Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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13/03/2010 (Nº 31) Promovendo a educação ambiental para o desenvolvimento rural sustentável: uma análise sobre o projeto desenvolvido pela comunidade Morada da Paz em Triunfo/RS no ano de 2003
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Promovendo a educação ambiental para o desenvolvimento rural sustentável: uma análise sobre o projeto desenvolvido pela comunidade Morada da Paz em Triunfo/RS no ano de 2003.



Rogério Ferreira Teixeira - rogeriodamorada@bol.com.br



RESUMO:



Este artigo tem por objetivo analisar o projeto de educação ambiental desenvolvido pela Comunidade Morada da Paz (CMP) em 2003, junto aos alunos do ensino fundamental da Escola Municipal Gonçalves Dias em Triunfo/RS e avaliar a contribuição deste para a formação de uma consciência ecológica local. Será analisado também o diagnóstico de percepção ambiental realizado junto aos alunos da escola citada, que serviu de subsídio para este projeto e o feedback dos alunos sobre as atividades desenvolvidas. Complementarmente, serão abordadas as possíveis contribuições que uma comunidade sustentável pode oferecer ao desenvolvimento rural sustentável.



Palavras-chave: Sustentabilidade, Meio Ambiente, Permacultura.



INTRODUÇÃO



Segundo Reigota (1984), meio ambiente é um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais. É sob esta perspectiva que se faz referência ao meio ambiente neste estudo.

A educação ambiental possibilita ao seu público alvo, seja ele constituído por crianças, adolescentes, adultos ou idosos uma gama diversa de opções no sentido do aprendizado multidimensional. Por suas próprias especificidades, através da educação ambiental mais de uma área do conhecimento humano pode ser trabalhada conjuntamente, garantindo uma riqueza muito maior de informações, saberes e trocas.

Dessa forma, a criatividade e a inspiração são potencializadas nos educandos, pois a "não-formalidade" das atividades, podemos chamar assim, colabora para a criação de uma atmosfera de aprendizagem muito mais solidária e descontraída, despertando o prazer na construção do conhecimento. Conteúdos programáticos de abstrata utilidade no dia-a-dia podem ser correlacionados com as vivências de educação ambiental garantindo que nada do que se estuda é em vão, como é o senso comum sobre muitos assuntos entre os educandos.

A educação ambiental é extremamente importante para formar cidadãos mais conscientes das interações estabelecidas no ecossistema natural e da sua forma de agir no sentido de privilegiar ao longo da sua existência a sustentação da vida.

Um fator importante percebido na realidade local em 2003, no início do Projeto foi uma baixa utilização de técnicas de manejo sustentáveis nas propriedades rurais, seja na lavoura, na pecuária ou em outros setores da atividade rural.

Concomitantemente foi constatada uma total desarticulação da sociedade local em enfrentar e promover ações em projetos ambientais de interesse coletivo. Sobre isso, Jacobi (2006, p. 9), tece algumas considerações interessantes:



Nesse contexto, as práticas educativas devem apontar para propostas pedagógicas centradas na mudança de hábitos, atitudes e práticas sociais, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Isso desafia a sociedade a elaborar novas epistemologias, que possibilitem o que Morin denomina de uma "reforma do pensamento".



Assim sendo, buscou-se através deste projeto de educação ambiental promover o desenvolvimento rural sustentável dando impulso à formação de uma consciência ecológica local/regional, pois como nos dizem Loureiro et al (2006, p. 100):

A educação ambiental com responsabilidade social é toda aquela que propicia o desenvolvimento de uma consciência ecológica no educando, mas que contextualiza seu planejamento político-pedagógico de modo a enfrentar também a padronização cultural, a exclusão social, a concentração de renda, a apatia política, a alienação ideológica; muito além da degradação do ambiente (sem confundi-la com o desequilíbrio ecológico). É toda aquela que enfrenta o desafio da complexidade, porque os problemas ambientais acontecem como decorrência de práticas sociais, e como tal, expõe grupos sociais em situação de conflito sócio-ambiental.



Neste artigo serão vistos inicialmente alguns dados sobre o município de Triunfo/RS. Em seguida, será feita uma breve descrição da CMP. Logo após, será abordado e comentado o estudo de percepção ambiental realizado junto aos alunos da Escola Municipal Gonçalves Dias de Triunfo/RS. No próximo momento, serão analisadas as oficinas de educação ambiental realizadas na CMP e a seguir serão tecidas as considerações finais.



