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ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 42) SOCIEDADE, NATUREZA E AS ALTERNATIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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UNIVERSIDADE TIRADENTES

 

SOCIEDADE, NATUREZA E AS ALTERNATIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

Wesley Alves dos Santos

Universidade Federal de Sergipe – UFS

linho26@bol.com.br

 

 

RESUMO

 

Nos últimos anos as discussões sobre o meio ambiente tem sido tema de grande interesse científico, inclusive no campo da educação ambiental, abordando a interdependência entre os componentes ambientais e sociais. Dessa forma se faz necessário à sociedade assumir o seu papel e conscientizar-se da necessidade de uma maior participação referente às práticas ambientais como meio de preservação e conservação do meio ambiente, promovendo cidadania para garantir as gerações futuras melhor qualidade ambiental. A pesquisa teve como objetivo fazer uma reflexão da Relação da sociedade com a natureza e as alternativas da educação ambiental. Esse estudo foi realizado através de uma revisão de literatura. Para o seu desenvolvimento fez-se necessário trabalhar algumas categorias como; Meio Ambiente, Sociedade, Educação Ambiental. Através dessa análise foi possível alcançar o objetivo proposto.

 

Palavras chaves: Meio ambiente. Educação Ambiental. Sociedade.

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

Desde os primórdios muitas sociedades humanas, que se tornaram hegemônicas em diferentes épocas, buscavam acumular riquezas. Esse fato se deve a preocupação que o homem tivera com a sua sobrevivência na terra. Assim, buscou-se utilizar-se de todos os recursos ambientais à sua volta. Quando estes rareavam, a maioria expandia-se geograficamente na busca por mais recursos, disseminando-se pelo mundo.

A prepotência e a arrogância com que o homem tratava o seu meio tornava-o cego e obvio: os recursos ambientais são finitos, limitados e estão dinamicamente inter-relacionados.

Os primeiros grupos humanos, providos de ferramentas mais simples, relacionavam-se com o ambiente de maneira menos predatória. Em sua luta pela sobrevivência, a humanidade produziu e aperfeiçoou inúmeros instrumentos, aumentando o domínio sobre a natureza e transformando o espaço.             

Diversos momentos e processos da história humana contribuíram para isso, como, por exemplo, o desenvolvimento da agricultura, do comércio, da ciência e indústria, além do crescimento populacional e demográfico. O espaço geográfico é que se apresenta como um conjunto indissolúvel, resultado de fenômenos naturais e ações humanas, implicando, portanto, uma série de ações naturais e sociais.

Para a recessão desta situação, após centenas de anos de descaso com a natureza, o homem percebeu a necessidade de repensar seu modelo de estratégica de crescimento econômico e desenvolvimento social. Ao fazê-lo decidiu criar meios para reverter à exploração não planejada de tempos pretéritos de seus recursos ambientais. 

Às transformações naturais são enormes e, atualmente, atingem praticamente toda a terra. Mesmo os lugares que eventualmente não foram tocados ou aqueles que o foram apenas parcialmente são objeto de especulação e dominação econômica, e política.           

Esse artigo propõe uma reflexão teórica acerca da relação da sociedade com a natureza. Para o seu desenvolvimento fez-se necessário trabalhar algumas categorias como; Meio Ambiente, Sociedade, Educação Ambiental. Através dessa análise foi possível alcançar o objetivo proposto nesse artigo.

 

2. METODOLOGIA

 

O presente estudo tem como referenciais metodológicos, a pesquisa bibliográfica. O desenvolvimento da pesquisa consiste na leitura de autores que desenvolveram pesquisas que perpassam a temática em estudo, a fim de embasar teoricamente toda a pesquisa. Trata-se de uma abordagem onde faz uma reflexão acerca da relação da sociedade com a natureza e as alternativas para uma educação ambiental. Para o seu desenvolvimento fez-se necessário trabalhar algumas categorias pertinentes à temática abordada como; Meio Ambiente, Sociedade fundamentada em alguns autores renomados como Durkheim, Tristão, Reigota Talcott Parsons e Tamaio e etc. Através dessa análise foi possível alcançar o objetivo proposto nesse artigo.

