Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/03/2015 (Nº 51) ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE OLERÍCOLAS CONDIMENTARES PRODUZIDAS EM SISTEMA DE PRODUÇÃO CONVENCIONAL E ORGÂNICO
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ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE OLERÍCOLAS CONDIMENTARES PRODUZIDAS EM SISTEMA DE PRODUÇÃO CONVENCIONAL E ORGÂNICO

 

Luiz Leonardo Ferreira1; Elizangela Cabral dos Santos1; Rydley Klapeyron Bezerra Lima1; Hilbathy Estephany Rodrigues da Silva1; Vania Christina Nascimento Porto1

 

1Universidade Federal Rural do Semiárido, leoagrozoo@hotmail.com, elizangelacabral@ufersa.edu.br, rydley_lima15@hotmail.com, hilbathy15@hotmail.com, vania@ufersa.edu.br

 

Resumo: O mercado de hortaliças tornou-se ainda mais exigente em produtos de alta qualidade, fazendo com que os responsáveis pelos sistemas de produção adotem práticas menos agressivas ao homem e ao meio ambiente, e ainda, favoreça a comercialização de um produto final com alto teor nutricional e livre de resíduos de pesticidas. Objetivou-se com o referente trabalho, diagnosticar as características físico-químicas de olerícolas condimentares produzidas em sistema de produção convencional e orgânico. O ensaio foi realizado com olerícolas convencionais adquiridas junto a redes de supermercados do município de Mossoró-RN, e as orgânicas foram produzidas e adquiridas na propriedade rural Hortvida, a qual possui o selo de certificação pelo OIA. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com quatorze tratamentos correspondentes a sete culturas (coentro, salsinha, salsão, cebolinha, alho porró, manjericão e hortelã), em dois sistemas de produção (convencional e orgânico) sobre 04 repetições. Os resultados foram submetidos à análise de variância, a comparação de médias foi feita pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Nas características morfológicas avaliadas o sistema orgânico atendeu as maiores médias nas olerícolas coentro, salsinha, salsão, alho porró e manjericão. Os produtos orgânicos tenderam ao menor teor de sólidos solúveis, o que torna o sistema de produção promissor, quanto ao maior tempo de prateleira das olerícolas estudadas.

Palavras-Chave: Condimento, qualidade alimentar, segurança alimentar, agroecologia.

 

Abstract: The vegetable market has become even more demanding high quality products , so that those responsible for production systems adopt less aggressive practices to man and the environment, and also promotes the commercialization of a final product with high nutritional content and free of pesticide residues. The objective of the related work, diagnose the physicochemical characteristics of seasoning vegetable crops grown in conventional and organic production systems. The assay was performed with conventional vegetable crops purchased from supermarket chains Mossoró-RN, and organic were produced and acquired the farm Hortvida, which has the seal of certification by the OIA. Completely randomized with fourteen corresponding to seven crops (cilantro, parsley, celery, chive, leek, basil and mint) in two production systems (organic and conventional) treatments over 04 replications was used. The results were submitted to variance analysis, comparison of means was done by Tukey test at 5% probability. In morphologycal the organic system has met the highest averages in oleraceous cilantro, parsley, celery, leek and basil. Organic products tended to lower soluble solids, which makes the system promising production, as the shelf life of most vegetable crops studied.

Keyword: Condiment, food quality, food safety, agroecology.

Introdução

 

Nas últimas décadas, a busca por melhores produtividades tem aumentado os custos de produção, pela adoção sistemática de técnicas agrícolas excessivamente dependentes dos insumos industriais (ARAÚJO et al., 2004). Este modelo denominado de sistema de produção convencional que tem como características básicas o uso sistemático de fertilizantes sintéticos, substancias que eliminam agentes bióticos indesejáveis (agrotóxicos), mecanização agrícola intensiva e sementes com heterozigose elevada tem despertado o senso crítico de pesquisadores e consumidores de alimento por todo o planeta.