1. DADOS DO MUNICÍPIO DE TRIUNFO/RS.

1.1 LOCALIZAÇÃO



A sede municipal de Triunfo/RS situa-se no baixo vale do Jacuí, nas confluências do Rio Taquari e Jacuí. Localiza-se à margem esquerda do Rio Jacuí, aos 29º 50' 55" de latitude sul e 51º 43' de longitude oeste. Sua altitude média é de 45 metros acima do nível do mar.



1.2 DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS - TRIUNFO/RS:



Tabela 1: Dados Sócio-Econômicos - Triunfo/RS



ITEM

QUANTIDADE

POPULAÇÃO TOTAL

22.192

POPULAÇÃO DE HOMENS

11.311

POPULAÇÃO DE MULHERES

10.881

PIB PER CAPITA

R$ 25.002,00

DISTÂNCIA DE PORTO ALEGRE

75 KM

ÁREA

823 KM2

ESCOLAS DE ENSINO PRÉ-ESCOLAR

15

ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL

34

ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO

4

HOSPITAIS

1

POSTOS DE SAÚDE

6

BANCOS

7

Fonte: http://www.rsmunicipios.com.br



2. BREVE DESCRIÇÃO SOBRE A COMUNIDADE MORADA DA PAZ (CMP), LOCUS DAS OFICINAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DESENVOLVIDAS.



A CMP está situada na área rural do distrito de Vendinha, município de Triunfo/RS, numa propriedade de 4,2 hectares na BR 386 KM 407. A vizinhança da CMP pratica a agricultura familiar característica do distrito de Vendinha, com pequenas hortas de milho, mandioca, verduras e legumes, cana de açúcar e a criação de bovinos e ovinos em pequeno número.

A CMP surgiu como proposta em janeiro de 2002, após diversas conversas em que um grupo de pessoas unidas há 4 anos pela busca de uma integração mais plena com a natureza e as diversas formas de vida que fazem parte deste universo, acabou optando por uma vida em comum, buscando uma relação basilada na ética, no amor e no respeito entre si e o todo.

O objetivo da estruturação de uma comunidade sustentável foi o de produzir conhecimento científico e tecnológico nas áreas de meio ambiente, educação, economia, assistência social, cultura, saúde, relações humanas e desenvolver técnicas e experiências de sustentabilidade que possam ser aplicadas para que se atinja uma melhor qualidade de vida no planeta.

A propósito, Capra (2002, p. 238) esclarece-nos sobre comunidades sustentáveis:



As comunidades sustentáveis desenvolvem seus modos de vida no decorrer do tempo mediante uma interação contínua com outros sistemas vivos, tanto humanos quanto não-humanos. A sustentabilidade não implica uma imutabilidade das coisas. Não é um estado estático, mas um processo dinâmico de coevolução. A definição operativa de sustentabilidade exige que o primeiro passo no nosso esforço de construção de comunidades sustentáveis seja a alfabetização ecológica, ou seja, a compreensão dos princípios de organização, comuns a todos sistemas vivos, que os ecossistemas desenvolveram para sustentar a teia da vida.

A área da CMP, situada à margem esquerda das nascentes do Arroio Lajeadinho possibilita uma percepção ambiental em escala ampliada de uma bacia hidrográfica e da sua interação com todo o ecossistema natural.

O processo de ocupação territorial da propriedade teve a orientação de uma empresa de arquitetura do RS, em 2003, com a preocupação de realizar um projeto visando a convivência sustentável com a natureza utilizando os princípios da permacultura.

Sobre permacultura, Legan (2004, p.13) esclarece- nos:



Permacultura significa cultura permanente. É um sistema de design para a criação de ambientes produtivos, sustentáveis e ecológicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vida. Este sistema de planejamento holístico trabalha com a natureza pela imitação dos processos naturais, utilizando a sabedoria dos sistemas tradicionais de produção e o conhecimento científico moderno para estabelecer comunidades sustentáveis.



Dentro do eixo educação, é prioridade da CMP o trabalho com as crianças, visando à alfabetização ecológica.

