¹EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NOSSOS
SOLOS, NOSSA VIDA
“Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele
o oceano seria menor”.
Madre Teresa de Calcutá.
²Hayda Maria Alves Guimarães, ³Sandro Sidnei Vargas
de Cristo, 4Romilton Brito da Paixão & 5Antônio
Marcos Alves Santiago.
RESUMO: O objetivo deste
trabalho é
apresentar as principais ações desenvolvidas pelo Centro de Educação Ambiental:
Nossos Solos, Nossas Vida, responsável por difundir conhecimento do solo, tendo
em vista sua importância para a manutenção do ecossistema terrestre e
sobrevivência dos organismos que dele dependem. Esta difusão de conhecimento
foram para professores e estudantes do ensino fundamental e médio, alunos de
graduação e pós-graduação dos cursos de geografia, biologia e agronomia. Os
resultados obtidos foram utilizados para integração da universidade e
comunidade; como também contribuiu com a proposta curricular para o ensino de
ciência; dando uma nova visão das relações do ser humano com seu meio; ampliando
o conhecimento ambiental; com uma nova percepção ambiental; valorização da
diversidade da vida, da preservação e recuperação do meio ambiente e
compreensão do solo como componente do ambiente.
1 – INTRODUÇÃO
O solo tem de ser visto como patrimônio
de todos. No entanto, alguns não percebem essa importância, talvez por não
saberem exatamente o seu significado ou, até mesmo, por não terem o
conhecimento do que vem a ser solo.
É preciso maior atenção em relação ao
estudo do solo, pois a preservação do meio ambiente depende de uma consciência
ecológica e a formação desta requer educação. Para que isso ocorra, é
necessário que haja cidadania, ou seja, consciência de direitos e deveres
(Gadotti, 2000).
A
Educação em Solos, no âmbito formal e informal, é assim uma maneira de
oportunizar a conscientização ambiental das pessoas. Existem, por sua vez,
múltiplas formas, tempos e espaços de se educar para o meio ambiente a partir
de uma abordagem pedológica. O tratamento mais adequado e comprometido dos temas
pedológicos pode contribuir positivamente na conscientização ambiental, em
especial na compreensão da importância da conservação do solo.
Considerando-se que o
solo é um componente do ambiente natural e humano, presente no cotidiano das
pessoas, e que é familiar e significativo para todos, ele pode ser usado como
um instrumento da Educação Ambiental. Com o objetivo de trazer o significado da
importância do solo à vida das pessoas de modo a ampliar a sua percepção do
solo como parte essencial do meio ambiente, e da importância da sua conservação
e do seu uso e ocupação sustentáveis, delimita-se a educação em solos,
indissociável da educação ambiental.
O solo desempenha
funções vitais no ambiente, que se não conservado pode acarretar um
desequilíbrio ambiental diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos
ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem diretamente a interferência
humana, como os sistemas agrícolas e urbanos.
Embora a preocupação
ambiental faça parte do cotidiano das pessoas, a percepção do ambiente e seus
componentes ainda são incompletos, especialmente no que se refere ao solo.
Diante da carência de sensibilidade da maioria das pessoas frente ao solo, a
educação se faz ainda mais necessária, no sentido de se promover uma mudança de
valores e atitudes. Isto se conquista por meio da realização de trabalhos que
buscam ampliar a percepção do solo como um componente essencial do meio natural
e humano, que está extremamente presente em nossa vida.
O
Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida oportunizou professores,
alunos do ensino fundamental e médio, universitário da graduação e da
pós-graduação, sobre conhecimento das características do solo, seu papel
ambiental e importância nas nossas vidas. A contribuição técnica - científica
na criação deste centro foi pequena em relação à importância do estudo que foi
realizado, com isso uma frase pode exemplificar a ação de uma pessoa que foi
capaz, não de mudar o mundo, mas de mudar a consciência de milhões de pessoas.
2 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
2.1 - Curso de Capacitação para Professores
do Ensino Fundamental e Médio, Alunos de Graduação e Pós-Graduação.
