Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: DESAFIOS
PARA RECUPERAÇÃO E APROVEITAMENTO DO CERRADO NA MESORREGIÃO SUL MARANHENSE Zilmar
Timoteo Soares.
RESUMO Nas
últimas décadas, com a industrialização e o crescimento exponencial das
populações, tem-se assistido a uma constante devastação das matas tropicais
e ao uso predatório de reservas ambientais. Este processo de ocupação
desordenada leva à ocorrência de diversos impactos ambientais, redução da
biodiversidade, poluição de mananciais, exposição a riscos genéticos, etc.
Grande parte das espécies nativas do cerrado apresenta um elevado potencial
para o aproveitamento econômico, abrindo uma nova perspectiva para racionalização
da ocupação da região. Com esse pensamento, a pesquisa teve como objetivo
analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de maneira crítica,
reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo positivo dentro e
fora da sala de aula, para garantir o manejo sustentável do meio ambiente e a
boa qualidade de vida. O procedimento metodológico constitui-se na caracterização
e analise integrada de variações ambientais, por meio de interpretação de
mapas e fotos, pesquisa descritiva, utilização do sistema educacional e
entrevistas. Frente à realidade, se fez necessário um adequado planejamento
ambiental que permitiu identificar problemas, conceber estratégias de utilização
dos recursos e influência nas tomadas de decisões, garantindo assim, a manutenção
da produtividade das matas e a qualidade de vida das populações locais, através
da Educação Ambiental. Palavras
Chaves:
Cerrado; Recuperação e Aproveitamento; Conservação INTRODUÇÃO
A questão
ambiental apresenta-se revigorada no pensamento contemporânea através de novas
e deferentes abordagens, revela uma preocupação fundamental que se refere ao
papel da ciência e das técnicas da construção de novos conceitos, novas
mentalidades, que possam mudar a construção do saber. Centrado
no planalto central do Brasil ocorre formação característica denominada
cerrado, caracterizando com o tipo de vegetação classificada como savana
devido a sua semelhança fisionômica. Sobre isso afirma Ferri, (1997, p. 15 –
36). O
cerrado distingue-se facilmente das formações vegetais pela sua estrutura
relativamente homogenia e por peculiaridades fisionômicas e seus indivíduos. A
flora arbustiva arbória esparsas com tronco e galhos caricilea brilhante ou
revestida de pelos confere a uma aparência xenomórifcas. Revestindo o solo
ocorre uma camada continua de herbáceas e subarbustos que é a vegetação na
estação chuvosa com destaque principal. Entre
a vegetação tipo cerrado, pode-se distinguirem o cerrado e campo sujo. O
primeiro caracteriza-se pela predominância de árvores e o segundo é ralo
quase campestre, com árvores distintas, uma das outras. A origem do cerrado é
atribuída ora ao clima ora ao solo, mesmo a intervenção do homem. Em
sentido genérico o cerrado apresenta-se como um conjunto de forma de vegetação
que se distribui de acordo com um gradiente de biomassa, variando de campo a
formação florestal. Dessa
forma, Ferri (1991) ressalta que “a formação de menor biomassa é denominada
de campo sujo, seguindo-se em ordem crescente o campo cerrado, cerrado e cerradão”. Os
cerrados ocupam uma área extensa de aproximadamente 183 milhões de hectares
que corresponde um quinto da superfície do país. Deste total, cerca de 130
milhões de hectares correspondem ao que convenciona a chamar área nuclear. O
tema: Educação Ambiental é parte fundamental das mudanças de um projeto de
vida na busca de uma proposta concreta, para recuperação do cerrado além da
sala de aula. Acredito
que a partir de um programa voltado para a necessidade de compreender como os
problemas ambientais de espaço urbano/rural estão sendo trabalhados no
ecossistema de cerrados procurando revelar se as atividades desenvolvidas estão
permitindo a realização de prática integradora do ensino, necessário ao
desenvolvimento de um mundo mais habitável, uma vez que para tal torna-se
agente à ação de cidadãos conscientes. Sem
a pretensão de resolver a crise ambiental, esta pesquisa busca contribuir para
o aprofundamento da compreensão das possíveis respostas às ameaças
ambientais causada ao cerrado regional, no Sul do Maranhão. Com
esse pensamento, a Educação Ambiental tem sido objeto de discussões em nível
nacional e internacional, nas diferentes áreas de atuação do homem.
