Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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A
DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA AGRICULTURA CANA-DE-AÇÚCAR
Alessandra
Garzotti O
meio ambiente é sensível e atualmente estamos vivendo as conseqüências de
nossa irresponsabilidade. Muito
se tem discutido a respeito do biocombustível e bioenergia. Os benefícios,
prejuízos, conseqüências e outras mais. A
plantação de cana vem ganhando espaço e trazendo conseqüências ao meio
ambiente. Não há como deixar de perceber os problemas ambientais decorrentes
de plantações de cana e das queimadas provocadas pelos produtores. É claro
que a queima ainda mais nos preocupa. O
meio ambiente não é o único a sofrer, o cortador de cana, a população
regional, bem como o meio ambiente são alvos da plantação sem a devida
sustentabilidade ambiental a que vem empregando as usinas. As
queimadas são prejudiciais à saúde do cortador de cana e à saúde dos
moradores regionais às plantações. A
questão ambiental é complexa e ramificada. Porém há um assunto que sempre
está a nos incomodar, o efeito estufa. “Nos
últimos anos, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem
aumentado cerca de 0,4% anualmente; este aumento se deve à utilização de petróleo,
gás e carvão e à destruição das florestas tropicais.”[1] Diante
do exposto resta-nos uma pergunta a fazer. A bioenergia, o biocombustível são
atitudes ecologicamente corretas? 1.
CONFLITO AMBIENTAL NO SETOR DA CANA 1.1
Prejuízos à saúde dos trabalhadores e moradores das regiões em decorrência
de queimadas no corte da cana “As
queimadas em plantações de cana-de-açúcar trazem riscos à saúde dos
trabalhadores do setor, por causa de compostos cancerígenos presentes na fumaça
liberada no processo de queima. Estudos
da Unesp (Universidade Estadual Paulista) apontaram aumento de HPAs
(Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos) --componentes altamente cancerígenos--
no organismo de cortadores de cana e no ar das imediações de canaviais,
durante a época de safra da planta.”[2] “A
queima de cana provoca a concentração de monóxido de carbono e ozônio, causa
alteração do clima, emite material particulado, provoca a perda da fertilidade
do solo e dissemina várias doenças respiratórias. Muitos poluentes
resultantes da queima são indutores de lesões precursoras do câncer. Estudo
realizado na região de Piracicaba, pelo pneumologista José Eduardo Cançado,
pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade de São
Paulo (USP), mostrou que, quando há um aumento de 10% de partículas
resultantes da queima no ar, os hospitais da região registram elevação de 22%
no número de internações de crianças e idosos. Em noite de queimada, aumenta
em 45% o movimento nos serviços de inalação dos hospitais.”[3] Diante
das reportagens e comentários encontrados nos meio de comunicação, não há
como negar a probabilidade de o cortador de cana, bem como os moradores de regiões
em que se realiza tal ato, estar suscetível a desenvolver o temido câncer. 1.2
Outras conseqüências As
queimadas trazem inúmeras outras conseqüências, provocam a desertificação
(como ocorreu no Nordeste Brasileiro), O fogo altera a terra trazendo conseqüências
químicas, físicas e biológicas, prejudicando a reciclagem dos nutrientes e
causando a sua volatização. “As
queimadas provocam um uso maior de agrotóxicos e herbicida, para o controle de
pragas e de plantas invasoras, sendo que esta prática, agrava ainda mais a
questão ambiental, afetando os micro organismos do solo e contaminando o lençol
freático e os mananciais. A contaminação da água pode atingir níveis de difícil
ou até mesmo impossível recuperação. As
queimadas causam a liberação para a atmosfera (segundo foi comprovado pelo
INPE de São José dos Campos e UNESP de Jaboticabal) de ozônio, de grandes
concentrações de monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), que
afetam a saúde dos seres vivos, reduzindo também as atividades fotossintéticas
dos vegetais, prejudicando a produtividade de diversas culturas. As queimadas
liberam grandes quantidades de gases que contribuem para a destruição da
camada de ozônio na estratosfera e, assim, possibilitam que raios ultravioletas
atinjam em maior quantidade a Terra e causem efeitos cancerígenos e mutagênicos.
