Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
Para onde iremos,
se continuarmos a agir desta forma? Cristina
Guimarães Mortágua / CENED O que fazer para evitar a explosão
do planeta em que vivemos? Que atitudes
devemos ter para preservar o meio ambiente? E para não poluir a pouca
quantidade de água potável , tão necessária às nossas vidas? Com o decorrer da história da
humanidade, o homem criou e deu a si próprio instrumentos para a sua própria
destruição. O risco, hoje, não vem de alguma ameaça cósmica - choque de
algum meteoro ou asteróide rasante - nem de algum cataclismo natural produzido
pela própria terra - um terremoto sem proporções ou uma revoada de labaredas
de fogo ou uma chuva de enxofre como aquela que destruiu Sodoma e Gomorra . Vem
da própria atividade humana. O asteróide ameaçador se chama homo sapiens e
está muito bem perto de nós. Veja que essa reflexão nos levará a uma meditação
quase que estritamente de nível pessoal (qual será o meu futuro?). Alguém
estaria perguntando como salvar o mico leão dourado ou a onça pintada, e eu
lhe pergunto: como salvar esse maluco de pedra que atenta contra a própria
existência? De agora em diante a existência da
biosfera estará à mercê da decisão humana. Para continuar a viver o ser
humano deverá, em primeiro lugar, querer; e segundo lugar, terá que garantir
as condições de sua sobrevida. Tudo depende de sua própria responsabilidade.
E o risco, como já afirmei, pode ser fatal e terminal. Verdade é que a nossa sociedade se
organizou muito mais na insensatez do que na sabedoria. E esse estilo de vida,
que é mundial, está ligado a destruição de ecossistemas, a ameaça nuclear e
a falta de compaixão, relegando milhões e milhões de pessoas à miséria
absoluta. E os indicadores dos futurólogos de plantão são alarmantes.
Estimativas otimistas estabelecem como data-limite o ano de 2030. A partir daí
a sustentabilidade do sistema-terra não estará mais garantida. Em resumo, temos três problemas
que, urgentemente, devem ser destacados: a exaustão dos recursos naturais não
renováveis, a suportabilidade da terra (quanto de agressão ela pode suportar?)
e a injustiça social mundial. Parece-nos que a solução destes problemas não se encontra
nos recursos da civilização vigente: esta civilização está centrada nos
princípios do mercado, que é competitivo e não cooperativo que produz grandes
exclusões e vitimas. O eixo desta civilização reside na vontade de poder e de
dominação. O sonho maior que mobilizou o mundo moderno foi sempre o do poder e
o da dominação, que sempre resultou na espoliação dos recursos naturais, nas
conquistas dos povos e na apropriação de suas riquezas, buscando sua
prosperidade mesmo à custa da exploração da força de trabalho e da dilapidação
da natureza. E essa ambição desenfreada está levando a humanidade e o próprio
planeta a um impasse fatal. Ou mudamos ou pereceremos todos juntos. Muitas espécies de animais estão
se tornando extintas, os rios estão poluídos, os solos estão se tornando desérticos
e salinificados (o que favorece a erosão) e o El Niño e Niña são ferozes: na
primavera já não existem flores e no inverno não se faz frio e nem no verão
existem andorinhas. Por quê? Tudo por conta do chamado
desenvolvimento. E para diminuir o remorso criou-se a teoria do desenvolvimento
sustentado. E justamente neste final de século, teleguiados por essa teoria do
desenvolvimento sustentado, os homens se preocuparam em buscar exatamente este
equilíbrio entre o desejado desenvolvimento econômico e a preservação da
sadia qualidade de vida. Chega-se ao final do segundo milênio pós-Cristo
contabilizando resultados altamente questionáveis. Vejamos: Evidentemente que os movimentos
sociais contra a degradação do meio ambiente vem se articulando de forma
crescente, buscando democraticamente a implantação de um novo modelo de
cidadania. Pois a defesa destes direitos ambientais une lutas sociais, seja pelo