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

A ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão maduras para a vida social tem por objetivo suscitar e desenvolver determinados números de estados físicos, intelectuais e morais que dele reclamam, por um lado, a sociedade política em seu conjunto, e por outro, o meio especifico ao qual está destinado (DURKHEIM, 1973. p.44).

Diante dos problemas de urbanização e degradação que a sociedade tem promovido, o principal sujeito afetado é a natureza vem sofrendo modificações constantemente. Diante disso, observa-se que as transformações na área pesquisada é uma problemática vivida não apenas pela natureza mais também devido à ação antrópica, ou seja, ação do homem no decorrer de séculos.

O problema da degradação ambiental faz levar a uma reflexão de possíveis amplitudes necessária ao estabelecimento de ações que promovam o desenvolvimento sustentável frente à exploração de recursos naturais e ocupação do espaço e transformação da paisagem. Para isso cabe a sociedade a repensar o modo de convivência com a natureza.

Para Durkheim (1973) o objeto da sociologia é o fato social, isto é, se impõe, coercitivamente, como uma norma jurídica ou como uma lei. Focado nesse argumento logo se faz necessário a sociedade assumir o seu papel e alavancar essa temática. Assim, observa-se que “a educação ambiental, entendida como socialização do homem com a natureza, é o mecanismo básico de constituição dos sistemas sociais e de manutenção e perpetuação dos mesmos, em formas de sociedades, e destaca que sem a socialização, o sistema social é ineficaz de manter-se integrado, de preservar sua ordem, seu equilíbrio e conservar seus limites” (TALCOTT PARSONS, 1964. p. 72)

Tanto para Durkheim como para Parsons, os princípios básicos que fundamentam e regem ao sistema social são: continuidade, conservação, ordem, harmonia e equilíbrio ambiental. Estes princípios regem tanto no sistema social, como nos subsistemas.

Ainda, na percepção dos dois autores, a educação ambiental não é um elemento para a mudança social, e sim , pelo contrario, é um elemento fundamental para a conservação e funcionamento do sistema socioambiental.

Com isso, observa-se que o equilíbrio ambiental é o fator fundamental do sistema social e para que este sobreviva é necessário que os indivíduos que nele ingressam assimilem e internalizem os valores e as normas que regem seu funcionamento.

O solo, as águas, a fauna e a flora estão sujeitas às várias formas de exploração com fins de atender as necessidades humanas. Em conseqüência disso, a ameaça de extinção dos ecossistemas circunda as gerações futuras devido à utilização desmedida dos recursos naturais pelo homem. Ao longo dos anos, a falta de um planejamento adequado levou a uma corrida exagerada para a exploração destes recursos, cuja renovação não acompanhou o ritmo intenso da produção, alcançando um limite que não é mais possível controlar, ocasionando na degradação dos ecossistemas.

A perda em massa da diversidade biológica interfere diretamente na capacidade de regeneração da vida. Quando uma espécie é extinta, não há retorno. Perde-se para sempre sua contribuição ao equilíbrio do ecossistema.

Dentre os impactos causados à biodiversidade na Amazônia brasileira, por exemplo, destacam-se dois principais: a extração de madeira e a pecuária. Nos outros estados não é diferente, a transformação da paisagem é cada dia visível. A especulação imobiliária tem sido um fator muito importante na transformação da paisagem.

A necessidade da preservação ambiental ensejou o desenvolvimento de legislação ambiental em muitos países principalmente no cunho ambiental. Entretanto, esta é, muitas vezes, apenas voltada para os aspectos sanitários ou de preservação da paisagem, da fauna, do ar e da água, sem contar com uma abordagem abrangente da questão ambiental, que é uma teia não passível de fragmentação, Silva (2002) observa que a proteção ambiental tem sido inserida em algumas constituições búlgara. Ressalva que, no entanto que a constituição portuguesa deu ao tema tratamento mais correto, correlacionando-o com o direito fundamental à vida, o mesmo tem feito o legislador brasileiro de 1988 (SILVA, 2002).

