A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA
UM MANEJO CORRETO DO SOLO: PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES DO MUNICÍPIO DE
JABOTICABAL/SP
Luciana Aparecida
Barbieri da Rosa, Adilson
Carlos da Rocha, Francies Diego Motke, João
Fernando Zamberlan, ClandiaMaffini Gomes, Aline Andressa Bervig
1Administradora,
Mestranda em Administração de Empresas, Universidade Federal de Santa Maria, lucianaaparecidabarbieri@yahoo.com.br
2Administrador,
Especialista em Educação Ambiental, Mestrando em Administração de Empresas,
Universidade Federal de Santa Maria, adilson28@hotmail.com
3Graduando
em Administração de Empresas, Universidade Federal de Santa Maria,
fdmotke@gmail.com
4Engenheiro
Agrônomo, Pós-Doutorando em Administração de Empresas, Universidade Federal de
Santa Maria, jfzamberlan@gmail.com
5Administradora,
Doutora em Administração de Empresas, Universidade de Santa Maria, clandiamg@gmail.com
6Geógrafa, Mestranda em
Geografia e Geociências, Universidade Federal de Santa Maria,
alinebervig@gmail.com
Resumo
O estudo buscou avaliar a percepção dos agricultores frente ao solo em relação à
Educação Ambiental. O instrumento de pesquisa
utilizado foi um questionário aos agricultores com o intuito de diagnosticar a
percepção desse público-alvo sobre os eixos temáticos Meio Ambiente, Solos e
Educação Ambiental. Os resultados apontam que,
partes dos entrevistados não dão importância para o meio ambiente e
conseqüentemente para o solo, vendo-o de como uma forma única de exploração.
Entretanto, devem-se implantar programas de Educação Ambiental em diversos
órgãos públicos e privados conscientizando toda a população para os problemas
ambientais que nos acomete atualmente.
Palavras Chave: Gestão Ambiental, Ensino
do Solo, Educação Ambiental.
1. Introdução
O solo é um
recurso natural, que resulta da interação entre a litosfera, a atmosfera, a
hidrosfera e a biosfera, sendo o seu material de origem, as rochas, que através
do processo de intemperização sofre alterações dando origem aos diferentes
tipos de solos.
A conservação
do solo tem por finalidade proteger e aumentar o tempo de cultivo que este pode
proporcionar, saciando as necessidades humanas, assegurando, assim, a
manutenção e sua qualidade. Conforme Almanaque Brasil (2008), entende-se por
práticas conservacionistas aquelas medidas que visam conservar, restaurar e
melhorar a qualidade do solo. A adequação da fertilidade e o controle da erosão
estão entre as mais importantes práticas para a conservação dos solos
brasileiros. Atualmente, o sistema de plantio direto, que se expande por todas
as regiões agrícolas do país é uma das tecnologias mais adequadas eficientes
para reduzir a erosão, manter a matéria orgânica, a fertilidade do solo e
principalmente contribui significativamente na fixação do carbono.
Buscando a
melhoria desse recurso natural, adentra a Educação Ambiental, que segundo Grun
(2006), não é algo assim tão novo. Ela consolidou-se como uma preocupação no
âmbito da educação há aproximadamente duas décadas. A emergênciada crise
ambiental como uma preocupação específica da educação foi precedida de uma
certa ecologização das sociedades. Essa ecologização começou no momento em que
o ambiente deixou de ser assunto exclusivo de amantes da natureza e se tornou
um assunto da sociedade civil ampla. Nesse sentido, tem-se como um problema de
pesquisa a não percepção dos agricultores sobre os solos, seus diversos usos e
características inter-relacionadas com o meio ambiente e conseqüentemente a Educação
Ambiental.
O objetivo
desse trabalho foi avaliar a percepção dos agricultores frente ao solo em relação
à Educação Ambiental, para que através dessa avaliação se possa intervir e
propor práticas educativas, para que tome consciência de que o solo é um
recurso natural disponível para ser explorado com cautela e para que possa
servir de recurso para as futuras gerações.
2. Revisão
2.1 Educação Ambiental
2.1.1 Definições e
características
Nas palavras de Sato
(2004, p. 23), “a primeira definição internacional de Educação Ambiental foi
adotada em 1971 pela Internacional Union for the Conservation of Nature
(IUNC)”.
