Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
13/03/2010 (Nº 31) Análise do conhecimento de profissionais da saúde, estimativa na cidade de Sítio Novo, TO, relativo aos resíduos hospitalares
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=826 
  
ESTIMATIVA DA GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES DAS CIDADES DE ITAGUATINS (TO) E SÍTIO NOVO (TO)

Análise do conhecimento de profissionais da saúde, estimativa na cidade de Sítio Novo, TO, relativo aos resíduos hospitalares


ANTONIO MOREIRA DE CARVALHO FILHO1

GERALDO BARROSO CAVALCANTI JÚNIOR2

AUREAN P. DE CARVALHO3

DANY GERALDO KRAMER CAVALCANTI E SILVA4

GERUZIA MARQUES TEODORO QUEIROGA5


  1. Pós – Graduando Gestão em Saúde Pública com Ênfase em Saúde Coletiva e da Família – INESPO. thundercat157@hotmail.com.

  2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Dep. de Análises Clínicas. Gbcjunior@hotmail.com

  3. IFTO-ARAGUATINS (Instituto Federal do Tocantins)/ UFCG, Rua Capitão João Alves de Lira, 1305, Bela Vista, CEP 58101-281, Campina grande – PB, E-mail: aureanp@yahoo.com.br.

  4. Prof. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – FACISA - Santa Cruz / RN. Dgkcs@yahoo.com.br. Rua Praia Alagamar, n. 2193. Ponta Negra. Natal – RN.

  5. Farmacêutica Bioquímica. geruzia_mtq@yahoo.com.br



RESUMO

O crescimento populacional tem levado a uma demanda crescente de pacientes em busca de serviços de saúde e, conseqüentemente, a um aumento na produção de resíduos desse setor, acarretando em riscos ocupacionais, ambientais e à saúde pública. No Brasil é possível se observar inúmeras cidades que apresentam práticas inadequadas para gestão de resíduos hospitalares, incluso despreparo / desconhecimento dos profissionais de saúde relativo a esta problemática. Nesta conjuntura, o presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento de profissionais da saúde sobre resíduos hospitalares e materiais perfuro-cortantes em uma cidade da região do Bico do Papagaio. Observou-se que a maioria dos profissionais desta cidade desconhece legislações e medidas de gerenciamentos de resíduos hospitalares. Relativo aos perfuro-cortantes, detectou-se um comportamento inadequado quanto às práticas pós-acidente, estando predominante apenas a lavagem da lesão, embora a maioria tenha alegado ter recebido treinamento para lidar com este material no último semestre.

Palavras-chaves: Sítio Novo(TO), Perfuro-cortantes, Resíduos Hospitalares.


ABSTRACT

The population growth has led to an increasing demand of patients in search of health services and, consequently, to an increase in the waste production in this sector, causing occupational, environmental and the public health risks. In Brazil is possible if to observe innumerable cities that present practical inadequate for hospital waste management, enclosed unpreparedness/unfamiliarity of the health professionals about this problematic. In this conjuncture, the present study had as objective to evaluate the of knowledge of professionals halths about perforate-cutting and hospital waste in a city of the region of the Bico do Papagaio. It was observed that the majority of the professionals of this city is unaware of legislations and measures of hospital waste management. Relative to the perforate-cutting, an inadequate behavior was detected practical how much to the after-accident, being predominant only the laudering of the injury, even so the majority has alleged received training to deal with this material in the last semester.

Word-keys: SÍTIO NOVO (TO), Perforate-cutting, Hospital waste.

1. INTRODUÇÃO


O crescimento populacional tem levado a uma demanda crescente de pacientes em busca de serviços de saúde e, conseqüentemente, a um aumento na produção de resíduos desse setor. Entre as unidades que mais sofreram esta pressão encontram-se os hospitais, os quais inicialmente apresentavam procedimentos manuais para diagnóstico e tratamento, passaram por intensa modernização nas últimas décadas, atuando com maior credibilidade e segurança, bem como no atendimento cada vez mais crescente destes pacientes (WEILERT, 1994; SILVA et al., 2003).

Entretanto, essa demanda gera consumo e conseqüente produção de refugos, contribuindo para ações impactantes ao meio ambiente, demandando, por exemplo, combustíveis fósseis, energia elétrica, água, borrachas, plásticos e produtos do papel. Sendo que este setor representa refugos de classe especial, uma vez que podem ocorrer contaminação biológica, química e/ou radioativa de acordo com as atividades desenvolvidas na instituição (CAMPONOGARA, 2008).

Estes refugos são conhecidos por Resíduos do Serviço de Saúde, gerados por unidades prestadoras de serviços de saúde, como farmácias, laboratórios, hospitais, clínicas e áreas correlatas. Apresentam grande importância por apresentar riscos que possam comprometer aqueles que os manipulam, pois apresentam variada natureza sendo, contudo, em sua maioria resíduos comuns e de grande importância econômica, uma vez que os custos operacionais de gestão do mesmo (RSS) são de responsabilidade da unidade geradora em muitas cidades do país (IPT, 2000; WHO, 1999).

Estes resíduos apresentam crescente produção e grande preocupação junto às secretárias de saúde e meio ambiente dos municípios brasileiros, segundo Silva et al. (2003), é devido a suas propriedades químicas, físicas e biológicas que podem acarretar riscos à saúde pública e ao meio ambiente, bem como, a comunidade hospitalar (os funcionários, pacientes, manipuladores e catadores de lixo, e o público em geral), seja pela exposição direta ou indireta.

No Brasil é possível se observar inúmeras cidades que apresentam práticas inadequadas para gestão de resíduos hospitalares, desde a segregação até o descarte final. No Estado do Tocantins inúmeros estudos demonstram este perfil, como citado por Carvalho et al (2005), que observaram falhas na coleta, segregação, descarte final, desconhecimento ou despreparo dos profissionais de saúde para lidar com esta problemática, em cidades na Região Norte do Estado.

Nesta conjuntura, o presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento destes profissionais referente à gestão de resíduos hospitalares e sobre perfuro-cortantes no município de Sítio Novo na região do Bico do Papagaio / TO.

2. ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define estabelecimentos de saúde, incluindo-se hospitais, sanatórios, maternidades, como todo estabelecimento onde se prática atendimento humano ou animal, em qualquer nível, como locais para fins de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Incluindo-se ainda àqueles onde são realizadas pesquisas. Dentre estes, propõe-se neste estudo avaliar os hospitais, por serem unidades mais complexas e representativas do universo amostral.

Um hospital pode ser definido como uma instituição complexa, onde atividades industriais são mescladas com ciência, tecnologia e procedimentos utilizados diretamente em humanos, com componentes sociais, culturais e educacionais, ou ainda como todos os estabelecimentos com leitos, para internação de pacientes, que garantem um atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos. Além disso, considera-se a existência de serviço de enfermagem e atendimento terapêutico direto ao paciente, durante 24 horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviço de cirurgia e/ou parto, bem como registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos (OLIVEIRA, 2002).

No Brasil há 5.178 unidades hospitalares de atendimento geral, credenciadas junto ao Ministério da Saúde, segundo dados do DATASUS de 2008, variando em complexidade, tamanho, categoria de gestão e localidade. Compreendendo 25 municípios deste total. A região Norte do Tocantins, por sua vez, também conhecida como Bico do Papagaio, possui 74 estabelecimentos de saúde inseridos nesta região.

Nas últimas décadas, houve um crescimento na preocupação em relação ao estabelecimento de saúde populacional, considerando-se o consumo de alimentos, medicamentos, produtos químicos, equipamentos e instrumentos para o tratamento de pacientes, sejam estes intra ou extra-hospitalares, levando a uma produção de resíduos cada vez mais complexa e em maior quantidade (PATIL, 2001). Paralelo aos estudos sobre a proteção ao meio ambiente e a qualidade de vida.

Muitos destes, demonstrando, o risco advindo dos refugos sólidos ou líquidos de vários setores, inclusive, os hospitalares gerados do tratamento de pacientes, podendo propagar infecções pelo contato direto ou indireto através do meio ambiente, entre outros riscos. No mundo esse problema tem sido seriamente considerado, e apropriados sistemas de gerenciamento de resíduos e programas de treinamento e conscientização profissional estão sendo desenvolvidos e instalados (PATIL, 2001).

No Brasil e em diversos países em desenvolvimento, este setor vem recebendo maior atenção desde o início dos anos 80, quando as autoridades de saúde despertaram para os riscos potenciais de seus detritos, devido a sua natureza infecciosa e tóxica. Entretanto, as ações preventivas têm-se demonstrado insuficientes, pois em muitos locais, ocorrem falhas na atenção ambiental, como, descarte inadequado de resíduos, ausência de programas de conscientização e treinamento profissional, dentre outros, que acarreta em riscos (infecciosos, químicos e tóxicos) à saúde pública e ao meio ambiente (LEONEL, 2002).

Sujeitos a estes riscos estão os funcionários de unidades de saúde, pacientes, manipuladores e catadores de lixo, e o público em geral (HNP, 2000), seja pela exposição direta ou indireta, podendo sofrer efeitos carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos (anomalias fetais), danos ao sistema reprodutivo, efeitos respiratórios, efeitos no sistema nervoso central e muitos outros.


