A EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOB UMA NOVA PERSPECTIVA: UMA
PROPOSTA PARA
FAVORECER A APRENDIZAGEM
Ludiana Ribeiro da Silva1, Josilane
Cordeiro Costa1, Rayane Nôleto Ferreira1, Mariana Modanês
Araújo1, Adda Daniela Figueiredo Lima2
1 Voluntárias de pesquisa,
graduandas em Ciências Biológicas, UnUCET-UEG. E-mail: ludianaribeiro@yahoo.com.br
2 Orientadora, mestrado em Biologia
pela Universidade Federal de Goiás, docente do curso de Ciências Biológicas, UnUCET-
UEG.
Universidade Estadual de Goiás
(UnUCET), Rod. BR 153, Km 98, Bairro Arco Verde, Anápolis/GO CEP :75001-970.
RESUMO: A Educação Ambiental deve ser um processo contínuo e permanente de construção
de conhecimento e, a escola é um espaço essencial para o desenvolvimento de
práticas ambientais. Considerando a dificuldade dos professores em desenvolver
práticas voltadas à Educação Ambiental e a falta de material didático para este
fim, o presente artigo teve como objetivo a elaboração de um jogo didático de
baixo custo, através deste espera-se trabalhar alguns princípios básicos da educação
ambiental: sensibilização, mostrando a importância da preservação do meio
ambiente; conhecimento sobre o homem e sua influência nos processos ecológicos;
e mudança de atitude em relação a práticas danosas ao meio. A escolha pelo jogo
deve-se por considerá-lo um instrumento importante na formação cognitiva do
aluno e também no desenvolvimento de atividades dinâmicas e motivadoras. O
ensino da Educação Ambiental, para ser efetivo não precisa necessariamente ser
algo formal, este processo é repleto de conceitos e questionamentos, portanto,
deve ser dinâmico e motivador, para que se torne prazeroso tanto para o aluno
enquanto aprende, como para o professor que ensina. O jogo didático, nesse
sentido, atua como um importante instrumento facilitador do processo
ensino-aprendizagem, proporcionando ao professor um subsidio extra para
desenvolver a Educação Ambiental, e permitindo ao aluno vivenciar
situações-problema relacionadas às questões sócio-ambientais, com possibilidades
de melhorar a comunidade em que vive.
Palavras-chave: Educação ambiental, jogos didáticos,
sensibilização.
INTRODUÇÃO
A educação
ambiental tem o papel de construir valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. Sua concepção
pode ser colocada em prática por meio formal, dentro da escola, bem como de
modo informal, através dos meios de comunicação (VALENTIN & SANTANA, 2006).
Ambos os processos tem em comum a ideia de que é necessário formar cidadãos
sensibilizados capazes de tomar decisões conscientes para a vida (SEGURA, 2001).
A forma
de apresentação da temática ambiental no contexto escolar foi abordada dentro
da perspectiva dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN (1997). De acordo com
os PCN, a educação é vista como elemento indispensável para a transformação da
consciência ambiental, onde novas posturas e novos pontos de vistas devem ser
adotados. Na escola, os conteúdos de meio ambiente devem ser integrados ao
currículo através da transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas
do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo
criar uma visão global e abrangente da questão ambiental (TOMAZELLO, 2001).
Contudo é imprescindível trabalhar a Educação Ambiental na perspectiva da
transversalidade, apontada neste documento, que enfatiza como estratégia
metodológica, a utilização de projetos, revela-se um desafio que as escolas vêm
enfrentando com muitas dificuldades (VALENTIN & SANTANA, 2006).
Em sua
grande maioria a abordagem instrucionista se mantém, desconsiderando-se ainda
as potencialidades de cada indivíduo não o auxiliando a desenvolver seu
pensamento crítico (EFFTING, 2007). Na visão moderna da educação, aprender
brincando torna-se parte integrante da ação educadora por prover o emprego do
elemento lúdico como forma de atrair a atenção do aprendiz, convidando-o a
experimentar um universo contextualizado ao objeto epistêmico em consideração. Dessa forma, foge-se da abordagem instrucionista (EFFTING, 2007).