No ano de 1977 em Tbilisi,
na Geórgia (ex-URSS), realizou-se o Primeiro Congresso Mundial de Educação
Ambiental, apresentando os primeiros trabalhos que estavam sendo desenvolvidos
em vários países (REIGOTA, 2006, p. 16).
A Conferência
Intergovernamental de Tbilisi, definiu que:
A
Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e classificação
de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as
atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre
os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental
também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que
conduzem para a melhoria da qualidade de vida (SATO, 2004, p. 23).
De acordo com a Lei nº 9.605, de
12/02/1998, define educação ambiental como: os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A educação e a educação
ambiental em particular, baseadas nos paradigmas da globalidade (pensamento
global e ação local e pensamento local e ação global), no diálogo das culturas,
saberes e gerações, são condições fundamentais da pós-modernidade de
resistência (REIGOTA,1999).
A educação ambiental deve
ser vista como um processo de aprendizagem permanente que busca as diversas
formas de conhecimentos dos cidadãos com consciência local e global.
Dentre as características
e de acordo com Carvalho (2006, p. 26), “considera educação ambiental como
prática política e social, inter-relacionando conhecimento, os valores éticos e
estéticos e a participação política do indivíduo”.
Ao longo da história foi
constante a agressão e a destruição do ambiente natural, o homem foi buscando
novos territórios, novos ecossistemas e consequentemente, se afastando da
interação biológica com os demais seres viventes. Assim, se tornou um ser a
parte no seu relacionamento com o meio ambiente.
Segundo Meyer (1994, p.
61), “no Brasil, os conservacionistas, criam em 1958, a Fundação Brasileira
para a Conservação da Natureza, “trabalhando pela conservação dos recursos
naturais.”
Em 1968 realizou em Roma
a reunião de cientistas dos países desenvolvidos com o objetivo debaterem o
consumo e as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da
populacional mundial até metade do século XXI. O Clube de Roma teve por
objetivo colocar o problema ambiental em nível mundial, e como consequência, a
Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia a
primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano (REIGOTA, 2006).
Em 1975, foi o Primeiro
Seminário Internacional de Educação Ambiental:
“……..se
redactó la Carta de Belgrado, fijando seis principales metas y las grandes
líneas de orientación para los programas de Educación Ambiental. Estos se
resumen en conocer, desarrollar la conciencia, adquirir aptitudes y actitudes,
capacidad de evaluación y participación en relación a los problemas ambientales
(VALERIAS, 2006, p. 147).
Na assembleia geral da ONU em 1983,
foi criada a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, onde foi
presidida pela primeira ministra da Noruega a Sra. Groharlem Brundtland com o
objetivo de pesquisar os problemas ambientais mundiais. Em 1989, os resultados
são publicados no “Relatório Brundtland”, onde são cunhados dois conceitos
“desenvolvimento sustentado” e “nova ordem mundial”. Foi através desse
relatório em julho de 1992, no Rio de Janeiro, ocorreu a maior reunião já
realizada na história humana, com a presença de 180 chefes de Estado e a
participação de todos os países do mundo — a Eco-92 (GRUN, 2006).
Os compromissos específicos adotados
pela ECO-92 incluem três convenções: Mudança do Clima, Biodiversidade e
Declaração sobre Florestas. A Conferência aprovou documentos com objetivos
abrangentes e natureza política: a Declaração do Rio e a Agenda 21. Ambos
endossam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável, que combina o
progresso econômico e material com a necessidade de uma consciência ecológica
(UNB, 2008).
O aspecto pós-modernidade
da ecologia está diretamente ligado com a globalização, ou seja, um conceito
amplo da problemática em seu nível global. A ecologia passa das fronteiras
nacionais e também dos discursos nacionalistas (REIGOTA, 1999).
2.2 Solo e meio ambiente
Solo é um
componente dos ecossistemas terrestres, é um meio poroso, formando um sistema
trifásico, onde possui uma fase gasosa, líquida e sólida. O solo é um produto
de complexas interações entre clima, rochas, plantas, animais, relevo e
cronologia (NISHIJIMA, 2006). Os solos formam-se a partir do intemperismo das
rochas, quando expostos a diferentes níveis de temperatura, pressão e
precipitação.
De acordo a
alguns estudos, em média um centímetro de solo leva aproximadamente de 300-400
anos para ser formado. Portanto, o adequado tratamento dado a este recurso é
primordial para sua conservação e a garantia para que as necessidades das futuras
gerações sejam asseguradas.