Por outro lado, os gases que ficam concentrados na atmosfera absorvem a energia
térmica dos raios infravermelhos refletidos pela superfície da Terra,
contribuindo com o efeito estufa que gera uma reação em cadeia negativa para o
planeta. Durante
a queimada da palha da cana-de-açúcar a temperatura a 1,5 cm de profundidade
chega a mais de 100º e atinge 800º centígrados a 15 cm acima da terra,
afetando gravemente a atividade biológica do solo, responsável por sua
fertilidade. O aumento da temperatura do solo provoca a oxidação da matéria
orgânica, sendo que houve constatação na Colômbia de redução em 55% a 95%
no teor da matéria orgânica em solos após as queimadas. As
queimadas eliminam os predadores naturais de algumas pragas, como as vespas, que
são inimigas da broca da cana Diatrea saccharalis (que é a principal praga da
cana na região de Ribeirão Preto), provocando o descontrole desta praga e
exigindo assim a utilização cada vez maior de agrotóxicos, provocando maior
contaminação ambiental. Na mesma linha, o fogo não mata as sementes das gramíneas
invasoras e estas, por não estarem cobertas pela palha, germinam
rapidamente.Para combater essas plantas invasoras, os agricultores utilizam
herbicidas em grande escala e em quantidade cada vez maior, motivo pelo qual a
cultura da cana é responsável pelo uso de mais de 50% de todos os herbicidas
utilizados na agricultura brasileira. A
queimada eliminando da cobertura vegetal do solo favorece o escorrimento
superficial da água das chuvas, agravando o processo erosivo. Esse fenômeno é
explicado pela insuficiência de cobertura do solo superficial que sofre forte
compactação pelas chuvas e vai ficando impermeável, dificultando a infiltração
da água e a brota da vegetação. O solo vai empobrecendo, pela eliminação da
matéria orgânica. A queima altera a umidade do solo, por causa das mudanças
na taxa de infiltração de água, no volume de enxurrada, na taxa de transpiração,
na porosidade e na repelência do solo à água e, conforme suas características,
o solo pode ficar mais impermeável, situação esta que torna o terreno
excessivamente duro e mais sujeito a erosões. Depois
das queimadas também se verifica aumento do aquecimento na superfície do solo,
pela maior absorção da radiação solar, fato causado não só pela perda da
cobertura vegetal, mas também pela cor que fica na terra (do cinza ao preto).
Se o fogo não fosse utilizado como prática agrícola, seria bem maior o
aproveitamento dos fertilizantes químicos e orgânicos (aplicados em
quantidades cada vez maiores), haveria melhoria das qualidades físicas, químicas
e biológicas do solo com sua melhor conservação e conseqüentemente maior
produtividade, ocorreria melhoria da capacidade de infiltração da água na
terra aumentando a retenção de umidade e reduzindo a erosão pelo efeito da
cobertura com palha que serviria de proteção ao solo. Em
conclusão a prática das queimadas é prejudicial à agricultura pelos
seguintes argumentos: a)Deixa o solo desnudo, o que aumenta as perdas por erosão,
principalmente em terrenos íngremes; b)Volatiliza substâncias necessárias à
nutrição das plantas; c)Destrói grande parte da matéria orgânica do solo;
d)Elimina os microorganismos úteis do solo; e)diminui a progressivamente a
fertilidade do solo e a produtividade das lavouras. Considerando
a sustentabilidade da própria atividade agrícola, as queimadas provocam mudanças
no ciclo hidrológico e na composição da atmosfera, contribuindo para uma
degradação ambiental que afeta todos os seres vivos.”[4] As
hipóteses existentes por meio das quais o homem se expõe às substâncias tóxicas
são o ar, a água e o solo. Portanto, percebemos que um único processo na
produção de produtos retirados da cana-de-açúcar é capaz de contaminar as
três categorias mencionadas. Com
a utilização da queimada da palha de cana-de-açúcar, temos os gazes emitidos
para a atmosfera, inclusive com substâncias cancerígenas, possibilidade de
desertificação, contaminação dos lençóis freáticos e os mananciais através
da maior utilização de agrotóxicos, eliminação de predadores naturais,
agravamento do processo erosivo. O
Estudo dos Impactos causados pelo plantio da cana-de-açúcar nos leva a
considerar alguns itens devidamente colocados em matéria encontrada no site: http://www.cana.cnpm.embrapa.br/setor.html,
vejamos: “Há
sentido em discutir o impacto ambiental (ecológico + sócio-econômico) da
queima da palha da cana, por exemplo, na medida em que entendemos o impacto
ambiental do conjunto dos componentes que atuam no subsistema do cultivo da
cana-de-açúcar. Somente no tocante a impacto ecológico, a figura abaixo dá
uma visão simplificada das diversas dimensões envolvidas. Algumas
