ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO SOBRE AS ATIVIDADES DAS AULAS DE
CAMPO NOS ECOSSISTEMAS RECIFAIS
Alana
Priscila Lima de Oliveira1, Monica Dorigo Correia2 e
Hilda Helena Sovierzoski3
1 Mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade
Federal de Alagoas, lanapry4@gmail.com.
2
Professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática; Grupo de
Pesquisa em Comunidades Bentônicas, Instituto de Ciências Biológicas e da
Saúde, Universidade Federal de Alagoas, monicadorigocorreia@gmail.com.
3 Professora do
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática; Grupo de
Pesquisa em Comunidades Bentônicas, Instituto de Ciências Biológicas e da
Saúde, Universidade Federal de Alagoas, hsovierzoski@gmail.com.
RESUMO
O presente
trabalho visou analisar as atividades realizadas durante um dia temático de
apresentações e exposições de materiais produzidos por alunos, a partir das aulas de
campo desenvolvidas em ecossistemas recifais, assim como identificar
as impressões dos estudantes após as apresentações na escola. A questão
ambiental foi abordada pelos alunos no material produzido como murais, maquetes
e paródias, que destacaram além das características dos recifes e dos seres
vivos estudados durante as aulas de campo, as condições de conservação e os
impactos ambientais encontrados nos locais visitados.
PALAVRAS-CHAVE:
aprendizagem;
aulas de campo; ecossistemas recifais, educação ambiental.
INTRODUÇÃO
As aulas de campo e o ensino por investigação
Pesquisas demonstram
que para a realização das aulas sobre ciências naturais e nas disciplinas relacionadas
ao meio ambiente existem dois tipos de metodologias que podem ser utilizadas: a
aula teórica expositiva e a aula prática, realizada na forma de atividades
experimentais em sala de aula, laboratório ou com aulas de campo (KRASILCHIK,
2004; SENICIATO,
2006).
O ensino por
investigação busca respostas para um determinado problema e se torna uma forma
mais interessante de estudar, saindo de um método rígido e procurando formas
mais criativas de aprendizagem. Para que haja construção dos conhecimentos científicos,
podem-se utilizar metodologias diversas e que apresentam características muitas
vezes distintas das usualmente utilizadas (GIL-PEREZ et al., 2001; CACHAPUZ et
al., 2005; AZEVEDO, 2010).
O papel do professor
na condução dessas atividades de investigação deve ser de suma importância, sendo
necessário estar atualizado com as questões científicas e inovações, buscando
sempre questioná-las e discutir sobre os assuntos na busca de uma melhoria na
prática de trabalho. A busca por atividades e metodologias que propiciem nos
alunos uma aprendizagem mais significativa, despertando neles a curiosidade
para descobrir e construir os próprios conhecimentos deve fazer parte nas aulas
das áreas de ciências e biologia (BONZANINI; BASTOS, 2009; CARVALHO, 2010).
As aulas de campo têm
sido destacadas por muitos professores como um momento em que se pode levar o
aluno da teoria à prática, utilizando os inúmeros recursos naturais que os mais
variados ambientes podem oferecer. Assuntos relacionados à ecologia e ação antrópica
no ambiente, os seres vivos com suas adaptações e classificação tem apresentado
um forte potencial na realização destas atividades práticas. Existe consenso
sobre os ganhos afetivos e o maior interesse dos alunos, especialmente no que
se referem à sensibilização das questões ambientais e de saúde (KRASILCHIK,
2004; MARANDINO et al., 2009).
A associação de várias
disciplinas voltadas para o meio ambiente tem sido relatada como algo benéfico
na realização desse tipo de atividade, sendo as aulas de campo consideradas
propícias à integração dos diversos conteúdos, seja de uma mesma série ou entre
diversas disciplinas (VIEIRA, 2005).
A
integração de experiências, atividades e acontecimentos exteriores ao ambiente
escolar como formas de dinamizar o ensino e a aprendizagem tem sido buscada por
vários profissionais da educação, dirigindo aprimorar a visão da escola como
responsável pela construção do conhecimento (MARANDINO, et al., 2010).
Paulino Filho
(2004) destacou que:
É
preciso que o trabalho que se realiza na sala de aula contribua para a
construção de competências, habilidades e atitudes nos alunos, necessárias à
sua participação na sociedade e no mundo do trabalho, de forma mais
construtiva, crítica e socialmente responsável (PAULINO FILHO et al., 2004, p.
