Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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08/06/2020 (Nº 71) EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECICLAGEM DE ÓLEO DE COZINHA NA PRODUÇÃO DE SABÃO: UMA EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES DE UM CENTRO SOCIOEDUCATIVO NA CIDADE DE MANAUS
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECICLAGEM DE ÓLEO DE COZINHA NA PRODUÇÃO DE SABÃO: UMA EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES DE UM CENTRO SOCIOEDUCATIVO NA CIDADE DE MANAUS



Danielle Portela de Almeida1, Frederico Cordeiro Smith2, João Mackson Mesquita Pimentel3, Carla Karoline Gomes Dutra Borges4

1Graduada em Ciências Naturais pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Mestre em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Professora da Secretaria de Estado de Educação - SEDUC. E-mail: danielle.portela@yahoo.com.br

2 Bolsista do Programa Ciência na Escola (PCE). E-mail: fredericosmith.pce@gmail.com

3 Bolsista do Programa Ciência na Escola (PCE). E-mail: joaopimentel.pce@gmail.com

4Graduada em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal do Amazonas - IFAM. Doutoranda do Curso de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Professora da Secretaria Municipal de Educação - SEMED. E-mail: carlaborges.am@gmail.com



Resumo: É notório nos dias de hoje a preocupação com o meio ambiente e o desenvolvimento de práticas sustentáveis nos mais diversos âmbitos, que consequentemente refletem na qualidade de vida das pessoas. A educação ambiental surge como uma necessidade urgente e necessária, pois leva o indivíduo à reflexão e o sensibiliza para as questões ambientais, pois suas atitudes erradas trazem malefícios para a população de modo geral. Pensando nesse cenário o objetivo deste trabalho foi desenvolver a prática da reciclagem do óleo de cozinha na produção de sabão visando a construção da percepção ambiental de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. A pesquisa parte de uma abordagem qualitativa e foi realizada em um Centro Socioeducativo na cidade de Manaus, e faz parte do Programa Ciência na Escola (PCE). Os resultados apontam que houve sensibilização para as questões ambientais por parte dos adolescentes participantes do projeto, bem como os demais envolvidos, e esse conhecimento adquirido pode ocasionar mudanças significativas de atitudes e respeito pelo meio ambiente além de ser transmitido para outros indivíduos.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Reciclagem. Óleo de cozinha. Sabão

ENVIRONMENTAL EDUCATION AND RECYCLING OF COOKING OIL IN SOAP PRODUCTION: AN EXPERIENCE WITH ADOLESCENTS FROM A SOCIO-EDUCATIONAL CENTER IN MANAUS



Abstract: Nowadays, it is well known the concern with the environment and the development of sustainable practices in the most diverse áreas, which consequently reflect on the quality of life of people. Environmental education appears as an urgente and necessary need, as it takes the individual to reflection and sensitizes him to environmental issues, because his wrong atitudes bring harm to the population in general. Thinking about this scenario, the objective of this work was to develop the practice of recycling cooking oil in the production of soap aiming at building the environmental perception of adolescents in compliance with socio-educational measures. The research starts from a qualitative approach and was carried out in a Socio-educational Centerin the city of Manaus, and is part of the Science at School Program (PCE). The results show that there was awareness of environmental issues on the part of the adolescents participating in the project, as well as the others involved, and this acquired knowledge can cause significant changes in attitudes and respect for the environment in addition to being transmitted to other individuals.



Keywords: Environmental Education. Recycling. Cooking oil. Soap



1. INTRODUÇÃO

Os problemas ambientais a cada dia assumem destaque e chamam nossa atenção, isso porque fazemos parte do meio ambiente e nossas ações refletem diretamente nele. Entender de que maneira podemos contribuir e minimizar esses impactos é uma das preocupações da Educação Ambiental. De acordo com Leff (2003), a educação ambiental tenta articular subjetivamente o educando à produção de conhecimentos e vinculá-lo aos sentidos do saber. Isto implica fomentar o pensamento crítico, reflexivo e propositivo face às condutas automatizadas, próprias do pragmatismo e do utilitarismo da sociedade atual. É necessária uma reflexão mais aprofundada em relação à essa temática e consequentemente mudanças de atitudes e alternativas de práticas sustentáveis. Hoje, a Educação Ambiental vem sendo reconhecida como ferramenta capaz de sensibilizar a sociedade acerca dos problemas ambientais e ajudar a promover a sustentabilidade (MENDONÇA, CÂMARA, 2012). Um indivíduo que é capaz de sensibilizar-se com os problemas ambientais certamente fará a sua parte para a preservação do ambiente em que vive, pensando não somente em si, mas nos diversos seres vivos que também dependem desse ambiente.