2.1.1 – Objetivo:
O objetivo foi
capacitar professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e
pós-graduação, por meio de aulas teóricas e práticas sobre ciência do solo.
Esse curso deu aos
professores e alunos conhecimentos sobre conceitos e definições do solo, propriedades
físicas e químicas do solo, características morfológicas e classificação do
solo como também o solo na paisagem e os tipos de solo do cerrado.
Após a capacitação
estes foram designados multiplicadores do tema ciência do solo x ambiente x
proteção do meio ambiental.
2.1.2 – Algumas Considerações:
O solo
apresenta características externas próprias (morfologia) que precisam ser
estudadas e descritas com critério, uma vez que, a partir delas se tem uma
visão integrada do solo na paisagem. Algumas dessas características permitem
interferências importantes sobre sua formação e seu comportamento em relação ao
seu uso, capacidade de produzir de forma sustentada, adequação a práticas
agrícolas, propensão à erosão, salinização, desertificação etc. (Prado, 2007).
Como
recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função do uso
inadequado pelo ser humano, acarretando interferências negativas no equilíbrio
ambiental e diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos ecossistemas,
principalmente nos sistemas agrícolas e urbanos. A degradação do solo é
observada por meio de: redução da fertilidade natural e do conteúdo de matéria
orgânica; erosão hídrica e eólica; compactação; contaminação por resíduos
urbanos e industriais; alteração para obras civis (cortes e aterros);
decapeamento para fins de exploração mineral; e a desertificação e arenização. Neste
contexto, existe o desafio de contribuir para que a população adquira
consciência do solo como parte do ambiente, e que o mesmo se encontra ameaçado.
Uma das contribuições para colocar estas preocupações no cotidiano da
comunidade seria por meio da educação, promovendo a manifestação de uma
consciência em relação ao solo, revisando e (re) construindo valores e atitudes
(Muggler, 1999).
A
melhoria da qualidade do ensino de solos poderia aumentar a consciência
ambiental dos estudantes em relação a este recurso natural, o que não resolve o
problema da degradação, mas seria mais uma contribuição para a reversão deste
processo, (Lima, 2005).
O estudo dos
conceitos e definições do solo, características morfológicas, físicas e
químicas do solo, o solo na paisagem e os tipos de solo do cerrado pelos
professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação,
serve como base fundamental para a identificação do solo e sua descrição, subsidiando
com informações básicas para proteção do solo e consequentemente ao meio
ambiente.
2.1.3 – Métodos:
O curso foi realizado
para os professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e
pós-graduação. Figura 1.

Figura 1: Professores do ensino fundamental e
médio, alunos de graduação e pós-graduação no curso de capacitação sobre
solo, Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.
|
O
programa utilizado: Rochas
e minerais; solos tropicais e uso da terra, informação do relevo, clima e do
tempo na formação do solo, solo e a paisagem, morfologia do solo, propriedade
física do solo, propriedade química do solo, perfil do solo, erosão do solo,
sistema de conservação e manejo do solo, fatores limitantes do uso do solo,
aplicabilidade do solo e ambiente, solos do cerrado, visita a perfis de solo no
campo e no laboratório (demonstrativos dos solos do cerrado) e relação dos
solos com nossas vidas (meio ambiente, alimentação, ar, água etc.).
A
carga horária do curso foi de uma extensão de 32 horas.
O
método de ensino foi desenvolvido
através de aulas expositivas, complementadas com exposição didática de solos no
CEA e aula prática no campo (relevo, vegetação e perfil do solo).
O
corpo docente e bolsista foi a Professora Doutora em Agronomia: Hayda Maria
Alves Guimarães, o Professor Mestre em Geografia: Sandro Sidnei Cristo e o
Engenheiro Agrônomo Romilton Brito da Paixão e com apoio técnico científico do Bolsista:
Antônio Marcos Alves Santiago.
O
público alvo foram os professores do ensino fundamental e médio da rede
Estadual, alunos da Graduação e Pós-graduação da UFT.