Educadores e ambientalistas buscam uma nova forma de administrar os recursos
naturais neste inicio de século. Ao
longo dos anos a relação do homem com o meio ambiente tem sido desleal. O
homem tira da natureza seu sustento, busca suas riquezas e explora seus recursos
hídricos. Para que haja uma mudança na relação do homem com o ambiente; “é
necessário ter uma visão mais integral da ecologia, que toma o ambiente
natural em que estamos metidos, isto é o ar que respiramos o chão que pisamos
o alimento que comemos a água que bebemos, mas também a ecologia social, que vê
as relações sociais como agressões ao ser humano” Boff (2003, p.2) A
questão ambiental envolve a nossa própria vida e a vida do planeta, por isso
é necessário um trabalho de conscientização para mudar a situação critica
em que se encontram os recursos naturais da região. Em nível internacional a
Organização das Nações Unidas (ONU), realizou encontros e pesquisas
destinados a caracterizar a Educação Ambiental dentro das instituições de
ensino. O relatório da UNESCO (1975) informa que nos currículos de cursos primários
de todos os países há uma incorporação do ambiente imediato das crianças,
ECO 92-Rio / Reunião 92+10. Diante
da situação atual, que se encontra a degradação do meio ambiente em todo o
mundo, torna-se necessário a compreensão dos educadores, políticos e a
sociedade organizada, uma conscientização para com os problemas ambientais do
cerrado, aquisição de conhecimentos, valores e atitudes voltadas à melhoria
deste ecossistema. Observando
essas colocações alguns problemas são preocupantes, entre eles encontramos:
A degradação no ecossistema de cerrado no Sul
do Maranhão. A
fala ta de fiscalização dos órgãos competentes na região dos cerrados.
A falta de compromisso das escolas, professores
e fazendeiros com um programa conjunto de educação ambiental, para solucionar
os problemas de desmatamento, queimadas, poluição dos riachos e agrotóxicos
lançados no solo.
Educadores que apresentam dificuldades ou até
mesmo, certa resistência, quanto à inserção da Educação Ambiental em suas
práticas educacionais. A
questão ambiental representa uma síntese dos impasses que o atual modelo de
civilização acarreta. Considera-se que aquilo o que se assiste no inicio do século
XXI, não é uma crise ambiental, mas uma crise de educação. É que a superação
dos problemas exigirá mudanças profundas na concepção de mundo, de natureza,
de poder, de bem estar, tendo com bases novos valores individuais e sociais. Nessa
pesquisa, a compreensão da chamada Educação Ambiental na região, procura
detectar os problemas sociais provocados pela desinformação, causando a
destruição de elementos do cerrado, que serviria para a própria sobrevivência
da população. É urgente que se consiga a efetivação de uma proposta que
valorize estruturas do cerrado junto à comunidade, para que possa produzir
novos conhecimentos sobre a importância desse ecossistema e desenvolver na
população o exercício da cidadania preparando para o futuro, através de uma
formação integral e não apenas de mero mecanismo “adestramento
ambiental”. A
educação ambiental é uma temática relativa não só proteção de vida no
cerrado, mas também a melhoria de meio ambiente e da qualidade de vida das
comunidades que integram as áreas pesquisadas. É
nesse contexto que se iniciam os trabalhos educativos relacionados ao meio
ambiente, direcionado para recuperação e aproveitamento do cerrado no sul
maranhense. A
educação como elemento imprescindível para a transformação da consciência
ambiental, é necessária para a população da Região Tocantina, que
gradativamente vem destruindo o cerrado através de desmatamento, queimadas e
com agrotóxicos lançado no solo pelos agricultores. A
educação ambiental deveria ser o meio indispensável para se conseguir criar e
aplicar formas cada vez sustentáveis de interação sociedade, natureza e solução
para problemas como degradação da vegetação nativa e das matas de galerias
do cerrado. Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente, é preciso
vontade política para mudar os rumos desta situação, mas certamente é condição
necessária para tanto. É
preocupante, no entanto, a forma como os recursos naturais vêm sendo tratados.