267).
A interação com o
ambiente estudado permite ao aluno uma aprendizagem significativa, pois a aula
de campo, por levar os alunos à realidade do ambiente, configura ser uma
importante ferramenta para a formação de indivíduos comprometidos com a
preservação ambiental. Essa prática também facilita a aquisição dos conteúdos
sobre o tema em questão referente ao ecossistema recifal, sendo mais facilmente
adquiridos quando expostos para os alunos em aulas de campo, além de contribuir
para a conscientização dos mesmos frente aos problemas ambientais, o que ajudam
em iniciativas de preservação dos ecossistemas recifais (OLIVEIRA et al.,
2009; OLIVEIRA; CORREIA, 2013).
Barcelos (2010)
destacou a importância de criar novas metodologias que auxiliem a formar
espaços de convivência entre os seres humanos e os demais seres vivos, sendo essa
prática de suma importância para a educação ambiental. As aulas de campo levam
o aluno a aprender e entender a dinâmica do local estudado por meio da visita
ao ambiente, promovendo atitudes de respeito e solidariedade, desenvolvidas a
partir do conhecimento e estímulos a consciência ambiental.
Ter experiência com o
ambiente torna-se fundamental para aquisição de anseios de cuidado e
preservação pelo planeta. Estudar nos livros e na sala de aula restringe os
alunos ao encantamento e sentimento frente a tudo aquilo que uma aula de campo
pode proporcionar. As agressões que acontecem e que se observam no nosso
cotidiano devem servir de alerta para que seja ampliada a preocupação e o
desenvolvimento de uma consciência ambiental necessária para agir em benefício
da natureza (GADOTTI, 2009).
Os ecossistemas recifais
A escolha dos
ecossistemas recifais para a realização dessa pesquisa torna-se relevante
devido a grande concentração e importância ambiental que essas áreas possuem no
litoral de Alagoas. Os recifes formam ecossistemas com grande diversidade de
espécies marinhas e recursos naturais, apresentando importância ecológica,
econômica e social, além de formarem proteção para a linha de costa (CORREIA;
SOVIERZOSKI, 2005; MMA, 2007).
Entre os diferentes
tipos de ecossistemas recifais existem dois tipos que ocorrem no litoral de
Alagoas: o recife de coral e de arenito. Os recifes de coral são formações
calcárias formadas por esqueletos de corais, associados a algas calcárias, além
de outras estruturas de carbonato de cálcio como carapaças e conchas,
apresentando em geral aspecto circular ou elíptico. A estrutura dos recifes de
arenito deve-se a consolidação de antigas linhas praias ou a bancos de areia
consolidada, à custa de sedimentação com carbonato de cálcio ou óxido de ferro,
formando faixas paralelas à linha de costa (CORREIA; SOVIERZOSKI,
2009).
Existem vários impactos
ambientais que levam à degradação dos ecossistemas recifais e a destruição da
biodiversidade marinha, como a captura e comércio ilegal de invertebrados e peixes,
a descaracterização de habitats, o crescimento desordenado das cidades
acarretando a poluição costeira, além do turismo desordenado e inadequado nas áreas
recifais (AMARAL; JABLONSKI, 2005; CORREIA; SOVIERZOSKI, 2008; MMA,
2010). Esses ecossistemas apresentam lenta recuperação frente às agressões
provocadas pelo homem que podem ser constatadas facilmente (OLIVEIRA et al.,
2009; SILVA et al., 2013). Fatos como esses foram elencados por alunos do
ensino fundamental, os quais caracterizaram a biodiversidade e os impactos
ambientais existentes em dois ecossistemas recifais bastante conhecidos no
litoral de Alagoas (OLIVEIRA; CORREIA, 2013).
O presente trabalho
visou analisar os resultados obtidos a partir de atividades desenvolvidas em
aulas de campo nos ecossistemas recifais do litoral de Alagoas, região nordeste
do Brasil, as quais foram compartilhadas durante um dia temático por meio de
apresentações e exposições de materiais produzidos pelos alunos do 3º ano do
Ensino Médio, assim como identificar as impressões dos demais estudantes
visitantes após as apresentações na escola.
