Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
06/09/2023 (Nº 84) AMAZÔNIA EM SEU LIMITE DE SOBREVIVÊNCIA
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AMAZÔNIA EM SEU LIMITE DE SOBREVIVÊNCIA

 Amazônia em seu limite de sobrevivência, artigo de Tahysa Mota Macedo

A floresta amazônica “saudável” torna-se crucial para mitigar os efeitos do aquecimento global

A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical úmida do mundo e desempenha importante papel na regulação do clima do planeta e conservação dos recursos hídricos. Vale destacar os termos “tropical” e “úmida”. As florestas tropicais apresentam alta biodiversidade por se localizarem entre os Trópicos, próximas à Linha do Equador, onde a temperatura é mais elevada e a incidência luminosa é maior, garantindo maior biodiversidade.

O bioma amazônico é muito úmido devido à alta taxa de evapotranspiração (perda de água pelas folhas das plantas) e por receber do Atlântico em média 2,2 mil mm de chuva anualmente. Essa massa de vapor de água formada sobre a Amazônia se desloca para as demais regiões do Brasil e outros países sul-americanos, influenciando os padrões climáticos nessas localidades. Além disso, a densa cobertura vegetal funciona como um reservatório de carbono. As árvores estocam carbono em sua estrutura ao realizarem fotossíntese, o que contribui para redução das taxas de dióxido de carbono na atmosfera, um gás estufa.

Considerando que já vivenciamos as consequências das mudanças climáticas, a floresta amazônica “saudável” torna-se crucial para mitigar os efeitos do aquecimento global. Embora o desmatamento seja reconhecido como o grande vilão da floresta, pesquisadores têm ressaltado que outras formas de degradação são ainda mais prejudiciais.

Incêndio, prolongamento da estação seca, caça descontrolada, extração de grandes árvores madeireiras e os efeitos de borda (regiões à margem de áreas de desmatamento que sofrem com alterações de clima e solo), são alguns dos exemplos.

Essa degradação promove a redução da cobertura vegetal, expõe o solo às intempéries, altera o microclima, ecossistemas e habitats, o que impacta diretamente na sobrevivência dos seres vivos, reduzindo a biodiversidade da floresta.

O aumento da incidência de queimadas e das emissões de gases do efeito estufa torna a floresta ainda mais vulnerável às mudanças climáticas. Calcular a maioria desses efeitos pode ser mais difícil em comparação com ações antrópicas, como a exploração madeireira e o avanço da agricultura em áreas de floresta.

Por mais que se tente recuperar e reflorestar essas áreas, ela nunca apresentará a mesma fitofisionomia, logo, a perda é irreversível. A estimativa é que são desmatados em média 15 mil km² por ano em toda a região. Algumas áreas desse bioma já emitem mais dióxido de carbono do que absorvem e a elevação da temperatura só piora a eficiência fotossintética das árvores. Essa era uma expectativa para daqui 20-30 anos, mas pesquisadores acreditam que já esteja acontecendo.

O dia 05 de setembro, Dia da Amazônia, é uma data para celebrarmos a riqueza da nossa floresta, mas também para lembrarmos que muito ainda precisa ser feito.

Embora os danos sejam graves, é fundamental conscientizar as novas gerações. As crianças e adolescentes de hoje são os futuros empreendedores, diretores de empresas, pessoas que tomarão decisões importantes que favorecerão a preservação e o uso sustentável dos recursos do meio ambiente.

Afinal, não são apenas árvores, mas a Amazônia é uma região habitada por pessoas que dependem da floresta para sua sobrevivência, mesmo do outro lado do país. Todos nós usufruímos dos benefícios desse rico bioma.

Tahysa Mota Macedo, Doutora em Botânica e professora de Biologia do Ensino Médio do Colégio Presbiteriano Mackenzie – Higienópolis.

 in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Fonte: https://bitlybr.com/GGoGM



Ilustrações: Silvana Santos