Poucos produtores dão valor ao conhecimento ambiental específico na região em
que atuam. Muitas vezes, para extrair um recurso natural, perde-se outro de
maior valor como tem sido o caso de formação de pastos em certas áreas do
cerrado. Com frequência, também, a extração de madeira, que traz lucro
somente para um pequeno grupo de pessoas, prejuízo para os demais habitantes da
região. Além disso, a degradação dos ambientes urbanizados nas quais se
insere o sul maranhense, é a razão de ser deste tema. A fome, a miséria,
injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida de grande parte da
população de agricultores são fatores que estão fortemente relacionados ao
modelo de desenvolvimento e suas aplicações sócio-ambientais. Nesse
contexto, fica evidente a importância de se educar os futuros cidadãos
brasileiros através da escola e de programas especializados para que, como
empreendedores, venha a agir de modo responsável com sensibilidade, conservando
o ambiente saudável no presente para o futuro, como participante do governo ou
da sociedade civil saiba cumprir suas obrigações, exigir, respeitar os
direitos próprios e os de toda comunidade. Como
se infere na visão aqui exposta, a principal função do trabalho educação
ambiental, é contribuir para a formação de cidadãos consciente aptos para
dividirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a
vida, com o bem estar de cada um e da sociedade local e global. Para isso é
necessário que, mais do que informações e conceitos a escola se proponha a
fazer um trabalho com atitudes com formação de valores, com ensino e
aprendizagem, habilidade e procedimentos. E isso é o grande desafio para a
Educação Ambiental. Comportamentos relacionados a esse tema será aprendido na
prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene
pessoal dos diversos ambientes com a participação de todos. E
quando bem aplicada, a educação ambiental leva a mudanças de comportamento
pessoal e atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes consequências
sociais. Espera-se
com esta pesquisa, contribuir positivamente no processo de conscientização da
importância de conservar e utilizar racionalmente os recursos naturais dos
cerrados. Acredita-se que o desenvolvimento agrícola e conservação ambiental
devam caminhar juntos, com sustentabilidade, para assegurar às futuras gerações
uma melhor qualidade de vida. O
desígnio deste estudo é apontar alguns caminhos possíveis para construir uma
sociedade mais consciente, em consonância com o manejo sustentável, que é
segundo Boff (2003, p.2), Um
desafio novo, uma nova situação da humanidade, da terra, obriga a um a nova
atitude, um novo conhecimento, novas práticas. Se desejarmos preservar essa
herança que recebemos ou se deixaremos que ela se degrade a ponto de atingir a
nossa própria vida, nossa própria casa. Ao chegar a uma situação dessas o
ser humano percebe a degradação da qualidade de vida e percebe a importância
de ter uma relação boa com a natureza, não agressiva, não destruidora com o
meio ambiente. Nesse
sentido, procurou-se desenvolver uma reflexão sobre como, a educação
ambiental, tornou-se um mecanismo de combate contra as queimadas, desmatamento e
destruição dos recursos naturais, na região Sul do Maranhão. Presumi-se
que a educação ambiental seja a base que possibilite uma prática progressiva,
e que seu surgimento caracterize como processo de mudança necessária no
momento em que estamos vivendo. Que a escola e educadores conheçam a real
necessidade de inserir a educação ambiental às atividades escolares
rotineiras. Esta
reflexão constitui-se no ponto de partida para o seguinte questionamento que
apresento como problema a ser investigado. Como estabelecer a relação entre a
Educação Ambiental na prática pedagógica do educador e em que medida isto se
reflete no resultado, ou seja, na aprovação, retenção dos problemas