Sobre este conceito, Capra (2002), o explicita melhor:



Esse sistema envolve uma pedagogia cujo centro mesmo é a compreensão de o que é a vida; uma experiência de aprendizado no mundo real (plantar uma horta, explorar um divisor de águas, restaurar um mangue), que supera a nossa separação em relação à natureza e cria de novo em nós uma noção de qual é o lugar a que pertencemos; e um currículo no qual as crianças aprendem os fatos fundamentais da vida - que os resíduos de uma espécie são os alimentos de outra; que a matéria circula continuamente pela teia da vida; que a energia que move os ciclos ecológicos vêm do sol; que a diversidade é a garantia da sobrevivência; que a vida, desde os seus primórdios há mais de três bilhões de anos, não tomou conta do planeta pela violência, mas pela organização em redes.



Pela experiência vivenciada a partir de dezembro de 2002, quando se efetivou de fato o início da vida em comunidade, foi percebido pelos moradores que a riqueza de saberes e experiências demonstra a necessidade do homem sentir-se novamente pertencente à Terra, para poder compreendê-la, analisá-la, sentir o solo e o que ele pode fazer brotar, como manejá-lo, quais as melhores técnicas, onde construir, de que forma, em que momento, quais as opções. São perguntas que muitas vezes passam despercebidas pelas pessoas, mas que acabam influindo diretamente sobre o meio ambiente e a qualidade de vida.

As comunidades sustentáveis e ecovilas surgem neste momento planetário como uma alternativa ao processo de globalização econômica, na medida em que se constituem em um valioso instrumento para a potencialização das economias regionais e a construção de um novo paradigma de vida, integrando meio ambiente, gestão participativa, identidade cultural e espiritualidade, resgatando o ser humano do vazio existencial em que se encontra e o leva à competição e ao consumismo na ânsia por preencher esta lacuna que foi se criando dentro dele com o passar dos tempos até chegar este momento crítico da civilização, onde uma relação mais fraterna e solidária precisa se desenvolver no planeta, sob pena da vida perecer.

A CMP procura estabelecer com o meio ambiente no qual insere-se uma relação de sustentabilidade através do uso racional dos recursos naturais (terra, água, ar, fauna, flora), da reciclagem de resíduos orgânicos gerados pelas atividades humanas e da preservação da biodiversidade. Estes princípios visam salvaguardar o patrimônio natural com vistas ao seu aproveitamento pela atual e por futuras gerações, vislumbrando a perspectiva de uma vida humana integrada com a natureza, de um constante compartilhar, da troca de experiências entre as pessoas, do diálogo sincero e aberto para a construção, e da articulação de redes solidárias potencializando o desenvolvimento rural sustentável. Sobre este tema, Almeida (1995) traz importante contribuição:



A noção de desenvolvimento (rural) sustentável tem como uma de suas premissas fundamentais o reconhecimento da "insustentabilidade" ou inadequação econômica, social e ambiental do padrão de desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Esta noção nasce da compreensão da finitude dos recursos naturais e das injustiças sociais provocadas pelo modelo de desenvolvimento vigente na a maioria dos países. No Relatório Brundtland, publicado em 1987, a idéia de desenvolvimento sustentável aparece nos seguintes termos: é aquele capaz de garantir as necessidades das gerações futuras.



3. PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DE 5ª A 8ª SÉRIES DA ESCOLA MUNICIPAL GONÇALVES DIAS/TRIUNFO/RS.

O estudo procurou identificar os principais elementos da percepção ambiental dos alunos de 5a a 8a séries da Escola Municipal Gonçalves Dias, com a qual foi desenvolvido o programa piloto de educação ambiental. Não foi objetivo deste estudo buscar avaliar a qualidade do ensino ministrado, mas sim identificar elementos norteadores para a realização das oficinas de educação ambiental visando qualificá-los baseadas na percepção que os estudantes possuíam do meio ambiente.



  1. Cite o nome de dez animais que você que vivem aqui na região:



Predominaram os animais domésticos, liderando as respostas nas quatro turmas. Os alunos demonstraram uma boa percepção da fauna geral da região.



  1. Cite o que existe dentro de uma floresta:



Mais de 80% das respostas chamam a atenção para a fauna e a flora em todas as turmas.

.



  1. Você tem medo de entrar numa floresta ou em um mato? Por que?



As maiorias dos alunos no conjunto das turmas afirmaram não ter medo de entrar na floresta em todas as turmas, sendo o menor índice o de 51,5% na 7ª série, o que, entretanto é um índice alto.



  1. Você acha que as florestas ou matos devem ser protegidas?



Houve um grande índice de respostas positivas, variando de 88 a 100%, demonstrando a consciência de preservação dos alunos.