3. METODOLOGIA

A pesquisa pode ser caracterizada como exploratória e descritiva do tipo survey, o qual visa à obtenção de dados ou informações sobre as características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população alvo por meio de instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (FREITAS et al., 2000; GIL, 1991 e SILVA et al., 2001).

Para se atingir o objetivo desta pesquisa, optou-se por estudar uma unidade de saúde no município de Sítio Novo na região do Bico do Papagaio no Tocantins. Para tanto, utilizou-se um questionário estruturado no modelo de perguntas do tipo “fechada” (uma única resposta entre várias opções possíveis), formuladas em um modelo do tipo “escala de Likert”, ou seja, aquelas que devem ser analisadas dentro de um tipo de escala de mensuração, pois as prioridades variam de acordo com o posicionamento do entrevistado. (CHIAMENTI, 2003).

O objetivo principal de se utilizar a análise descritiva e exploratória dos valores absolutos e dos percentuais obtidos é o de apresentar a percepção dos entrevistados sobre os fatores direcionadores de consciência ambiental, abordando na forma de tabelas e gráficos baseados em dados da amostra coletada, considerando os vários atributos e suas dimensões.



4. CONTEXTO LOCAL

A cidade em que se desenvolveu o presente estudo localiza-se no extremo Norte do Estado do Tocantins denominada, Bico do Papagaio, sendo localizada latitude 05º36'00" sul e a uma longitude 47º38'29" oeste, (figura 01) área territorial de 340 km2, apresentava em 2006 uma população estimada em 9.302 habitantes, sendo atendida por uma unidade de saúde constituída de 20 leitos de internação (IBGE, 2007).


Figura 01: Localização do município (Sítio Novo, TO) onde o estudo foi realizado.


5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente estudo foram entrevistados 17 funcionários em duas unidades de saúde do município de Sítio Novo (TO), abordando-se variáveis inerentes à gestão de resíduos hospitalares e dados socioeconômicos.

Foram entrevistados funcionários em sua maioria que trabalham em instituições de saúde como enfermeiros, enfermeiros-chefe, diretores, agentes de saúde, auxiliares de serviços gerais, médicos. De tal forma, se detecta vários níveis de escolaridade, como ensino fundamental até ensino superior completo. Variando assim a renda salarial de cada um: em sua maioria de um salário mínimo até quatro salários mínimos. Relativo ao tempo de serviço verificou-se que 39% dos entrevistados, tem mais de sete anos de atividade profissional (Figura 02). Considerando-se o tempo de serviço dos profissionais envolvidos, se espera melhores desempenhos em relação ao conhecimento das atividades desenvolvidas, minimizando falhas e riscos, incluindo maior convívio com materiais perfuro cortantes e resíduos hospitalares.

Figura 02: Tempo de serviço dos profissionais de saúde.


O gerenciamento de resíduos hospitalares encontra-se falho em várias cidades do país, sendo maior a problemática em regiões menos favorecidas como a região Norte do país. Estando a produção na América Latina por unidade de saúde entre 1 kg a 4,5 kg/leito/dia, variando quanto ao tipo de serviço prestado (BRITO, 2000).

Assim, buscou-se avaliar a qualidade da gestão de resíduos hospitalares nas unidades de saúde em Itaguatins e Sítio Novo sob a ótica dos funcionários destas. Observando-se que a maioria considera de qualidade insatisfatória, para 71% dos funcionários em Sítio Novo e 79% em Itaguatins (Figura 03).


Figura 03: Qualidade da Gestão dos Resíduos Hospitalares.


Uma das alternativas para mitigar a problemática dos resíduos refere-se às ações de educação ambiental junto à comunidade hospitalar, buscando-se a conscientização desta de forma a reduzir consumo, instruir sobre procedimentos e legislações especificas, de forma a se obter ganhos sociais, ambientais e econômicos (BRITO, 2000).

Nesta conjuntura, se questionou os entrevistados quanto à importância de ofertar cursos voltadas à temática dos resíduos. A maioria citou como importante à oferta desses cursos / treinamentos, uma vez que poderia melhorar suas ações no processo de gestão dos mesmos, sendo respectivamente apontado por 78% (Sítio Novo) (Figura 04).


Figura 04: Nível de importância quanto à oferta de cursos sobre lixo hospitalar.