ambientais, ocorridos na na Mesorregião Sul Maranhense? Considerando
a importância da temática Educação Ambiental, tendo uma visão integrada de
mundo, tanto no tempo quanto no espaço, a escola deverá, ao longo de suas
atividades, ofertar meios afetivos para que cada educando compreenda os
elementos naturais e humanos a esses respeitos, desenvolvam suas potencialidades
e aceite posturas pessoais e comportamentos sociais que lhe consistam viver numa
relação construtiva e de cidadania consigo mesmo e com o seu meio, ajudando
para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa;
preservando, protegendo todas as formas de vida no planeta; garantindo as condições
para que ela cresça em toda a sua força, diversidade e abundância, buscando
conhecer o cerrado como parte desse ecossistema. Para
tanto, esta pesquisa com o tema Educação Ambiental venha contribuir para que a
comunidade educacional, sociedade civil e os governantes sejam capazes de:
Conhecer e compreender, de modo integrado, as
noções básicas relacionadas educação ambiental;
Analisar fatos e situações do ponto de vista
ambiental, de maneira crítica, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de
atuar de modo positivo dentro e fora da sala de aula, para garantir o manejo
sustentável do meio ambiente e a boa qualidade de vida;
Compreender que há necessidade de um programa
de Educação Ambiental voltado para conservação e manejo dos recursos
naturais com os quais interagem aplicando-os no dia-a-dia;
Contribuir para o processo de desenvolvimento
sustentável, para recuperação e aproveitamento do cerrado dentro da temática
ambiental, procurando dar apoio à produção de materiais elucidativos das
questões ambientais mais adequadas à realidade. A
presente investigação é uma análise descritiva dos problemas ambientais em
que se encontra o cerrado no sul maranhense, entre os municípios de Porto
Franco e Carolina, enfocando a educação ambiental, como desafios
para recuperação e aproveitamento do cerrado.
A educação ambiental pode ser estudada sob
diversos enfoques, diferentes entre si quanto à concepção de natureza e de
mundo, utilizando métodos variados ao interesse por uma determinada forma de
pesquisa, cidadania, consciência, liberdade e modernidade. Diante
dessas abordagens muitos tem procurado contribuir para preencher a lacuna que
falta na educação ambiental, observando que é necessário um trabalho
concreto e eficaz de todas as partes do mundo e classes sociais, como citado por
Reigota (1999, p. 41). A
globalização ecológica, econômica, social, cultural e política colocou em
movimento uma camada considerável de empresários, intelectuais, militares e técnicas
do norte e do sul, promovendo encontrar,
choques e possibilidades na busca de alternativas eficazes e desafios que exigem
e provocam mutuamente, profundas mudanças. A
partir destas questões, foram surgindo às idéias que permitiram classificação
as experiências na chamada Educação Ambiental, de forma que se puderam
analisar, todas as questões possíveis na relação homem cerrado A
metodologia do estudo buscou integrar a educação ambiental aos problemas
ambientais causados ao cerrado no sul maranhense. A não existência de um
programa específico que indicasse a forma correta para recuperar e aproveitar o
cerrado de forma racional implicou na necessidade de um levantamento geral que
serviu de orientação específica.
Dentro da extensão pesquisada,
encontram apenas quatro formas predominantes: cerrado, representando um grupo de
árvores de pequeno porte, com manifestação irregular, com casca grossa e
tronco retorcido, folhas cariáeas; cerradão apresentando-se com árvores
maiores, pouco retorcidas, dando um aspecto de mata; campo sujo, possui vegetação
predominante herbácea e arbustiva; mata de galeria com vegetação densa, árvores
grandes distribuídas ao longo dos rios. Essa classificação inclui apenas as
fazendas trabalhadas.