2.1.4 – Resultados:
Os resultados foram positivos
sobre o ensino da ciência do solo, podendo ser observada gradualmente de acordo
com as realizações das aulas e das atividades práticas aplicadas em sala de
aula e no campo.
Os alunos apresentavam
conhecimentos básicos sobre a ciência do solo, nas aulas práticas demonstraram
dificuldades para determinar as características morfológicas do solo e os tipos
de solos encontrados no cerrado. De acordo com Prado (2007), fazer a relação entre
solo-paisagem e o conhecimento da distribuição dos solos na paisagem é de
extrema importância no levantamento dos solos. Cada região possui uma sequência
típica de distribuição de solos na paisagem.
No geral o objetivo
do curso atendeu à formação específica no desenvolvimento da capacidade de
aprender, buscar informar, analisar e caracterizar o solo no contexto prático,
objetivo e conteúdo selecionado. Além dos alunos participarem de atividades
complementares que foram aulas práticas no laboratório e no campo que serviram
como suporte ao conteúdo estudado em sala de aula, contribuindo no entendimento
da formação do solo, ambiente e proteção do meio ambiental.
Para
fazer com que os alunos compreendam os fenômenos naturais e suas
transformações, o professor deve criar situações interessantes de modo que se
articulem os conhecimentos prévios aos conceitos construídos a fim de
sistematizá-los, através de procedimentos de investigação, observação,
experimentação, comparação, debate, leitura e escrita de textos informativos,
organização de tabelas, gráficos, esquemas e textos, o levantamento de
hipóteses (suposições) e a solução de problemas. Essa proposta se dá de maneira
gradual em todo Ensino Fundamental (Falconi, 2004).
2.1.5 – Conclusões:
O curso
foi relevante para o aprendizado dos professores, observado no desenvolvimento
das atividades atribuídas em cada modulação.
Nas
atividades teóricas e práticas realizadas foram questionadas e estimuladas a
desenvolverem pesquisas juntos aos alunos do ensino fundamental e médio para
que eles possam obter contato direto com o objeto de estudo.
O
Centro Educacional: Nossos Solos, Nossas Vida contribuiu na formação dos
professores do ensino fundamental e médio, alunos de graduação e pós-graduação,
a melhorar o ensino de solos como também informações das existências de
diferentes tipos de solo e sua relação com as atividades humanas.
3 – AULAS E VISITAS
NA UNIVERSIDADE
3.1 - Alunos do Ensino
Fundamental
3.1.1 – Objetivo:
O objetivo foi
desenvolver atividades prática e trazer ao aluno informações sobre conhecimento
do solo e sua relação com as atividades humanas, através do estudo das
características física, química e morfológico dos solos do cerrado atribuído no
laboratório de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida que difunde
conhecimento do solo, que deve ser preservado, tendo em vista sua importância
para sua relação com as atividades humanas e a manutenção do ecossistema
terrestre.
3.1.2- Algumas Considerações:
O estudo
científico do solo, a aquisição e a disseminação de informações do papel que o
mesmo exerce e sua importância na vida do ser humano são condições que auxiliam
a sua proteção e conservação. No entanto, a significância e importância do solo
como parte do ambiente é frequentemente despercebida e subestimada (Fontes
& Muggler, 1999). Obviamente, a mera informação sobre o solo não permitirá
que ele seja conservado, pois a degradação dos solos e dos ambientes naturais
está relacionada a uma série de aspectos econômicos, políticos e culturais (Lima,
2005).
Ainda
assim, uma das contribuições para colocar estas preocupações no cotidiano da
comunidade seria por meio da educação, promovendo a manifestação de uma
consciência em relação ao solo, revisando e (re)construindo valores e atitudes
(Muggler et al., 2004). A melhoria da qualidade do ensino de solos no
Nível Fundamental poderia aumentar a consciência ambiental dos estudantes em
relação a este recurso natural, o que não resolve o problema da degradação, mas
seria mais uma contribuição para a reversão deste processo (Lima, 2005).
O ensino de solo é
uma maneira de informar para os alunos, a importância da preservação do
ecossistema ou do nosso bioma cerrado. Para Muggler (2007) existem, por sua
vez, múltiplas formas, tempos e espaços de se educar para o meio ambiente a
partir de uma abordagem pedológica.
