Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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19/09/2003 (Nº 2) Educação ambiental, uma abordagem político-social
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Educação ambiental, uma abordagem político-social.

Conceitos e definições de Educação Ambiental partem de linhas diferentes da nossa cultura política. Existem aqueles que entendem educação ambiental como sendo uma ciência que agrega sociologia e ecologia em busca do bem comum,e também existem aqueles que definem educação ambiental como sendo um meio de buscar soluções para os problemas sociais. Pedrini (1997), diz que “a educação ambiental (EA) se insurge num contexto derivado do uso inadequado dos bens coletivos planetários em diferentes escalas-temporais”. A partir desta afirmativa pode-se concluir que o uso incorreto dos nossos recursos naturais fez com que surgisse uma preocupação de buscar alternativas e soluções para os problemas que surgiam.

Em meio ao privilégio de uns, vê-se a pobreza e a miséria de muitos, vê-se regiões de um mesmo país onde o clima e a geografia foram generosos comparando-se a outra onde a escassez de recursos naturais instalou miséria e degradação humana. Tudo isso nos remete a um questionamento, quem criou os problemas ambientais? Bem afirmado por Reigota que estes foram gerados pelo homem e dele virá a solução, para tanto penso que o homem não está desvinculado do problema de degradação ou desenvolvimento ambiental, assim ações para proteger baleias, tartarugas, peixes e florestas estão privilegiando o homem sim, pois ele criou a degradação e ele mesmo esta desenvolvendo ações pensando nas gerações futuras.

Creio que às vezes educação ambiental possa estar sendo confundida com ideais filosóficos, que devem sim, ser base de nossa conduta enquanto seres humanos, mas jamais devem mudar o ciclo natural do planeta. A natureza (homem, plantas, animais, bactérias) só sobreviverá se existir um gerenciamento, uma política sócio-ambiental direcionando o uso dos recursos naturais. Pedrini (1997) expõe eventos políticos que instituíram a educação ambiental como forma de busca de soluções para os problemas sócio-ambientais, entre eles a pobreza, o desemprego, a degradação humana. Dos documentos podemos citar a “nossa” Agenda 21 que aos poucos esta se instituindo em nível de Município, Estado. É uma leitura interessante. Cada capítulo aborda possíveis soluções dos problemas ambientais brasileiros questionando a cultura do assistencialismo, a política do “é dando que se recebe”, e demonstra claramente que política e educação são as únicas formas de mudanças. Portanto, no meu modesto ponto de vista, a verdadeira solidariedade esta em ensinar-se a buscar soluções. A verdadeira cidadania está em exigir uma política mais coerente com a realidade e não simplesmente em tratar da sua própria política pessoal. Entender os problemas sociais não pode ser uma questão subjetiva (particular, interior). Se nos sentimos preparados para educar, pressupõe-se que interiormente já assumimos uma postura objetiva.

No planeta somos diferentes grupos humanos com a mesma base ambiental, ou seja, possuímos culturas e grupos sociais diferentes, mas compartilhamos o mesmo espaço, a mesma base de recursos. Nossa comunhão está em dependermos dos mesmos processos ecológicos essenciais à perpetuação da vida. O que nos torna inegavelmente não solidários são intenções de uso sobre estes recursos. É preciso sim, buscar espaço para que se discuta a forma de uso. A participação de um grupo consciente em que o homem se protegesse agindo em grupo. Imaginemos uma fila, onde estamos um atrás do outro. Esta fila encurva-se e forma um círculo, assim protegemos um ao outro, protegemos os ideais, a natureza. Assim existe solidariedade. Assim poderemos minimizar nosso dano ambiental. Penso que a coruja gira a cabeça para traz na ânsia de proteger-se, pois ela além de ser um predador nato tem a condição de voar, portanto trocar de ambiente sempre que for necessário. Somos todos elementos de um sistema, inegavelmente, em crise, e somente com uma base política firmada pelos princípios da educação poderemos buscar soluções para os problemas sócio-ambientais.

Sandra Barbosa – Agosto 2002.
Ilustrações: Silvana Santos