Não podemos pensar em desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e em qualidade de vida sem discutirmos meio ambiente. - Carlos Moraes Queiros
ISSN 1678-0701 · Volume XXII, Número 88 · Setembro-Novembro/2024
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Apresentação
06/09/2023 (Nº 84) EDITORIAL - Edição 84
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EDITORIAL

84ª EDIÇÃO

Revista Educação Ambiental em Ação

Chegou setembro, um dos meses mais comemorados pela mudança de estação que promove no dia 21: a chegada da primavera. Do frio passamos para temperaturas amenas – pelo menos é o que se espera. Porém, nos últimos tempos percebe-se que não há mais um equilíbrio do clima nas diferentes estações o ano. As mudanças climáticas se acentuam, em todo o planeta, e cientistas enfatizam que estas mudanças vêm ocorrendo antes do previsto e de forma mais intensa.

O negacionismo, fruto de desinformação e de interesses econômicos que não se dobram facilmente – ou conscientemente – a mudanças de seus padrões de produção, que vão “Muito bem, obrigada!”, é um dos maiores desafios que a revista Educação Ambiental em Ação enfrenta, e por esta razão apresenta, insistentemente, os indicativos desta realidade, já há muito tempo, buscando colaborar para uma conscientização quanto ao estado crítico no qual se encontra o planeta, devido à nossa forma excessivamente consumista de viver.

Durante a pandemia foi possível perceber a diminuição de alguns dos impactos ambientais, pelo isolamento social. Pessoas que moram em lugares com altos níveis de poluição atmosférica puderam ver o céu límpido e claro como nunca haviam visto. Ruas vazias. Fábricas e instituições paradas. Comércio e escolas fechados. Tudo isso mudou bruscamente as paisagens urbanas. O professor de Ecologia, Raymundo José de Sá-Neto, da Uesb, destacou que na Índia o povo pôde avistar o Himalaia em cidades que não o viam há 30 anos. Por algum tempo, imaginou-se que seria esta uma grande lição para a humanidade, uma vez que a sua inação, neste período, promoveu significativas “melhoras” para o meio ambiente, que pôde curtir uma espécie de “férias das ações humanas”. A professora Daise Cardoso, Engenheira Florestal – também da UesB –, na época, comentou que os benefícios do isolamento social ao meio ambiente seriam apenas pontuais e temporários. E sua previsão estava correta. O “novo normal” tão esperado não aconteceu, e o “antigo normal” retornou mais acelerado do que nunca.

Em contrapartida, também se aceleraram inúmeras ações pró-ambientais, tanto educacionais quanto institucionais; tanto individuais quanto coletivas, que trazem um novo fôlego, no sentido de comprovar que a práxis da Educação Ambiental faz muita diferença. São estas ações que merecem destaque pela sua generosidade, consciência, envolvimento, respeito, comprometimento, e algumas delas estão presentes nesta edição, para que sejam enaltecidas, compartilhadas e replicadas. São estas ações que reforçam a nossa esperança por um mundo mais justo e equilibrado para todos.

Quando a revista nasceu, em 2002, o mundo era habitado por pouco mais de 6 bilhões de pessoas. Atualmente somos mais de 8 bilhões, o que potencializa a nossa responsabilidade, como cidadãos planetários, para com a mudança de postura em todas as instâncias.

Almejamos que esta nossa visão utópica persista, para derrotar, aos poucos, a desesperança que nossos olhos enxergam, mesmo não querendo ver…

Finalizamos este editorial destacando uma frase sobre o que é “utopia”, cuja autoria frequentemente é atribuída ao escritor, ativista, jornalista, falecido em 2015, Eduardo Galeano, só que dele não é, exatamente, pois diz ele, em uma de suas entrevistas:

‎”[…] em Cartagena das Índias, há algum tempo, eu estava na universidade fazendo uma espécie de palestra com um grande amigo, diretor de cinema argentino, Fernando Birri. E então os meninos, os estudantes, faziam perguntas – às vezes a mim, às vezes a ele. E fizeram a ele a mais difícil de todas: um estudante se levantou e perguntou ‘Para que serve a utopia?’ Eu o olhei com dó, pensando ‘uau, o que se diz numa hora dessas?’, e ele respondeu estupendamente, da melhor maneira. Ele disse que a utopia está no horizonte, e disse ‘Eu sei muito bem que nunca a alcançarei, que se eu caminhar dez passos, ela ficará dez passos mais longe. Quanto mais eu buscar, menos a encontrarei porque ela vai se afastando à medida que eu me aproximo’. Boa pergunta, não? Para que serve a utopia? Pois a utopia serve para isso: caminhar.

A todos e todas, uma boa leitura, com carinho e esperança sempre!

Equipe da Educação Ambiental em Ação

www.revistaea.org











Ilustrações: Silvana Santos