No que se refere às proteções do meio ambiente, a Constituição Brasileira no seu artigo 225 trata de vários aspectos, dedicando, como nunca antes, um capítulo específico a respeito da educação ambiental onde garante a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum da população e essencial à qualidade de vida, impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações. Segundo a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999 nos artigos Art. 1o entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Já no Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

A reflexão acerca da importância do meio ambiente não deve estar restrita somente ao aspecto como o social, o econômico, o político e o cultural. O meio ambiente é um tema muito amplo e podem ser relacionados aos mais diversos ramos do conhecimento, como a Economia, a Administração, as ciências Sócias e a Engenharia, entre outros. Além disso, podem-se observar os problemas ambientais pelos quais o planeta está passando, como a desertificação, o efeito estufa, a irregularidade das chuvas, o desaparecimento de espécies da fauna e da flora e a disputa pelo acesso ao patrimônio genético, não podem ser solucionado com uma ciência específica (SILVA 2002).

Sorrentino (1998) chama a atenção para a necessidade de se articularem ações de educação ambiental baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação e práticas interdisciplinares.

Entende-se, portanto, que a educação ambiental é condição necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente, o que, no dizer de Tamaio (2000) se converte em "mais uma ferramenta de mediação necessária entre culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais para a construção das transformações desejadas". O educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza.

Na Rio 92, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global coloca princípios e um plano de ação para educadores ambientais, estabelecendo uma relação entre as políticas públicas de educação ambiental e a sustentabilidade. Enfatizam-se os processos participativos na promoção do meio ambiente, voltados para a sua recuperação, conservação e melhoria, bem como para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

O caminho a ser desenhado passa necessariamente por uma mudança no acesso à informação e por transformações institucionais que garantam acessibilidade e transparência na gestão. Existe um desafio essencial a ser enfrentado, e este está centrado na possibilidade de que os sistemas de informações e as instituições sociais se tornem facilitadores de um processo que reforce os argumentos para a construção de uma sociedade informada.

 A noção de sustentabilidade implica, portanto, uma inter-relação necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de desenvolvimento (JACOBI, 1997). Nesse contexto, segundo Reigota (1998), a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Para Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básica para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente. A relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se intensificam.

As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória e geradora de desigualdades, que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis.

O desafio é, pois, o de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva holística de ação, que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo em conta que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o homem.

Para Sorrentino (1998), os grandes desafios para os educadores ambientais são, de um lado, o resgate e o desenvolvimento de valores e comportamentos (confiança, respeito mútuo, responsabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa) e de outro, o estímulo a uma visão global e crítica das questões ambientais e a promoção de um enfoque interdisciplinar que resgate e construa saberes.

Quando nos referimos à educação ambiental, situamo-nos em contexto mais amplo, o da educação para a cidadania, configurando-a como elemento determinante para a consolidação de sujeitos cidadãos. O desafio do fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretiza-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres, e de se converter, portanto, em ator co-responsável na defesa da qualidade de vida.

O principal eixo de atuação da educação ambiental deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas. Isto se consubstancia no objetivo de criar novas atitudes e comportamentos diante do consumo na nossa sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI, 1997). A educação ambiental é atravessada por vários campos de conhecimento, o que a situa como uma abordagem multirreferencial, e a complexidade ambiental (LEFF, 2001) refletem um tecido conceitual heterogêneo, "onde os campos de conhecimento, as noções e os conceitos podem ser originários de várias áreas do saber" (TRISTÃO, 2002: p. 123-129).

A escola participa então dessa rede "como uma instituição dinâmica com capacidade de compreender e articular os processos cognitivos com os contextos da vida" (TRISTÃO, 2002: p. 126-134). A educação insere-se na própria teia da aprendizagem e assume um papel estratégico nesse processo, e, parafraseando Reigota, podemos dizer que “a educação ambiental na escola ou fora dela continuará a ser uma concepção radical de educação, não porque prefere ser a tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nossa época e nossa herança histórica e ecológica exigem alternativas radicais, justas e pacíficas” (REIGOTA, 1998. p.43).

 E o que dizer do meio ambiente na escola? Tomando-se como referência Vigotsky apud Tamaio (2000) pode-se dizer que um processo de reconstrução interna (dos indivíduos) ocorre a partir da interação com uma ação externa (natureza, reciclagem, efeito estufa, ecossistema, recursos hídricos, desmatamento), na qual os indivíduos se constituem como sujeitos pela internalização de significações que são construídas e reelaboradas no desenvolvimento de suas relações sociais.