O solo é a
base que nos sustenta literalmente, pois é onde todas as nossas atividades ocorrem,
é onde estão construídas nossas edificações, onde produzimos os alimentos, é
onde pisamos e, portanto causamos algum impacto. O solo é o meio físico que dá
suporte e de desenvolvimento as plantas, é também uma grande caixa de água,
pois retém em seus meso e microporos uma parcela significativa da água das
precipitações. O solo também é um meio de drenagem destas águas evitando desta
forma as enchentes que inúmeros prejuízos causam, tanto nas áreas urbanas
quanto rurais.
É nos solos
que provém os alimentos que saciam a fome do mundo. Os efeitos antrópicos tem
acelerado sua depleção, pois ocorrem em uma velocidade muito maior que seu
poder de resiliência.Sendo assim seus atributos quantitativos e qualitativos,tem
sido afetados de maneira nociva, não permitindo que o mesmo se renove, causando
com isso imensos prejuízos ambientais, sociais e econômicos.
Segundo
Machado (2005), o homem sempre causou impacto ao meio ambiente, porém no século
XVIII, período da revolução industrial, é que as ações antrópicas e seus
impactos ganharam proporções globais. Cada solo suporta uma determinada
pressão, um determinado uso, e com o avanço das áreas agrícolas e urbanas, sem
a observância da aptidão intrínseca dos solos, resultaram na sua degradação. A
noção de que cada solo suporta um determinado uso e pressão, deriva de sua
variabilidade de mineralógica, física, química e morfológica (SANTOS &
REICHERT, 2006).
As atividades
agrícolas interferem na dinâmica dos solos manipulando o fluxo de energia,
ciclo hidrológico, e a dinâmica de nutrientes (SANTOS & REICHERT, 2006).
Segundo os autores, a evaporação, ciclagem de nutrientes, translocação,
decomposição de matéria orgânica ocorrem em todos os solos e os mesmos
alteram-se em função do uso e manejo adotados. Estes processos alteram a
funcionalidade dos ecossistemas (JUMA, 1999).
Estando o ser
humano, inserido no ecossistema e suas atividades dependerem dos recursos
naturais, o conhecimento das aptidões de cada solo, de suas características
intrínsecas, seus fatores de impacto e sua resiliência através de um processo
educacional são fundamentais para o desenvolvimento de uma consciência
ecológica a cerca do solo e do que o mesmo representa para a humanidade.
2.4 Educação e solos
Os solos fazem
parte do cotidiano de todos os seres humanos, porém a percepção dos conceitos a
cerca do recurso é limitado. Esta limitação contribui para que o recurso não
tenha um tratamento e manejo adequados.
A percepção
humana de sua relação com o meio ambiente é de que os recursos naturais são
dádivas e estão ali para serem usufruídos (MUGGLER, PINTO SOBRINHO &
MACHADO, 2006). Esta concepção de usufruto dos recursos ambientais é justamente
a causa do desequilíbrio e da degradação do meio ambiente e mais
especificamente falando dos solos. Segundo os autores, em geral o solo não é
reconhecido pelo papel que desempenha na vida humana e na conservação da
biodiversidade, o qual faz parte de um contexto global (APARIN & SUHACHEVA,
2002).
A educação em
solos permite que a partir do conhecimento de suas características,
morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas, os limites de resiliência dos
mesmos sejam respeitados. Bem como a concepção de que o solo é parte integrante
de um todo, fazendo parte de um processo interacional de todas as atividades
terrestres. Deste modo o solo pode ser usado como um instrumento de educação
ambiental, aumentando a percepção a cerca de sua importância para um uso
racional estando integrado a todo um contexto ambiental global.
As informações científicas e empíricas para a conscientização e
preservação ambiental dirigem um novo olhar para transformar e evoluir o
pensamento educacional, partindo de conceitos que revelam a inexperiência e
inconsequências dos maus tratos à natureza (MIRANDA, 2007).
O estudo dos
solos e dos processos relacionados ao mesmo propõe a adoção de uma nova
perspectiva de produção, uma transição para um modelo mais sustentável e menos
impactante (LUZZARDI, 2006).
Desenvolver e
sensibilizar a humanidade para a importância do solo e o valor que o mesmo
possui para a vida na terra, baseada na concepção dos princípios da
sustentabilidade através da educação ambiental pode vir a contribuir para a
formação de uma consciência pedológica (MUGGLER, PINTO SOBRINHO & MACHADO,
2006).Desta forma a educação ambiental em solos torna-se ferramenta
indispensável nesta conscientização da necessidade de ações e manejos adequados
relativos ao solo em direção a sustentabilidade.