das interações existentes nesse subsistema, como a troca de gases com a
atmosfera, por exemplo estão sendo estudadas parcialmente ou monitoradas por
instituições, nacionais (INPE, CETESB, Embrapa Monitoramento por Satélite,
USP, ECOFORÇA, UNICAMP, CTC etc) e estrangeiras (EPA). Essas
interações variam no tempo com o desenvolvimento e a introdução de novas
tecnologias (reaproveitamento do vinhoto, controle biológico da broca da cana,
colheita mecanizada de cana crua etc.) e no espaço conforme os solos, o relevo,
o clima e o uso das terras. O estudo de um componente ou de uma
"flecha" de um subsistema não autoriza ninguém a justificar ou
condenar o sistema de cultivo ou a produção da cana-de-açúcar em termos de
impactos ambientais. Avaliação do impacto ambiental do sistema de produção
da cana-de-açúcar não foi realizada de forma completa, ainda que em caráter
piloto, em nenhum lugar de S. Paulo ou no Brasil e ao que saiba-se.” Percebemos
através do estudo ora iniciado que a maior preocupação dos ambientalistas
gira em torno da queimada da palha da cana. Encontramos ainda preocupações com
o solo, possível desertificação, e lençóis freáticos e mananciais quando
da utilização de agrotóxicos e possíveis contaminações. Contudo, estudos
demonstram que a poluição com o plantio da cana é existente e vidente, mas
pouco se sabe do resultado final de tal contabilidade: CANA + PREJUÍZOS
AMBIENTAIS= ? (POSITIVO OU NEGATIVO). A
sociedade questiona um desenvolvimento sustentável no setor sucroalcooleiro,
mas o “ouro negro - petróleo” também deixa muito a deseja quando o item
discutido torna-se desenvolvimento sustentável. Longe de nós criarmos uma
desculpa para que o produtor de cana a utilize como apoio, queremos apenas
refletir no fato de que o desenvolvimento sustentável no setor sucroalcooleiro
é muito mais realidade do que possivelmente no setor petrolífero. 1.3.
Estado de São Paulo antecipa o fim da queimada de cana O
Brasil possui todos os elementos necessários para ganhar a corrida do
biocombustível. Possuímos terra, água e sol. Em Jornal Folha da Região –
Araçatuba, quarta-feira, 22 de agosto de 2007 – A-3, em artigo por Aline
Gacino: “O
presidente destacou a importância da produção de biocombustíveis no momento
em que a economia mundial se volta para produção de energias renováveis e a
potencialidade de geração de empregos e renda do setor. ‘O biocombustível
é um dos produtos com maior potencialidade de geração de emprego e é uma
energia que não tem data marcada para acabar’, disse, comparando os
biocombustíveis ao petróleo. ‘Além disso, polui menos o planeta’.” Acreditamos
também no futuro do biocombustível e da bioenergia, contudo alguns cuidados
serão preciso tomar. Em
São Paulo queima da palha de cana nas áreas mecanizáveis deverá terminar em
2014. O prazo anterior, definido pela Lei 11.241, permitia a queimada da palha
de cana até 2021. As áreas com inclinações, e que tinha data final para a
queimada em 2031, vão ter de interrompê-la a partir de 2017. A
Folha da Região de Araçatuba, na data de terça-feira, 05 de junho de 2007,
B-2, em artigo publicado por Mauro Zafalon e Denise Brito esclarece que essa
determinação do final da queimada é conteúdo de um protocolo assinado entre
a Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), p governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), e as secretarias estaduais do Meio Ambiente e de Agricultura
e Abastecimento. “O
maior desafio com o crescimento do setor é o treinamento dos cortadores de cana
para qualificá-los como operadores de máquinas”,
comenta José Carlos Moraes Toledo, em reportagem à Folha da Região de Araçatuba,
em jornal de quinta-feira, 31 de maio de 2007, A-7. “A
União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) aceitou proposta do governador
José Serra de reduzir o prazo estabelecido por lei para eliminação das
queimadas de canaviais no Estado de São Paulo. Os produtores assinaram
protocolo de intenções que fixa novas metas para a adoção da mecanização
da colheita. Nas áreas onde já há mecanização, a queimada deverá ser
abandonada em 2014, e nas regiões com nível de inclinação acima de 12% -
consideradas de difícil mecanização -, a data-limite será estendida até
2017. A Lei 11.241, aprovada em 2002, estabeleceu prazo até 2031 para que os
produtores deixem de atear fogo às plantações. A norma continua em vigor, mas
o governador avisou que “o Estado tem mecanismos para forçar o setor a
cumprir os novos prazos”.[5] Diante
dos esforços que percebemos nas diversas áreas, política, empresária e
sociedade percebemos que a queima da cana-de-açúcar possui seus dias contados.