METODOLOGIA
Esse trabalho foi
realizado com alunos do Ensino Médio, em uma escola pública estadual no
município de São Miguel dos Campos, Estado de Alagoas. A pesquisa de caráter qualitativo
e quantitativo foi desenvolvida em forma de projetos interdisciplinares,
envolvendo as disciplinas de artes, português, biologia, geografia, sociologia
e filosofia.
Inicialmente, houve a
realização de aulas teóricas expositivas em sala de aula com a participação de
38 alunos do 3° ano do Ensino Médio, quando foram abordados os temas biomas,
ambientes e os ecossistemas recifais. Posteriormente, esses mesmos alunos participaram
de duas aulas de campo, no recife de coral da Ponta Verde no município de
Maceió e no recife de arenito do Francês, em Marechal Deodoro, ambos
localizados no litoral central de Alagoas, nordeste do Brasil (CORREIA;
SOVIERZOSKI, 2009). Durante essas aulas de campo, os estudantes realizaram
observações, anotações e obtiveram imagens do local, incluindo os seres vivos encontrados
nos ambientes mencionados.
A partir do material
obtido, foi proposto aos estudantes que eles apresentassem uma exposição na própria
escola, durante uma atividade diferenciada na forma de um dia temático, para
que os alunos das demais turmas visualizassem os trabalhos produzidos, assim
como os resultados obtidos a partir das aulas teóricas e das atividades de
campo desenvolvidas.
A atividade foi
realizada no pátio da escola, onde os alunos proporcionaram esse momento para
os demais estudantes de outros anos. As turmas visitaram a exposição uma de
cada vez, visando assim atrair maior atenção por parte dos alunos para o
entendimento da apresentação. O tema adotado para essa exposição foi “Os
ecossistemas recifais: vida e preservação”.
A turma A apresentou no dia 11 de
julho de 2012, enquanto que a turma B realizou a atividade no dia 13 de julho
do mesmo ano. Cada uma delas ficou responsável por:
v Construção de uma
maquete do recife visitado;
v Elaboração de murais
com textos e imagens obtidas nas aulas de campo;
v Criação de uma
paródia que descrevesse a atividade realizada.
Com o intuito de
valorizar o trabalho de cada turma, determinou-se para a turma A ficar
responsável por apresentar o recife de arenito do Francês, sendo que a turma B apresentou
o recife de coral da Ponta Verde. Os alunos organizaram no espaço do pátio da
escola estandes para fixação dos painéis e uma mesa para a instalação das
maquetes produzidas. Posteriormente, na sala de aula foram realizadas
entrevistas com os alunos do 3º ano que participaram de todas as atividades realizadas.
As impressões dos
alunos que visitaram as exposições foram captadas por meio de entrevistas
estruturadas e aplicadas pelos próprios alunos do 3º ano envolvidos, visando
obter uma amostra representativa das turmas visitantes. Comparou-se também a
capacidade dos alunos de outras séries em perceberem a importância do trabalho
realizado pelas duas turmas do 3º ano (MARCONI; LAKATOS, 2010).
Os dados obtidos foram
analisados e expressos em porcentagem para melhor visualização e quantificação
dos mesmos (DELIZOICOV; ANGOTI, 1994; GIL, 1999). As justificativas, quando
citadas pelos alunos durante as entrevistas, foram categorizadas após serem
efetuadas as análises de conteúdo e expressas em tabelas, de acordo com a
metodologia proposta por Bardin (2004).
RESULTADOS
Apresentação e Exposição
A turma A responsável
pela apresentação sobre o recife de arenito do Francês elaborou uma maquete
representando o referido ecossistema estudado que foi exposta de forma central
(Figura 1), entre cinco painéis com imagens desse ecossistema recifal, seres
vivos visualizados e alguns textos explicativos (Figura 2).
Figura 1: Maquete produzida pelos alunos do
3° Ano Turma A sobre o recife de arenito do Francês, localizado no litoral central
de Alagoas, Brasil.
Figura 2: Cartazes apresentados na exposição
sobre o recife de arenito do Francês, localizado no litoral central de Alagoas,
Brasil.
Com base na mesma
metodologia, os discentes da turma B criaram uma maquete do trecho visitado do
recife de coral da Ponta Verde que ficou exposta no meio do pátio para
visualização (Figura 3), além de três painéis sobre este recife com textos e imagens
obtidas durante a aula de campo em questão (Figura 4).
