O LIXO DE FORMA INTERDISCIPLINAR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

Girlene Santos de Souza1; Naiara Almeida de Oliveira2; Adailton Correia Lucena Junior2

 

1 Professora Adjunto IV do Centro de Ciências Agrárias Ambientais e Biológicas. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. CEP: 44380-000 Cruz das Almas – Bahia – Brasil. Email: girlene@ufrb.edu.br

2 Discente do Curso de Licenciatura em  Biologia  Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

 

Resumo: A luta pela preservação do meio ambiente e a própria sobrevivência do homem estão diretamente relacionadas, dentre outras questões, com o mal gerenciamento do lixo, principalmente nas escolas. Nos dias atuais, tem-se como hábito extrair da natureza a matéria -prima e, depois de utilizada, descartá-la em lixões, caracterizando uma relação predatória não auto-sustentável. Assim sendo, grande quantidade de produtos poderia ser reaproveitada e reciclada a partir de seus resíduos, mas é inutilizada na sua forma de destino final. Isso implica num processo de degradação ambiental, uma vez que o potencial poluidor dos resíduos gerados compromete a qualidade do ar, do solo e das águas superficiais e subterrâneas. Devido à atual necessidade de se falar sobre a Educação Ambiental e lixo, surgiu este trabalho com ênfase na conscientização dos alunos, com intuito de transformá-los em veículos multiplicadores de ações benéficas ao meio ambiente. O trabalho foi desenvolvido no período de março a dezembro de 2013, na Escola pública municipal Jonival Lucas, localizada no distrito de São José do Itaporã, Muritiba, BA, com alunos do 8º e 9º ano do ensino fundamental. Durante este período, os alunos foram incentivados a descobrir sua relação com o local em que vive e estuda e a ampliar seu relacionamento com o meio ambiente, tornando-se apto a atuar junto à comunidade, através de metodologias de intervenções semanais em sala de aula. Com o fim de alcançar os objetivos propostos, forma realizados com as turmas, atividades pedagógicas de observação, identificação, comparação e representação do espaço escolar vivenciado pelos educandos. Assim, verificou-se,  que os educandos encontravam-se sensibilizados com os problemas ambientais da região da Escola e motivados a atuarem na comunidade em prol do meio ambiente.

 

Palavras-chave: Meio ambiente. Interdisciplinaridade. Poluição. Conscientização  

 

INTRODUÇÃO

Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental, artigo 1º, entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para o meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A escola é um dos locais mais indicados para promover a conscientização ambiental a partir da conjugação das questões ambientais com as questões socioculturais. As disciplinas são os recursos didáticos através dos quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe são colocados ao alcance dos alunos através da interdisciplinaridade (PENTEADO, 2007).

Educação Ambiental aplicada no âmbito escolar além de ser um processo educacional das questões ambientais, deve alcançar os problemas socioeconômicos, políticos, culturais e históricos pela sua interação com o meio ambiente. Sua aplicação tem a extensão de auxiliar na formação dos alunos, desenvolvendo hábitos e atitudes sadias de conservação e respeito ambiental, transformando-os em cidadãos conscientes, de maneira que rompe com o ensino tradicional, pela sua abrangência e incrementa a participação de todos: professores, alunos e a comunidade (HAMMES; RACHWAL, 2012).

Segundo Travassos (2001), educar é uma tarefa de dedicação e envolve criação de planos de ação considerando conceitos, teorias, reflexões e o uso do bom senso, incluindo também o repensar dos currículos escolares. Dessa forma, a Educação Ambiental tem papel importante na educação formal, oportunizando aos alunos e professores novos olhares sobre o Meio Ambiente, aproveitando a realidade vivida, os saberes locais, abordando temas que façam sentido, valorizando a diversidade cultural.

Para Minini (2000), a Educação Ambiental deve propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente. Esclarecer valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. Dias (1992), acredita que Educação Ambiental seja um processo onde as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade.

Considerando toda essa importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades em sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar (BARROS, 1996).