3. Material e Métodos
O instrumento
de pesquisa utilizado foi um questionário aos agricultores, onde tais indivíduos
possuíam diversas formações. O questionário foi composto por 10 (dez) questões
fechadas aplicado a 17 (dezessete) agricultores do município de Jaboticabal
/SP.Para responder às perguntas as pessoas tiveram aproximadamente 10 minutos.
O enfoque foi
o Meio Ambiente, Solos e Educação Ambiental, com o intuito de diagnosticar a
percepção desse público-alvo sobre os eixos temáticos já citados.Os dados
coletados foram distribuídos em uma escala de três níveis: nível básico, nível intermediário
e nível avançado, onde cada um corresponde ao nível de conhecimento dos participantes
em relação a cada questão integrante do questionário. A interpretação e classificação
das respostas tiveram como base um estudo prévio bibliográfico. Respeitou-se o anonimato
e o sigilo das respostas.
4. Resultados e Discussão
Na análise de
dados demonstrados na tabela 1, pode-se perceber que os resultados obtidos na questão
n° 01 revelam que 35,25% dos entrevistados possuem uma visão
antropocêntrica sobre o Meio Ambiente, ou seja, que o homem é o dono dos
recursos naturais. Outros 23,55% têm uma visão intermediária, e 41,20% dos
participantes possuem uma visão avançada (ampla) sobre o Meio Ambiente. Esse
fato nos revela que o homem se preocupa com o meio que vive,mesmo estando
inserida em uma sociedade globalizada.
Tabela 1 – Visão sobre o
meio ambiente
Visão sobre meio ambiente
|
% Respondentes
|
Visão – antropocêntrica
|
35,25%
|
Visão – intermediária
|
23,55%
|
Visão - ampla
|
41,20%
|
Total
|
100,00%
|
O solo possui
várias funções, segundo Azevedo & Dalmolin (2006), os solos possuem funções
como drenagem, retenção de água, aeração, retenção de elementos químicos,sustentação
de obras, erosão, sustentação de plantas e aterros.
Essa abordagem
foi feita na questão n° 02, na qual 64,70% responderam que o solo é
utilizado para agricultura e35,30% visualizam as mais diversas funções do solo
tais como: suporte de obras civis,processo erosivo, drenagem, retenção de água,
aeração, retenção de elementos químicos,sustentação de plantas e aterros.
No entanto,
esses 35,30% responderam em seus questionários com alternância nas respostas,
ou seja, nesta percentagem foram compactadas diversas respostas em diversos
questionários. Percebe-se que os participantes ainda precisam ampliar seus
conhecimentos sobre a utilização do solo.
Os
participantes ao serem questionados sobre a existência de fauna no solo e sobre
a sua função na questão n° 03,não foram específicos em suas respostas,
mas 41,20% acreditam que não há vida no solo, entretanto, Aita (2006), afirma
que, o solo contém uma mistura complexa de organismos e de produtos finais
resultantes do metabolismo dos mesmos.
Os componentes
vivos do solo desempenham funções fundamentais com reflexos sobre aqualidade do
solo. Há, portanto desconhecimento sobre esse fator e 58,80% responderam que há
existência de vida no solo e conseguem relacionar essa vida com as funções
ambientais.
Sabe-se que um
solo bem manejado pode ser utilizado por um período maior. Na questão n° 04,
82,35% dos respondentes acreditam que manejo pode interferir na estrutura do
solo, os outros 17,65% acreditam que não há interferência com a ação de manejo.
Foi perguntado se no Brasil há um bom manejo do solo,47,0% responderam que não,
outros 53,0% confirmaram que o manejo pode interferir na estrutura e formação
do solo.
Conforme
Kaminski (2004), “quase230 milhões de hectares do Brasil já tiveram a sua
cobertura natural do solo eliminada ou perturbada”. Atualmente frente às novas
tecnologias, os agricultores deveriam ter um conhecimento mais amplo a respeito
dos recursos naturais que utilizam e a sua interligação com o Meio Ambiente.
Dessa maneira deveria existir também um papel mais acentuado da Educação
Ambiental num trabalho de sensibilização para o público diretamente ligado a
esses recursos.
