Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/12/2009 (Nº 30) EDUCAÇÃO AMBIENTAL: DESAFIOS PARA RECUPERAÇÃO E APROVEITAMENTO DO CERRADO NA MESORREGIÃO SUL MARANHENSE
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

DESAFIOS PARA RECUPERAÇÃO E APROVEITAMENTO DO CERRADO NA MESORREGIÃO SUL MARANHENSE

 

Zilmar Timoteo Soares.

zilmarsoares@bol.com.br

 

 

RESUMO

 

Nas últimas décadas, com a industrialização e o crescimento exponencial das populações, tem-se assistido a uma constante devastação das matas tropicais e ao uso predatório de reservas ambientais. Este processo de ocupação desordenada leva à ocorrência de diversos impactos ambientais, redução da biodiversidade, poluição de mananciais, exposição a riscos genéticos, etc. Grande parte das espécies nativas do cerrado apresenta um elevado potencial para o aproveitamento econômico, abrindo uma nova perspectiva para racionalização da ocupação da região. Com esse pensamento, a pesquisa teve como objetivo analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de maneira crítica, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo positivo dentro e fora da sala de aula, para garantir o manejo sustentável do meio ambiente e a boa qualidade de vida. O procedimento metodológico constitui-se na caracterização e analise integrada de variações ambientais, por meio de interpretação de mapas e fotos, pesquisa descritiva, utilização do sistema educacional e entrevistas. Frente à realidade, se fez necessário um adequado planejamento ambiental que permitiu identificar problemas, conceber estratégias de utilização dos recursos e influência nas tomadas de decisões, garantindo assim, a manutenção da produtividade das matas e a qualidade de vida das populações locais, através da Educação Ambiental.

 

Palavras Chaves: Cerrado; Recuperação e Aproveitamento; Conservação

 

 

INTRODUÇÃO

         

         A questão ambiental apresenta-se revigorada no pensamento contemporânea através de novas e deferentes abordagens, revela uma preocupação fundamental que se refere ao papel da ciência e das técnicas da construção de novos conceitos, novas mentalidades, que possam mudar a construção do saber.

          Centrado no planalto central do Brasil ocorre formação característica denominada cerrado, caracterizando com o tipo de vegetação classificada como savana devido a sua semelhança fisionômica. Sobre isso afirma Ferri, (1997, p. 15 – 36).

 

O cerrado distingue-se facilmente das formações vegetais pela sua estrutura relativamente homogenia e por peculiaridades fisionômicas e seus indivíduos. A flora arbustiva arbória esparsas com tronco e galhos caricilea brilhante ou revestida de pelos confere a uma aparência xenomórifcas. Revestindo o solo ocorre uma camada continua de herbáceas e subarbustos que é a vegetação na estação chuvosa com destaque principal.

 

Entre a vegetação tipo cerrado, pode-se distinguirem o cerrado e campo sujo. O primeiro caracteriza-se pela predominância de árvores e o segundo é ralo quase campestre, com árvores distintas, uma das outras. A origem do cerrado é atribuída ora ao clima ora ao solo, mesmo a intervenção do homem.

Em sentido genérico o cerrado apresenta-se como um conjunto de forma de vegetação que se distribui de acordo com um gradiente de biomassa, variando de campo a formação florestal.

Dessa forma, Ferri (1991) ressalta que “a formação de menor biomassa é denominada de campo sujo, seguindo-se em ordem crescente o campo cerrado, cerrado e cerradão”.

Os cerrados ocupam uma área extensa de aproximadamente 183 milhões de hectares que corresponde um quinto da superfície do país. Deste total, cerca de 130 milhões de hectares correspondem ao que convenciona a chamar área nuclear.

O tema: Educação Ambiental é parte fundamental das mudanças de um projeto de vida na busca de uma proposta concreta, para recuperação do cerrado além da sala de aula.