Nos dias atuais são muitos os poluentes que destroem o nosso planeta e trazem drásticas consequências para os seres vivos. Dentre eles destacamos o óleo de cozinha que é utilizado nas casas, indústrias, restaurantes, escolas e etc., são os mais diversos lugares que fazem uso do óleo para frituras e cozimentos em geral, e na maioria das vezes esse óleo é descartado de maneira errônea no ralo da pia e posteriormente poluirá as águas. Apesar de existirem pontos de coleta e empresas que fazem a arrecadação do óleo usado, muitas pessoas não tem consciência do mal que esse produto causa no meio ambiente, por isso a importância da educação ambiental, pois ela sensibiliza os indivíduos a respeito das temáticas que envolvem a conservação, preservação e sustentabilidade em seus aspectos econômicos, políticos e sociais.

Frente à esta realidade o objetivo geral desse trabalho foi desenvolver a prática da reciclagem do óleo de cozinha na produção de sabão visando à construção da percepção ambiental de adolescentes internos de um Centro Socioeducativo na cidade de Manaus, bem como identificar os conhecimentos prévios dos estudantes relacionados à conservação do meio ambiente e principais tipos de poluição; realizar oficinas pedagógicas para reciclagem de óleo e produção do sabão sustentável. Esse projeto fez parte do Programa Ciência na Escola (PCE), que é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), que concede bolsas de estudo a alunos e professores para o desenvolvimento de pesquisas científicas em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Desporto (SEDUC-AM).



2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Educação ambiental e reciclagem

O ser humano através de sua ganância sempre esteve a destruir o meio ambiente através de suas atitudes e interesses individuais e cobiças. Desde os anos 70, descobrimos que os desejos, as emanações, as exalações de nosso desenvolvimento técnico-industrial urbano degradam a biosfera e ameaçam envenenar irremediavelmente o meio vivo ao qual pertencemos: a dominação desenfreada da natureza conduz a humanidade ao suicídio (MORIN, 2007). A relação homem-natureza vem sendo modificada ao longo dos anos, o consumismo exacerbado tem destruído muitas espécies de seres vivos.

O conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital (MORIN, 2007). Entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação Ambiental é assim uma Educação política, democrática, libertadora e transformadora (TOZONI-REIS, 2008). Nesse ínterim a Educação Ambiental surge como uma necessidade, nossa primeira reflexão é a de que a Educação Ambiental é Educação e que a introdução do termo ambiental propõe o resgate do que parecia esquecido na Educação Moderna: o ambiente (TOZONI-REIS, 2008). A necessidade de entender o ambiente como um sistema complexo confronta o positivismo lógico em sua busca de unidade do conhecimento e uniformidade do saber. A questão ambiental abre assim uma nova perspectiva epistemológica para compreender o desenvolvimento do conhecimento (LEFF, 2003).

No Brasil a preocupação com as questões ambientais tem crescido muito, desde a década de 60, com o crescimento dos movimentos ambientalistas que trouxe a preocupação de relacionar a preocupação ambiental com a vida dos alunos - seu meio - sua comunidade (ARAUJO, 2015). No ensino básico não temos uma disciplina específica para trabalhar a educação ambiental, ela é vista apenas como tema transversal (meio ambiente), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Ao considerar as necessidades de mudanças na educação, é preciso levar em conta algumas das características da sociedade contemporânea, dentre as quais se destacam: consumismo desenfreado; falta de comunicação, substituição das referências de valor, a perda da essência do próprio ser humano como ser histórico e etc..(MEDINA; SANTOS, 2008).

O saber ambiental é, pois, gerado num processo de conscientização, de produção teórica e de pesquisa cientifica. O processo educativo permite repensar e reelaborar o saber, na medida em que se transformam as práticas pedagógicas correntes de transmissão e assimilação do saber preestabelecido e fixado em conteúdos curriculares e nas práticas de ensino (LEFF, 2003). Na Educação Ambiental, somente uma educação crítica e transformadora pode contribuir para a construção de uma sociedade ecologicamente equilibrada e socialmente justa (TOZONI-REIS, 2008).

Acreditamos que a escola tem um papel primordial no desenvolvimento da Educação Ambiental (EA), preparando o indivíduo para o exercício da cidadania crítica e consciente, e que os docentes são peça fundamental nesse processo, devendo ser devidamente preparados em sua totalidade. Os professores precisam que seus alunos se esforcem para aprender, e os alunos precisam que seus professores atendam suas necessidades educacionais cada vez mais especiais (POZO; CRESPO, 2009). No entanto, é notório que a realidade escolar, no que diz respeito à EA, está bem distante do que tem sido recomendado tanto no âmbito acadêmico quanto institucional, pois se somos e fazemos parte de nossa história, é necessário que conheçamos o meio ambiente a nossa volta.