Em relação à
infiltração do solo na questão n° 05, 11,80% dos participantes da
pesquisa acreditam que o solo desnudo (sem cobertura vegetal), são os que mais
infiltram a água para o subsolo. Já outros 88,20%têm a concepção de que o solo
com cobertura vegetal natural possui melhor drenagem.
De acordo com
a Universidade Federal de Santa Maria, o Rio Grande do Sul é dividido em 5
grandes regiões fisiográficas, onde ocorrem solos que se caracterizam pelos distintos
processos de formação, os quais são resultados das condições ambientais
atuantes em cada região, perguntado na questão n° 06, sobre a
visualização dos solos do Estado de São Paulo, 76,45% possuem uma percepção
básica dos solos, e 23,55% analisaram de forma intermediária. Percebe-se que há
uma falta de conhecimento sobre a própria região, a sua localização, clima,
impermeabilidade. Ao se perguntar sobre a visualização dos solos de Jaboticabal/SP,
82,35% possuem uma percepção básica e outros 17,65% uma percepção intermediária.
Quando
perguntado sobre a relação da Educação Ambiental com o solo (questão n° 07),
a percepção dos participantes demonstrados na tabela 2, revela que uma
significativa parcela dos respondentes não soube relacionar a Educação
Ambiental com o solo. Com isso, percebe-se que o público participante não
consegue fazer essa importante relação de conceitos, fazendo com que, haja
necessidade de implantação de programas educativos.
Tabela 2 – Relação entre
Educação Ambiental e Solo
Percepção
|
% Respondentes
|
Alta relevância
|
29,40%
|
Relevância significativa
|
41,20%
|
Não veem nenhuma relação
|
29,40%
|
Total
|
100,00%
|
Sabe-se que
florestas nativas (ou naturais), e que compõem a flora, não são bens privados,
nem bens públicos, nem bens de uso comum do povo, mas, sim, “bens de interesse comum
a todos os habitantes do País” ou bens jurídicos ambientais, de natureza
difusa.
ParaPiva
(2000), “bem ambiental é um valor difuso, imaterial ou material,que serve de
objeto mediato a relações jurídicas de natureza ambiental. Trata-se de um bem
protegido por um direito que visa assegurar um interesse transindividual, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas
por circunstâncias de fato. Se é um bem de uso comum, não há titularidade
plena, pois o uso não é individual, mas de todos”.
Quanto a
existência de florestas nativas nas propriedades pesquisadas, a tabela 3 demonstra
os resultados sobre a opinião dos respondentes
Tabela 3 – Existência de
floresta nativa nas propriedades pesquisadas
Questão 8
|
% Respondentes
|
Existência de floresta
nativa (natural)
|
70,60%
|
Não há floresta nativa
na propriedade
|
23,55%
|
Não souberam responder
sobre a existência
|
05,85%
|
Total
|
100,00%
|
E, por fim, ao
se perguntar na questão n° 09, se os agricultores conheciam as leis ambientais,
64,70% responderam de forma positiva, ou seja, que conheciam a legislação, já
os outros 35,30% afirmaram que não tinham o conhecimento da legislação.
Ressalta-se
que todos os cidadãos deveriam conhecer sobre a legislação ambiental, pois,
quando se trata do contexto da vegetação (floresta nativa), o Art. 1° do“novo”
Código Florestal (1965) revela a existência de um regime jurídico muito
peculiar às florestas (nativas) e demais formas de vegetação (natural), que é a
sua instituição como “bens de interesse comum a todos os habitantes do País”.Cabendo,
assim, aos educadores ambientais disseminarem esses conhecimentos aos cidadãos.
Conclusões
Conforme
problema de pesquisa, o homem leigo não tem uma percepção ampla sobre o solo, o
meio ambiente e a Educação Ambiental, não fazendo uma relação entre esses fatores.
Através da realização dessa pesquisa, concluímos que realmente o homem leigo
não possui uma percepção considerável sobre o assunto. Constatamos com a
análise dos dados que em geral a visão deles é básica e em alguns casos
intermediários, a minoria é avançada.
Percebe-se
que, parte das pessoas não dá importância para o meio ambiente e consequentemente
para o solo, vendo-o de como uma forma única de exploração. Entretanto,devem-se
implantar programas de Educação Ambiental em diversos órgãos públicos eprivados
conscientizando toda a população para os problemas ambientais que nos acomete atualmente.
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