acesso a bens coletivos como a água e o ar (em níveis de qualidade compatíveis),
seja pelo acesso a recursos naturais de uso comum necessários à existência de
grupos (seringueiros, comunidades indígenas), ou seja, pela garantia de uso público
do patrimônio natural (áreas verdes, rios e nascentes). O problema da degradação
ambiental, com certeza, tem amplitude necessária para mover os sentimentos de
todo os habitantes deste planeta, pois é transnacional. Pode ser uma bandeira
para unir e diminuir o conflito entre as sociedades mais ricas e as mais pobres
- embora este cassino internacional e globalizado nem tenha rosto, nem ética e
nem moral. É preciso que este problema possa tornar-se plataforma para um exercício
de solidariedade. Essa pequena reflexão (abrangente
e ampla) nos leva a uma reflexão de ordem pessoal. Temos que mudar nossa forma
de pensar, de sentir, de avaliar e de agir. Somos chamados a fazer uma revolução
sob uma inspiração posta sobre princípios mais benevolentes para com a terra
e seus filhos e filhas. Se salvarmos a terra, nos
salvaremos. Se nos salvarmos, salvaremos também o planeta. A falta de água já atinge 2,2
milhões de pessoas. Quarenta por cento da população mundial já enfrentam a
escassez de água e 2,2 milhões de pessoas morrem a cada ano por beberem água
contaminada; outras 3 milhões são mortas por causa da poluição provocada
dentro de suas casas, poluição esta que deriva da queima de lenha ou restos de
colheita para cozinhar. Segundo relatórios da ONU, com as
reservas subterrâneas de água sendo consumidas muito mais rapidamente do que
podem ser repostas, dentro de duas décadas cerca de 3,5 bilhões de pessoas -
metade da população do mundo - não terão acesso à água potável. Isso já
ocorre com perto de 1 bilhão de pessoas, principalmente no Nordeste da África
e na Ásia Ocidental. Mesmo esta pequena parcela aproveitável
ao consumo humano já sofre problemas de exaustão das fontes, seja pela
contaminação ou poluição, ou ainda pela alta demanda de desperdícios. Abaixo lha uma lista de alguns
exemplos de desperdícios: - Torneira gotejando de 46 litros
por dia, 1.380 por mês. - Torneira com um filete de mais ou
menos 2mm, desperdiça 4.140 litros por mês. - Escovar os dentes em 5 minutos:
12 litros. - Lavar o rosto em 1 minuto: 2,5
litros. - Fazer a barba em 5 minutos: 12
litros. - Banho com ducha por 15 minutos:
135 litros. - Banho com chuveiro elétrico por
15 minutos: 45 litros. - Lavar louças por 15 minutos: 117
litros. - Válvulas de descargas
tradicionais: 10 litros. (A válvula de descarga defeituosa pode chegar a gastar
30 litros). Com estes dados vemos a necessidade
de produtos que ajudam na manutenção da pouca água existente no mundo, através
da sua economia, como é o caso da Válvula de descarga desenvolvida para
economizar até 50% do volume de água gasto pelos produtos tradicionais. No entanto, para os habitantes do
campo, a poluição não é tão evidente, por exemplo: os "agrotóxicos"
que poluem os rios e os alimentos, lançados sobre as plantações. Os maiores responsáveis pela poluição
do ar são os gases lançados na atmosfera por queimadas, indústrias, automóveis,
etc. Nas capitais mundiais, há dias em que a condição do ar fica tão ruim
que todos os veículos são proibidos de trafegar durante certo período. Em
muitas cidades há o rodízio de automóveis, que faz com que alguns carros
fiquem em casa durante um dia, estas são algumas tentativas para que a poluição
diminua principalmente no Inverno, pois nessa estação do ano, o calor da terra
não consegue aquecer o ar para fazer com que ele suba para as camadas altas
levando a poluição junto com ele. Além do clima, outro fator que influência
na poluição é o regime de chuvas. O inverno é seco no sul e no sudeste
brasileiro, com isso, os poluentes ficam parados no ar por mais tempo, causando
inúmeros problemas de saúde com asma e bronquites, devido a este clima seco.