Diversas são as práticas pedagógicas e estratégias didáticas que podem ser utilizadas para abordar a educação ambiental no ambiente escolar e fora dele. Dentre elas podemos destacar: visitas, passeios em trilhas ecológicas, desenhos, atividades com a comunidade, oficinas de educação ambiental, projetos escolares, mapas conceituais e feira de ciências. Porém Tozoni - Reis (2008) no alerta que técnicas atraentes, material de ensino sofisticado e modismos tecnológicos não contribuem para a construção de propostas metodológicas competentes se não estiverem radicalmente articuladas a um processo de construção metodológico singular.

Várias são as alternativas e práticas sustentáveis utilizadas para minimizar os impactos causados no planeta, uma delas é a reciclagem, que nada mais é do que o reaproveitamento de materiais, transformar aquilo que não serve mais em um novo produto, o que é fundamental para a conservação do planeta. Dentre os muitos poluentes que assolam nosso planeta, temos o óleo de cozinha que se tornou um produto indispensável na preparação de alimentos, porém muitas vezes é descartado de forma incorreta e polui o meio ambiente. Apesar da reciclagem do óleo ser uma alternativa viável, ainda é desconhecida da maioria da população e até do grupo funcional das escolas incluindo também os educadores (WILDNER, 2011).Muitos dos nossos estudantes não têm o conhecimento dos malefícios causados pelo óleo ao meio ambiente e de que o mesmo pode ser reciclado na produção de sabão.



2.2. Adolescentes internos e o Centro Socioeducativo

Os Centros Socioeducativos são espaços de ressocialização e também ambiente propício para reflexão, abrigam adolescentes em conflito com a lei. Na cidade de Manaus existem cinco centros socioeducativos de internação, são eles: Centro Socioeducativo Senador Raimundo Parente, Centro Socioeducativo Assistente Dagmar Feitosa, Centro Socioeducativo Marise Mendes. Apesar de estarem privados de liberdade, esses adolescentes tem seus direitos assegurados, dentre eles à educação, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA (BRASIL, 1990).

O desafio dos Centros Socioeducativos é assegurar o direito estabelecido pelo ECA, quando se refere no cumprimento das medidas socioeducativas, onde diz que a finalidade da mesma é resguardar, amparar e proteger os direitos fundamentais da criança e do adolescente, atuando dessa forma possibilita o desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional, social e físico.

Nesse espaço são desenvolvidos diversos projetos e atividades que envolvem o âmbito social, profissional, acadêmico, religioso, familiar e etc. É também um ambiente propício para o desenvolvimento de práticas pedagógicas diferenciadas.

Desta maneira a escola ganha status nos Centros Socioeducativos, passando a ser considerada uma ação essencial de garantia do exercício da cidadania desses adolescentes, que mesmo em cumprimento de medidas socioeducativas, são sujeitos de direitos e a estes também são atribuídos o acesso a escola, enquanto Política Pública não mais como voluntariado e de cunho assistencialista (RAMOS; PUCOVSKI, 2015). Cabe então aos educadores realizarem um trabalho que não se confunda com uma das intervenções do sistema de reclusão, mas de um momento de valorização do tempo da educação e que desenvolvam um aprendizado que seja útil para toda a vida, com os ideais de inclusão e comprometidos com uma abordagem inovadora (SANTOS, 2017).



3. METODOLOGIA



Esta pesquisa é de cunho qualitativo. A pesquisa qualitativa, como o nome já indica, trabalha com a qualidade. Qualidade do quê? Do objeto/observado, fenômeno/percebido? Com essas formulações estamos apontando pares que já anunciam posturas em relação ao modo de tomar um ou outro par para investigação (BICUDO, 2011). Foi desenvolvida no Centro Socioeducativo Dagmar Feitosa, sendo que este é um dos anexos da Escola Estadual Josephina de Melo. O Centro Socioeducativo Dagmar Feitosa está localizado na cidade de Manaus e atende adolescentes do sexo masculino (entre 15 e 17 anos), sendo administrado pela Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (SEJUSC) e onde também funciona a Escola Estadual Josephina de Melo (SEDUC). Nossa proposta contemplou os alunos do Ensino Fundamental II (EJA) e Ensino Médio da Escola citada, dentre esses alunos, dois eram bolsistas do projeto e atuavam juntamente com a professora coordenadora.