“O desafio de um projeto de educação ambiental é incentivar as pessoas a se reconhecerem capazes de tomar atitudes” (MEIRELLES; SANTOS, 2005, pg.35). Levando em consideração este pensamento é que se faz necessária a implantação de projetos voltados a Educação Ambiental, pois, como sabemos, o destino do lixo tornou-se um dos maiores problemas ambientais da nossa sociedade.

Trabalhar com temas transversos é unir a disciplina específica com o tema, objetivando a construção de conhecimentos e formação de cidadãos conscientes que sejam capazes de adquirir opiniões próprias, de examinar as próprias atitudes, e agir em prol do bem estar de todos. Sendo necessário que a escola trabalhe no sentido de construir valores e postura, e também que seu ensino e aprendizagem estejam voltados para a situação problema.

A condição interdisciplinar, no trato da Educação Ambiental, não surtirá os efeitos necessários enquanto existirem barreiras, como as dificuldades impostas pelo sistema de ensino aos profissionais da educação. Nesse aspecto JAPIASSU (1976) diz que “a interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas, no interior de um projeto específico de pesquisa”.

Seguindo a mesma linha de pensamento, TRAVASSOS (2006) reitera a “natureza interdisciplinar da Educação Ambiental, uma vez que o meio ambiente é multifacetado” e para tanto, deve ser tratado de maneira integradora na tentativa de solucionar os problemas ambientais.

A escola é um lugar de construir conhecimentos e formar cidadãos críticos e conscientes dos seus direitos e deveres. Assim por meio da interdisciplinaridade na sala de aula é possível trabalhar com o tema transverso, em atividades dentro da unidade escolar em todas as disciplinas e nível de ensino.

Existe uma preocupação global relacionada com as consequências da má disposição do lixo e, a cada dia, aumenta a procura de soluções alternativas e criativas para diminuir o volume de lixo produzido. Será que realmente temos necessidade de produzir tanto lixo? E quanto ao descarte do mesmo, estamos dando ao lixo que produzimos uma destinação correta?

Este trabalho tem, em sua metodologia, a preocupação de contemplar questões relacionadas ao lixo produzido na escola e na comunidade em que o aluno vive de forma que ele possa participar, estabelecer relações, interagir, transformar, reelaborar e agir em seu meio e em outras realidades, porque não adianta um aluno tirar nota dez nas provas relacionadas ao meio ambiente e continuar jogando lixo nas ruas, desperdiçando água, energia elétrica, desmatando ou realizando outro tipo de ação danosa, seja por não perceber a extensão dessas ações ou por não se sentir responsável pelo mundo em que vive. Há a necessidade de conciliar a teoria com a prática no dia-a-dia, garantindo, assim, o futuro da humanidade.

O trabalho visando o lixo como tema central faz-se necessário para colocar em prática, no dia-a-dia dos alunos e da comunidade, a mudança de hábitos  danosos ao meio ambiente em relação à má utilização dos recursos naturais e descarte incorreto do lixo, através da compreensão e utilização dos 5R’s (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar).

É de grande importância e de interesse pedagógico a implantação desse projeto ambiental, pois, a partir da conscientização de jovens e crianças para os problemas que envolvem o lixo produzido na escola e no bairro onde vivem, acredita-se que eles serão o melhor veículo multiplicador.

O objetivo deste projeto foi realizar um trabalho de Educação Ambiental, no qual o tema “lixo” foi trabalhado de forma interdisciplinar em sala de aula a fim de se verificar a possibilidade de alcançar a alfabetização ecológica. Além disso, despertar na comunidade Escolar (alunos, professores, funcionários, pais), bem como nas autoridades municipais, a difusão de conceitos e práticas que contribuam para preservação e proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida, estimulando, em cada segmento da sociedade, a adoção de novos valores e atitudes, mobilizando a comunidade para implantação de coleta seletiva, com a finalidade de diminuir os impactos ambientais provocados pelo homem.