Em contrapartida o sistema de produção orgânico, surge como alternativa consistente e crescente atualmente perante o mercado consumidor. Tavella et al. (2010) complementam que ocorre uma conscientização da população por uma dieta alimentar rica e saudável, onde o consumo de hortaliças tem aumentado sensivelmente, com isso, o desenvolvimento de sistemas de cultivo com hortaliças que assegurem o equilíbrio do ambiente e seus recursos, amplia o desafio em gerar soluções e adotar práticas culturais ambientalmente conservacionistas.

Lima et al. (2010) comentam que atualmente, observa-se que o mercado de hortaliças tornou-se ainda mais exigente em produtos de alta qualidade, fazendo com que os responsáveis pelos sistemas de produção adotem práticas menos agressivas ao homem e ao meio ambiente, e ainda, favoreça a comercialização de um produto final com alto teor nutricional e livre de resíduos de pesticidas.

De acordo com Resende et al. (2010) os produtos orgânicos, quando comparados aos produzidos convencionalmente, possuem maior valor agregado, o que de certa forma torna o sistema atrativo ao produtor. Este modelo de agricultura vem experimentando taxas de crescimento que variam de 10 a 15% ao ano, a depender da ativiade agrícola (ARAÚJO et al., 2004).

A agricultura orgânica como sistema alternativo tem evoluído substancialmente, em função da demanda do mercado consumidor por produtos mais saudáveis; estudos relatam que o cultivo em sistema orgânico melhora a qualidade nutricional dos alimentos, bem como, em alguns casos, prolongam seu armazenamento (RESENDE et al., 2010).

Já Araújo et al. (2004) relata, que a crescente sensibilização dos consumidores acerca das consequências de suas decisões sobre o meio ambiente e a saúde tem ocasiondo mudanças consideráveis nos padrões de consumo, contudo, aspectos como volume de produção, regularidade na entrega e qualidade de apresentação ainda têm dificultado um crescimento mais acelerado da oferta de deprodutos orgãnicos aos mercados consumidores no Brasil.

Estudos de Araújo et al. (2004) com genótipos de cebola verificaram diferença quanto ao teor de sólidos solúveis e acidez titulável sob cultivos orgânicos, destacando-se IPA – 11  e Alfa São Francisco pelos valores mais elevados.

Pereira et al. (2010), avaliando o efeito da adubação orgânica e organomineral nos componentes de rendimento e na qualidade do produto na cultura da beterraba, verificaram que para a maioria dos parâmetros avaliados a utilização da adubação com cama de aviário apresentou maior potencial de resposta que a adubação com esterco bovino nos sistemas de cultivo orgânico e convencional.

Rodrigues et al. (2006), avaliando o efeito do sistema de cultivo na produção de diferentes cultivares de cebola, conferiram que a diferença observada no teor de sólidos solúveis entre os sistemas de cultivo orgânico e convencional não causou diferença na perda de peso dos bulbos, e deduziu-se que a perda de peso dependeu apenas da cultivar.

Resende et al. (2010), objetivando avaliar a produtividade, o teor de sólidos solúveis, a massa seca, a acidez total titulável e as perdas pós-colheita de cultivares comerciais de cebola em sistema convencional e orgânicos de produção concluíram que a produção em sistema orgânico é efetiva em melhorar as características químicas de bulbos de cebola, além da possibilidade de produtividades equivalentes, ou até superiores, ao sistema convencional.

Lima et al. (2010), avaliando os aspectos de qualidade de Beterraba produzidos em sistemas orgânico e convencional verificaram influencia quanto ao teor de sólidos solúveis pelo manejo orgânico com o uso de compostagem. Além disso, o teor de sólidos solúveis tem correlação positiva com o conteúdo de matéria seca e açúcares redutores, além do conteúdo de matéria seca ser um importante fator de qualidade, principalmente para a indústria de processamento (RODRIGUES et al., 2006).

Tavella et al. (2010) objetivando avaliar o desempenho do coentro verificaram que o plantio direto com palhada de resteva morta proporciona desempenho agronômico do coentro, em cultivo orgânico, semelhante ao preparo convencional do solo, ambos superiores ao plantio direto com cobertura viva de amendoim forrageiro ou plantas espontâneas.

