Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
Gestão de resíduos urbanos: Condição imprescindível para desenvolvimento sustentável do planeta Diogo
Luís Alencastro da Silva O
conforto e a busca por melhor qualidade de vida nos fazem consumidores
desenfreados. Esse consumo por sua vez, nos torna produtores de enormes volumes
de lixo que nos tempos presentes, se apresentam como uma das mais intrigantes
ameaças à nossa existência na face do planeta. Essa situação está
determinando uma tendência mundial em busca de encontrar formas que minimizem a
geração de lixo, seja por meio da produção/venda de produtos dos quais
restem o mínimo possível de resíduos, seja pela redução, re-uso e/ou
reciclagem dos materiais utilizados para embalar os produtos industrializados.
A reprogramação conceitual de produtos e em especial de suas embalagens, deve
ser alvo da preocupação dos dirigentes empresariais, assim como o estímulo a
sua redução, reutilização e separação para reciclagem.
O apoio e a cobrança de políticas públicas que contemplem o estímulo e a
conscientização da população, o desenvolvimento de programas de coleta
seletiva, pelos órgãos governamentais mas ao mesmo tempo a ação socialmente
responsável das empresas, mantendo seus próprios núcleos de triagem de recicláveis
de tal forma a contribuir para redução do volume e o custo da gestão de resíduos
urbanos.
Todas essa iniciativas são imprescindíveis, caso contrário, como prevê a Agência
Européia do Ambiente: "...o
volume de produção dos resíduos urbanos deverá aumentar em 25% até 2005.
Ainda segundo a mesma Agência, o aumento da recuperação de resíduos e o
desvio dos aterros desempenham um papel essencial para fazer face ao impacto
ambiental de um acréscimo permanente do volume de resíduos produzidos. Tendo
em conta uma utilização acrescida da reciclagem e da incineração com
recuperação da energia, espera-se que as emissões líquidas de gases com
efeito estufa resultantes da gestão de resíduos urbanos diminuam
consideravelmente até 2020. A
limitação do volume de resíduos produzirá também outros benefícios, tais
como a redução dos custos da gestão de resíduos, a diminuição da poluição
atmosférica (com partículas e óxidos azoto) e a diminuição da poluição
sonora relacionada com o recolhimento e transporte de resíduos. De outra forma,
os custos da gestão de resíduos podem aumentar consideravelmente com o aumento
do volume. O recolhimento e tratamento de resíduos implicam custos
particularmente elevados, e a produção de resíduos é, por definição, uma
perda de recursos."[1] Os
compromissos dos governantes das mais poderosas nações mundiais para com o
desenvolvimento sustentável do planeta, assumidos através da assinatura de
acordos e tratados internacionais e a disposição dos dirigentes das grandes
corporações através das ações de responsabilidade social, ainda que sejam
da maior importância e fundamentais para a sustentabilidade do planeta, não
serão suficientes se não houver políticas publicas e compromisso dos governos
municipais com a efetiva e eficaz gestão dos resíduos urbanos, que quando não
tratados adequadamente, possuem o condão de transformar nossas cidades em
verdadeiros lixões a céu aberto, como o que está acontecendo em Nápoles na
Itália: As
autoridades de Nápoles começaram na sexta-feira a enviar montanhas de lixo
para outras partes da Itália, o que gerou conflitos fora da região da Campânia,
pela primeira vez desde o início da crise do lixo, semanas atrás. Os moradores
da ilha da Sardenha entraram em choque com policiais quando um navio carregado
com lixo chegou de Nápoles, na noite de quinta-feira. A Sardenha foi a primeira
região a receber parte das cerca de 100 mil toneladas de lixo acumuladas na área
de Nápoles.
A preocupação e a busca de soluções para o enfrentamento dos problemas sócio-ambientais
causados pelo desenvolvimento humano[2]
tem sido constante entre os dirigentes de países desenvolvidos ou em
desenvolvimento, mesmo que os primeiros mostrem-se muito mais preocupados com a
poluição industrial, a escassez de recursos energéticos, a decadência de
suas cidades e outros problemas decorrentes dos seus processos de
desenvolvimento e os segundos, com a pobreza e o questionamento da validade de
um desenvolvimento nos mesmos moldes que os primeiros.
Essa preocupação com problemas ambientais e com sua dimensão que é planetária
e não somente local ou nacional foi que levou o governo da Suécia a realizar,
em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em
Estocolmo, onde ficaram evidenciadas as diferenças de interesses entre os países
desenvolvidos e não desenvolvidos.
Passados 36 anos da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente, e de outros tantos importantes eventos ambientalistas como a
ECO-92 realizada no Rio de Janeiro, da assinatura de acordos e tratados
internacionais em defesa do meio ambiente como é o caso do Tratado de Kioto, é
no exemplo do que está ocorrendo em Nápolis na Itália, que encontramos subsídio
para chamar a atenção para a imprescindível importância que se deve dar à
gestão dos resíduos urbanos, pois caso contrário, nosso legado para as
futuras gerações, será um imenso depósito de lixo a céu aberto em um
planeta totalmente degradado pelo descaso e a mais absoluta falta de consciência
ambiental. Diogo
Luís Alencastro da Silva, Bacharel em Direito, com especialização em
Responsabilidade Social Empresarial [1]
http://reports.eea.europa.eu/briefing_2008_1/pt/PT_Briefing_01-2008.pdf [2]
A definição de desenvolvimento humano, para efeito deste artigo,
considera todo e qualquer processo que de uma forma ou de outra, seja
entendido como responsável pela promoção de desenvolvimento, independente do
segmento em que ocorra. |