Com isso eliminaríamos várias conseqüências negativas ao meio ambiente.
Ponto positivo para o homem, a natureza agradece. 2.
PONTOS NEGATIVOS DO CRESCIMENTO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO 2.1.
Prejuízos Sociais Existe
uma preocupação no sentido de o crescimento do setor sucroalcooleiro aumentar
ainda mais as desigualdades sociais, no sentido de que os empresários do setor
serão os únicos beneficiados neste processo evolutivo da cana-de-açúcar. ‘Porém,
há preocupação que enquanto a expansão da indústria de álcool aumentará o
PIB, e alguns brasileiros ficarão muito ricos no processo, a maioria dos
brasileiros não se beneficiarão do crescimento das exportações de álcool. A
declaração feita por Thomas Friedman, num editorial recente do jornal
estadunidense New York Times que "realmente o Brasil pode ser a Arábia
Saudita do açúcar" não deixa de ter um cunho perturbador, mostrando que
esta pode ser a natureza das relações brasileiro-estadunidense no futuro. Dado
os planos estadunidenses em aumentar as importações de álcool brasileiro, é
muito provável que o sustento de muitos brasileiros, especialmente o pobre
rural, serão sacrificado para manter o consumo daquele país. Como
a indústria segue se expandindo, e para tanto, mais terras são plantadas com a
monocultura da cana-de-açúcar, problemas já existentes nas áreas rurais como
o grande número de sem terras, fome, desemprego, destruição ambiental e
conflitos agrários serão exacerbados. Num manifesto recente do Fórum de
Resistência aos Agronegócios, uma articulação de ONGs de todo a América do
Sul, diz, "a implementação do modelo de produção e exportação de
biocombustíveis representa uma grave ameaça sobre nossa região, e sobre os
recursos naturais e a soberania de nossos povos".’[6] A
realidade realmente nos preocupa, contudo uma reação política há de se
fazer, a pressão do crescimento de nosso País torna possível uma exigência
ainda maior da colaboração de nossos dirigentes. Realmente a possibilidade da
exportação salta aos olhos de nossos empresários, mas também de nossos políticos.
Esta é a hora de sindicatos, órgãos do terceiro setor, sociedade passem a
exigir um resultado positivo, investimentos nas áreas básicas. Os
Municípios que irão receber novas usinas precisam colaborar com seus
percentuais de apoio, facilitando moradia digna, saúde, educação, ou seja,
apenas o que já seria de direito do povo. Com um apoio de todos os entes
federativos há a possibilidade de um saldo positivo com o crescimento do setor. O
Brasil é um País humano, vivemos em clima de festa, é certo que há assaltos,
homicídios e outras barbáries, contudo ainda assim somo um povo acalorado.
Esse requisito torna o projeto ainda mais próximo do êxito. “Segundo
Marluce Melo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Recife, Pernambuco,
"A pobreza rural sempre esteve intrinsecamente relacionada à economia da
cana. Mesmo quando Pernambuco era o maior produtor nacional de cana (até a década
de 70), os níveis de pobreza eram dos maiores do mundo".’[7] A
mecanização do processo de colheita e o FAP – Fator Acidentário de Prevenção
poderão ser utilizados para a redução do problema exposto no parágrafo
anterior. Através
da mecanização será necessária a qualificação de mão-de-obra, ora com a
exigência de maior qualificação há necessidade de aumento de salários. O
FAP através de redução de acidentes de trabalhos poderá resultar em
planejamento tributários, levando as empresas a uma economia tributária.
Contudo, a população precisa fiscalizar e denunciar trabalhos escravos ou
semi-escravos, assim há de se atingir um resultado positivo ainda mais rápido. Os
ventos são favoráveis, resta-nos adequarmos. 2.2.