Para fazer com que os
alunos compreendam os fenômenos naturais e suas transformações, o professor
deve criar situações interessantes de modo que se articulem os conhecimentos
prévios aos conceitos construídos a fim de sistematizá-los, através de
procedimentos de investigações, observação, experimentação, comparação, debate,
leitura e escrita de textos informativos, organização de tabelas, gráficos,
esquemas e textos, o levantamento de hipótese (suposições) e a solução de
problemas. Essa proposta se dá de maneira gradual em todo Ensino Fundamental
(Falconi, 2004).
O solo é de
fundamental importância para os seres vivos. Assim, é necessário que desenvolva
atividades nas escolas com este tema para que os alunos sintam-se
sensibilizados, e se preocupem com a sua preservação. Diante da carência de
estudo relacionada à importância do solo no ensino fundamental o projeto de
Educação Ambiental: Nossos solos, Nossa vida é um exemplo de que é possível
realizar atividades práticas relacionadas a este tema com os alunos das escolas
do ensino fundamental em Porto Nacional -TO.
3.1.3 – Métodos:
O trabalho teve
início em março de 2008, no Centro Educacional: Nossos Solos, Nossa Vida. Os
alunos que participaram foram do 2º ao 9º ano do ensino fundamental. Foi
realizada visita nas escolas, objetivando descrever aos diretores,
coordenadores e professores a metodologia utilizada na aplicação das atividades
no laboratório da universidade, como também definir o horário das visitas dos
alunos de cada turma e colégio.
O trabalho foi
realizado no laboratório do Centro Educacional: Nossos Solos, Nossas Vida, uma
vez por semana, com duração de 4 horas. A metodologia utilizada foi
diferenciada para cada série/ano.
Do 2° ao 5°ano, foi
utilizado texto explicativo e demonstrativo com realização de leitura pelo
professor e questionamentos com perguntas e comentários. Os textos utilizados
foram do livro de ciência de Cruz (2005). Os temas dos textos foram: toca no
solo, casa no chão, solo e vida, em um ecossistema todo se relacionam e
conservação do solo, respectivamente para cada série/ano. Figura 2.
Do 6° ao 9°ano, foi
realizada palestra no laboratório, abordando o tema Solo, utilizando banner
como apoio didático, leitura de texto complementar de Cruz (2005) como:
formação do solo, reflorestamento na correção e proteção do solo, poluição do
solo e solo modificado, respectivamente para cada série/ano e exposição de
materiais didáticos como coloteca (cor do solo), monólito (perfil do solo),
salinidade, porosidade, estrutura e erosão.
Avaliação
do entendimento e compreensão dos alunos foi realizada através dos desenhos, em
cada série/ano e os desenhos utilizados para análise foi selecionado aleatoriamente
em cada série/ano, também foram feitos comparações com os materiais didáticos
utilizados (monólito, coloteca etc.), correlacionando estes com as vivências do
dia a dia dos alunos com o solo, meio ambiente e impacto ambiental. Figura 3.

Figura 2: Alunos do ensino
fundamental visitando a Universidade e participando do curso sobre solo, no
Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.
|

Figura 3: Alunos do ensino
fundamental, visitando a universidade e participando do curso sobre solo, no
Centro de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.
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3.1.4 – Resultados:
Os alunos
do 2°,
3°, 4°, 5° e 6°anos,
descrevem nos desenhos a biodiversidade do solo, importância do solo para homem
e vegetal e a importância da conservação do solo.
Os alunos
do 7°,
8° e 9°anos, descrevem
nos desenhos a influência do homem na degradação do solo como: desmatamento,
uso e poluição. E que os mesmos obtiveram informações sobre reflorestamento, o
uso do solo com sustentabilidade e conscientização da importância ambiental.
Em cada desenho foi contextualizado pelos alunos o seu entendimento sobre o que
foi exposto no texto, podendo verificar que os alunos apresentaram entendimento
e compreensão sobre o solo.
O entendimento sobre,
biodiversidade do solo, importância do solo para homem e vegetal e a importância
da conservação do solo, estes aspectos observados foram atribuídos nos textos e
nas aulas utilizando os materiais didáticos (monólito, coloteca etc.) e
comentários realizados pelo professor, contribuindo com a educação ambiental e
consequentemente a preservação do nosso recurso natural. Para Muggler (2004), a
educação em solos e meio ambiente deve ser feita por todos nós, na nossa
prática cotidiana, que serve como exemplo e reflete o agir localmente, pensando
globalmente.
No
entendimento sobre desmatamento, uso do solo de forma desordenada e poluição do
solo, e informações sobre reflorestamento, o uso do solo com sustentabilidade e
conscientização da importância ambiental fez parte da educação ambiental
atribuída para os alunos neste trabalho. De acordo com Muggle (2004), a
educação em solos possibilita aquisição de conhecimentos e habilidades capazes
de induzir mudanças de atitude, resultando na construção de uma nova visão das
relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais
e coletivas em relação ao meio ambiente.
O
entendimento e compreensão dos alunos sobre solos foram verificados através dos
desenhos. De acordo com Lima & Carvalho (2008) as crianças não desenham
aquilo que veem, mas sim o que sabem a respeito dos objetos. Então, podemos
afirmar que representam seus pensamentos, seus conhecimentos e/ou suas
interpretações sobre uma dada situação vivida ou imaginada.
3.1.5 – Conclusões:
Para transmitir o
valor do recurso natural solo é necessário que o aluno tenha uma experiência
pessoal com o mesmo, não havendo outro caminho para ensinar sobre a importância
do solo em nossa vida. No processo de aprendizado dos alunos, estes deve obter
experiência prática que o leve a construir o conhecimento sobre a importância
da preservação do solo e caracterizar
a relação das atividades humanas e a manutenção do ecossistema terrestre.
Os relatos dos alunos
demonstraram o entendimento sobre o tema solo e sua importância para vida dos
animais, vegetais, nossas vidas, no seu cuidar do solo através das modificações
feitas pelo homem.
Os alunos
apresentam-se mais conscientes, despertando o interesse para proteger e
utilizar com sustentabilidade o solo, através da educação ambiental.
3.2 - Alunos do Ensino
Médio.
3.2.1 – Objetivo:
Objetivo deste
trabalho foi ensinar educação ambiental, com ênfase em ciências do solo,
atribuindo aula teórica e práticas, mostrando a sua importância para
preservação do meio ambiente aos alunos do ensino médio.
3.2.2 – Algumas
Considerações:
O solo é fonte de
vida, dele obtemos os nossos alimentos, construímos nosso alicerce. O solo pode
ser definido como um recurso básico que suporta toda a cobertura vegetal da
terra, sem a qual os seres vivos não poderiam existir (Bertoni & Lombardi,
1999).
No ensino médio, o
ensino de solo quando trabalhado nas escolas na maioria das vezes não desperta
o interesse dos alunos. Na educação essa desvalorização do solo se reproduz
traduzido pelo papel secundário que o conhecimento pedológico adquire tanto nos
cursos superiores como nos conteúdos da educação básica (Muggler, et al.,2006).
Diante
da importância ambiental e agrícola do solo, é fundamental incorporar essa
discussão nos níveis de ensino fundamental e médio, bem como despertar nos
professores e alunos a conscientização da educação ambiental sobre solo, partir
do conhecimento dos conceitos de solo, que por si só não resolve o problema,
mas contribui para a reversão deste processo (Jesus et al, 2008).
Sabendo a importância
do tema solo, é necessário incorporar essa discussão no ensino médio pelo fato
de que os alunos deste ciclo já tenham condições de explicar as diferentes
relações entre o solo, a água e os seres vivos. A realidade atual exige uma
reflexão na inter-relação dos saberes e das práticas pedagógicas que criam
identidades e valores, havendo a necessidade de incrementar os meios de
informação e o acesso a eles, bem como o papel indutivo do poder público nos
conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de
degradação ambiental, (Jacobi et al., 2009).
Assim, este trabalho
pode contribuir como conscientização em educação ambiental, atribuindo como alternativa
para solucionar problemas ambientais, tais como : degradação do solo no
contexto urbano e rural, e com isso formar cidadãos conscientes sobre
sustentabilidade do solo, direcionando maiores cuidados com o meio ambiente.
3.2.3 – Métodos:
O estudo foi
realizado no Centro Educacional: Nossos Solos, Nossas Vida, na Universidade
Federal do Tocantins. Neste estudo participaram quatro turmas do 1°, 2° e 3°
ano do ensino médio com 30 alunos, totalizando 90 alunos.
Os passos
metodológicos foram: aula teórica e aula prática. Na aula teórica os recursos
didáticos utilizados foram doze banners com formato de 90 x120 cm, com as informações:
classificação quanto ao tipo de solos e seu perfil do solo, atributos
morfológicos (cor, textura, cerosidade, estrutura, consistência), pH, os tipos
de solo do bioma cerrado e uso no meio rural e urbano, e a aula prática foi
realizada uma visita ao Parque Ecológico de Porto Nacional. Nesta aula, foram
interligadas as informações da aula teórica, caracterizando o bioma do
cerrado.
Após a aula teórica e
prática, foram realizadas duas atividades: um debate e produção de textos sobre
o solo e o meio ambiente. O debate foi realizado mediante um conjunto de
perguntas direcionadas, observando-se a resposta individual (aluno) e as
respostas ampliadas (contribuição dos colegas). As perguntas utilizadas foram
às seguintes: Qual a importância de conhecermos um perfil do solo, relacionando
este com educação ambiental? Quais os fatores morfológicos que podemos
relacionar com degradação do solo? O solo do nosso bioma cerrado é ácido?
Quais os vegetais nativos e adaptados nas condições do solo do cerrado? Quais
as características dos vegetais do bioma cerrado? Qual a utilização do solo no
meio urbano e no rural? No município de Porto Nacional, encontra-se área de
reserva natural? Na sua cidade existem áreas descobertas de vegetais, que estão
sujeita à erosão ou susceptível a mesma? E a produção de texto por meio do
conhecimento do estudo de solo da aula teórica, correlacionando a importância
do solo na nossa vida.
A avaliação do
conhecimento dos alunos foi realizada através de algumas perguntas e respostas
realizadas no momento do debate e produção de texto através da abordagem das
aulas, apontado no descrito: educação ambiental, proteção do solo e importância
do solo em nossas vidas.

Figura 4: Alunos do ensino
médio, visitando a universidade e participando do curso sobre solo no Centro
de Educação Ambiental: Nossos Solos, Nossa Vida.
|
3.2.4 – Resultados:
No debate e na
produção de texto, foram obtidas as seguintes respostas, relacionando:
Solo-Preocupação
Ambiental: “No
solo o homem pode plantar, construir, buscar água, extrair minério. Hoje se
fala muito em aquecimento global, desmatamento, poluição do ar, dos rios, mas e
o solo? Será que ninguém se preocupa com ele? Acho que o homem deve se
preocupar principalmente com ele, pois ele não é renovável, são grandes
plantações todo ano, muitas construções, escavações...”.
Solo-Preservação
Ambiental: “O
solo tem grande importância para nossa vida, e é preciso ser preservado. O
desenvolvimento da agricultura e a chuva têm bastante influência no nosso solo.
O homem tem utilizado o solo e não tem preservado o que pode implicar em um
desastre ecológico futuramente”.
Solo-Vida-Importância:
“O
solo a primeira vista faz parte de um conjunto natural que o homem necessita
para viver. Guerras foram travadas evidenciando sua importância, pessoas
trabalhando a vida toda para adquirir um pequeno pedaço de terra”.
Solo-Vida: “A existência dos
solos é, simplesmente, responsável pela existência de enumeras espécies de
seres vivos em nosso planeta. Pois através dele que os vegetais e os animais
retiram seus alimentos de forma direta ou indiretamente. O homem, por exemplo,
sem a existência do solo ele não sobreviveria, pois é dele que constrói a sua
moradia, extrai os alimentos dos quais necessita”.
