Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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05/06/2008 (Nº 24) FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL
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FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL*

Leonardo Francisco Stahnke – leobio@pop.com.br

Biólogo e integrante do Grupo de Educação Ambiental da Unisinos

 


Muitos não sabem por falta de informação, outros não costumam atentar para esta data, mas o fato é que no dia 17 de Julho é comemorado o Dia das Florestas. As florestas, tão importantes no equilíbrio mundial e local por intensificar pontos de precipitação e evaporação da água, mantêm a estabilidade climática, abrigam e alimentam uma riqueza imensurável da fauna, nutrem o solo por suas folhas velhas e colorem o verde com suas flores.

As florestas, protegidas através do Código Florestal Federal, na verdade não são nem mesmo conhecidas em sua totalidade, que dirá protegidas. Voltemos nossa atenção para a Floresta Amazônica, a maior do mundo: milhões de hectares extraídos ilegalmente por dia. A Floresta Atlântica, dizimada a 8% da cobertura original no país e super fragmentada e, por fim, nossa Floresta Estacional Semidecidual! Floresta Estacional Semidecidual? Mas que coisa é essa? Essa é a denominação dada à cobertura florestal presente na Encosta Inferior do Nordeste e no Escudo Sul-Rio-Grandense do Estado. É o tipo de floresta que temos em São Leopoldo, e que nem sequer notamos.

Também conhecida como Mata de Interior, é determinada pela distância em relação ao oceano, que faz com que 20% a 50% das árvores percam suas folhas em um período do ano. Segundo o Núcleo Amigos da Terra, a Floresta Estacional Semidecidual é um tipo de formação muito ameaçado por estar fortemente fragmentada em pequenas e médias áreas e pelo fato de encontrar-se em uma área de tensão ecológica, sofrendo pressões de todos os lados.

A devastação trazida por moradias irregulares, pedreiras, queimadas, substituição por lavouras ou monocultura de exóticas como o Pinus e o Eucalipto, a perda de território para espécies vegetais invasoras, além dos fatores naturais como as mudanças climáticas que alteram sua fisiologia e, conseqüentemente sua perpetuação, são as principais causas de seu declínio. Em São Leopoldo encontramos pequenos remanescentes esparsos junto à Avenida Imperatriz Leopoldina, na encosta do Morro do Paula, na Mata do Daniel, Base Ecológica do Rio Velho e Área do Exército junto à BR 116. Além desses, há algumas pequenas áreas particulares de grande relevância, por formarem um corredor vegetal no município abrigando principalmente a avifauna, e outras tidas como Áreas de Preservação Permanente, nem sempre respeitadas.

Outro fator que permeia no pensar popular é quanto à aparência desta formação. Devido ao fato de perder parte das folhas, muitos a diagnosticam como uma floresta morta. Ao entrar na mata enganam-se ao ver uma grande camada de folhas secas no chão e outras, verdes nas copas. Pensam que o solo não é bom e que as queimadas, podas ou até mesmo a supressão total poderão recuperá-la. Bobagem! Já dizia Lutzenberger: “Em princípio, árvore alguma necessita de poda. Se Necessitasse, todos os bosques naturais se acabariam sozinhos”. Por isso ressalto: as pessoas não conhecem as características locais que as cercam. As escolas utilizam livros didáticos com exemplos norte-americanos, africanos e até asiáticos; a população teima em arborizar seus pátios, calçadas e praças com plantas exóticas, ao passo que possuímos espécies de grande beleza paisagística em nossa formação original, como o ipê-amarelo (Tabebuia chrysotrica) e a corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli), tão devastada, mas protegida por Lei Estadual.

O fato é que temos que perceber a natureza que nos cerca localmente, e começar a agir aqui mesmo. Começamos, quem sabe reconhecendo as florestas capilés?

*Artigo publicado no Jornal Vale dos Sinos do Grupo Editorial Sinos - RS.

 

Ilustrações: Silvana Santos