Figura 3: Maquete representando o recife de
coral da Ponta Verde, localizado no litoral de Maceió, Alagoas, Brasil.
Figura 4: Cartazes apresentados na exposição
sobre o recife de coral da Ponta Verde, localizado no litoral de Maceió, Alagoas,
Brasil.
Nos painéis
confeccionados prevaleceram imagens que retrataram os ecossistemas recifais
visitados, com as belezas naturais e os impactos antrópicos, alguns com
legendas explicativas detalhadas, caracterizando dessa forma a pesquisa
realizada pós-aula de campo. As maquetes foram criadas com base nos modelos das
estruturas visualizadas em cada um dos ambientes recifais, como currais de
pesca e a praia, além de seres vivos encontrados.
Os alunos das duas
turmas também criaram e apresentaram duas paródias elaboradas por eles próprios
para retratar os conhecimentos adquiridos nas aulas e atividades em campo (Quadro
1).
Quadro
1: Paródias criadas pelos alunos acerca dos ecossistemas recifais visitados.
Recife
de Arenito do Francês
Tenho uma história para te contar
De um passeio na Praia do Francês
A nossa sala venho confirmar
Todas as coisas que ali está
Vimos tantos animais
Seres que ali estavam no recife de arenito
Coro
Recifes quero visitar
Eu quero cuidar
Para que ninguém o destrua (2x)
Que habite em nós o mesmo sentimento
De preservar e de não acabar
Com as riquezas que ali existentes
Tem para nos encantar
E não podemos jogar lixo na beira do mar
Para ele não arrastar.
Oh oh oh!
Cuidar é o meu dever
Cuidar é o nosso dever
Estrela-do-mar, ouriços, algas, esponjas,
peixes todos habitam lá (4x)
|
Recife
de Coral da Ponta Verde
Aquela terça viajei com a galera pra praia
Pensei que era sonho o estudo apenas
começava
Os alunos na aula de campo estavam
concentrados, pois aquilo valia ponto
Os caras me perguntando:
E aí mano você tá legal?
Estou observando os moluscos desse local
Degradação é mal, lixo não é bom sinal
Como ajudar e preservar os recifes desse
local?
Que poluição é essa aqui
Querem admitir, agora é tarde, tarde, tarde
Qual é, os professores ensinaram
Cena após cena
Passo a passo que presenciaram
Mano foi um estudo muito legal
A gente escreveu
Tiramos foto daquele local
Na Ponta Verde e tal
Sentido ao centro 10 da manhã
Lembrei daquele momento
Vários alunos, maior carreata
E eu logo atrás, estudando os tipos de
algas
|
As paródias foram
cantadas ao final das apresentações dos painéis e maquetes pelas duas turmas e
entregues por escrito. Essas paródias revelaram a grande preocupação ambiental
que os alunos adquiriram após a realização das aulas e das atividades. Trechos
como “Recifes quero visitar, Eu quero cuidar, Para que ninguém o destrua”
da turma A e “Degradação é mal, lixo não é bom sinal, Como ajudar e
preservar os recifes desse local?” da turma B, evidenciaram que as aulas
contribuíram para o aumento da preocupação com a preservação dos recifes, demonstrando
que esses alunos passaram a se preocupar em cuidar e preservar os ecossistemas
recifais.
Análise da Participação dos Alunos
Após a realização da
exposição, os 38 alunos que estavam apresentando as produções foram
entrevistados a partir de questionários para verificar as respectivas impressões
acerca das aulas e das atividades desenvolvidas durante todas as etapas. Essas
entrevistas apresentaram um formato estruturado, onde foi possível os
estudantes responderem abertamente sobre as questões apresentadas.
Inicialmente, os alunos
do 3ª foram questionados a respeito da aprendizagem por meio da metodologia
adotada durante as aulas de campo, sendo que 100% dos participantes consideraram
ter aprendido o conteúdo abordado.
Dentre as
justificativas apresentadas pelos alunos do 3° ano que promoveram e ampliaram a
aprendizagem sobre os ecossistemas recifais, a turma A considerou ver o
conteúdo na prática como o principal aspecto positivo. Entretanto, os alunos da
turma B além de enfatizarem essa mesma resposta, também escolheram outras três
opções, como descritas abaixo na Tabela 1.
