Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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O Eco das Vozes
03/09/2020 (Nº 72) HORTAS URBANAS: PESQUISAS E AÇÕES PARA O PROTAGONISMO E AUTONOMIA NA ALIMENTAÇÃO E NA SAÚDE EM TEMPOS DE COVID E PÓS COVID.
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HORTAS URBANAS: PESQUISAS E AÇÕES PARA O PROTAGONISMO E AUTONOMIA NA ALIMENTAÇÃO E NA SAÚDE EM TEMPOS DE COVID E PÓS COVID.

Adriana Backes



É verdade que fazer hortas em casa ou hortas urbanas não é novidade. Assim como tratar desse assunto na educação, também não é novo. Mas este tema tem ganhado uma nova relevância nesses tempos de pandemia em que ficar em casa se faz necessário. Isso se confirma na busca crescente em todas as mídias por “como fazer uma horta em casa”. Segundo anúncio do Mercado Livre, esta busca aumentou em 400% na Internet, nesta época da quarentena. Estes dados são confirmados quando observamos neste mesmo período canais do youtube, como Horta do Ditian, atingindo um milhão de seguidores, ou considerarmos que lives e cursos gratuitos ou pagos sobre plantas, jardins, hortas ecológicas e orgânicas, permacultura e agrofloresta, vem ganhando milhares de visualizações e participações causando surpresa e admiração aos próprios organizadores.

No entanto, não foi só o aumento do interesse por este assunto que se deflagrou. Mas, também, os porquês desse interesse. Se antes víamos acontecer a busca por um hobby, por memórias afetivas das hortas que pais, mães e avós faziam, ou busca de alternativas para incluir alimentos mais saudáveis nos pratos, agora ele vem com novos significados: tempo para aprendizagem e/ou cultivos da horta, terapia para o confinamento, busca de alimentos saudáveis, ou como garantia de se ter alimentos à mesa numa época em que empregos, rendimentos da economia popular e acesso a alimentação escolar ficaram restritos.

Este levantamento de dados abre um leque infindável de reflexões, discussões e ações de cunho socioambiental e de bem viver, perpassando pelas ciências, artes, cultura e espiritualidade. Todas questões muito pontuais e, ao mesmo tempo, amplas e conectadas.

No entanto, vamos fazer um recorte e apontamentos para a questão na educação ambiental, que neste período, também têm ocorrido num ambiente virtual. Com vistas a esta demanda crescente por aprender meios de cultivar hortas e jardins em casa de forma ecológica, seja para produzir o próprio alimento e saciar a fome e/ou ter uma alimentação saudável de forma mais acessível, seja por terapia, para afastar a tristeza, solidão e depressão provocadas pelo confinamento e incertezas, este pode ser um momento muito rico para a educação ambiental. Pode ser uma oportunidade valiosa para se fomentar a pesquisa, os debates , a reflexão e ações socioambientais quando pesquisamos, dialogamos e aprendemos com os saberes ancestrais dos povos originários da floresta, com a permacultura, com agrofloresta, com hugelkultur, com culturas ecológicas que respeitam, se harmonizam e preservam a natureza. Uma cultura agrícola que não envenena o solo, a água, o ar, as plantas, os seres humanos e os animais. Uma agricultura de empoderamento, protagonismo e autonomia, pois é possível sentir o poder que se tem em mãos quando se sabe como cultivar seus próprios alimentos, de forma saudável, com elementos que a própria natureza lhe alcança, como o adubo orgânico e a biomassa necessários para um solo fértil, úmido e protegido, favorecendo uma colheita produtiva, trazendo saúde e bem-estar aos envolvidos.

Este pode ser o início de um plano de ação socioambiental que partiu das demandas e interesses demonstrados a partir da realidade que estamos vivendo nesta quarentena e que pode ir muito além, tendo início em nossas casas para avançar para as comunidades. Transformando-se em hortas comunitárias que podem ser revolucionárias, e que podem levar ao ensino formal e informal temas como: segurança alimentar, água, energia e tecnologia, comunicação e cultura, ecossistemas tão pertinentes a educação ambiental crítica e a projetos de pesquisas, transformadores!

E para encerrar, deixo aqui, um verso, pra quem quiser fazer parte deste movimento, mas acredita que não possa, por não ter espaço ou por não saber por onde começar.



Para pensar

Sobre, o nosso próprio alimento, cultivar

Quem sabe, começar por vasinhos de temperos ou chás?

Ou alguns legumes ou verduras, de nossa preferência, pra saborear?

Sementes, mudinhas, podemos comprar ou trocar

Ou ainda, podemos, na água, colocar

partes de legumes e verduras que acabamos de utilizar,

para que eles possam enraizar e brotar

Vale garrafa pet, bacia, balde, panelas sem uso, reaproveitar

Vale "hortar" na janela, na varanda, na sacada, no quintal, no espaço que tiver,

no espaço que quiser!

Também, junto das flores, podemos plantar

Atraindo borboletas e abelhas para polinizar

Assim como as joaninhas e os passarinhos

que vão se aproximar e nos encantar,

Lembrando que estudar e pesquisar

sobre como realizar,

e o porquê, de escolher,

esse ou aquele, jeito de plantar,

numa boa colheita poderá resultar

e na saúde da terra e do que estivermos a cultivar

poderá atuar,

e por fim, na saúde, de quem, desse cultivo, for se alimentar.

Adriana Backes

Ilustrações: Silvana Santos