Objetivou-se com o referente trabalho, diagnosticar as características físico-química de olerícolas condimentares produzidas em sistema de produção convencional e orgânico.

 

Material e Métodos

 

          O ensaio foi realizado entre os meses de outubro de 2012 a fevereiro de 2013. As amostras convencionais foram adquiridas junto a redes de supermercados do município de Mossoró-RN. As amostras de produtos orgânicos foram produzidas e adquiridas na propriedade rural Hortvida, a qual possui o selo de certificação pelo Organismo Internacional Agropecuária – OIA, localizada no município de Governador Dix-sept Rosado – RN, na comunidade de Lagoa de Pau, (5°18’48’’S 37°26’32’’O). Para ambos os sistemas de produção, os produtos foram colocados em caixas de isopor e conduzidos ao Laboratório de Fisiologia e tecnologia pós-colheita na Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, em Mossoró, RN, local onde foram analisados.

As variáveis avaliadas das unidades de venda foram divididas em dois seguimentos, a seguir:

Análise morfológica: comprimento, obtido com uso de régua graduada em (cm); diâmetro em (cm) com o auxílio de um paquímetro; e massa fresca em (g) pesados em balança semianalítica (BENICASA, 2004).

Análise de qualidade físico-químicas: teor de sólidos solúveis (SS) foram determinados tomando-se 1,0 g de polpa e diluindo em 10 mL de água destilada e filtrada, onde a leitura foi realizada com o auxílio de um refratômetro digital, modelo PR-100 Pallete Atago, de acordo com (AOAC, 2002); o pH foi determinado por meio de um potenciômetro digital, modelo pH Meter Tec–2, conforme metodologia preconizada (IAL, 1985); para a determinação da acidez titulável (AT), pesou-se 1,0 g de polpa, diluindo-se para 50 mL de água destilada e procedeu-se a titulação da amostra com solução de NaOH 0,1 N, conforme (IAL, 1985); determinou-se também a relação entre os sólidos solúveis e a acidez titulável (SS/AT).

Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com quatorze tratamentos correspondentes a sete culturas (coentro, salsinha, salsão, cebolinha, alho porró, manjericão e hortelã), em dois sistemas de produção (convencional e orgânico) sobre 04 repetições, totalizando 56 unidades experimentais (parcela). As parcelas foram constituídas por quatro unidades de venda (molho ou maço).

Os resultados foram submetidos à análise de variância, a comparação de médias foi feita pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. As mesmas foram realizadas com o auxílio do programa computacional Sistema para Análise de Variância - SISVAR (FERREIRA, 2011).

 

Resultados e Discussão

 

Tabela 1: Análise morfológica da unidade de venda de olerícolas condimentares produzidas em sistema de produção convencional e orgânico. UFERSA, 2013

Olerícolas condimentares

Peso (g)

//

Diâmetro (cm)

//

Comprimento (cm)

Convencional

Orgânico

Convencional

Orgânico

Convencional

Orgânico

Coentro

87,50 B

362,50 A

4,30 B

33,63 A

37,75 A

32,12 A

Salsinha

65,00 B

247,50 A

4,85 A

4,48 A

37,75 A

33,59 A

Salsão

87,50 B

542,50 A

2,70 B

30,85 A

44,62 B

52,08 A

Cebolinha

97,50 B

322,50 A

4,87 B

26,50 A

64,00 A

30,19 B

Alho Porró

152,50 B

260,00 A

2,60 A

1,97 A

33,85 A

30,85 A

Manjericão

52,00 B

220,00 A

3,65 B

6,45 A

24,87 A

29,83 A

Hortelã

50,00 B

225,00 A

5,00 A

5,70 A

39,00 A

32,31 B

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

 

Na característica peso da unidade de venda das sete olerícolas em estudo foi possível verificar que os produtos apresentaram maior média quando no sistema de produção orgânico. Neste sistema as culturas apresentaram os valores médios na seguinte ordem: salsão (542,50 g), coentro (362,50 g), cebolinha (322,50 g), alho porró (260,00 g), salsinha (247,50 g), hortelã (225,00 g) e manjericão (220,00 g) e. Tal situação é explicada mediante o equilíbrio nutricional e biológico o qual proporciona o sistema orgânico de produção, o que resulta em produto de melhor aspecto e resistente quanto à perda de peso em prateleiras pro mercado consumidor.