Tabela
1: Justificativas que ampliaram a aprendizagem dos conteúdos dos alunos do
3°ano durante as aulas de campo nos ecossistemas recifais.
CATEGORIAS
|
TURMA A
|
TURMA B
|
|
No de Alunos
|
%
|
No
de Alunos
|
%
|
|
Ver o conteúdo na prática
|
15
|
88
|
9
|
43
|
|
Aula diferente
|
2
|
12
|
6
|
29
|
|
Interesse nos conhecimentos abordados
|
0
|
0
|
4
|
19
|
|
Boas explicações
|
0
|
0
|
2
|
9
|
|
Total
|
17
|
100
|
21
|
100
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Na segunda pergunta
os alunos responderam sobre qual a metodologia utilizada que despertou maior preferência.
Nessa questão nenhum aluno mencionou a aula teórica, tendo-se verificado na
turma A que 82% dos alunos citaram as aulas de campo, 7% a exposição das
atividades e 11% se referiram as três metodologias empregadas. Na turma B foi
constatado que 62% dos alunos optaram pelas aulas de campo, 28% pela realização
da exposição e 10% escolheram as três metodologias utilizadas (Figura 5).

Figura 5: Caracterização da preferência dos
alunos pelas metodologias utilizadas.
A grande maioria dos
alunos de ambas as turmas afirmaram que gostaram de participar do dia temático
de exposição do material produzido após as aulas de campo. Na turma A, 94% dos
alunos afirmaram que sim, sendo que na turma B todos os alunos afirmaram que o
momento de exposição foi gratificante (Figura 6).

Figura 6: Interesse dos
alunos em apresentar um dia temático sobre o material produzido na escola a
partir das aulas de campo.
Essa questão verificou
o que os alunos julgavam ter sido mais importante durante as aulas de campo. Entre
as respostas citadas destacou-se o aprendizado e conhecimento adquirido com um
total de 79% da opinião dos alunos da turma A, sendo que outros 16% relataram a
importância da preservação e 5% citaram ver os seres no ambiente. Na turma B foi
constatado que 45% dos alunos destacaram o aprendizado e conhecimento, 35% optaram
por ver os seres no ambiente, 8% indicaram a preservação do ambiente e 12% citaram
outras opções (Figura 7).

Figura 7: Relação dos itens mais importantes constatados
pelos alunos durantes as aulas de campo.
Quando os alunos
foram questionados se conheciam os ecossistemas recifais visitados antes da
realização das aulas de campo em questão, pode-se verificar que 59% dos alunos
da turma A nunca haviam estado nos referidos ambientes, tendo-se encontrado um
maior número de alunos, representado por 76% na turma B (Figura 8).

Figura 8: Conhecimento dos
locais visitados antes da realização das aulas de campo.
Entre os alunos que
já tinham estado nos ecossistemas recifais visitados todos afirmaram que após a
realização das aulas de campo, a visão sobre esses ambientes havia sido
modificada, sendo que a maioria das duas turmas destacou a importância da
preservação do ambiente como principal motivo para a mudança de visão. Também
foi citado em menor número uma maior cautela com relação aos recifes e o
conhecimento do local (Figura 9).

Figura 9: Motivos para mudança de visão com
relação aos recifes.
Entrevistas com os Alunos Visitantes
Os alunos que
assistiram e visitaram a exposição no pátio da escola também foram
entrevistados, os quais incluíram um total de 46 estudantes ouvidos. Com base
nas respostas desses constatou-se que a maioria afirmou identificar a
importância dos recifes e que tais ambientes não estavam preservados. Demonstraram
interesse em ter aulas de campo, sendo que somente uma pequena porcentagem já
tinha participado de aulas de campo, porém a maioria afirmou aprender muito
melhor o conteúdo por meio da aula de campo (Tabela 2). Esses resultados foram bastante
positivos, pois com base nas apresentações expostas pelos alunos dos 3º anos, os
dados obtidos demonstraram que os mesmos atingiram o objetivo e ampliaram o
conhecimento dos alunos visitantes sobre os ecossistemas recifais.
Tabela
2: Opinião dos alunos visitantes à exposição apresentada pelo 3º Ano sobre
Ecossistemas Recifais.