Acredito que a partir de um programa voltado para a necessidade de compreender como os problemas ambientais de espaço urbano/rural estão sendo trabalhados no ecossistema de cerrados procurando revelar se as atividades desenvolvidas estão permitindo a realização de prática integradora do ensino, necessário ao desenvolvimento de um mundo mais habitável, uma vez que para tal torna-se agente à ação de cidadãos conscientes.

Sem a pretensão de resolver a crise ambiental, esta pesquisa busca contribuir para o aprofundamento da compreensão das possíveis respostas às ameaças ambientais causada ao cerrado regional, no Sul do Maranhão.

Com esse pensamento, a Educação Ambiental tem sido objeto de discussões em nível nacional e internacional, nas diferentes áreas de atuação do homem. Educadores e ambientalistas buscam uma nova forma de administrar os recursos naturais neste inicio de século.

         Ao longo dos anos a relação do homem com o meio ambiente tem sido desleal. O homem tira da natureza seu sustento, busca suas riquezas e explora seus recursos hídricos. Para que haja uma mudança na relação do homem com o ambiente; “é necessário ter uma visão mais integral da ecologia, que toma o ambiente natural em que estamos metidos, isto é o ar que respiramos o chão que pisamos o alimento que comemos a água que bebemos, mas também a ecologia social, que vê as relações sociais como agressões ao ser humano” Boff (2003, p.2)

A questão ambiental envolve a nossa própria vida e a vida do planeta, por isso é necessário um trabalho de conscientização para mudar a situação critica em que se encontram os recursos naturais da região. Em nível internacional a Organização das Nações Unidas (ONU), realizou encontros e pesquisas destinados a caracterizar a Educação Ambiental dentro das instituições de ensino. O relatório da UNESCO (1975) informa que nos currículos de cursos primários de todos os países há uma incorporação do ambiente imediato das crianças, ECO 92-Rio / Reunião 92+10.

Diante da situação atual, que se encontra a degradação do meio ambiente em todo o mundo, torna-se necessário a compreensão dos educadores, políticos e a sociedade organizada, uma conscientização para com os problemas ambientais do cerrado, aquisição de conhecimentos, valores e atitudes voltadas à melhoria deste ecossistema.

Observando essas colocações alguns problemas são preocupantes, entre eles encontramos:

       A degradação no ecossistema de cerrado no Sul do Maranhão.

A fala ta de fiscalização dos órgãos competentes na região dos cerrados.

       A falta de compromisso das escolas, professores e fazendeiros com um programa conjunto de educação ambiental, para solucionar os problemas de desmatamento, queimadas, poluição dos riachos e agrotóxicos lançados no solo.

        Educadores que apresentam dificuldades ou até mesmo, certa resistência, quanto à inserção da Educação Ambiental em suas práticas educacionais.

A questão ambiental representa uma síntese dos impasses que o atual modelo de civilização acarreta. Considera-se que aquilo o que se assiste no inicio do século XXI, não é uma crise ambiental, mas uma crise de educação. É que a superação dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem estar, tendo com bases novos valores individuais e sociais.

Nessa pesquisa, a compreensão da chamada Educação Ambiental na região, procura detectar os problemas sociais provocados pela desinformação, causando a destruição de elementos do cerrado, que serviria para a própria sobrevivência da população. É urgente que se consiga a efetivação de uma proposta que valorize estruturas do cerrado junto à comunidade, para que possa produzir novos conhecimentos sobre a importância desse ecossistema e desenvolver na população o exercício da cidadania preparando para o futuro, através de uma formação integral e não apenas de mero mecanismo “adestramento ambiental”.

A educação ambiental é uma temática relativa não só proteção de vida no cerrado, mas também a melhoria de meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades que integram as áreas pesquisadas.

É nesse contexto que se iniciam os trabalhos educativos relacionados ao meio ambiente, direcionado para recuperação e aproveitamento do cerrado no sul maranhense.