Rodrigues et al. (2006) avaliaram o efeito do sistema de cultivo na produção de diferentes cultivares de cebola verificaram que no sistema orgânico o peso médio do bulbo foi de 54,44 g, enquanto que, no sistema convencional foi equivalente a 52,73 g, ressalvando que a produtividade média no primeiro foi de 26,03 e no segundo 24,27 t.ha-1. Resende et al. (2010) estudaram fatores de rendimento de cultivares de cebola em sistemas de produção e diagnosticaram massa média do bulbo no sistema orgânico equivalente a 113,99 g, enquanto, que no sistema convencional esta média tendeu a decrescer ao valor de 105,21 g, na mesma, as produtividades médias foram apresentadas nos quantitativos de 21,17 e 16, 41 t.ha-1, ordinariamente.

As maiores médias também foram encontradas no sistema de produção orgânico para o caráter diâmetro da unidade de venda, ressalvando as culturas de salsinha, alho porró e hortelã que não diferiram seus equivalentes de peso em ambos os sistemas de produção. Tal realidade pode ser explicada fisiologicamente, uma vez que o diâmetro é consequência do alongamento e multiplicação celular proveniente da disponibilidade de água, e como os solos de manejo orgânico possuem propriedades de maior retenção de água, esta esteve disponível em quantidades bem mais satisfatórias que no sistema convencional.

Pereira et al. (2010) objetivaram avaliar o efeito da adubação orgânica e organomineral  nos  componentes  de  rendimento  na cultura da beterraba, verificaram respostas não significativas, no entanto, o incremento das doses de cama de aviário e esterco em adubação orgânica possibilitou diâmetros máximos de tubérculos.

Na variável comprimento da unidade de venda o sistema convencional superou quantitativamente o sistema orgânico, ao apresentar seis maiores médias dentre as sete olerícolas avaliadas, sendo a cultura do salsão responsável pela menor média para o primeiro sistema relacionado. No entanto, para ambos os sistemas de cultivo as culturas de coentro, salsinha, alho porró e manjericão não diferiram estatisticamente. Este resultado, quando comparado com o peso médio das unidades de venda, esboça claramente o desequilíbrio fisiológico nas plantas do sistema convencional, tendendo as aos caules um pseudo-crescimento, uma vez, que o órgão se desenvolve, no entanto, sem acumulo de biomassa (matéria seca).

Valores inferiores foram encontrado em Tavella et al. (2010), em avaliação do desempenho agronômico do coentro em diferentes sistemas orgânicos verificaram valores médios para altura de plantas que variaram de 24,34 a 30,94 cm.

 

Tabela 2: Análise de qualidade de olerícolas condimentares produzidas em sistema de produção convencional e orgânico. UFERSA, 2013

Olerícolas condimentares

SS (ºBrix)

//

pH

//

AT % (Ácido Málico)