Nas viagens programadas para coleta de dados,
observou-se que em uma mesma área demarcada para estudo, foi possível
encontrar os quatro tipos fisionômicos e outros tipos de vegetações (Mata de
Cocais e Floresta Amazônica). Durante
três meses, 50 fazendeiros foram entrevistados. Os dados levantados detectaram
que 10 fazendas mantêm agricultura mecanizada para o cultivo de grãos (arroz,
feijão e milho), 22 fazendas cultivam somente pasto para o gado, 18 obedecem
fielmente o código do meio ambiente, que determina 75% da área, conservada de
mata nativa. Gráfico
1 – Levantamento dos dados iniciais em relação ao aproveitamento das terras
Fonte:
Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas as fazendas). O pensamento dos
fazendeiros, no sul maranhense é direcionado apenas para o aspecto econômico.
Observou-se durante as entrevistas que educação ambiental para eles é uma
mera conversa sem a menor importância, a terra é uma dádiva de Deus dada aos
homens, e deve ser cultivada para sua sobrevivência. Nas informações básicas
sobre os dados pessoais dos fazendeiros, a pesquisa apontou que 85% dos
pesquisados são do sexo masculino e 15% do sexo feminino. Menos da metade
apresentam idade que variam entre 35 - 40 anos (35%), 41 - 50 anos (24%), 51 –
55 anos 8%), penas um fazendeiro tem mais de 60 anos. Desses fazendeiros 32 são
casados, 8 são solteiros, 7 são separados e 3 são viúvo 55
Gráfico 2 – Apresenta o sexo dos fazendeiros
Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas nas
fazendas). Gráfico
3 – Apresenta a distribuição das idades dos fazendeiros.
Constatou-se que a
grande maioria de fazendeiros é do sexo masculino, relacionando-se esses dados
com a economia de cada um, pode-se dizer que é de grande importância à
contribuição das mulheres fazendeiras para a economia regional, vale salientar
que as fazendas onde é administrada pelas mulheres, há maior preocupação com
os aspectos ambientais. Isto ocorre, porque três proprietárias são
professoras universitárias com formação em Agronomia e Biologia. Para isso, é necessário
que mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com
atividades, com formações de valores, com ensino voltado para os problemas
ambientais. Esse é o grande desafio à educação. Comportamentos
ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola:
gesto de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes,
participação em pequenos negócios. Durantes a pesquisa de
campo, buscou-se trabalhar com os professores através de questionários. Do
universo de professores mais da metade não estão habilitados. Esses dados
apontam para o problema de formação dos professores, bem como explicam as
contradições apresentadas no trabalho de sala de aula. A situação é mais
grave nos municípios recém-criados. Quando questionados sobre como deveria ser
trabalhada a temática Educação Ambiental em sala de aula tivemos as seguintes
respostas: 12 professores responderam que deve trabalhar todos os dias, 7
professores acham que somente quando necessário, 10 professores acham necessário
trabalhar a educação ambiental através de um programa de conscientização
para recuperação e aproveitamento do cerrado regional, 25 professores concordaram que o trabalho deve ser
participativo, onde escola e comunidade trabalhem juntos, mostrando a
necessidade de recuperar e aproveitar de maneira racional os recursos naturais. Gráfico
4 – Opinião dos professores sobre o trabalho de Educação Ambiental na
escola e comunidade
Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas nas
fazendas). Analisando as respostas
dadas pelos professores, observa-se que o nível de formação de cada um
influencia na a aplicação da educação ambiental nas salas de aulas. Os
46,29% que responderam sobre a participação da comunidade no processo de educação
ambiental na recuperação e aproveitamento dos recursos naturais de forma
racional, são professores habilitados em ciências biológicas. Os 22,22% que
responderam que a educação ambiental é tema que deve ser trabalhado na escola
diariamente, são professores que não tem formação na área de ciências biológicas,
mas concluíram o curso de Pós-Graduação em ciências ambientais e pertence a
grupos de defesa do cerrado maranhense.