Prejuízos ambientais “O
plano nacional de agroenergia do Ministério da Agricultura brasileiro também
prevê uma rápida expansão da produção do etanol e um ritmo mais lento para
o biodiesel. O BNDES estima que cem novas usinas deverão ser construídas só
até 2010, agregando-se às 248 existentes na Região Centro-Sul e 88 no
Nordeste (Folha de S.Paulo,
7.2.2007). O
plano postula que as metas sejam alcançadas sem pôr em xeque a segurança
alimentar, as exportações agrícolas, e sem recorrer ao desmatamento para
criar novas áreas de cultivo. Este
último ponto é particularmente delicado em razão do desempenho pífio do
Brasil no que diz respeito à proteção das florestas nativas e à questão polêmica
da expansão da cultura da soja na Amazônia Legal.20
Como observou Sérgio Teixeira Jr., "o Brasil vive a situação ambígua de
ser o país das hidrelétricas e do etanol, mas também de ser visto como o vilão
do desmatamento da Amazônia".21
Embora
a substituição dos derivados de petróleo por biocombustíveis contribua em
princípio para a redução das emissões dos gases de efeito estufa, é necessário
atentar às condições de sua produção. Essas podem ter impactos tão
negativos sobre o meio ambiente que o saldo da operação seja negativo. É o
que aconteceu com a produção de óleo de dendê na Indonésia e na Malásia,
importado como combustível pela Holanda. Estudos recentes detectaram um
verdadeiro desastre ambiental, provocado pela destruição por fogo de florestas
nativas e drenagem dos solos pantanosos recobertos de turfa, com a conseqüente
emissão do carbono. Segundo Amigos da Terra, o estabelecimento de novas plantações
da palma dendê responde por 87% do desmatamento ocorrido na Malásia entre 1985
e 2000. Os fogos de floresta na Indonésia lançam no ar 1,4 bilhão de
toneladas de carbono por ano, ao passo que a drenagem dos solos de turfa libera
600 milhões de toneladas de carbono. É
absurdo, no entanto, culpar o biocombustível por isso. O impacto ambiental da
produção de biocombustíveis vai depender dos cultivos escolhidos, da maneira
como são cultivados e processados. O resultado pode levar tanto a uma redução
de 90% das emissões de gases estufa quanto a um aumento de 20%, segundo a Agência
Ambiental Européia de Copenhagen (cf. Rosenthal, 2007). Quanto
à competição pelos solos agriculturáveis dos biocombustíveis com a produção
de alimentos considerada como preocupante por vários ambientalistas, Lester
Brown aponta para o perigo do deslocamento pelos biocombustíveis da produção
dos alimentos necessários para combater a fome que ainda grassa no mundo. Brown
fala do embate entre 800 milhões de proprietários de carros e dois bilhões
dos condenados à fome (Fortune,
21.8.2006). O argumento é um tanto demagógico, na medida em que a razão de
eles passarem fome não está no déficit de alimentos, mas na falta do poder
aquisitivo. Isso não deixa, porém, de colocar na agenda um tema da maior
importância: até onde podemos avançar na produção dos biocombustíveis?”[8] Qual
seria mesmo o estrago ambiental provocado por uma das bombas enviadas em razão
da guerra do petróleo? Uma
avaliação dos impactos ambientais (AIA) causados pelo plantio da cana-de-açúcar
é a solução adequada para um desenvolvimento sustentável, contudo o projeto
a ser desenvolvido em uma usina deverá conter um resultado positivo para o
planeta como um todo, com soluções ecologicamente corretas. O
estudo do plantio da cana-de-açúcar, de suas conseqüências negativas e
positivas, podem nos levar a uma solução viável econômica e socialmente,
chegando a um resultado positivo para a saúde dos moradores regionais e dos
cortadores de cana, bem como para a saúde financeira do setor e do País. 3.
CONCLUSÃO A
gestão ambiental é instituto que se preocupa com o gerenciamento a uma atuação
empresarial responsável, baseada em um desenvolvimento sustentável. “A
ação das ONGs internacionais em favor da diminuição da poluição atmosférica
e o eminente risco de guerras entre os países produtores de petróleo vem forçando
vários países a reformular a sua matriz energética. Tais fatores valorizam a
produção de álcool como substituto do petróleo, o que reduziria a dependência
externa do combustível fóssil, contribuindo também para a diminuição do índice
de poluentes no ar. Especialmente neste aspecto ambiental, aumenta a cada dia o
interesse do mercado mundial pela produção do álcool como combustivel e
aditivo à gasolina. A
importância do álcool ficou evidente no Congresso Internacional sobre Açúcar
e Derivados da Cana – Deversificacion 2002, realizado em Havana, Cuba, de 17 a
21 de junho, que abordou a questão dos usos alternativos para a cana-de-açúcar.
