Educação ambiental em Ação 31
REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Dra Ellen Regina Mayhé Nunes
O que significa avaliar? Por que avaliamos? Para que serve a avaliação
realizada?
No caso específico da educação ambiental seria pertinente questionar também
qual é a avaliação mais conveniente para que os educadores ambientais possam
saber se o trabalho de educação ambiental que realizam apresenta os resultados
esperados. Entretanto surge um problema para a avaliação da educação
ambiental em relação a necessidade de medir quantitativamente os sucessos e os
fracassos obtidos. Querer avaliar a educação ambiental matematicamente é um
risco que precisamos evitar, simplesmente porque algumas manifestações da
educação ambiental nos seres humanos não podem ser representadas
numericamente. Como medir o amor à natureza? O respeito as todas as manifestações
da vida? Como medir a mudança de comportamento que muitas vezes ocorre de forma
gradual? Esta visão é questionada por Abreu Jr. (1996).
Segundo o autor, nos últimos 300 anos, nossa cultura tem tratado a verdade como
um condomínio da ciência. A conseqüência mais imediata dessa situação é
que procuramos quantificar e classificar praticamente todas as experiências da
vida. Relegamos para segundo plano vivências e percepções que dificilmente se
enquadram nesse esquema científico. Qual a medida para o afeto? Quais as
classificações científicas para o prazer? Novo (1996, adaptado) aconselha que
de modo geral, os educadores e educadoras devem
levar em conta os critérios relacionados a seguir na hora de desenhar e aplicar
os mecanismos de avaliação:
· as atividades de avaliação deverão estar de acordo com o que se tenha
realizado durante o processo de ensino-aprendizagem.
· conceito de avaliação implícita (em oposição a avaliação explícita
tradicional) se refere precisamente a conveniência de usar freqüentemente
sistemas de avaliação que se achem integrados nas atividades cotidianas de
aula, e que não sejam percebidas pelos alunos como exercícios de avaliação.
· é interessante que as técnicas que utilizemos nos permitam conhecer o modo
como as pessoas aprenderam a relacionar idéias, conceitos, princípios, etc.
· para averiguar se uma pessoa possui ou não um conceito podemos utilizar
recursos distintos ao invés de pedir uma definição.
· a avaliação de procedimentos supõe a constatação de que as pessoas
conhecem o procedimento, e sabem usar e aplicar este conhecimento nas situações
particulares.
· ao avaliar procedimentos convém sempre que seja possível comprovar sua
generalização assim como o grau de acerto em escolher que a pessoa faz dos
procedimentos que considera melhores para resolver a tarefa.
· que as pessoas afirmam verbalmente ou escrevem acerca de suas atitudes e
valores não se relaciona necessariamente com as atitudes que elas mesmos exibem
na vida real. Neste sentido as escalas de atitudes são pouco confiáveis, pois
expressam melhor os desejos dos sujeitos que seus comportamentos reais.
· existem outras linguagens além da verbal e escrita que devem ser levadas em
consideração na hora de avaliar como por exemplo desenhos, pinturas, gestos e
expressões, música.
· avaliar as pessoas que aprendem supõe fixar-se não só em seu rendimento, como
também compreender quais são as dificuldades que estão encontrando para
desenvolver corretamente as aprendizagens.
· a avaliação da aprendizagem que realizam as pessoas deve constituir-se como
valorização de suas trajetórias, isso significa que a técnicas e
instrumentos tem que permitir contrastar o ponto onde se encontra cada sujeito
em relação ao seu ponto de partida. Fixando-se fundamentalmente no caminho que
cada um recorreu ao invés de fixar-se se alcançou as mesmas metas de outros
colegas.
· no caso de avaliação explícita esta deve ser o mais transparente possível
devendo o avaliador esforçar-se para ser entendido explicando ao máximo.
A avaliação da educação ambiental começa a dar os primeiros passos e ainda
não existe uma teoria abrangente para a avaliação da educação ambiental.
Temos a convicção de que a maior contribuição da avaliação da educação
ambiental é descobrir e tornar manifesta a excelência que existe em todas as
pessoas. A seguir, destacamos alguns critérios orientadores apresentados por
Novo (1995):
· avaliar sempre o por que, para que e para quem de qualquer processo de
aprendizagem (na perspectiva de quem ensina e de quem aprende)
· avaliar desde uma perspectiva biográfica e etnográfica
· avaliar vinculando as aprendizagens ao ambiente
· avaliar a aprendizagem de conceitos, valores, procedimentos
· avaliar para ajudar a melhorar não para medir, valorizando os esforços e as
trajetórias
· avaliar para promover mudanças
· avaliar avaliando-se, aceitando a idéia de que o observador condiciona o
observado
Fonte:
http://www.ecossistemica.com.br/reflexoes/Aavaliacaodaeducacaoambientalformal.pdf