  1. Qual a diferença entre rio e lagoa?



Nota-se que poucas crianças conseguem ter clareza das diferenças entre um rio e uma lagoa. Da 5ª a 8ª séries há uma curva ascendente no número de acertos.



6) Diga o nome de um rio:



O Jacuí, principal rio da região lidera em todas as turmas as respostas, com no mínimo 50% dos índices.



7) Diga o nome de uma lagoa:



A lagoa dos Patos é a que mais se destaca em todas as turmas.



8) O que é poluição?



O lixo e a fumaça são os principais fatores apontados como poluição em quase 70% dos índices de respostas em cada turma.



  1. Cite um local da sua região que é poluído. Por que?



As respostas de cada turma são bem peculiares nesta questão, não apresentando uma tendência.



10) Como você descreve o meio ambiente?



O aspecto de paisagem bonita e de habitat de árvores e animais lidera os índices em todas as turmas. Salienta-se a descrição de 5ª e 8ª série, sobre meio ambiente como o lugar onde vivemos 20 e 14% dos índices de respostas respectivamente.



4. OBSERVAÇÕES DA PESQUISA.

As crianças e adolescentes precisam reconhecer que o meio ambiente também é o lugar em que vivem. Poucos têm essa compreensão. É preciso desenvolver uma visão holística de meio ambiente, para a interação com todos os seres vivos. A fraternidade, a paz, o amor e a compaixão são os pilares para essa relação se firmar. Compartilhar com o próximo também é um ato em prol da ecologia, pois isso contribui para a vida.

Com base na análise das respostas dos questionários aplicados na Escola Municipal Gonçalves Dias, foi possível averiguar os seguintes aspectos da relação dos estudantes de 5a à 8a séries com o meio ambiente:

  1. Possuem uma boa percepção da fauna da região;

  2. Conhecem os principais rios e lagoas do estado;

  3. Reconhecem a importância da preservação das matas, embora haja uma sensação de medo quanto a entrar nelas.

  4. O lixo e a fumaça são os seus principais referenciais de poluição.

  5. Reconhecem os rios e arroios como as principais vítimas da poluição na região.

  6. Não conseguem diferenciar com clareza rio de lagoa.

  7. Têm uma percepção muito concentrada em fauna e flora (cerca de 80% das respostas) quando questionados sobre o que existe dentro da floresta.

É importante trabalhar com as crianças e adolescentes que manifestaram medos reais e imaginários quanto ao que existe na floresta, para que possam suplanta-los, porque com o medo a relação com a natureza torna-se fria e distante. Sentindo-se confiantes as crianças se tornarão adultos seguros daquilo que podem e devem realizar nas suas vidas, sem se deixar abater pelas dificuldades que encontrarem no caminho, adquirindo a resistência necessária para lidar com quaisquer tipos de tensionamentos ou de contrariedades que por ventura lhes afligirem.



5. AS OFICINAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL REALIZADAS NA CMP E SUA AVALIAÇÃO PELOS ESTUDANTES.



Desenvolvidas pela Comunidade Morada da Paz de agosto à novembro de 2003 (baseadas no estudo de percepção ambiental que foi realizado), somando oito encontros, as oficinas de educação ambiental tiveram os seguintes objetivos:

  • despertar a consciência ecológica do público alvo (crianças e adolescentes da região);

  • sensibilização ambiental;

  • resgate de uma relação mais harmônica e solidária com a natureza;

  • valorização da realidade regional quanto à natureza, história, saberes;

  • potencializar ações em prol da sustentabilidade ambiental;

As oficinas estruturadas pela CMP seguiram como roteiro básico:

  • apresentação da proposta de atividades;

  • dinâmica de grupo, com técnicas de respiração e uso de som;

  • trilha ecológica, para integração com a natureza;

  • atividades práticas de: reciclagem (compostagem, papel reciclado), agroecologia (espirais, canteiros alternativos), de alimentação naturalista (sucos naturais e cucas integrais), de relações humanas (pão que une).

Observou-se nas oficinas realizadas com as escolas da região:

  • uma relação distante dos jovens com a natureza;

  • conceitos distorcidos quanto a alguns aspectos ambientais;

  • sentimento de negação dos adolescentes com relação às suas origens;

  • hábitos urbanos muito introjetados na maneira de vestir, de pensar, de falar.