Respeitar os sistemas contra a poluição é muito importante. Em grandes cidades, com atividade
industrial e numerosa frota de veículos, a camada de ar frio começa a
concentrar os poluentes. A fumaça fica "presa" e contamina o ar. Nos
dias quentes é raro ocorrer à inversão térmica. Nesses dias os raios de sol
aquecem a superfície terrestre. O chão transfere o calor para o ar
acima dele. Esse ar aquecido, menos denso e mais leve, sobe e carrega os
poluentes. Por isso o nível de poluição do ar costuma ser maior no inverno do
que no verão. Nos dias frios, o cenário muda,
porque o clima fica propício à inversões térmicas. Forma-se uma camada de ar
frio em baixas altitudes, essa massa de ar não consegue subir e a qualidade do
ar piora por causa da fumaça emitida por veículos e indústrias. O ar frio é
mais pesado do que o ar quente, por isso ele tende ficar embaixo, esse fenômeno
ocorre em dias de inversão térmica,
quando a camada de ar frio é bloqueada por uma de ar quente. Em grandes cidades, como São
Paulo, fica visível a "fronteira" entre as duas camadas de ar. Os veículos
são os maiores responsáveis pela emissão de poluentes no ar em grandes
cidades, automóveis, caminhões e ônibus despejam todos os dias toneladas de
gases tóxicos pelos escapamentos. Eles respondem por 90 por cento da poluição
presente na atmosfera. O restante fica por conta das indústrias e outras
fontes, como queimadas. Em dias mais quentes, toda essa
fumaça é dissipada na atmosfera e seus efeitos nocivos se tornam menores. No
inverno, porém, a situação piora muito. A inversão térmica, um fenômeno
natural nos dias frios, forma uma espécie de "cobertor" que impede
que os gases tóxicos se dispersem. "Quando a camada mais quente do ar fica
muito próxima da superfície, os problemas gerados pela inversão são
preocupantes", dizem alguns metereologistas. Nesses dias, a concentração
de poluentes é visível. Perto do solo, o ar é escuro e cheio de fumaça. Logo
acima, o céu é azul. A linha que divide o ar sujo do ar limpo é a zona de
transição do ar frio e o ar quente. O nosso
corpo dá algumas pistas de que os níveis de poluentes estão acima do normal:
O efeito estufa também é o
responsável pelo aumento da temperatura no globo terrestre nas últimas décadas.
Pesquisas recentes indicaram que o século XX foi o mais quente dos últimos 500
anos. Pesquisadores do clima afirmam que, num futuro próximo, o aumento da
temperatura provocado pelo efeito estufa poderá ocasionar o derretimento das
calotas polares e o aumento do nível dos mares. Como conseqüência muitas
cidades litorâneas poderão desaparecer do mapa. O efeito estufa é gerado pela
derrubada de florestas e pela queimada das mesmas, pois são elas que regulam a
temperatura, os ventos e o nível de chuvas em diversas regiões. Como as
florestas estão diminuindo no mundo, a temperatura terrestre tem aumentado na
mesma proporção. Um outro fator que está gerando o
efeito estufa é o lançamento de gases poluentes na atmosfera, principalmente
os que resultam da queima de combustíveis fósseis. A queima do óleo diesel e
da gasolina nos grandes centros urbanos tem colaborado para o efeito estufa. O
dióxido de carbono e o monóxido de carbono ficam concentrados em determinadas
regiões da atmosfera formando uma camada que bloqueia a dissipação do calor.
Esta camada de poluentes, tão visível nas grandes cidades, funciona como um
isolante térmico do planeta Terra. O calor fica retido nas camadas mais baixas
da atmosfera trazendo graves problemas ao planeta. Pesquisadores do meio ambiente já
estão prevendo os problemas futuros que poderão atingir nosso planeta caso
esta situação persista. Muitos ecossistemas poderão ser atingidos e espécies
vegetais e animais poderão ser extintos. Derretimento de geleiras e alagamento
de ilhas e regiões litorâneas. Tufões, furacões, maremotos e enchentes poderão
ocorrer com mais intensidade. Estas alterações climáticas poderão
influenciar negativamente na produção agrícola de vários países, reduzindo
a quantidade de alimentos em nosso planeta. A elevação da temperatura nos
mares poderia ocasionar o desvio de curso de correntes marítimas, ocasionando a
extinção de vários animais marinhos e diminuir a quantidade de peixes nos
mares. Preocupados com estes problemas,
organismos internacionais, ONGS e governos de diversos países já estão
tomando medidas para reduzir a poluição e a emissão de gases na atmosfera. O
Protocolo de Kioto, assinado em 1997, prevê a redução de gases poluentes para
os próximos anos. Porém, países como os Estados Unidos tem dificultado o avanço
destes acordos. Os EUA alegam que a redução da emissão de gases
poluentes poderia dificultar o avanço das indústrias no país. Após ter feito este trabalho sobre
os principais problemas do meio ambiente demonstrei que de nada adianta, o mundo
pensar em prosperidade, em aumento da produção ou simplesmente inventar
construir novas tecnologias se não preservarmos e conservarmos o meio ambiente,
já que a produção não irá aumentar se os solos estiverem esgotados ou mal
cuidados. |