A educação ambiental, como tantas outras áreas de conhecimento, pode assumir, assim, "uma parte ativa de um processo intelectual, constantemente a serviço da comunicação, do entendimento e da solução dos problemas" (VIGOTSKY, 1991: p. 148-156). Trata-se de um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados, que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. Assim, a escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte componente de uma realidade mais complexa e multifacetada. O mais desafiador é evitar cair na simplificação de que a educação ambiental poderá superar uma relação pouco harmoniosa entre os indivíduos e o meio ambiente mediante práticas localizadas e pontuais, muitas vezes distantes da realidade social de cada aluno.

Cabe sempre enfatizar a historicidade da concepção de natureza que segundo Carvalho (2001), o que possibilita a construção de uma visão mais abrangente (geralmente complexa, como é o caso das questões ambientais) e que abra possibilidades para uma ação em busca de alternativas e soluções. Daí surge alguns questionamentos: como se relaciona educação ambiental com a cidadania? Cidadania tem a ver com a identidade e o pertencimento a uma coletividade. A educação ambiental como formação e exercício de cidadania refere-se a uma nova forma de encarar a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens.

Dessa forma a educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária. E o que tem sido feito em termos de educação ambiental? A maioria das atividades é feitas dentro de uma modalidade formal. Os temas predominantes são lixo, proteção do verde, uso e degradação dos mananciais, ações para conscientizar a população em relação à poluição do ar. A educação ambiental que tem sido desenvolvida no país é muito diversa, e a presença dos órgãos governamentais como articuladores, coordenadores e promotores de ações é ainda muito restrita.

A educação ambiental para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de sociabilidade baseada na educação para a participação do processo de conservação do meio ambiente.

Atualmente o desafio de fortalecer uma educação ambiental convergente e multirreferencial é prioritário para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de se enfrentar concomitantemente a degradação ambiental e os problemas sociais. Assim, o entendimento sobre os problemas ambientais se dá por uma visão do meio ambiente como um campo de conhecimento e significados socialmente construído, que é perpassado pela diversidade cultural e ideológica e pelos conflitos de interesse.

A ênfase deve ser a capacitação para perceber as relações entre as áreas e como um todo, enfatizando uma formação local/global, buscando marcar a necessidade de enfrentar a lógica da exclusão e das desigualdades. Nesse contexto, a administração dos riscos socioambientais coloca cada vez mais a necessidade de ampliar o envolvimento público por meio de iniciativas que possibilitem um aumento do nível de consciência ambiental dos moradores, garantindo a informação e a consolidação institucional de canais abertos para a participação numa perspectiva pluralista.

A educação ambiental deve destacar os problemas ambientais que decorrem da desordem e degradação da qualidade de vida nas cidades e regiões. À medida que se observa cada vez mais dificuldade de manter-se a qualidade de vida nas cidades e regiões, é preciso fortalecer a importância de garantir padrões ambientais adequados e estimular uma crescente consciência ambiental, centrada no exercício da cidadania e na reformulação de valores éticos e morais, individuais e coletivos, numa perspectiva orientada por meio da educação cumprindo seu papel social.

 

5. CONCLUSÃO

 

O complexo processo de construção da cidadania no Brasil, num contexto de agudização das desigualdades, é perpassado por um conjunto de questões que necessariamente implica a superação das bases constitutivas das formas de dominação e de uma cultura política calcada na tutela. O desafio da construção de uma cidadania ativa configura-se como elemento determinante para constituição e fortalecimento de sujeitos cidadãos que, portadores de direitos e deveres, assumam a importância da abertura de novos espaços de participação. Diante disso a educação ambiental, como componente de uma cidadania abrangente, está ligada a uma nova forma de relação ser humano/natureza, e a sua dimensão cotidiana leva a pensá-la como somatório de práticas e, conseqüentemente, entendê-la na dimensão de sua potencialidade de generalização para o conjunto da sociedade. Assim, as práticas ambientais só serão possíveis se estiver inserida no contexto de valores sociais, mesmo que se refira a mudanças de hábitos cotidianos o que é possível através da escola cumprindo seu papel social por meio da educação.

 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos