Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 38) EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE: REFLEXÕES PARA CONSCIENTIZAÇÃO DE ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
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EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE: REFLEXÕES PARA CONSCIENTIZAÇÃO DE ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ




Rodrigo Leite Arrieira1
Joice Carvalho Leite2


Graduado em Ciências Biológicas, Especialista em Ensino-Aprendizagem em Ciências e Biologia e Mestrando em Biologia Comparada pela Universidade Estadual de Maringá. E-mail: rodrigoarrieira@yahoo.com.br
2Graduada em Ciências Biológicas e Especialista em Ensino-Aprendizagem em Ciências e Biologia. E-mail: joicicarvalho@hotmail.com

RESUMO: É inevitável que ao pensar sobre as possíveis soluções para o planeta não se questione a concepção de desenvolvimento em curso na humanidade. Com isto, investigar a percepção de acadêmicos sobre sustentabilidade contribui significativamente para compreensão do conceito entre a comunidade acadêmica e como intervir no processo de ensino-aprendizagem. Esta pesquisa foi realizada com vinte e dois acadêmicos inscritos no minicurso intitulado a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável realizado pela Universidade Estadual de Maringá, em que seus relatos foram obtidos a partir do questionamento se o desenvolvimento sustentável é possível e de que forma ele poderia ocorrer, sendo as respostas interpretadas qualitativamente. A intervenção possibilitou a compreensão da opinião dos participantes acerca da sustentabilidade, revelando que as impressões obtidas por eles se baseiam principalmente na conscientização e no papel do ensino neste processo para construção da cidadania ambiental. Deste modo, este trabalho desperta a necessidade incentivar a inserção de práticas pedagógicas visando à sustentabilidade a fim de proporcionar uma melhor abordagem deste tema no ensino para busca de alternativas para mudanças sociais e políticas.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento sustentável, acadêmicos, ensino-aprendizagem.


INTRODUÇÃO

A crítica ambientalista ao modo de vida contemporâneo, difundida a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, promoveu maior visibilidade pública e colocou a dimensão do meio ambiente na agenda internacional (JACOBI, 2005). No Brasil, a Conferência Rio-92 foi a grande responsável pela divulgação do conceito de desenvolvimento sustentável (BRASIL, 1998). Uma consequência direta desta mobilização mundial em torno de questões ambientais é que, atualmente, a importância do meio ambiente para a humanidade não é mais questionada e a discussão sobre os riscos da degradação ambiental tratados nestas conferências contribuíram nos anos subsequentes para movimentos voltados a conservação dos recursos naturais e para a maior disseminação do termo sustentabilidade (GONÇALVES-DIAS et al., 2009).
O conceito de sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável foi mundialmente apresentado em 1987 pelo Relatório Brundtland, definindo o desenvolvimento sustentável como aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades (BRUNDTLAND, 1991). Jacobi (2006) infere que este termo propõe objetivos sociais, ambientais e econômicos, e Oh et al. (2006) acrescenta que a atividade econômica, meio ambiente e bem estar da sociedade, formam o tripé básico no qual se apóia a ideia de desenvolvimento sustentável que, recentemente, adquire relevância rapidamente com um caráter diretivo nos debates sobre os rumos do desenvolvimento.
Buscando ações efetivas de conservação e promoção do uso sustentável dos recursos naturais para preservação da biodiversidade do planeta, foi realizada na cidade de Nagoya no Japão em outubro de 2010, a 10ª Conferência das Partes das Nações Unidas. Neste importante evento, destacou-se o aprimoramento do entendimento sobre o papel da manutenção da vida no planeta, por meio de várias estratégias para o desenvolvimento de políticas efetivas voltadas à conservação, conhecendo e combatendo as causas das ameaças à biodiversidade, além de reconhecer seu valor adequado econômico, social, cultural e ecológico (PLANETA, 2010).
Além destes esforços, Jacobi (2006) afirma que as práticas educativas devem apontar para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento e atitudes, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Para isso, o papel do professor é estratégico, pois não há mudança educacional ou proposição pedagógica sem que haja o engajamento dos professores, uma vez que são os profissionais da educação mais diretamente envolvidos com os processos e resultados da aprendizagem escolar, sendo elementos mediadores indispensáveis na experiência educativa do aluno (LIBÂNEO, 2010). Corroborando com essa ideia, Gianotto (2008) afirma que a formação inicial tem significativa influência na atuação profissional docente e nos saberes elaborados, pois compõem o conjunto de conhecimentos que serão resgatados em sua prática profissional futura ou mesmo em seu cotidiano.
Desta forma, a universidade tem como principal papel desenvolver projetos para aplicação fora de seus espaços e continuamente vem demonstrando esforços para obter resultados significativos de seus universitários que, para Araújo (2004), é inegável a importância dos saberes que os professores adquirem durante sua formação, devendo a universidade preparar os professores à educação ambiental, em cursos regulares e multidisciplinares ainda na graduação. Neste sentido, destacam-se os minicursos realizados durante o Encontro Maringaense de Biologia e Semana da Biologia da Universidade Estadual de Maringá.
Objetivou-se, com a investigação para percepção do desenvolvimento sustentável, a) identificar o conceito do desenvolvimento sustentável em acadêmicos; b) incentivar alternativas para mudanças individuais e coletivas para melhorias voltadas a preservação e conservação da biodiversidade; c) garantir a melhor abordagem do princípio da sustentabilidade em sala de aula.


CAMINHOS METODOLÓGICOS

Este trabalho foi desenvolvido com acadêmicos dos cursos de Ciências Biológicas e áreas afins de instituições de ensino superior da região de Maringá, inscritos no minicurso “A Biodiversidade e o Desenvolvimento Sustentável” realizado pelo Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá, durante o Evento de Extensão do XII Encontro Maringaense de Biologia e XXV Semana da Biologia, na edição do ano de 2010.
A metodologia aplicada foi baseada no processo de coleta de dados, registros, organização, sistematização e tratamento de dados e informações (Santos-Filho e Gamboa, 2002). Como destaca Chizzotti (2006), na pesquisa qualitativa pretende-se encontrar o sentido de certo fenômeno e interpretar os significados que as pessoas atribuem a ele. Para o autor, o termo qualitativo implica em um compartilhamento com pessoas, fatos e locais que fazem parte do objeto de pesquisa, para obter deste convívio os significados observáveis que são possíveis por meio da atenção sensível.
O ensino de Biologia com a temática do desenvolvimento sustentável foi adotado como objeto de estudo e como metodologia de apoio para a construção do conhecimento. Os acadêmicos foram os sujeitos desta pesquisa. A investigação ocorreu por meio da coleta de dados via questionário de evocação livre com registros escritos.
Os sujeitos eram inscritos no minicurso, sendo constituído por 22 (vinte e dois) acadêmicos participantes (AP), sendo 9 (nove) do gênero masculino e 13 (treze) do gênero feminino, na faixa etária entre 18 (dezoito) e 28 (vinte e oito) anos de idade.
Com o intuito de elucidar as percepções de acadêmicos sobre o tema em questão e as ideias que gerassem contribuições no âmbito das pesquisas relacionadas ao ensino, foram registrados todos seus relatos a partir de uma questão, proporcionando discussões e reflexões acerca do tema.
Foi concedido um momento de 8 (oito) horas-aula na forma de minicurso com uso de apresentação (na forma de slides), vídeos e discussões, relacionadas a definições de biodiversidade, suas finalidades e o como sua redução nos afeta, as atitudes que podem ser tomadas individual e coletivamente para diminuição da pegada ecológica, além dos esforços realizados pelos governos de diversos países e organizações não governamentais para redução da perda de biodiversidade e exercício da sustentabilidade, bem como na educação como estratégia para o consumo sustentável.
Para finalizar os trabalhos, houve uma discussão dos principais pontos observados, da importância de todos para mudança da situação atual e das contribuições do processo educacional para ações ligadas à sustentabilidade.


RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados desta questão evidenciaram diferentes abordagens acerca das formas que possa existir o desenvolvimento sustentável. Na primeira abordagem, a maioria das respostas dos acadêmicos abordou que a conscientização para utilização adequada dos recursos como fundamental para alcançar a sustentabilidade, como confirmado pelos relatos a seguir:
“Conscientização, ou melhor, com a tentativa de conscientizar as pessoas e agora a nova geração, fazer com que haja receio, medo de que daqui a algum tempo (bem pouco) podemos estar vivendo em escassez de espécies e organismos necessários para nossa sobrevivência” (AP1);
“Através da conscientização popular e da busca de soluções alternativas de desenvolvimento que agridam menos o meio ambiente” (AP9);
“O desenvolvimento sustentável é possível se cada um fizer o seu papel na natureza se todos nós nos conscientizarmos que se quisermos ter um planeta saudável deverá haver menos consumismo” (AP8);
“O desenvolvimento sustentável possa existir através da conscientização de todos, que os recursos naturais são finitos e que precisamos reeducar, por exemplo, evitando o desperdício acreditando que nunca vai acabar” (AP14).

Neste sentido, Jacobi (2004) ressalta que a educação ambiental tem uma importante função para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. A relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez mais desafiador demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais complexos e riscos ambientais que se intensificam. Guimarães e Tomazello (2003) acrescentam que os educadores do ensino fundamental à universidade, precisam estar cientes de que o debate com profundidade dos temas ambientais pode contribuir, e muito, para a construção da cidadania e conscientização, resultando na melhoria da qualidade de vida do planeta.
É através desta conscientização que o indivíduo mudará suas atividades frente à situação atual. O resultado desta formação consciente de indivíduos favorecerá a propagação e multiplicação de ideias acerca da sustentabilidade. O progresso no avanço das discussões sócio-políticas poderá fazer com que as autoridades competentes, pressionados pela sociedade, estabeleçam discussões que envolvam soluções de problemas por meio de projetos visando o desenvolvimento sustentável (NEDEL-OLIVEIRA, 2008).
Outra abordagem citada foi o uso adequado dos recursos naturais como eficaz para a sustentabilidade:
“Através da utilização consciente dos recursos naturais, do reaproveitamento e reciclagem dos produtos retirados da natureza e da preservação do meio ambiente. A fabricação e produção, o consumo e o despejo devem ocorrer de maneira consciente e sem afetar negativamente o ambiente natural” (AP5);
“Uma alternativa para o desenvolvimento sustentável, por exemplo, poderia ser o menor consumo de copos descartáveis, economia no uso de papel, ou até mesmo economia de combustível” (AP8).

Conforme Orellana (2001) é também a educação ambiental a responsável em visar à resolução de problemas, no uso mais racional dos recursos naturais e na proteção dos mesmos, utilizando para isto estratégias de promoção do civismo e de gestão do meio ambiente. Além de buscar estabelecer a construção de um novo tipo de relação com o ambiente, onde a sociedade, como mediadora, desempenha um papel fundamental. Ao enfatizar o desenvolvimento de capacidades de análise crítica da realidade e de valores individuais e coletivos que gerem atitudes responsáveis com o meio ambiente, colaborando para pensar e construir uma nova realidade e uma melhor qualidade de vida.
Outra alternativa bastante citada foi o uso de energias renováveis:
“Dependemos deste planeta para viver e o planeta depende de nós para sobreviver. Acredito que, se além refrearmos o consumo desnecessário, alcançarmos por meio da ciência novas alternativas de energia, melhor distribuição dos alimentos e um modo de vida em sociedade mais simples, poderia respeitar o ambiente de um modo sustentável” (AP3);
“Utilizando energias mais limpas, a conscientização da população para que cada um faça sua parte não poluindo, respeitando leis ambientais, reciclar tudo o que for possível, economizar os recursos naturais explorando-os, mas não os extinguindo. Utilizar a água como fonte de energia, mas também não destruir as nascentes” (AP4);
“A partir do investimento em formas limpas de energia, reaproveitamento de água, ou uma fazenda onde se tem a produção, tratamento e utilização de seus recursos sem que haja prejuízos ao ambiente” (AP13).

Desta forma, o desenvolvimento sustentável se refere a um problema relacionado a adequações ecológicas e estratégias para a sociedade, levando em conta tanto a viabilidade econômica quanto ambiental. Num sentido abrangente a noção de desenvolvimento sustentável remete à necessária redefinição das relações sociedade humana – natureza, e, portanto a uma mudança substancial do próprio processo civilizatório (JACOBI, 2006).
O consumismo foi descrito pelos acadêmicos como um dos principais problemas que impedem o desenvolvimento sustentável:
“A forma de existir o desenvolvimento sustentável é diminuir o consumismo, ou seja, a cultura consumir sem pensar no amanhã” (AP11);
“É importante que a conscientização seja constante para que aos poucos, as atitudes humanas se transformem em reparação desse consumismo atual” (AP12);
"Devemos produzir e consumir somente o que realmente precisamos, evitando desperdícios, exagerados e consumirmos” (AP20);

Estes relatos concordam com Higuchi e Azevedo (2004) que apontam que os problemas ambientais vivenciados atualmente exigem que a sociedade reveja e repensem as bases de sustentação do planeta. Neste processo, a educação ambiental se constitui um elemento promotor de mudanças de comportamentos visando à formação de uma nova cidadania ambiental.
Para alguns, existem muitas barreiras à sustentabilidade:
“Creio que um desenvolvimento totalmente sustentável seria muito difícil, mas acredito na diminuição dos impactos ambientais e no uso racional e consciente dos recursos naturais visando não esgotá-los” (AP17);
“Pode existir o desenvolvimento sustentável, mas não no modelo capitalista que estimula o consumo e valoriza o supérfluo. Neste sistema, onde se valoriza o individualismo nefasto, onde tudo pode-se fazer para manter o bem estar e conforto. A biodiversidade e o meio ambiente vão na contramão desses falsos valores” (AP21);
“O modo de vida que temos hoje não permitiria o desenvolvimento sustentável, pois o consumismo exagerado e a sede por cada vez mais dinheiro, por exemplo, só vão contra essas ideias de sustentabilidade. Acredito que seja necessário um modo de vida muito mais natural e cooperativo para que se possa começar a desenvolver sustentavelmente. A mentalidade humana deve mudar muito ainda para permitir isso. Por isso acho que exista toda essa distância entre o hoje explorador e o amanhã sustentável” (AP6).

Estas contribuições resgatam quando Leff (2001) infere sobre a impossibilidade de resolver os crescentes e complexos problemas ambientais e reverter suas causas sem que ocorra uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento.
Atualmente, o avanço rumo a uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos, na medida em que existe uma restrita consciência na sociedade a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso. Isto implica na necessidade de estimular uma participação mais ativa da sociedade no debate dos seus destinos, como uma forma de estabelecer um conjunto socialmente identificado de problemas, objetivos e soluções (JACOBI, 1997; GUIMARÃES, 2001)
Sendo a educação ambiental essencial neste processo, Jacobi (2004) afirma que a educação deve se orientar de forma decisiva para formar as gerações atuais não somente para aceitar a incerteza e o futuro, mas para gerar um pensamento complexo e aberto às indeterminações, às mudanças, à diversidade, à possibilidade de construir e reconstruir em um processo contínuo de novas leituras e interpretações, configurando novas possibilidades de ação. Isto remete a uma reflexão sobre os desafios colocados para mudar as formas de pensar e agir em torno da questão ambiental numa perspectiva contemporânea.
Por fim, a opinião de alguns acadêmicos destaca também a grande importância da educação ambiental para a sustentabilidade:
“Acredito que a sustentabilidade possa ser possível por meio da reeducação ambiental, habilitando as pessoas não apenas tirar da natureza, mas repô-las” (AP12);
“A educação ambiental deve ser feita de forma a abranger todas as idades, desde crianças até os mais velhos, para que possam consumir menos e aproveitar melhor os recursos naturais disponíveis” (AP11).

Medina (1994, 2001) entende a educação ambiental como um processo que cria possibilidades de formação crítica e participativa relacionadas à correta utilização dos recursos ambientais. Ainda neste contexto, Leff (1996) argumenta que a educação ambiental adquire um sentido estratégico na condução do processo de transição para uma sociedade sustentável, uma vez que se trata de um processo histórico que reclama o compromisso do Estado e da cidadania para elaborar projetos nacionais, regionais e locais.
Portanto, a investigação acerca da percepção do desenvolvimento sustentável durante o minicurso pelos professores formadores, a) influenciou, positivamente, no aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem de acadêmicos durante o evento de extensão; b) despertou para a importância da preservação dos recursos naturais e da biodiversidade por meio de mudanças individuais e coletivas; c) habilitou os futuros professores para a abordagem do desenvolvimento sustentável, a fim de desenvolver nas aulas de biologia melhores formas trabalhar este tema com seus alunos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realidade demonstrada por esta pesquisa mostra que o ensino possui papel estratégico para incentivo às propostas ambientais, em que universidade assume a responsabilidade na preparação das novas gerações professores por meio de reflexões, trabalhos de pesquisa e extensão, não somente advertindo, mas também concebendo soluções racionais indicando possíveis alternativas.
Evidencia-se, também, a ideia que a sustentabilidade está estritamente ligada à conscientização, onde o papel destes futuros professores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assume um compromisso com a formação de valores de sustentabilidade, como parte de um processo coletivo.
As contribuições dadas pelas discussões levaram o envolvimento do grupo no sentido de buscar resultados mais eficientes na identificação de problemas. Estas reflexões têm na educação ambiental elemento fundamental na elaboração de estratégias para mudança do comportamento individual e coletivo, por meio da intervenção em sala de aula com alunos, expressando os significados em torno do meio ambiente.
Assim, a ideia de sustentabilidade implica na necessidade de delinear um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de mediadores e participantes por meio de práticas educativas, melhorando o processo de ensino-aprendizagem com os futuros professores para melhor abordagem do conceito de desenvolvimento sustentável nas aulas de biologia.

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Ilustrações: Silvana Santos