A educação como elemento imprescindível para a transformação da consciência ambiental, é necessária para a população da Região Tocantina, que gradativamente vem destruindo o cerrado através de desmatamento, queimadas e com agrotóxicos lançado no solo pelos agricultores.

A educação ambiental deveria ser o meio indispensável para se conseguir criar e aplicar formas cada vez sustentáveis de interação sociedade, natureza e solução para problemas como degradação da vegetação nativa e das matas de galerias do cerrado. Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente, é preciso vontade política para mudar os rumos desta situação, mas certamente é condição necessária para tanto.

É preocupante, no entanto, a forma como os recursos naturais vêm sendo tratados. Poucos produtores dão valor ao conhecimento ambiental específico na região em que atuam. Muitas vezes, para extrair um recurso natural, perde-se outro de maior valor como tem sido o caso de formação de pastos em certas áreas do cerrado. Com frequência, também, a extração de madeira, que traz lucro somente para um pequeno grupo de pessoas, prejuízo para os demais habitantes da região. Além disso, a degradação dos ambientes urbanizados nas quais se insere o sul maranhense, é a razão de ser deste tema. A fome, a miséria, injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida de grande parte da população de agricultores são fatores que estão fortemente relacionados ao modelo de desenvolvimento e suas aplicações sócio-ambientais.

Nesse contexto, fica evidente a importância de se educar os futuros cidadãos brasileiros através da escola e de programas especializados para que, como empreendedores, venha a agir de modo responsável com sensibilidade, conservando o ambiente saudável no presente para o futuro, como participante do governo ou da sociedade civil saiba cumprir suas obrigações, exigir, respeitar os direitos próprios e os de toda comunidade.

Como se infere na visão aqui exposta, a principal função do trabalho educação ambiental, é contribuir para a formação de cidadãos consciente aptos para dividirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos a escola se proponha a fazer um trabalho com atitudes com formação de valores, com ensino e aprendizagem, habilidade e procedimentos. E isso é o grande desafio para a Educação Ambiental. Comportamentos relacionados a esse tema será aprendido na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal dos diversos ambientes com a participação de todos.

E quando bem aplicada, a educação ambiental leva a mudanças de comportamento pessoal e atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes consequências sociais.

Espera-se com esta pesquisa, contribuir positivamente no processo de conscientização da importância de conservar e utilizar racionalmente os recursos naturais dos cerrados. Acredita-se que o desenvolvimento agrícola e conservação ambiental devam caminhar juntos, com sustentabilidade, para assegurar às futuras gerações uma melhor qualidade de vida.

O desígnio deste estudo é apontar alguns caminhos possíveis para construir uma sociedade mais consciente, em consonância com o manejo sustentável, que é segundo Boff (2003, p.2),

 

Um desafio novo, uma nova situação da humanidade, da terra, obriga a um a nova atitude, um novo conhecimento, novas práticas. Se desejarmos preservar essa herança que recebemos ou se deixaremos que ela se degrade a ponto de atingir a nossa própria vida, nossa própria casa. Ao chegar a uma situação dessas o ser humano percebe a degradação da qualidade de vida e percebe a importância de ter uma relação boa com a natureza, não agressiva, não destruidora com o meio ambiente.

 

Nesse sentido, procurou-se desenvolver uma reflexão sobre como, a educação ambiental, tornou-se um mecanismo de combate contra as queimadas, desmatamento e destruição dos recursos naturais, na região Sul do Maranhão.

Presumi-se que a educação ambiental seja a base que possibilite uma prática progressiva, e que seu surgimento caracterize como processo de mudança necessária no momento em que estamos vivendo. Que a escola e educadores conheçam a real necessidade de inserir a educação ambiental às atividades escolares rotineiras.

Esta reflexão constitui-se no ponto de partida para o seguinte questionamento que apresento como problema a ser investigado. Como estabelecer a relação entre a Educação Ambiental na prática pedagógica do educador e em que medida isto se reflete no resultado, ou seja, na aprovação, retenção dos problemas ambientais, ocorridos na na Mesorregião Sul Maranhense?

Considerando a importância da temática Educação Ambiental, tendo uma visão integrada de mundo, tanto no tempo quanto no espaço, a escola deverá, ao longo de suas atividades, ofertar meios afetivos para que cada educando compreenda os elementos naturais e humanos a esses respeitos, desenvolvam suas potencialidades e aceite posturas pessoais e comportamentos sociais que lhe consistam viver numa relação construtiva e de cidadania consigo mesmo e com o seu meio, ajudando para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa; preservando, protegendo todas as formas de vida no planeta; garantindo as condições para que ela cresça em toda a sua força, diversidade e abundância, buscando conhecer o cerrado como parte desse ecossistema.

Para tanto, esta pesquisa com o tema Educação Ambiental venha contribuir para que a comunidade educacional, sociedade civil e os governantes sejam capazes de:

        Conhecer e compreender, de modo integrado, as noções básicas relacionadas educação ambiental;

         Analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de maneira crítica, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo positivo dentro e fora da sala de aula, para garantir o manejo sustentável do meio ambiente e a boa qualidade de vida;

          Compreender que há necessidade de um programa de Educação Ambiental voltado para conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem aplicando-os no dia-a-dia;

          Contribuir para o processo de desenvolvimento sustentável, para recuperação e aproveitamento do cerrado dentro da temática ambiental, procurando dar apoio à produção de materiais elucidativos das questões ambientais mais adequadas à realidade.

A presente investigação é uma análise descritiva dos problemas ambientais em que se encontra o cerrado no sul maranhense, entre os municípios de Porto Franco e Carolina, enfocando a educação ambiental, como desafios para recuperação e aproveitamento do cerrado.

           A educação ambiental pode ser estudada sob diversos enfoques, diferentes entre si quanto à concepção de natureza e de mundo, utilizando métodos variados ao interesse por uma determinada forma de pesquisa, cidadania, consciência, liberdade e modernidade.

Diante dessas abordagens muitos tem procurado contribuir para preencher a lacuna que falta na educação ambiental, observando que é necessário um trabalho concreto e eficaz de todas as partes do mundo e classes sociais, como citado por Reigota (1999, p. 41).

 

A globalização ecológica, econômica, social, cultural e política colocou em movimento uma camada considerável de empresários, intelectuais, militares e técnicas do norte e do sul, promovendo  encontrar, choques e possibilidades na busca de alternativas eficazes e desafios que exigem e provocam mutuamente, profundas mudanças.

 

A partir destas questões, foram surgindo às idéias que permitiram classificação as experiências na chamada Educação Ambiental, de forma que se puderam analisar, todas as questões possíveis na relação homem cerrado

A metodologia do estudo buscou integrar a educação ambiental aos problemas ambientais causados ao cerrado no sul maranhense. A não existência de um programa específico que indicasse a forma correta para recuperar e aproveitar o cerrado de forma racional implicou na necessidade de um levantamento geral que serviu de orientação específica.

             Dentro da extensão pesquisada, encontram apenas quatro formas predominantes: cerrado, representando um grupo de árvores de pequeno porte, com manifestação irregular, com casca grossa e tronco retorcido, folhas cariáeas; cerradão apresentando-se com árvores maiores, pouco retorcidas, dando um aspecto de mata; campo sujo, possui vegetação predominante herbácea e arbustiva; mata de galeria com vegetação densa, árvores grandes distribuídas ao longo dos rios. Essa classificação inclui apenas as fazendas trabalhadas.

              Nas viagens programadas para coleta de dados, observou-se que em uma mesma área demarcada para estudo, foi possível encontrar os quatro tipos fisionômicos e outros tipos de vegetações (Mata de Cocais e Floresta Amazônica).

               Durante três meses, 50 fazendeiros foram entrevistados. Os dados levantados detectaram que 10 fazendas mantêm agricultura mecanizada para o cultivo de grãos (arroz, feijão e milho), 22 fazendas cultivam somente pasto para o gado, 18 obedecem fielmente o código do meio ambiente, que determina 75% da área, conservada de mata nativa.

 

 

Gráfico 1 – Levantamento dos dados iniciais em relação ao aproveitamento das terras

 

  

Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas as fazendas).

 

O pensamento dos fazendeiros, no sul maranhense é direcionado apenas para o aspecto econômico. Observou-se durante as entrevistas que educação ambiental para eles é uma mera conversa sem a menor importância, a terra é uma dádiva de Deus dada aos homens, e deve ser cultivada para sua sobrevivência.

Nas informações básicas sobre os dados pessoais dos fazendeiros, a pesquisa apontou que 85% dos pesquisados são do sexo masculino e 15% do sexo feminino. Menos da metade apresentam idade que variam entre 35 - 40 anos (35%), 41 - 50 anos (24%), 51 – 55 anos 8%), penas um fazendeiro tem mais de 60 anos. Desses fazendeiros 32 são casados, 8 são solteiros, 7 são separados e 3 são viúvo 55        

 

 

               Gráfico 2 – Apresenta o sexo dos fazendeiros

 

 

 

 

 

 

                  Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas nas fazendas).

 

 

               Gráfico 3 – Apresenta a distribuição das idades dos fazendeiros.

 

 

 

 

 

 


Constatou-se que a grande maioria de fazendeiros é do sexo masculino, relacionando-se esses dados com a economia de cada um, pode-se dizer que é de grande importância à contribuição das mulheres fazendeiras para a economia regional, vale salientar que as fazendas onde é administrada pelas mulheres, há maior preocupação com os aspectos ambientais. Isto ocorre, porque três proprietárias são professoras universitárias com formação em Agronomia e Biologia.

Para isso, é necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atividades, com formações de valores, com ensino voltado para os problemas ambientais. Esse é o grande desafio à educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gesto de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenos negócios.

Durantes a pesquisa de campo, buscou-se trabalhar com os professores através de questionários. Do universo de professores mais da metade não estão habilitados. Esses dados apontam para o problema de formação dos professores, bem como explicam as contradições apresentadas no trabalho de sala de aula. A situação é mais grave nos municípios recém-criados. Quando questionados sobre como deveria ser trabalhada a temática Educação Ambiental em sala de aula tivemos as seguintes respostas: 12 professores responderam que deve trabalhar todos os dias, 7 professores acham que somente quando necessário, 10 professores acham necessário trabalhar a educação ambiental através de um programa de conscientização para recuperação e aproveitamento do cerrado regional,  25 professores concordaram que o trabalho deve ser participativo, onde escola e comunidade trabalhem juntos, mostrando a necessidade de recuperar e aproveitar de maneira racional os recursos naturais.

 

 Gráfico 4 – Opinião dos professores sobre o trabalho de Educação Ambiental na escola e comunidade

              

                  Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas nas fazendas).

 

 

Analisando as respostas dadas pelos professores, observa-se que o nível de formação de cada um influencia na a aplicação da educação ambiental nas salas de aulas. Os 46,29% que responderam sobre a participação da comunidade no processo de educação ambiental na recuperação e aproveitamento dos recursos naturais de forma racional, são professores habilitados em ciências biológicas. Os 22,22% que responderam que a educação ambiental é tema que deve ser trabalhado na escola diariamente, são professores que não tem formação na área de ciências biológicas, mas concluíram o curso de Pós-Graduação em ciências ambientais e pertence a grupos de defesa do cerrado maranhense.

            Os demais professores acreditam que a educação ambiental deve ser um tema discutido esporadicamente, sem muita prioridade. Esses docentes possuem apenas o magistério para ministrar aula no ensino fundamental, cursaram entre os anos 70 e 80 e  estão em processo de aposentadoria. Sendo assim, a educação ambiental deixa de ser o foco dos trabalhos em sala de aula.

A identificação das espécies retiradas para formação de pastagens baseou-se em entrevista com os fazendeiros e agricultores (período de janeiro a dezembro de 2008).

Foram estabelecidos vários quadros, dependendo de tamanho da fazenda, para fazendas menores dividiu-se em 10 áreas distintas, para fazenda considerada grande foram distribuídos 30 pontos intermitentes, para contagem utilizou-se o método numérico comum, com auxilio de uma máquina calculadora simples.

Para valores quantitativos aplicou-se a fórmula simples de porcentagem, baseada na contagem de todos os indivíduos com 20 a 200 cm de altura.

O trabalho de Educação Ambiental realizou-se com os alunos do Centro de Ensino Edison Lobão, com viagens periódicas para região pesquisada, onde os alunos tiveram conhecimento da necessidade de recuperação do cerrado.

Na identificação das árvores do cerrado utilizou-se Lorenzi (1992). As plantas de uso na medicina caseira a analise comparativa foi baseada na seguinte publicação Balbcha (1987), para classificação das frutas utilizou-se Silva, (1994).

Das espécies amostradas, foram coletados vários exemplares e armazenados em caixas de papelão até o local de processamento. O armazenamento e conservação dos frutos ocorreram através de secagem, cozimento em banho Maria sobre a solução glicose e conservando em freezer por um período de um ano. Todas as coletas obedeceram a um calendário pré-estabelecido, no período de maturação.  Para coleta dos frutos utilizou-se escada de corda, lata, cofo de palha e saco de pano.

Após a coleta, lavagem e seleção dos frutos foram analisados os valores nutritivos e as diversas formas de ser consumida pela população. Dos frutos encontrados na mata nativa os mais conhecidos pela população entrevistada foram: cajá (Spondias lutea L.), buriti (Mauritia flexuosa), macaúba (Acrocomia Aculeata), bacuri (Platonia insignis) e pequi (Caryocar brasiliense Camb).

 

            Gráfico 5 – Frutos do cerrado mais conhecidas pela população.

 

               Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas nas fazendas).

 

As entrevistas com o grupo de professores, alunos, fazendeiros e a população envolvida no projeto, foram realizadas em encontros programados com antecedência, todo o trabalho ocorreu de forma bastante descontraída.

E as atividades educacionais e de conscientização aconteceram com os alunos participando de projetos e viagens programadas, que teve o seguinte slogan “Recuperação do Cerrado Além da Sala de Aula”. Com o objetivo de levar os alunos e comunidade compreender a necessidade de recuperar o meio ambiente degradado. Com isso, foi necessário compreender a visão da realidade, que incluiu o ambiente físico, as condições sociais e naturais.

Não se recupera o meio ambiente degradado apenas com informações de sala de aula, é necessário conduzir os alunos às áreas que se pretende recuperar, para que esses sejam transformados em multiplicadores e defensores do ecossistema na qual estão inseridos.

Não se muda a realidade de um problema, quando as pessoas envolvidas não tenham consciência real desse problema. E essa realidade deve ser vista como problema de cada um, não como uma questão geral. É mais grave ainda quando o poder público procura coibir a destruição do meio ambiente criando leis que na verdade, não resolve a questão, pelo contrário, procura confundir ainda mais. Foi comum ouvir dos agricultores que se eles pagarem as taxas necessárias é permitido desmatar e queimar.

 

CONCLUSÃO

Diante das questões levantadas no início desta pesquisa, os estudos realizados para Recuperação e Aproveitamento do Cerrado no sul maranhense permitem algumas conclusões.

Inicialmente os municípios do sul maranhense apresentam elementos naturais que enquadram dentro da concepção ambiental, uma vez que as características encontradas têm gerado grande importância tanto no contexto regional como nacional.