Categorias
|
% Sim
|
% Não
|
+ ou -
|
Importância dos Recifes
|
89
|
11
|
0
|
Preservação dos Recifes
|
24
|
67
|
9
|
Interesse por Aulas de Campo
|
98
|
0
|
2
|
Participação em Aulas de Campo
|
30
|
70
|
0
|
Aprendizagem por meio da Aula de Campo
|
98
|
0
|
2
|
Os alunos que
afirmaram que gostariam de participar de aulas de campo deram como
justificativa vários fatores, como o local diferente para visitação, facilidade
de aprender o conteúdo vendo “ao vivo”, entre outros. Ao todo foram quatro
motivos elencados, os quais foram categorizados e expressos na Tabela 3.
Tabela
3: Motivos para a ida a campo segundo os alunos das turmas visitantes na
exposição.
Categorias
|
Quantidade
|
%
|
Aula diversificada
|
9
|
20
|
Incentivo a preservação
|
3
|
7
|
Conhecimento prático
|
6
|
13
|
Melhorar a aprendizagem
|
18
|
40
|
Não justificaram
|
9
|
20
|
Total
|
45
|
100
|
Os alunos que já
tinham estado em aulas de campo relataram algumas das disciplinas nas quais os
professores os levaram para realização dessas atividades, as quais na grande
maioria envolveram disciplinas que eram ligadas às Ciências Naturais (Tabela
4).
Tabela
4: Disciplinas relatadas pelos alunos visitantes nas quais participaram de
atividades de campo.
Categorias
|
Quantidade
|
%
|
Ciências Naturais
|
7
|
63
|
Geografia
|
1
|
9,5
|
História
|
1
|
9,5
|
Português
|
2
|
18
|
Total
|
11
|
100
|
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
A partir do material
produzido e exposto pelos alunos das duas turmas do 3º ano pôde-se perceber que
por meio das aulas de campo realizadas, esses alunos demonstraram interesse em
obter mais informações para apresentar o tema estudado da melhor forma
possível. Nos painéis confeccionados prevaleceram imagens que retrataram os
ecossistemas recifais visitados, com as belezas naturais e os impactos
antrópicos, alguns com legendas explicativas detalhadas, caracterizando dessa
forma a pesquisa realizada. As aulas de campo serviram também como marco
inicial para os alunos buscarem e estudarem mais sobre os ambientes recifais e
os seres vivos observados. Diversos autores demonstraram que a ida a campo
estimulou a busca pelo conhecimento e que a aula aplicada por meio dessa
metodologia incentiva a aprendizagem dos alunos (VIEIRA, 2005; SENICIATO, 2006;
OLIVEIRA et al., 2009; OLIVEIRA; CORREIA, 2013).
Nas maquetes, os
alunos recriaram os modelos das estruturas visualizadas em cada um dos
ambientes recifais, como currais de pescas e a praia, além de seres vivos
encontrados. A forma de apresentação das mesmas chamou bastante atenção já que
os estudantes demonstraram segurança ao produzirem as maquetes com detalhes. Paulino
Filho (2004) destacou que o estímulo para a produção de material pelos alunos deve
ser de suma importância no processo ensino-aprendizagem, como foi observado no presente
trabalho.
As paródias
produzidas pelos alunos apresentaram a preocupação com o ambiente após a
realização das aulas, além de destacarem a visualização dos diversos seres
vivos encontrados. As atividades relacionadas à educação ambiental, segundo Barcelos
(2010) quando realizadas fora da sala de aula, podem trazer vários benefícios,
sendo consideradas boas alternativas para serem empregadas e implementadas na ampliação
desse contexto educativo.
Em ambas as turmas
todos os alunos consideraram ter aprendido o conteúdo ministrado e evidenciaram
como aspecto mais importante para as justificativas apresentadas, o fato de ter
visto o conteúdo de forma prática durante as aulas de campo. Muitos
pesquisadores têm destacado que estudar determinados conteúdos de maneira mais
prática levou os alunos a uma aprendizagem mais significativa (AZEVEDO, 2010;
CACHAPUZ et al., 2005; CARVALHO, 2010; CARVALHO; GIL-PEREZ, 2011). O segundo
aspecto mais citado foi com relação à aula de campo ser uma forma diferente de
passar os conteúdos, saindo da forma tradicional de apresentação teórica dos
conteúdos. Krasilchik (2004) e Marandino et al. (2009) afirmaram que o uso de
metodologias diferentes no ensino de disciplinas nas áreas de ciências atraem a
atenção dos alunos, promovendo assim resultados mais favoráveis no processo
ensino-aprendizagem, fato comprovado no decorrer dessa pesquisa.