Trata-se de uma preocupação comum aos diferentes países produtores, que
sofrem com a expectativa de diminuição dos preços internacionais do açúcar
e do aumento do petróleo no mercado internacional. No mundo inteiro, a busca de
novas alternativas para o setor sucro-alcooleiro tem incentivado a realização
de pesquisas sobre temas como produção de celulose a partir do bagaço da cana
e ração animal do bagaço, entre outras, muitas delas apresentadas e
discutidas em Havana.”[9] A
cana gera hoje, açúcar, álcool anidro (aditivo para a gasolina) e álcool
hidratado para os mercados internos e externos, podendo ainda colaborar na produção
de papel, alimentos, plásticos e produtos químicos, além de fornecer energia
elétrica. As
tentativas do governo estadual, através do Protocolo assinado com a Única
mencionado no corpo de nosso trabalho, demonstra a preocupação com o término
da utilização da queimada como método para a colheita. O processo da mecanização
poderá ter um final feliz, basta analisarmos o projeto da CTBio – Centro de
Tecnologia em Bioenergia, projeto idealizado pela UDOP – União dos produtores
de Bioenergia, Única, SIFAÇÚCAR, SIFAEG,ALCOPAR SIALPAR SIAPAR, SIAMIG E
SINDICATO DA INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DO ÁLCOOL DO ESTADO DE MATO GROSSO DO
SUL. O mencionado projeto visa promover um Centro de Tecnologia, capaz de formar
profissionais capacitados, aptos a desenvolver seus trabalhos no mercado
sucroalcooleiro. Com
a assinatura do protocolo mencionado concluímos pela preocupação do setor em
produzir um combustível verde nos mais variados aspectos. Acreditamos
em uma sustentabilidade ambiental no meio sucro alcooleiro, o mercado do álcool
brasileiro, vive um momento estratégico, com isso ganha força política,
podendo reverter a situação e tirar a mancha de poluidor ambiental que lhe é
própria desde a origem da plantação de cana-de-açúcar. O
conflito ambiental imposto pelas plantações sem a utilização de uma gestão
definitivamente correta e aplicável, pode ser facilmente revertida através de
Avaliação dos Impactos causados pela plantação, colheita e industrialização
da cana e derivados associando-se a isso um Projeto inteiramente verde, com isso
traz-se as conseqüências positivas econômicas para o nosso País, bem como as
ambientais, este último no sentido de troca dos combustíveis fósseis e meio
de energia por um combustível verde, sem guerras, poluindo menos o nosso meio
ambiente. “A
bioenergia traz a possibilidade de se ingressar em uma era inédita na
humanidade, o desafio inédito de conviver em paz em torno de uma energia
distribuída, sem as características sangrentas da civilização do petróleo.”[10] Acreditamos
que o desenvolvimento sustentável no setor sucro alcooleiro é possível, rentável
e ecologicamente possível, façamos realidade o combustível verde. [1] BORTHOLIN, Érika. GUEDES, Bárbara Daniela. Efeito Estufa. http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/ee/Efeito_Estufa.html [2]
GUIMARÃES, Thiago. Queima de cana-de-açúcar
pode causar câncer em cortadores. Endereço Eletrônico: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u108437.shtml.
[3] /www.cenbio.org.br/pt/noticia_mostra.asp?id=2734 [4] FERREIRA. Manoel Eduardo Tavares. http://www.sucre-ethique.org/A-queimada-da-cana-e-seu-impacto [5] www.cenbio.org.br/pt/noticia_mostra.asp?id=2734. A queimada dos canaviais. Notícias Cenbio [6] Kenfield. Isabella. 8 de março de 2007Versão Original: Brazil's Ethanol Plan Breeds Rural Poverty, Environmental Degradation.Traduzido por: José Maria Tardin. http://www.ircamericas.org/port/4061 [7]
op. Cit. http://www.ircamericas.org/port/4061 [8]
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142007000100003&script=sci_arttext [9]
http://www.cna.org.br/Gleba02/Julho/CanadeA%C3%A7ucar.htm [10] NASSIF. Luís. Folha da Região de Araçatuba. Terça-feira, 5 de junho de 2007. texto: Gonzáles e a bioenergia |