Os demais professores acreditam que a educação
ambiental deve ser um tema discutido esporadicamente, sem muita prioridade.
Esses docentes possuem apenas o magistério para ministrar aula no ensino
fundamental, cursaram entre os anos 70 e 80 e estão
em processo de aposentadoria. Sendo assim, a educação ambiental deixa de ser o
foco dos trabalhos em sala de aula. A identificação das
espécies retiradas para formação de pastagens baseou-se em entrevista com os
fazendeiros e agricultores (período de janeiro a dezembro de 2008). Foram estabelecidos vários
quadros, dependendo de tamanho da fazenda, para fazendas menores dividiu-se em
10 áreas distintas, para fazenda considerada grande foram distribuídos 30
pontos intermitentes, para contagem utilizou-se o método numérico comum, com
auxilio de uma máquina calculadora simples. Para valores
quantitativos aplicou-se a fórmula simples de porcentagem, baseada na contagem
de todos os indivíduos com 20 a 200 cm de altura. O trabalho de Educação
Ambiental realizou-se com os alunos do Centro de Ensino Edison Lobão, com
viagens periódicas para região pesquisada, onde os alunos tiveram conhecimento
da necessidade de recuperação do cerrado. Na identificação das
árvores do cerrado utilizou-se Lorenzi (1992). As plantas de uso na medicina
caseira a analise comparativa foi baseada na seguinte publicação Balbcha
(1987), para classificação das frutas utilizou-se Silva, (1994). Das espécies
amostradas, foram coletados vários exemplares e armazenados em caixas de papelão
até o local de processamento. O armazenamento e conservação dos frutos
ocorreram através de secagem, cozimento em banho Maria sobre a solução
glicose e conservando em freezer por um período de um ano. Todas as coletas
obedeceram a um calendário pré-estabelecido, no período de maturação.
Para coleta dos frutos utilizou-se escada de corda, lata, cofo de palha e
saco de pano. Após a coleta, lavagem
e seleção dos frutos foram analisados os valores nutritivos e as diversas
formas de ser consumida pela população. Dos frutos encontrados na mata nativa
os mais conhecidos pela população entrevistada foram: cajá (Spondias lutea
L.), buriti (Mauritia flexuosa),
macaúba (Acrocomia
Aculeata), bacuri (Platonia insignis) e pequi (Caryocar
brasiliense Camb).
Gráfico 5 – Frutos do cerrado mais conhecidas pela população.
Fonte: Zilmar Timóteo Soares (baseada nas entrevistas e visitas nas
fazendas). As entrevistas com o
grupo de professores, alunos, fazendeiros e a população envolvida no projeto,
foram realizadas em encontros programados com antecedência, todo o trabalho
ocorreu de forma bastante descontraída. E as atividades
educacionais e de conscientização aconteceram com os alunos participando de
projetos e viagens programadas, que teve o seguinte slogan “Recuperação do
Cerrado Além da Sala de Aula”. Com o objetivo de levar os alunos e comunidade
compreender a necessidade de recuperar o meio ambiente degradado. Com isso, foi
necessário compreender a visão da realidade, que incluiu o ambiente físico,
as condições sociais e naturais. Não se recupera o meio
ambiente degradado apenas com informações de sala de aula, é necessário
conduzir os alunos às áreas que se pretende recuperar, para que esses sejam
transformados em multiplicadores e defensores do ecossistema na qual estão
inseridos. Não se muda a realidade
de um problema, quando as pessoas envolvidas não tenham consciência real desse
problema. E essa realidade deve ser vista como problema de cada um, não como
uma questão geral. É mais grave ainda quando o poder público procura coibir a
destruição do meio ambiente criando leis que na verdade, não resolve a questão,
pelo contrário, procura confundir ainda mais. Foi comum ouvir dos agricultores
que se eles pagarem as taxas necessárias é permitido desmatar e queimar. CONCLUSÃO Diante das
questões levantadas no início desta pesquisa, os estudos realizados para
Recuperação e Aproveitamento do Cerrado no sul maranhense permitem algumas
conclusões. Inicialmente
os municípios do sul maranhense apresentam elementos naturais que enquadram
dentro da concepção ambiental, uma vez que as características encontradas têm
gerado grande importância tanto no contexto regional como nacional. Os
problemas ambientais atualmente verificados afetam não somente o equilíbrio
dos ecossistemas naturais e manutenção da biodiversidade local, mas também o
próprio andamento das atividades agro-econômicas. Estes elementos revelam a
necessidade de uma política de educação ambiental direcionada para recuperação
e aproveitamento do cerrado. A
diversidade biológica deve ser conservada não só por sua importância
conhecida e presumível para humanidade, mas por uma questão de princípio.