Os problemas ambientais atualmente verificados afetam não somente o equilíbrio dos ecossistemas naturais e manutenção da biodiversidade local, mas também o próprio andamento das atividades agro-econômicas. Estes elementos revelam a necessidade de uma política de educação ambiental direcionada para recuperação e aproveitamento do cerrado.

A diversidade biológica deve ser conservada não só por sua importância conhecida e presumível para humanidade, mas por uma questão de princípio. Todas as espécies merecem respeito, pertencemos todos à mesma e única forma de vida neste planeta.

Essa pesquisa é um primeiro passo, entre tantas outras em desenvolvimento por conjunto de instituições interessadas em demonstrar que o cerrado pode gerar riquezas sem que para isso seja necessário destruí-lo. É parte de um processo de busca de novos produtos, novos mercados e novas tecnologias, que possam valorizar a enorme diversidade biológica regional e estabelecer as bases, primeiro para identificação alternativa sustentáveis para o desenvolvimento do cerrado.

O cerrado tem apresentado riquezas incalculáveis, vegetação, frutos, rios, cachoeiras, serras, animais e solo para agricultura. Todos esses recursos podem ser aproveitados pelo homem, desde que, este busque respeitar cada elemento deste ecossistema como parte da vida.

Para isso é importante que o professor trabalhe com objetivos de desenvolver, nos alunos, uma postura criativa diante da realidade. Para tanto o professor precisa conhecer o tema, Educação Ambiental; e buscar com seus alunos, transformar a realidade que enfrenta hoje o cerrado, completa devastação em troca do poder econômico. Tal atitude dos educadores representará maturidade de sua parte.

A solução é a prevenção dos problemas ambientais possuem o uso inteligente dos recursos naturais. Isso exige um cuidadoso planejamento que considere os vários aspectos do cerrado e a forma adequada de utilizá-lo sem destruí-lo.

É necessário que a população seja consciente de seus atos, pensando no amanhã, vivendo a realidade de hoje, aproveitando o cerrado de forma coerente e racional, recuperando as áreas que foram devastadas, por queimadas e desmatamentos.

O cerrado como qualquer área natural, seus recursos não são inesgotáveis, a não ser que o próprio homem trabalhe com definição e regras para ocupação apenas do necessário, conservando para as futuras gerações as belezas disponíveis na região.

Por fim, o presente trabalho delineou recomendações e diretrizes gerais para que seja uma contribuição real a Educação Ambiental e um auxilio efetivo aos tomadores de decisões. De qualquer forma, não se pretende aqui estabelecer normas fixas, estanques, mas sim, e neste aspecto talvez resida a principal virtude do presente estudo, criar um sistema dinâmico, que pode e deve ser atualizado, melhorando à medida que confrontando com a prática cotidiana, que sejam novas ferramentas de análise, permitindo, assim, um aperfeiçoamento constante.

 

REFERÊNCIAS

 

BALBACH, A. As plantas curam, Itaquaquecetuba-SP: EDEL. Edição edificada do lar, 1987

BOFF, L. Carta da Terra, II Fórum Mundial de Educação, janeiro 2003

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasília-DF; relatório 2004.;

EITEN, G. The cerrado vegetation of Brasil. Bot. Ver 1992. 38 (2): 201-341

FERI, M. G.  Ecologia dos cerrados. In Ferri, M. G. (cood) IV Simpósio sobre o cerrado, bases para utilização agropecuária. Editora Itaipava-MG: Editora da USP, 1997. p. 15-36

_______, M. G. Plantas do Brasil, espécies do cerrado. São Paulo: Editora da USP, 1991

LORENZI, H. Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. São Paulo: Editora Plantarium, 1994

REIGOTA, M. A floresta e a escola: por uma educação ambiental pós moderna. São Paulo: Cortez, 1999.

SILVA, J. A. Frutas nativas do cerrado. Centro de pesquisa agropecuária dos cerrados, Planaltina – DF: 1994.

 

Ilustrações: Silvana Santos