//

SS/AT

Convencional

Orgânico

Convencional

Orgânico

Convencional

Orgânico

Convencional

Orgânico

Coentro

4,20 bA

4,05 bcdA

6,06 bcA

5,95 abA

0,16 abcA

0,09 aB

27,01 abB

44,06 bcA

Salsinha

5,13 bA

6,65 abA

6,61 aA

6,15 abB

0,14 bcA

0,12 aA

32,92 bB

53,27 bA

Salsão

4,52 bA

5,60 abcA

4,93 dB

5,80 bA

0,20 aA

0,13 aB

20,95 abB

42,28 bcdA

Cebolinha

5,20 bA

2,62 dB

5,67 cB

6,25 abA

0,18 abA

0,08 aB

28,26 abA

33,01 cdeA

Alho Porró

11,17 aA

7,62 aB

6,09 bcA

6,02 abA

0,20 abA

0,11 aB

48,12 aB

66,80 aA

Manjericão

2,97 bA

2,95 cdA

6,33 abA

6,29 aA

0,11 cA

0,13 aA

28,18 abA

22,31 eA

Hortelã

3,62 bA

3,47 cdA

6,35 abA

6,29 aA

0,18 abA

0,11 aB

19,97 cB

31,17 deA

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

SS: sólidos solúveis; pH: potencial de hidrogênio; AT: acidez titulável; SS/AT: relação entre sólidos solúveis e acidez titulável.

 

Os teores de sólidos solúveis para o sistema de produção convencional o alho porró correspondeu a maior média equivalendo a 11,17 ºBrix. Já no sistema de produção orgânico os maiores valores foram verificados em salsinha, salsão e alho porró com 6,65, 5,60 e 7,62 ºBrix, ordinariamente. Ao comparar o teor de sólidos solúveis das culturas individualmente em ambos os sistemas de produção, foi possível verificar que o sistema convencional apresentou as maiores médias para todas as olerícolas estudas, contudo, não diferiu estatisticamente do sistema orgânico para as condimentares coentro (4,05 ºBrix), salsinha (6,65 ºBrix), salsão (5,60 ºBrix), manjericão (2,95 ºBrix) e hortelã (3,47 ºBrix).

Na preposição do aumento de sólidos solúveis no sistema convencional e levando-se em consideração que a elevação de tais teores participa como um dos indicativos do processo de maturação dos produtos agrícolas, verifica-se então que estes produtos teriam um menor tempo de prateleiras quando comparado com os produtos do sistema de produção orgânico.

Nunes et al. (2010) avaliaram a vida útil pós-colheita de mandioquinha-salsa adquirida no comércio local de Lavras verificaram teor de sólido solúveis na ordem de 6,59 ºBrix. Grangeiro et al. (2008) em sistema de produção convencional estudaram o comportamento de diferentes genótipos de cebola em Mossoró-RN e diagnosticaram valores de sólido solúveis que variaram de 6,67 e 11,63 ºBrix em Granex 429 e Belém IPA 9, nessa ordem. Araújo et al. (2004) comparando a qualidade de diversos genótipos de cebola em cultivo orgânico em Ponto Novo-BA diagnosticaram médias de sólido solúveis que diferiram de 5,25 ºBrix no genótipo Sawana Sweet a 11,72 ºBrix em IPA 10. Lima et al. (2010) verificaram que o teor de sólidos solúveis em beterraba diferenciou entre  cultivo orgânico (7,4 ºBrix) e convencional (6,46 ºBrix). Rodrigues et al. (2006) estudaram diferentes genótipos de cebola e observaram média de 7,99 ºBrix no sistema orgânico e 8,39 ºBrix para o sistema convencional. Pereira et al. (2010) em sistema convencional obtiveram valores que variaram de 14,75 a 17 °Brix e no sistema orgânico ocorreu acúmulo máximo de sólidos solúveis estimado em 18,53 ºBrix. Resende et al. (2010) exibiram valores médios de sólidos solúveis, ao avaliar diversas cultivares de cebola que corresponderam a 11,49 °Brix no sistema convencional e 11,94 °Brix no sistema orgânico de produção.

Quando verificado o sistema de produção convencional para o atributo pH a média de menor valor foi verificado na olerícola salsão (4,93), a mesma tendência foi atribuída para o sistema orgânico com média de 5,80, no entanto, não diferiu do coentro, salsinha, cebolinha e alho porró, com médias de 5,95, 6,15, 6,25 e 6,02, respectivamente. Correlacionando o pH das olerícolas nos dois sistemas de produção, foi atribuído de forma sucinta que o sistema orgânico exibiu os maiores valores, com exceção apenas para a salsinha. Neste raciocínio, o coentro, o alho porró, manjericão e hortelã apresentaram medias semelhantes em ambos os sistemas.

