Educação ambiental em ação 31
Terra é incapaz de
acompanhar ritmo atual de consumo de carnes e pescado
Por Anne Chaon, em Paris
Nos países desenvolvidos, o consumo de carne chega a 80 kg per capita
No topo absoluto da cadeia alimentar, os seres humanos se dão ao luxo de
comer de tudo,
mas a um preço elevado: a pesca massiva está levando as
espécies
marinhas à extinção, e a piscicultura polui a água, o solo e a
atmosfera - o
que precisa fazer com que mudemos de hábitos.
Alimentar a humanidade - nove bilhões de indivíduos até 2050, segundo as
previsões da
ONU - exigirá uma adaptação de nosso comportamento, sobretudo
nos países mais
ricos, que precisarão ajudar os países em desenvolvimento.
Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
a Alimentação
(FAO), publicado nesta quinta-feira, a produção mundial de carne
deverá dobrar
para atender à demanda mundial, chegando a 463 milhões de
toneladas por
ano.
Um chinês que consumia 13,7 kg de carne em 1980, por exemplo, hoje come em
média 59,5 kg
por ano. Nos países desenvolvidos, o consumo chega a 80 kg per
capita.
"O problema é como impedir que isso aconteça. Quando a renda aumenta, o
consumo de
produtos lácteos e bovinos segue o mesmo caminho: não há exemplo
em contrário no
mundo", destacou Hervé Guyomard, diretor científico em
Agricultura do
Instituto Nacional de Pesquisa Agrônoma da França (INRA),
responsável
pelo relatório Agrimonde sobre "os sistemas agrícolas e
alimentares
mundiais no horizonte de 2050".
Atualmente, a agricultura produz 4.600 quilocalorias por dia e por
habitante, o
suficiente para alimentar seis bilhões de indivíduos.
Deste total, no entanto, 800 se perdem no campo (pragas, insetos,
armazenamento)
, 1.500 são dedicadas à alimentação dos animais - que só
restituem em média
500 calorias na mesa - e 800 são desperdiçadas nos países
desenvolvidos.
Por outro lado, o gado custa caro ao meio ambiente: 8% do consumo de água,
18% das emissões
de gases causadores do efeito estufa (mais que os
transportes) e
37% do metano emitido pelas atividades humanas.
E, mesmo que seja fonte essencial de proteínas, a carne bovina não é
"rentável"
do ponto de vista alimentar: "são necessárias três calorias
vegetais para
produzir uma caloria de carne de ave, sete para uma caloria de
porco e nove
para uma caloria bovina", explicou Guyomard.
Desta maneira, mais de um terço (37%) da produção mundial de cereais serve
para alimentar o
gado - 56% nos países ricos - segundo o World Ressources
Institute.
Seria o caso, então, de reduzir o consumo de carne e substitui-lo pelo
peixe?
Os oceanos não podem ser considerados uma despensa inesgotável, estimou
Philippe Cury,
diretor de pesquisas do Instituto de Pesquisas para o
Desenvolvimento
(IRD).
O número de pescadores é duas a três vezes superior à capacidade de
reconstituição
das espécies. No
atual ritmo, a totalidade das espécies comerciais haverá desaparecido em
2050.
Fonte<http://noticias.
uol.com.br/
ultnot/cienciaes
aude/ultimas-
noticias/
afp/2010/
02/23/terra-
e-incapaz-
de-acompanhar-
ritmo-atual-
de-consumo-
de-carnes-
e-pescado.
jhtm>