 

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O trabalho foi realizado na Escola Pública Municipal Jonival Lucas, localizada em São José do Itaporã, zona rural do município de Muritiba, BA e as atividades iniciaram em março de 2013, com um período de observação, para melhor conhecimento da comunidade escolar e seus anseios quanto às questões ambientais. O público alvo foram 70 alunos das turmas do 8º e 9º ano do ensino fundamental, além dos professores e funcionários da mesma instituição.

A metodologia utilizada teve como fundamento uma ação educativa e participativa, buscando envolver a comunidade escolar em todas as etapas do processo – do planejamento à execução. Dessa forma, houve uma constante reformulação do planejamento, visando adequá-lo à realidade local, de forma a absorver informações e conhecimentos da comunidade escolar envolvida.

Num primeiro momento, foi realizada uma reunião com o corpo docente da escola, para a apresentação de uma proposta, com o intuito de envolvê-lo na elaboração e na execução de um planejamento de atividades a serem realizadas, bem como definir formas de contribuição dos professores. Neste encontro foi aplicado um questionário aos professores com o objetivo de conhecer como o tema “Meio Ambiente e Lixo” são abordados dentro dos seus componentes curriculares. A seguir, foi realizado um diagnóstico da realidade da escola, através de observações e conversas informais, para a identificação da infraestrutura escolar, como, por exemplo, situação das salas de aula, da biblioteca, do espaço de recreação, da cozinha, da horta e dos materiais didáticos disponíveis.

Paralelamente, foi feito outro diagnóstico sobre a percepção dos alunos a respeito de questões ambientais. Para tanto, foi solicitado que fizessem desenhos, buscando responder a esta pergunta: “O que é meio ambiente?”. Posteriormente, foram apresentadas figuras de ambientes conservados e degradados, seguidas de um diálogo, abordando o conceito de meio ambiente e levantando questões sobre conservação e problemas ambientais. Após obter conhecimento sobre o espaço e as pessoas com quem estávamos trabalhando, passamos a desenvolver atividades com os alunos, tendo a temática “Lixo”: reciclagem, coleta seletiva, tipos de lixos, questões geográficas, causas e consequência provocada pelo acúmulo de lixo incorretamente e educação ambiental,  como ponto de partida para o desenvolvimento de outros temas ambientais, como interações ecológicas, cadeia alimentar, assoreamento de rios, preservação de nascentes, reciclagem, reaproveitamento e coleta seletiva de lixo.

Posteriormente foram realizadas palestras e seminários para discussão desses temas tais como:consequências do descarte incorreto do lixo, qualidade de vida, coleta seletiva, tempo de decomposição dos resíduos, dentre outros. Foram aplicados jogos com os alunos abordando os conhecimentos e conceitos trabalhados nas atividades.

Foi empregado também, o uso de atividades práticas como: confecção de cestos de lixo com caixas de papelão, oficina de arte com o objetivo de mostrar formas de reutilizar os materiais e cartazes para conscientização de toda a comunidade escolar.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado do diagnóstico da percepção dos alunos sobre questões ambientais evidenciou que muitos deles já possuíam um certo conhecimento sobre os temas abordados, uma vez que se tratavam de crianças advindas do meio rural, o que lhes possibilita uma maior vivência desses temas. No que se refere à infra-estrutura da escola, o espaço físico disponibilizado contribuiu para a realização de atividades mais lúdicas, que despertaram o interesse dos alunos. Estes resultados contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento deste trabalho. Os resultados obtidos ao longo do trabalho demonstraram que os alunos se tornaram mais interessados e motivados com os temas ambientais desenvolvidos, pois passaram a fazer relatos de situações vivenciadas.

Quanto aos questionários aplicados aos professores ficou claro que não existem trabalhos feitos por professores ligados ao meio ambiente, especialmente com a temática lixo. Contudo, entende-se que os professores não discutem ou aplicam, de forma transversal, a Educação Ambiental dentro dos componentes curriculares. As principais dificuldades dos professores dizem respeito às questões orçamentárias e estruturais, como, também, à motivação, capacitação e compreensão do tema, além de dificuldades de relacionamento entre si e em liderar projetos e comprometer-se com o seu andamento. De acordo Bizerrile & Faria (2001), a parceria entre centros de pesquisa e as escolas é considerada como primordial na busca de mudanças neste quadro.

