Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Você sabia que...
16/09/2008 (Nº 25) Lixo: o que mais cresce no mundo
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=613 
  
Educação Ambiental em Ação 25

Lixo: o que mais cresce no mundo

Solange Maria de Castro Lima Cordeiro


O lixo e o meio ambiente

Você já se perguntou como a nossa sociedade se formou e porque ela funciona dessa forma? Por que as pessoas trabalham o dia inteiro e tem horário para tudo? Por que tanta pressa?

Vivemos bombardeados por novidades tecnológicas: sistemas de comunicação cada vez mais rápidos, computadores velocíssimos, eletrodomésticos inteligentes, descoberta da cura para muitas doenças, entre outras. A ciência nos surpreende com inventos e descobertas quase diariamente.
No entanto, o avanço tecnológico e a riqueza representam apenas um lado do mundo moderno. Sabemos que a miséria é muito grande, que os recursos naturais, como a água potável, podem se esgotar, que várias espécies de animais estão ameaçadas de extinção pela ação predatória do ser humano, que as mercadorias estão cada vez mais descartáveis (ARARIBÁ, 2007).

Na tentativa de amenizar os impactos ambientais causados pela ação antrópica na natureza, cientistas e ambientalistas vêm propondo o chamado desenvolvimento sustentável, ou seja, uma ação mais consciente e responsável do ser humano no planeta.
Com esse objetivo, é que governos e sociedades de todo o mundo devem esforçar-se para obter os recursos naturais da terra sem desgastá-la ou poluí-la demais, combatendo o desperdício, a reciclagem de materiais aproveitáveis e o uso de fontes alternativas de energia, garantindo que as gerações futuras também possam desfrutar de seus benefícios.
Cada pessoa gera, durante toda a vida, uma montanha de lixo... “Apesar de produzir essa quantidade de resíduos, a maioria das pessoas acha que basta colocar o lixo na porta de casa e os problemas estão resolvidos. Grande engano, os problemas estão só começando” (ABREU, 2001). Para todo lixo produzido na cidade faz-se necessário uma disposição final adequada.

Dados do IBGE de 2000 mostram que cerca de 59% das quase 150.000 toneladas de lixo coletado no Brasil todos os dias são depositados em lixões a céu aberto. Nesses locais, o líquido gerado na decomposição do lixo – chorume – penetra no solo, contaminando as águas subterrâneas e os rios; os gases produzidos com o tempo provocam explosões e fogo, e em alguns casos vítimas fatais. O mau cheiro é sentido de longe e os restos de alimentos no lixo atraem ratos, moscas, baratas e gente... gente pobre, que não encontrou outra forma para sobreviver. Essas pessoas - adultos, jovens e crianças – catam materiais para vender e se alimentam ali mesmo de restos de comida estragada, lidam com cacos de vidro, ferros retorcidos, resíduos, resíduos químicos tóxicos, e estão expostas a acidentes e doenças (ABREU, p.11, 2001).


O lixo e o desperdício


Do ponto da degradação do meio ambiente, a quantidade de lixo gerado representa mais do que poluição. Segundo Abreu (2001) lixo significa também muito desperdício de recursos naturais e energéticos para produzir “bens” de consumo. Somos invadidos a todo o momento pelo o desejo de consumir mais e mais supérfluos que foram transformados em necessidades pela mídia, e que, rapidamente viram lixo. As embalagens, inicialmente destinadas à proteção dos produtos, adquiriram um novo papel ao estimularem o consumo ( a embalagem “valoriza” o produto), e os descartáveis ocupam o lugar dos bens duráveis e retornáveis. O resultado é um planeta com menos recursos naturais e com mais lixo, que além da quantidade, aumenta em variedade, contendo materiais cada vez mais estranhos ao ambiente natural. Depositados nas calçadas das cidades brasileiras ou nos lixões, esses materiais são coletados e comercializados diariamente pelos catadores – homens, mulheres e crianças – que, assim, contribuem para amenizar os efeitos negativos do nosso desperdício, diminuindo o consumo de recursos naturais e reduzindo os impactos da poluição ambiental que o lixo provoca.
Nos últimos anos, porém, com o uso crescente de embalagens descartáveis, uma série diversificada de produtos encontrados no lixo, tais como objetos de plástico e latas de alumínio, passou a ser aproveitada comercialmente, com a implantação de programas de reciclagem (RODRIGUES, 2003).
No Brasil essa é uma atividade recente, e somente agora as pessoas estão se conscientizando dos seus benefícios.
A reciclagem dos resíduos sólidos assume, pois um papel fundamental na preservação ambiental. Além de reduzir a extração de recursos naturais, ela devolve para a terra uma parte de seus produtos e reduz o acúmulo de resíduos nas áreas urbanas. Esse processo traz benefícios para a sociedade, para a economia do país e para a natureza.
Apesar do importante papel que a reciclagem assume nos dias atuais, é fundamental que haja uma preocupação por parte da população em gerar menor quantidade de lixo. Para tanto, é necessário evitar desperdício no dia-a-dia e reutilizar ao máximo, objetos e embalagens descartáveis.
Todos nós podemos contribuir, e muito, para minimizar o problema do lixo. Quer saber como? Aqui vão algumas sugestões:
• Só jogue fora o que realmente não puder ser usado por ninguém.
• Faça circular materiais que possam servir para outras pessoas (roupas, móveis, aparelhos domésticos, livros, brinquedos, etc.)
• Reutilize embalagens para outras funções, como potes para condimentos, porta trecos, e tudo que a criatividade sugerir.
• Apóie as atividades de recuperação e conservação dos objetos.
• Utilize papel dos dois lados.
• Prefira as embalagens reutilizáveis e/ou recicláveis.
• Compre produtos reciclados, pois eles ajudam a reduzir o lixo.
• Nunca jogue lixo nas ruas e em locais públicos; lugar de lixo é na lixeira.
Atos simples, pequenos ajustes no cotidiano, que, multiplicados, fazem toda a diferença.

Conclusão

No mundo moderno, a produção de lixo aumentou numa escala considerável, causando graves problemas ao ambiente e á saúde pública. Todas as etapas desse processo, que engloba desde a formação do lixo até sua destinação final, exigem soluções conjuntas entre os governos e a sociedade.

Resíduos Sólidos: um desafio para a humanidade hoje e sempre!



Referências:

ABREU, Maria de Fátima. Do lixo à cidadania: estratégias para a ação. Brasília: Caixa, 2001.
ANDRADE, Tânia; JERÔNIMO Valdith. Meio ambiente: lixo e Educação ambiental. João Pessoa: Editora Grafset, 2004.
ARARIBÁ, Projeto. História – ensino fundamental. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2007.
MACHADO, Nilson José; CASADEI, Silmara Rascalha. Seis razões para diminuir o lixo no mundo. São Paulo: Escrituras Editora, 2007.
MATTOS, Neide Simões de; GRANATO, Suzana Facchini. Lixo: problema nosso de cada dia: cidadania, reciclagem e uso sustentável. São Paulo: Saraiva, 2004.
RODRIGUES, Francisco Luiz; CAVINATTO, Vilma Maria. Lixo - De onde vem? Para onde vai? 2 ed. São Paulo: Moderna, 2003.
TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável. Editora Globo.

Ilustrações: Silvana Santos