Solos - Diferentes: “Há vários tipos de
solo, uns com fertilidades abundantes, outros com menos, mas cada um com suas
características próprias. Com a tecnologia avançada o homem tem descoberto a
cada dia maneiras novas de explorar e ao mesmo tempo desvantagem, pois a
poluição é um dos principais fatores na contaminação dos solos”.
Solos-Alimentos: “O solo é a razão
de tudo sobre o nosso planeta, é claro que são vários tipos de solos, tem solo
fértil que não depende de fertilizante para produzir, já tem outros que dependem
de adubo. Eu tenho experiência porque na minha chácara o solo tem muita areia e
depende de adubo pra cultivar determinado tipo de cultura, por exemplo, o
milho, o arroz e o feijão não dão sem adubo, já a mandioca, a batata e o
amendoim não depende de adubo”.
Solo-Poesia: “Eu vivo porque
planto,
E sobrevivo porque como,
Eu
sou feliz porque “tenho um solo pra plantar.”
A avaliação do
conhecimento dos alunos utilizando através de investigação, realizada no
momento do debate e dos relatos observados nos textos, sobre solo e sua
importância em nossas vidas, foi positivo deixando os alunos à vontade e com
isso demonstraram conhecimentos em relação ao tema, após a aula teórica e
prática. Esta forma de avaliação está de acordo com o descrito por Reyzabal
(1996), às vezes quando recebo um grupo de alunos, faço uma avaliação, não
nesse sentido tradicional, pois em nenhum momento se busca notas, se busca
quantificar os resultados, mais durante todo processo de ensino aprendizagem, o
aluno não é medido, e acompanhado de forma pessoal.
A importância da aula
teórica e prática no entendimento do aluno sobre o tema solo e educação
ambiental se verifica quando se percebe que os alunos apresentaram um
conhecimento amplo sobre os temas abordados, sendo capaz de correlacionar o
aprendizado da sala de aula com seu cotidiano, Figura 5.

Figura 5: Visita ao Parque
Ecológico de Porto Nacional e área para exposição do perfil do solo.
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Este aprendizado se
manifesta nos relatos dos estudantes que, após as aulas foram capazes de fazer
relações do tipo: o solo-vida, solo-diferença, solo-preservação e até mesmo
solo e poesia. Em relação à importância da aula teórica e prática que provocou
maiores entendimentos aos alunos está de acordo com Muggler, et al. (2006),
relata que a base teórico-metodológica da prática pedagógica do Programa de
Educação em Solos e Meio Ambiente, baseia-se no construtivismo e nas ideias de
Paulo Freire, utilizando-se a abordagem holística, os métodos participativos e
a prática da pedagogia de projetos. A perspectiva Construtivista-Freiriana
promove uma abordagem dos temas pedológico-ambientais com base não apenas na
simples transmissão do conhecimento, mas também da investigação, da
experimentação e do resgate e valorização do conhecimento prévio das pessoas.
3.2.5 - Conclusões:
Os alunos
apresentaram conhecimento amplo correlacionando o aprendizado da sala de aula
com seu cotidiano sobre solo e meio ambiente, ficando descrito nos relatos, interagindo:
solo-vida, solo-diferença, solo-preservação e até mesmo solo e poesia.
Os alunos demonstraram
a importância do debate e da produção de texto para expressar o entendimento do
tema solo. Neste contexto pode-se perceber que o mesmo obteve um aprendizado
significativo, conseguindo interligar o solo com diversos fatores relacionado à
ao ecossistema, direcionando seus saberes à educação ambiental.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos
foram utilizados para integração da universidade e comunidade; como também
contribuiu com a proposta curricular para o ensino da ciência; dando uma nova
visão das relações do ser humano com seu meio; ampliando o conhecimento
ambiental; com uma nova percepção ambiental; valorização da diversidade da
vida, da preservação e recuperação do meio ambiente e compreensão do solo como
componente do ambiente.
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