A Educação Ambiental na formação dos professores é uma necessidade premente. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) a Educação Ambiental é uma aliada de todas as disciplinas justamente por dar ao enfoque ambiental uma perspectiva diferenciada dentro de cada disciplina proporcionando um grande leque de possibilidades de trabalhos que envolvam o meio ambiente.

Foi mostrada também pelos professores que a grande quantidade de alunos nas salas de aula, impossibilitando a realização de atividades, por conta do tempo. De acordo com os questionários constatou-se a ausência de coleta seletiva na escola, apesar de existirem nas salas pequenas lixeiras apropriadas para tal atividade.

A partir desse perfil ambiental observado no questionário, deram-se início às palestras bem como aos seminários durante as visitas nas escolas. Também foram desenvolvidas atividades práticas em sala de aula e apresentações de vídeos educativos relacionados ao meio ambiente e ao lixo (Figuras 1 e 2).

 


 

Figura 1- Alunos do 8º ano confeccionando cartazes

 


 

Figura 2 – Lixeiras para coleta seletiva confeccionadas pelos alunos participantes do projeto utilizando material reciclável.

 

O trabalho teve como propósito trazer para a sala de aula a relação entre teoria e prática no ensino da Educação Ambiental, na procura por se estabelecer a melhor aprendizagem e conscientização dos alunos, tentando-se trabalhar, de forma mais abrangente, a interdisciplinaridade, mostrando aos alunos que o tema meio ambiente pode ser aplicado a diversas disciplinas, tais como: matemática, história, geografia e, não apenas à matéria de ciências como a maioria dos professores pensam. Para isso usou-se métodos tais como: calcular a produção individual de resíduos de cada aluno fazendo assim uma estimativa, levando em consideração a população da cidade, a evolução humana e o aumento na produção de resíduos, além das consequências do descarte incorreto do lixo que gera compostos químicos que poluem o solo, o ar e a água. E para dinamizar a associações destes conteúdos todas as aulas vinham aliadas de práticas, jogos e elaboração de textos pelos alunos para acompanhamento e assimilação dos conteúdos apresentados.

Posteriormente, foi apresentada uma palestra sobre o que é a coleta seletiva, sua importância para o meio ambiente e o que é feito com o material recolhido e sua transformação em novos materiais. Em outra palestra que teve como tema o destino do lixo, onde foi questionado para onde era encaminhado o lixo da sua casa e da escola, alguns alunos demonstraram ter conhecimento do “Lixão”, mas não sabiam sobre “Aterro Sanitário”. (Figura 3)

 


 

Figura 3 – Apresentação de vídeo sobre o Lixo

 

De acordo com Abreu et al. (2008), muitos alunos acreditam que não jogar lixo no chão ou em lugares inadequados representa uma importante contribuição na preservação da natureza. Nos trabalhos desenvolvidos por estes autores constatou-se que apenas 8% das ações propostas abrangeram a diminuição no consumo de produtos industrializados como forma de reduzir o lixo gerado.

Com as palestras e atividades práticas, os estudantes foram estimulados a colaborar para a melhoria da qualidade de vida, com a conscientização sobre questões ambientais ligadas ao lixo na área da escola, como no distrito de São José do Itaporã.

De acordo Tavares (2010), ao desenvolver um projeto de Educação Ambiental na Escola os alunos são incentivadas a considerar o meio ambiente e a perceberem que fazem parte dele, que são sujeitos importantes, com direitos e deveres em relação ao Planeta Terra.

Neste contexto, a educação ambiental é fundamental para o sucesso de programas realizados para sensibilização da comunidade com relação aos resíduos sólidos, pois através de programas educativos relacionados aos resíduos sólidos e que garantem seu uso racional, evita-se o agravamento de problemas ambientais gerados pelo lixo.

Os resultados obtidos com a aplicação deste trabalho atenderam as expectativas, pois conseguiu-se, mesmo que de forma lenta, despertar a consciência ecológica e responsável nos alunos e, principalmente, a mudança de hábitos.

