Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
13/03/2010 (Nº 31) REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Educação ambiental em Ação 31

REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Dra Ellen Regina Mayhé Nunes


O que significa avaliar? Por que avaliamos? Para que serve a avaliação realizada?

No caso específico da educação ambiental seria pertinente questionar também qual é a avaliação mais conveniente para que os educadores ambientais possam saber se o trabalho de educação ambiental que realizam apresenta os resultados esperados. Entretanto surge um problema para a avaliação da educação ambiental em relação a necessidade de medir quantitativamente os sucessos e os fracassos obtidos. Querer avaliar a educação ambiental matematicamente é um risco que precisamos evitar, simplesmente porque algumas manifestações da educação ambiental nos seres humanos não podem ser representadas numericamente. Como medir o amor à natureza? O respeito as todas as manifestações da vida? Como medir a mudança de comportamento que muitas vezes ocorre de forma gradual? Esta visão é questionada por Abreu Jr. (1996).

Segundo o autor, nos últimos 300 anos, nossa cultura tem tratado a verdade como um condomínio da ciência. A conseqüência mais imediata dessa situação é que procuramos quantificar e classificar praticamente todas as experiências da vida. Relegamos para segundo plano vivências e percepções que dificilmente se enquadram nesse esquema científico. Qual a medida para o afeto? Quais as classificações científicas para o prazer? Novo (1996, adaptado) aconselha que de modo geral, os educadores e educadoras devem
levar em conta os critérios relacionados a seguir na hora de desenhar e aplicar os mecanismos de avaliação:

· as atividades de avaliação deverão estar de acordo com o que se tenha realizado durante o processo de ensino-aprendizagem.
· conceito de avaliação implícita (em oposição a avaliação explícita tradicional) se refere precisamente a conveniência de usar freqüentemente sistemas de avaliação que se achem integrados nas atividades cotidianas de aula, e que não sejam percebidas pelos alunos como exercícios de avaliação.
· é interessante que as técnicas que utilizemos nos permitam conhecer o modo como as pessoas aprenderam a relacionar idéias, conceitos, princípios, etc.
· para averiguar se uma pessoa possui ou não um conceito podemos utilizar recursos distintos ao invés de pedir uma definição.
· a avaliação de procedimentos supõe a constatação de que as pessoas conhecem o procedimento, e sabem usar e aplicar este conhecimento nas situações particulares.
· ao avaliar procedimentos convém sempre que seja possível comprovar sua generalização assim como o grau de acerto em escolher que a pessoa faz dos procedimentos que considera melhores para resolver a tarefa.
· que as pessoas afirmam verbalmente ou escrevem acerca de suas atitudes e valores não se relaciona necessariamente com as atitudes que elas mesmos exibem na vida real. Neste sentido as escalas de atitudes são pouco confiáveis, pois expressam melhor os desejos dos sujeitos que seus comportamentos reais.
· existem outras linguagens além da verbal e escrita que devem ser levadas em consideração na hora de avaliar como por exemplo desenhos, pinturas, gestos e expressões, música.
· avaliar as pessoas que aprendem supõe fixar-se não só em seu rendimento, como também compreender quais são as dificuldades que estão encontrando para
desenvolver corretamente as aprendizagens.
· a avaliação da aprendizagem que realizam as pessoas deve constituir-se como valorização de suas trajetórias, isso significa que a técnicas e instrumentos tem que permitir contrastar o ponto onde se encontra cada sujeito em relação ao seu ponto de partida. Fixando-se fundamentalmente no caminho que cada um recorreu ao invés de fixar-se se alcançou as mesmas metas de outros colegas.
· no caso de avaliação explícita esta deve ser o mais transparente possível devendo o avaliador esforçar-se para ser entendido explicando ao máximo.

A avaliação da educação ambiental começa a dar os primeiros passos e ainda não existe uma teoria abrangente para a avaliação da educação ambiental. Temos a convicção de que a maior contribuição da avaliação da educação ambiental é descobrir e tornar manifesta a excelência que existe em todas as pessoas. A seguir, destacamos alguns critérios orientadores apresentados por
Novo (1995):

· avaliar sempre o por que, para que e para quem de qualquer processo de aprendizagem (na perspectiva de quem ensina e de quem aprende)
· avaliar desde uma perspectiva biográfica e etnográfica
· avaliar vinculando as aprendizagens ao ambiente
· avaliar a aprendizagem de conceitos, valores, procedimentos
· avaliar para ajudar a melhorar não para medir, valorizando os esforços e as trajetórias
· avaliar para promover mudanças
· avaliar avaliando-se, aceitando a idéia de que o observador condiciona o observado

Fonte:
http://www.ecossistemica.com.br/reflexoes/Aavaliacaodaeducacaoambientalformal.pdf

Ilustrações: Silvana Santos