A maioria dos alunos
mencionou as aulas de campo como a atividade que mais gostaram durante todo o
processo realizado, justamente por ser algo novo para eles, sendo uma forma
diferente de ensino quando comparada a habitual aula teórica. Estudos demonstraram
que os alunos ficaram bem receptivos no emprego de atividades de campo como
metodologia de ensino (OLIVEIRA; CORREIA, 2013).
O envolvimento dos
alunos, observado na realização das atividades propostas e os resultados
obtidos em termos de aprendizagem evidenciou que as atividades em conjunto,
aulas de campo, pesquisa e apresentações levaram a construção do conhecimento ampliado
como destacado por Paulino Filho (2004).
Grande parte dos
alunos envolvidos destacou que desconheciam os recifes estudados antes da
realização das aulas de campo, apesar da proximidade dos locais escolhidos.
Aqueles alunos que já conheciam modificaram a visão com relação aos
ecossistemas visitados, pois passaram a vê-los de forma mais criteriosa,
pensando em uma forma de preservação e percebendo a importância que esses
ambientes representam. Gadotti (2009) afirmou que a educação é responsável pela
formação de cidadãos conscientes com o meio ambiente, como comprovado com a
realização desse trabalho. Esse fato proporcionou aos alunos verem com outros
olhos o ambiente que os rodeia e mesmo aqueles que já o conheciam foram capazes
de perceber que os recifes são muito mais do que estruturas no ambiente
costeiro, pois apresentam uma grande importância ecológica, sendo que a
manutenção do equilíbrio desses ambientes depende em muito da ação de cada
individuo quando usufrui tais locais.
As imagens negativas
que retrataram as agressões ambientais chamaram mais atenção do que as
positivas, demonstrando que a exposição também serviu para despertar nos alunos
visitantes a preocupação com o ambiente em questão, assim como a necessidade do
uso sustentável dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente.
Oliveira et al. (2009) destacaram que a participação de alunos e professores em
pesquisas sobre os ecossistemas recifais, os tornou mais curiosos sobre o tema,
levando-os a querer conhecer melhor esse ambiente costeiro e como melhor preservar.
Acredita-se que a exposição tenha levado os alunos visitantes a refletirem
sobre o estado de conservação dos ecossistemas recifais brasileiros, em
especial os alagoanos, servindo como uma sementinha na busca por atitudes mais
conscientes para preservação da natureza como um todo.
Os alunos visitantes
da exposição também demonstraram grande expectativa com relação a atividades de
campo. Eles relataram também que por meio dessa metodologia o aluno aprende com
mais facilidade. Atividades de investigação e que buscam a construção do
conhecimento pelo aluno, como a utilizada na presente pesquisa, tem sido
destacadas como fundamentais no processo de ensino-aprendizagem (CACHAPUZ, et
al., 2005).
Os professores
precisam investir nessa forma de trabalhar, considerando todas as áreas além
das relacionadas às ciências, pois todas as disciplinas dispõem de metodologias
para realizar atividades práticas. Apesar disso, como evidenciado no decorrer
desse trabalho, foi constatado que grande parte dos professores que realizam
aulas de campo pertencem as áreas das ciências (MARANDINO et al., 2009).
REFERÊNCIAS
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da biodiversidade marinha e costeira no Brasil. Revista Megadiversidade,
1 (1), 43-51, 2005.
AZEVEDO, M. C. P. S. Ensino por investigação:
problematizando as atividades em sala de aula. In: CARVALHO, A. M. P. (Org.). Ensino
de Ciências: unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Cengage Learning, 1-19,
2010.
BARCELOS, V. Educação ambiental: sobre
princípios, metodologias e atitudes. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
BARDIN, L.. Análise de conteúdo. 3 ed.
Lisboa: Edições, 2004.
BONZANINI, T. K.; BASTOS, F. Formação
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