Assim, com o desenvolvimento desse trabalho, pôde-se, principalmente, observar a necessidade da implementação de práticas voltadas à conservação do meio ambiente desde as séries inicias, pois quanto mais cedo o indivíduo é inserido nessas práticas conscientizadoras, maiores serão as chances de torná-los multiplicadores destas ações.

A Educação Ambiental é uma atividade que não pode ser percebida como mero desenvolvimento de “brincadeiras” com crianças e promoção de eventos em datas comemorativas ao meio ambiente. Na verdade, as chamadas brincadeiras e os eventos são parte de um processo de construção de conhecimento que tem o objetivo de levar a uma mudança de atitude. O trabalho lúdico e reflexivo e dinâmico e respeita o saber anterior das pessoas envolvidas

Desta forma, o desafio posto é desenvolver uma metodologia que se caracterize pelos conceitos da Educação Ambiental, e que possibilite a visualização de novos desafios, no sentido de um processo de aprendizagem que inclua as relações entre as diversas disciplinas e esferas.

A Educação Ambiental é uma atividade que exige muitos esforços contínuos e que os educadores tenham tempo e interesse e, por meio dessa pesquisa, observou-se que tanto as escolas envolvidas como as visitadas, para posterior implantação do projeto, possuem pouco trabalho prático. Muitas vezes é necessário a presença de um pesquisador ou de um educador ambiental para que os professores saiam do seu cotidiano e tenham interesse em implantar um projeto, pois existem dificuldades dos professores em incorporar ao seu programa de aula as questões ambientais.

 

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, pode -se concluir que toda comunidade escolar se interessou pelo  desenvolvimento desse trabalho de Educação Ambiental, o que foi demonstrado pelos questionamentos estabelecidos por professores e alunos sobre o tema proposto, acarretando em uma mudança de comportamento e de postura em relação à conservação do meio ambiente. O grau com que essas mudanças puderam ser introduzidas no cotidiano dessa comunidade escolar não pode ser avaliado em um estudo de curta duração como esse. Entretanto algumas questões podem ser consideradas, como o interesse explicitado pela comunidade envolvida, pelo menos num estágio inicial importante no processo de mudança de hábitos em relação à problemática do lixo e à preservação do meio ambiente.

 

REFERÊNCIAS

ABREU, D. G.; CAMPOS, M. L. A. M.; AGUILAR, M. B. R. Educação ambiental nas escolas da região de Ribeirão Preto (SP): concepções orientadoras da prática docente e reflexões sobre a formação inicial de professores de química. Química Nova, v. 31, n. 3, p. 688-693, 2008.

BARROS, M. L. T. Educação ambiental no cotidiano da sala de aula: um percurso pelos anos iniciais. Rio de Janeiro: Livro técnico, 2009. 42p.

BIZERRIL, M. X. A.; FARIA, D. S. Percepção de professores sobre a educação ambiental no ensino fundamental. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 82, n. 200/201/202, p. 57-69, 2001.

BRITTO, C. Educação e Gestão Ambiental. Salvador: Ministério do Meio Ambiente, 2000.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 1992.

HAMMES, V. S; RACHWAL, M. F. G. Meio ambiente e a escola. Brasília: Embrapa, 2012. 490p.

MININI, apud DIAS, G. F. D. Educação Ambiental – Princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 2000.

PENTEADO, H. D. Meio Ambiente e Formação de Professores. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2007.

TAVARES, L. J. Educação ambiental na escola pública: um relato de experiência. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão, Florianópolis, n. 10, p. 43-56, 2010.

TRAVASSOS, E. G. A educação ambiental nos currículos: dificuldades e desafios. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 1, n.1, p 1-11. 2001.

TRAVASSOS, E. G. A prática da educação ambiental nas escolas. Porto Alegre: Mediação, 2006.

MEIRELLES, M. S; SANTOS, M. T. Educação Ambiental uma Construção Participativa. 2. ed. São Paulo, 2005.

Ilustrações: Silvana Santos