Lima et al. (2010) avaliaram os aspectos de qualidade de Beterraba produzida em sistemas orgânico e convencional e verificaram valores quanto ao pH não diferiram estatisticamente, correspondendo a 6,06 no primeiro e 6,13 no segundo sistema, respectivamente. Resende et al. (2010) estimaram avaliar o pH em cultivares comerciais de cebola produzidas em diferentes sistemas de cultivo, e exibiram valores médios de 5,65 no sistema convencional e 5,67 no sistema orgânico.

Para a característica acidez titulável a olerícola salsão tendenciou a maior média ao demonstrar valor equivalente a 0,20%, mesmo assim, não diferiu estatisticamente do coentro (0,16%), cebolinha (0,18%), alho porró (0,20%) e hortelã (0,18%) quando verificado o sistema convencional. No sistema de produção orgânico as olerícolas não diferiram entre si, mesmo assim, as médias de acidez titulável apresentaram propensão de 0,08 a 0,13% em cebolinha e manjericão, sequenciadamente. De modo geral ao avaliar acidez titulável das olerícolas individualmente contrastando os sistemas, se observou que o sistema convencional foi responsável pelas maiores médias, de forma que, resultados análogos estatísticos, foram constatados apenas na salsinha e no manjericão orgânico.

Nunes et al. (2010) diagnosticaram em mandioquinha-salsa minimamente processadas, que na fase inicial de armazenamento o produto apresentou média de 0,160% de acidez titulável. Grangeiro et al. (2008) desenvolvendo pesquisa em sistema de produção convencional ao avaliar dezoito genótipos de cebola verificaram que os valores da acidez titulável diferiram na ordem de 0,19 a 0,44% nos genótipos Granex 429 e CNPH 6244. Araújo et al. (2004) estudaram os qualitativos de sólidos solúveis de diversos genótipos de cebola em cultivo orgânico em Ponto Novo-BA conferiram médias de sólido solúveis mínima de 0,16% e máximas de 0,27%. Lima et al. (2010) diagnosticaram em beterraba média de 0,96% no sistema orgânico e 0,95% no sistema convencional. Resende et al. (2010) exibiram médias de acidez titulável correspondente a 0,33% em sistema convencional e 0,27% em sistema de produção orgânico, em diferentes cultivares de cebola.

No sistema convencional o hortelã (19,97) correspondeu a menor média para a relação entre sólidos solúveis e acidez titulável, ao passo que, o alho porró (48,12) tendenciou a maior média, não diferindo estatisticamente do coentro (27,01), salsão (20,95), cebolinha (28,26) e manjericão (28,18). No sistema orgânico o alho porró foi responsável pela maior média da relação entre sólidos solúveis e acidez titulável com 66,805, neste sistema o manjericão tendenciou a menor média ao exibir 22,31, porém, não diferiu da cebolinha (33,01) e hortelã (31,17). O sistema de produção orgânico apresentou os maiores valores médio na relação entre sólidos solúveis e acidez titulável, resultados análogos quando em comparação com o sistema convencional foi verificado apenas para a cebolinha e manjericão.

Lima et al. (2010) estudaram alguns aspectos de qualidade que envolvem a cultura da beterraba produzida em sistemas orgânico e convencional verificaram valores na relação  entre sólidos solúveis e acidez titulável não diferiram estatisticamente, uma vez, que os valores corresponderam a 7,58 no primeiro e 6,79 no segundo sistema, respectivamente.

 

Conclusões

 

          Nas características morfológicas avaliadas o sistema orgânico atendeu as maiores médias nas olerícolas coentro, salsinha, salsão, alho porró e manjericão.        

          Os produtos orgânicos tenderam ao menor teor de sólidos solúveis, o que torna o sistema de produção promissor, quanto ao maior tempo de prateleira das olerícolas estudadas.

 

Agradecimentos

Agradecemos ao Conselho de Desenvolvimento Científico (CNPq) e a Fazenda HortVida pelo inestimável apoio e permissão para coleta de dados.

         

Literatura Citada

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Ilustrações: Silvana Santos