Tendo-se em vista o tempo de serviço prestado pela maioria dos entrevistados infere-se que tenham conhecimento sobre vários aspectos ligados aos resíduos sólidos, dentre eles, categoria, legislação especifica, riscos a saúde e práticas de segregação. Conhecimentos importantes para um adequado gerenciamento dos refugos, com posterior acondicionamento, armazenamento, tratamento, transporte e descarte seguro.

Quando questionados sobre algumas destas variáveis observou-se que um pequeno percentual de entrevistados alegou conhecimento sobre legislações aplicadas aos resíduos hospitalares, tipos de resíduos produzidos nas unidades de saúde e práticas de segregação (Figura 05).


Figura 05: Percentual de entrevistados que alegam conhecer classes, leis e práticas de segregação sobre resíduos hospitalares.



Os dados anteriores foram confirmados quando se questionou o nível de conhecimento dos entrevistados sobre resoluções no âmbito nacional em vigência atualmente, sendo elas: a RDC N° 306 / 2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde) e a N 358 / 2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde).

A maioria dos entrevistados (Sítio Novo – 63% e Itaguatins – 72%) alegou ter pouco conhecimento destes aspectos legais. Sendo regulamentos importantes, pois tratam do aspecto gerencial, tratamento e disposição final dos resíduos dos serviços de saúde. Demonstrando a necessidade de treinamento destes profissionais, afim de atualização na referida temática.

Figura 06: Grau de conhecimento dos entrevistados sobre legislações aplicadas aos resíduos hospitalares.


Quando questionados sobre a facilidade de desenvolverem um plano de gestão de resíduos hospitalares para suas instituições, 67% (Sítio Novo), alegou ter alguma dificuldade para execução desta atividade (Figura 06), o que reforça os dados anteriores quanto à importância de implantação de programas de qualificação sobre a temática.


Figura 07: Nível de dificuldade apontada pelos entrevistados para elaborar um plano de gestão de resíduos hospitalares.


Quanto às práticas adequadas de segregação, acondicionamento, identificação, reciclagem ou tratamento dos resíduos em suas unidades de saúde, a maioria dos entrevistados, em média de 70% nesta cidade, alega não desenvolver estas atividades na sua unidade de saúde. Podendo-se inferir que a gestão dos resíduos, sob a ótica dos dados coletados não é adequadamente gerenciada.

Outra variável abordada na pesquisa, se relacionou aos materiais perfuro cortantes, quanto aos que sofreram acidentes, as condutas tomadas e o treinamento para a manipulação destes materiais. Uma vez que, o risco de trabalhadores da área da saúde se contaminarem com patógenos veiculados pelo sangue, já está bem documentado e demonstra que a Aids e a hepatite B e C, são adquiridas de maneira ocupacional, em especial por estes materiais (CANINI at al, 2002).

Relativo à ocorrência de acidentes com estes materiais observou-se, 29% em Sítio Novo (Figura 08), semelhante a outros estudos, como Cabine at. al (2002), que encontraram dentro das categorias de acidentes ocupacionais 30,40% com perfuro cortantes.


Figura 08: Percentual de acidentes com perfuro cortantes.


Nos casos de acidentes com perfuro cortantes, as condutas pós-acidentes são essenciais para minimizar o risco de contaminação. Partindo-se de uma lavagem local, notificação do acidente, busca de centros de referência, imunização com vacina ou uso de medicação específica para HIV, quando for o caso. Sendo em muitos estudos, relatado que os acidentados se preocupam apenas com a lavagem local (TEIXEIRA at al, 2008).

No presente estudo observou-se que 46% dos entrevistados (Sítio Novo) apenas lavaram o local do ferimento, realizaram esta conduta (Figura 09). Dados semelhantes aos apontados por Teixeira at al (2008), na qual 69,5% dos entrevistados alegaram só ter lavado o local do ferimento.


Figura 09: Condutas pós-acidente.

A incidência de acidentes dessa natureza é grande como citam Teixeira et al (2008), sendo necessário o treinamento e conscientização dos profissionais de saúde quanto às condutas adequadas na manipulação de perfuro cortantes, minimizando o risco de acidentes. Neste contexto, se questionou os entrevistados quanto à freqüência com que recebem alguma orientação ou treinamento para lidar com estes materiais. Pelo observado na Figura 10, infere-se que a maioria dos entrevistados nas duas cidades recebe treinamento ao menos uma vez por semestre, fato que pode contribuir para reduzir os níveis, ainda altos de acidentes com esses materiais.

Figura 10: Freqüência de treinamento para manipulação de perfuros cortantes.



6. CONCLUSÕES


Tendo-se em vista as informações coletadas na cidade de Sítio Novo, no Estado do Tocantins, pode-se concluir que apesar dos funcionários apresentarem um bom tempo de serviço em sua maioria, estes precisam passar por um programa de treinamento voltado à gestão de resíduos sólidos e manejo de material perfuro cortante.