Neste
contexto as atividades lúdicas são matéria-prima, para a educação ambiental,
tem por objetivo, a partir de novos valores e atitudes, restabelecer os laços
com a natureza e, inserir o educando no processo de transformação, que caminha
no sentido de promover uma relação de equilíbrio entre a sociedade e a natureza
(RUIZ & SCHAWARTZ, 2002).
A inclusão de modalidades
didáticas diversificadas, empregadas como instrumento de ensino, permite ao
professor atender a situações específicas dentro do processo de
ensino-aprendizagem, encontrando soluções que se adequam a cada caso,
contemplando diferenças individuais e atraindo o interesse do aluno (KRASILCHIK,
2004). Atividades lúdicas, utilizadas de forma crítica e criativa, tornam-se um
rico e interessante material didático que dão oportunidade ao professor de ampliar
sua ação educativa (REIS, 2001). O jogo, como estratégia didática, é uma
importante ferramenta educacional que pode auxiliar o trabalho pedagógico em
todos os níveis de ensino e nas diversas áreas do conhecimento, tanto como
atividade em sala de aula, quanto extraclasse. Atividades envolvendo jogos
facilitam, de forma divertida e prazerosa, o entendimento de conteúdos
considerados de difícil aprendizagem (MIRANDA, 2001). De acordo com Krasilchik
(2004), os jogos didáticos são formas simples de simulação, cuja função é
ajudar a memorizar fatos e conceitos.
De acordo com Rego (2002), é
no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Segundo ele, a
criança comporta-se de forma mais avançada do que em atividades da vida real,
tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de
subordinação às regras.
Afirmando que os objetivos dos jogos ou das atividades lúdicas não
se resumem apenas a facilitar que o aluno memorize o assunto abordado, mas sim
a induzi-lo ao raciocínio, à reflexão, ao pensamento e, consequentemente à
(re)construção do seu conhecimento (BALESTRO & MONTALVANI, 2004).
Este
projeto traz como proposta de trabalho a elaboração de um jogo didático de
baixo custo, através deste espera-se trabalhar alguns princípios da educação
ambiental: sensibilização, mostrando a importância da preservação do meio
ambiente, o processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o pensamento
sistêmico; responsabilidade, reconhecimento do ser humano como principal
protagonista; consequentemente espera-se uma mudança de atitude. Assim sendo a
escola é o espaço social e o local onde o aluno será sensibilizado para as
ações ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar sequência ao
seu processo de socialização.
MATERIAIS E METÓDOS
O jogo consiste em um tabuleiro
que foi confeccionado em E. V. A (Evenil Venilico acetilico), este foi
recortado em retângulos 21x23 cm, 12 retângulos ao todo, cada retângulo
representa uma casa do tabuleiro, que possuirá um símbolo e um cartão tarefa
anexado a ela, estas tarefas foram elaboradas visando um processo gradual de
assimilação e sensibilização, tais tarefas se alternam ao
longo do tabuleiro, imagens, vídeos, situações-problemas, a sequência das casas
fica melhor demonstrada conforme a figura 1.

Figura-1. Sequência das casas que se alternam e repetem ao
longo do tabuleiro, segundo o princípio pedagógico desenvolvido.
Ao final do
percurso a última casa,
possui como símbolo uma lâmpada, neste momento uma problemática ambiental de
maior relevância é exposta, o grupo terá como desafio a resolução desta, para
assim conquistar a vitória, esta questão será um
resumo de tudo o que foi em suma trabalhado ao longo do jogo, aproveitando para
avaliar o nível de conhecimento adquirido por parte dos educandos ao longo
desta prática. Para a execução deste jogo é necessário o uso de data-show para
projeção das fotos e trechos dos filmes relacionados a temática, o tabuleiro
será fixado no quadro como descrito na figura 2.

Figura-2. Tabuleiro do jogo fixado no quadro, para uma boa
visualização de todos.
O método de aplicação do jogo
foi estruturado em: conceituação e esclarecimento da temática envolvida no
jogo, preparação para a atividade (formação das equipes); fornecimento de
instruções sobre as regras; ensaio (rodada de simulação); realização da
primeira rodada (o jogo é composto por apenas uma rodada) apuração dos
resultados e avaliação do jogo por parte dos alunos.