Todas as espécies merecem respeito, pertencemos todos à mesma e única forma
de vida neste planeta. Essa
pesquisa é um primeiro passo, entre tantas outras em desenvolvimento por
conjunto de instituições interessadas em demonstrar que o cerrado pode gerar
riquezas sem que para isso seja necessário destruí-lo. É parte de um processo
de busca de novos produtos, novos mercados e novas tecnologias, que possam
valorizar a enorme diversidade biológica regional e estabelecer as bases,
primeiro para identificação alternativa sustentáveis para o desenvolvimento
do cerrado. O cerrado
tem apresentado riquezas incalculáveis, vegetação, frutos, rios, cachoeiras,
serras, animais e solo para agricultura. Todos esses recursos podem ser
aproveitados pelo homem, desde que, este busque respeitar cada elemento deste
ecossistema como parte da vida. Para isso
é importante que o professor trabalhe com objetivos de desenvolver, nos alunos,
uma postura criativa diante da realidade. Para tanto o professor precisa
conhecer o tema, Educação Ambiental; e buscar com seus alunos,
transformar a realidade que enfrenta hoje o cerrado, completa devastação em
troca do poder econômico. Tal atitude dos educadores representará maturidade
de sua parte. A solução
é a prevenção dos problemas ambientais possuem o uso inteligente dos recursos
naturais. Isso exige um cuidadoso planejamento que considere os vários aspectos
do cerrado e a forma adequada de utilizá-lo sem destruí-lo. É necessário
que a população seja consciente de seus atos, pensando no amanhã, vivendo a
realidade de hoje, aproveitando o cerrado de forma coerente e racional,
recuperando as áreas que foram devastadas, por queimadas e desmatamentos. O cerrado
como qualquer área natural, seus recursos não são inesgotáveis, a não ser
que o próprio homem trabalhe com definição e regras para ocupação apenas do
necessário, conservando para as futuras gerações as belezas disponíveis na
região. Por fim,
o presente trabalho delineou recomendações e diretrizes gerais para que seja
uma contribuição real a Educação Ambiental e um auxilio efetivo aos
tomadores de decisões. De qualquer forma, não se pretende aqui estabelecer
normas fixas, estanques, mas sim, e neste aspecto talvez resida a principal
virtude do presente estudo, criar um sistema dinâmico, que pode e deve ser
atualizado, melhorando à medida que confrontando com a prática cotidiana, que
sejam novas ferramentas de análise, permitindo, assim, um aperfeiçoamento
constante. REFERÊNCIAS BALBACH,
A. As
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Editora da USP, 1997. p. 15-36 _______,
M. G. Plantas
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H. Manual
de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil.
São Paulo: Editora Plantarium, 1994 REIGOTA,
M. A
floresta e a escola: por uma educação ambiental pós moderna.
São Paulo: Cortez, 1999. SILVA,
J. A. Frutas
nativas do cerrado. Centro de pesquisa agropecuária dos cerrados,
Planaltina – DF: 1994.
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