Isto contribuiria para melhoria da gestão destes refugos e mitigação dos níveis de acidentes com material perfuro cortante, reduzindo os riscos ocupacionais e ambientais nas referidas unidades de saúde. O desconhecimento sobre as legislações ou procedimentos na manipulação dos refugos demonstra essa necessidade.

Relativo aos perfuro cortantes, os hospitais necessitam voltar maior atenção ao problema, buscando melhorar a notificação dos acidentes, o encaminhamento dos profissionais trabalhadores acidentados aos centros especializados e adotar medidas para a prevenção dos acidentes nos locais de trabalho. Isto se torna importante, pois as condutas pós-acidente não são totalmente eficazes, sendo necessárias ações educativas permanentes associadas a campanhas de vacinação, uso de Precauções Padrão e de equipamentos de proteção individual (EPI).

As duas áreas, resíduos hospitalares e perfuro cortantes, podem ser tratadas em conjunto nas unidades de saúde, através de práticas e biossegurança, utilizando-se da educação e treinamento dos profissionais de saúde, determinação de responsabilidades, produção de leis específicas e envolvimento da comunidade como um todo.


BIBLIOGRAFIA


BRITO, M.A.G.M. - Considerações sobre resíduos sólidos de serviços saúde.  Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v.2, n.2, jul. - dez. 2000.

Camponogara, Silviamar. Um estudo de caso sobre a refletividade ecológica de trabalhadores hospitalares. Tese, 160f. 2008. Doutorado. (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção – Universidade Federal de Santa Catarina).

CANINI, Silvia Rita Marin da Silva; GIR, Elixir; HAYASHIDA, Miyeko e MACHADO, Alcyone Artioli. Acidentes perfuro cortantes entre trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário do interior paulista. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2002, vol. 10, no. 2, pp. 172-178.

CHIAMENTI, A. M. M. Gestão ambiental na agricultura: um estudo sobre fatores associados à conscientização ambiental em estudantes de uma escola agrotécnica. Dissertação. (Programa de Engenharia de Produção). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 120p. 2003.

DATASUS – Departamento de Informática do SUS. Disponível em: http://www.datasus.gov.br. Acessado em 12/2008.

FREITAS, H.; OLIVEIRA, M.; SACCOL, A. Z.; MOSCAROLA, J. O método da pesquisa survey. Revista de Administração da USP. V 35, n 3, pp 105-112, 2000.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa.3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

HNP – Health, Nutrition and Population Discussion Paper / The World Bank. JOHANNESSEN, L. M.; DIJKMAN, M.; BARTONE, C.; HANRAHAN, D.; BOYER, M. G.; CHANDRA, C. Health care waste management guidance note. Washington, 2000.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades - Tocantins. 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acessado em 02/09.

IPT - Instituto de Pesquisa e Tecnologia. Manual de gerenciamento integrado de lixo municipal. 2a Ed. São Paulo, 2000.

Leonel, M. Proteção ambiental: uma abordagem através da mudança organizacional relacionada aos resíduos sólidos para qualidade em saúde. Dissertação de Mestrado, UFSC, Florianópolis, 2002, 109p.

Oliveira, J. M. de. Análise do Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde nos Hospitais de Porto Alegre. Dissertação de Mestrado – UFRGS, Porto Alegre, 2002.

Patil, A. D. and Shekdar, A. V. Health-care waste management in India. Journal of Environmental Management 63, pp 211–220, 2001.

SILVA, D. G. K. C. E; AVELINO, W. DE S.; COSTA, B. K. Responsabilidade Social e Competitividade como Fatores Estratégicos: Um Estudo no Setor de Laboratórios de Análises Clínicas. Revista Saúde, v 17, n 1, pp 41 – 48, 2003.

SILVA, E. L. DA. E MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3 ed. Florianópolis: rev. atual. Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. 121p.

TEIXEIRA, C. S.; PASTERNAK – JUNIOR, B.; SOUSA, Y. T. C. S.; CORREA SILVA, S. R. Medidas de prevenção pré e pós-exposição a acidentes perfuro cortantes na prática odontológica. Rev. Odonto Ciênc. 2008;23(1):10-14.

WEILERT, M. The clinical laboratory is in the information business. Clinica Chimica Acta, 224, p 1-7, 1994.

WHO - World Health Organization. Prüss, A.; Giroult, E.; Rushbrook, P. Safe management of wastes from health-care activities. Geneva, 1999.






Ilustrações: Silvana Santos