As regras do jogo são muito
simples tendo em vista que quando o aluno não compreende as regras ele perde o
interesse pelo jogo; portanto, estas devem ser bem claras e sem muita
complexidade a fim de motivar o estudante buscando seu interesse pelo desafio e
pelo desejo de participar da atividade proposta. Os alunos serão divididos em
dois grupos, cada grupo elegerá um representante para responder oralmente os
desafios propostos em cada casa, o representante irá transmitir a resposta elaborada
por todo grupo a qual pertence, propiciando a troca de experiência, despertando
valores relativos à autonomia, capacidade de convivência e diálogo.
O jogo se inicia com as duas
pecinhas de cores diferentes, cada uma representando uma equipe, posicionadas
no início do tabuleiro os dois grupos partirão do
mesmo ponto e avançarão a medida que forem resolvendo as situações propostas. A
casa com o símbolo de uma câmera fotográfica, traz imagens sobre a problemática
ambiental, será pedido ao aluno que construa uma narrativa baseada na imagem
apresentada. Caso o professor considere que narrativa seja coerente à imagem
apresentada, o grupo passa para a próxima casa.
O próximo símbolo
contém um trecho de um vídeo, enfatizando temáticas frequentemente recorrentes
a fim de que se possa trabalhar a sensibilização, através dos recursos
áudio-visuais, altamente instigantes ao sistema sensorial. Uma estória será
contada em concomitância com o vídeo apresentado, a tarefa do aluno será criar
um final para ela, os critérios avaliados pelo mediador serão a coerência,
autenticidade e criatividade. Atendidos estes requisitos, a equipe continua e
avança para a próxima casa.
O tempo limite para a
elaboração da resposta é estipulado pelo professor com base no tempo médio em
que seus alunos (baseada em sua experiência com a turma) levam para construir
seu raciocínio. Caso não se tenha a resposta ao final do tempo, o grupo perde a
chance de passar para a próxima casa, passando a vez para o grupo oponente.
A última casa virá
com uma situação-problema onde a equipe unida chegará a um consenso e uma
possível solução para a mesma, esta temática se propõe a trabalhar situações
rotineiras em que uma população esteja envolvida em condições embaraçosas que
culminariam em problemas mais sérios se estes hábitos não fossem mudados. A
problemática giraria em torno da mudança de comportamentos e atitudes.
Durante o jogo o professor
será o mediador auxiliando na tarefa de formulação e de reformulação de
conceitos ativando o conhecimento prévio dos alunos, esclarecendo possíveis dúvidas e também
incentivando a cooperação e a discussão dos temas em questão, resultando na
manifestação de diferentes pontos de vista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na escola deveremos encontrar
meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas,
e suas consequências, tanto para consigo, para sua própria espécie, e para com
os outros seres vivos do ambiente em geral. É fundamental que cada aluno
desenvolva suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos
sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade
socialmente justa, em um ambiente saudável.
O papel da escola no âmbito da
Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a
uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o
planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à
destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies. A proposta
desse trabalho é que o jogo seja um elemento de familiarização com o tema, e que
por meio de sua utilização seja proporcionado um ambiente com estímulos
diferenciados das tradicionais abordagens expositivas. Não que essas últimas
não sejam importantes, pois pode haver uma associação entre o jogo e as formas
expositivas de ensinar, mas considera-se que para se contribuir para a
aprendizagem, quanto maiores as formas do sujeito entrar em contato com um
determinado conhecimento, maiores chances ela terá de se apropriar do mesmo. Neste
jogo não são enfocadas apenas a premissa ambiental, mas também a capacidade
oral, criativa, e raciocínio lógico dos alunos aliado à sua capacidade de
interação com o grupo e trabalho em equipe. Um jogo confeccionado com materiais simples e acessíveis; rico enquanto instrumento de aprendizagem, e
motivador pelo seu aspecto lúdico, portanto, eficaz na construção de um
aprendizado de forma divertida, dinâmica e atraente.
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