Vindos de uma realidade urbana, os membros da CMP fizeram o caminho inverso ao pretendido por muitos jovens participantes das oficinas, isto é, ir para uma metrópole assim que tiverem uma oportunidade e se desligarem definitivamente da sua origem no interior. Buscando esta religação com a terra e uma relação mais harmoniosa com as diversas formas de vida, foi esclarecido aos jovens à sua importância enquanto cidadãos da região de Triunfo/RS e a sua responsabilidade na preservação e sustentação do meio ambiente, bem como foi focado o resgate da sua auto-estima.

Com o desenvolvimento das oficinas de educação ambiental foram sendo transmitidos e recebidos conhecimentos sobre o meio ambiente com o público participante, o que enriqueceu as vivências da CMP, qualificando os trabalhos desenvolvidos.

Os gráficos abaixo gerados a partir de uma pesquisa realizada com uma amostra de 40 alunos participantes das oficinas, mostram alguns dados interessantes sobre a sua percepção com relação a vivência que tiveram na CMP e a sua relação com o meio ambiente.



Gráfico 1:



Em três das quatro turmas os alunos evidenciaram que a harmonia do ambiente era o que mais lhes chamava a atenção na CMP, o que contribuiu sem dúvida para o bom andamento das atividades.



Gráfico 2:



Ressalta-se a reciclagem de papel como a técnica que mais chamou a atenção da maioria dos entrevistados para o equilíbrio ambiental.



Gráfico 3:



A compostagem e a reciclagem de papel foram as técnicas mais utilizadas em casa pelos entrevistados.



Gráfico 4:



Mais de 50 % dos entrevistados em três das quatro séries conseguiram avaliar que passaram a nutrir uma maior reconhecimento e respeito pela natureza após as oficinas.



Gráfico 5:

Devido à oficina de alimentação naturalista mais de 60% dos entrevistados reconheceu a importância da alimentação naturalista como fator importante para uma melhor qualidade de vida.



6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A realização deste programa piloto de educação ambiental junto às crianças e adolescentes da região, baseado no diagnóstico de percepção ambiental, com a parceria da Secretaria da Educação Municipal de Triunfo/RS possibilitou a sensibilização ambiental de crianças e adolescentes da região, contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes sobre a sua importância para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável, a partir da análise dos dados sobre o retorno do trabalho realizado nas oficinas na CMP.

A CMP possibilitou as condições necessárias para que os alunos da Escola Municipal Gonçalves Dias experimentassem as vivências ecológicas necessárias para a compreensão das interações do homem com o meio ambiente, assim como o desenvolvimento de conhecimentos e ações efetivas para a sustentabilidade dos recursos naturais no dia-a-dia, a fim de que uma melhor qualidade de vida possa se tornar realidade.

No seu contexto local, a CMP pode contribuir para o desenvolvimento rural constituindo-se em um pólo gerador de ações e conhecimentos para a sustentabilidade sócio-econômica-ambiental, integrando pessoas, organizações da sociedade civil, o poder público e as empresas da região, através da articulação de trabalhos e ações em redes solidárias.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:



ALMEIDA, Jalcione. Da ideologia do progresso à idéia de desenvolvimento (rural) sustentável. In: Reconstruindo a agricultura: idéias e ideais na perspectiva de um desenvolvimento rural sustentável/organizado por Jalcione Almeida e Zander Navarro. - Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1997.

CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas - Ciência Para Uma Vida Sustentável. Ed. Cultrix , 2002. 296 Pg.

Dados sócio-econômicos de Triunfo/RS. Disponível em: http://www.rsmunicipios.com.br Acesso em 25.03.2003.

JACOBI, Pedro. Prefácio. In: Pensamento complexo, dialética e educação ambiental/ Carlos Frederico B. Loureiro, Philippe Promier Layrargues, Ronaldo Souza de Castro (orgs.). - São Paulo: Cortez, 2006.

LEGAN, Lúcia. A escola sustentável: eco-alfabetizando pelo ambiente/Lucia Legan. -São Paulo: Imprensa oficial do estado de São Paulo; Pirenópolis, GO: IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, 2004. 171 p.

LOUREIRO, Carlos Frederico. Problematizando conceitos: contribuição à práxis em educação ambiental. In: Pensamento complexo, dialética e educação ambiental/ Carlos Frederico B. Loureiro, Philippe Promier Layrargues, Ronaldo Souza de Castro (orgs.). - São Paulo: Cortez, 2006.

REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.

Ilustrações: Silvana Santos