Inicialmente fizemos a sondagem de conhecimentos prévios dos adolescentes (para isso utilizamos o questionário aberto) a respeito do óleo de cozinha e sua ação no ambiente. O questionário é o conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo. [...] As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas igualmente subjetivas, evitando provocar dúvidas, ambiguidades e respostas lacônicas (SEVERINO, 2007). Foram realizados com os bolsistas do projeto, leituras de artigos científicos sobre a temática abordada, bem como a importância da reciclagem, e foram organizados momentos de estudos e discussão com a coordenadora do projeto para o feedback dessa literatura. A partir de então realizamos palestras educativas sobre a preservação do meio ambiente e a ação do óleo na natureza. Abordamos temas, como: sustentabilidade, consciência e cidadania ambiental. Coletamos o óleo de cozinha e recebemos doações de óleo dos funcionários do centro. Após esta etapa e com quantidade favorável recolhida por nossos alunos começamos o processo de reciclagem do óleo de cozinha para a produção do sabão sustentável, para essa prática nos foi cedido um local específico para que pudéssemos fazer esse trabalho (Figura1), visto que demanda alguns cuidados.



Posteriormente nossos alunos bolsistas ministraram a oficina para os demais adolescentes e funcionários do centro socioeducativo. Todo o sabão produzido durante a realização do projeto, foi distribuído no próprio centro socioeducativo em destaque, funcionários, técnicos e adolescentes receberam o sabão sustentável para ser utilizado na higiene diária.

Esta pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e fez parte do Programa Ciência na Escola (PCE).



4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Alcançamos resultados satisfatórios com o projeto de reciclagem de sabão no centro socioeducativo, as atividades desenvolvidas ao longo do projeto promoveram a percepção ambiental e a reflexão das relações individuais e coletivas relacionadas ao meio ambiente. Como ponto positivo o centro disponibilizou um espaço destinado à produção do sabão que posteriormente será melhorado para que essa prática continue em andamento. Isso mostra a preocupação com o meio ambiente e a importância da reciclagem de resíduos orgânicos como o óleo de cozinha, a fim de destacar os danos causados a natureza pelo seu descarte de forma incorreta.

Durante os meses de realização do projeto, toda a comunidade escolar se envolveu de forma ativa em todas as etapas do mesmo, o conhecimento adquirido foi perpassado para os adolescentes e demais funcionários do Centro Socioeducativo, trazendo uma reflexão acerca dos problemas ambientais e da importância da prática de reciclagem, sendo também uma oportunidade de geração de renda.

Através da análise do questionário de sondagem de conhecimentos prévios dos estudantes (n=20) identificamos que os conceitos relacionados à conservação/preservação do meio ambiente, reciclagem, tipos de poluição e educação ambiental ainda estão distantes da realidade e convivência diária de alguns adolescentes, o que tornou de suma importância a realização deste trabalho.



De acordo com a Tabela 1, podemos observar que esses adolescentes possuíam alguma noção da temática que seria abordada, isso pode ser oriundo de conhecimentos prévios existentes em sua bagagem cognitiva. O conhecimento prévio dos estudantes, a crença na sua própria capacidade, a disponibilidade para aprender, o sentimento de pertença ao grupo de colegas e a valorização dos saberes escolares são algumas condições subjetivas que explicam por que, a partir de um mesmo ensino, há sempre espaço para a construção de diferentes níveis de aprendizagem (LEAL; MIRANDA; CASA NOVA, 2017).

A oficina realizada pelos bolsistas contou com a participação dos demais adolescentes e funcionários do centro socioeducativo, o objetivo foi apresentar os resultados do projeto e o processo de fabricação do sabão, o resultado foi satisfatório, os demais adolescentes participaram da fabricação do sabão e tiveram a oportunidade de interagir tirando as dúvidas (Figura 2).



A oficina de educação ambiental e reciclagem de sabão proporcionou aos estudantes um momento de interação e construção de conceitos ambientais. Pensar o ambiental, hoje, significa pensar de forma prospectiva e complexa, introduzir novas variáveis nas formas de conceber o mundo globalizado, a natureza, a sociedade, o conhecimento e especialmente as modalidades de relação entre os seres humanos, a fim de agir de forma solidária e fraterna, na procura de um novo modelo de desenvolvimento (MEDINA; SANTOS, 2008).

No total foram reciclados 48 litros de óleo de cozinha, que deixou de poluir 48.000.000 milhões de litros de água, tendo em vista que esse óleo iria para o ralo da pia. O sabão produzido serve para lavagem de louças e limpeza em geral. Todo o sabão produzido (Figura 3) foi distribuído nas dependências do Centro Socioeducativo Dagmar Feitosa, para os adolescentes, técnicos e professores. Almejamos que mesmo com a conclusão do projeto o Centro Socioeducativo continue a incentivar a prática de reciclagem do óleo de cozinha com os futuros internos.



5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Olhar para o meio ambiente com cuidado é responsabilidade de cada um de nós, práticas sustentáveis e atitudes corretas devem permear nossas vidas, e a educação ambiental é uma ferramenta indispensável para a sensibilização do indivíduo e mudanças de atitudes. Com a execução desse projeto muitos adolescentes tiveram o olhar voltado para as questões ambientais e poderão compartilhar o que aprenderam com seus amigos e familiares, despertando dessa forma a sensibilização pelo meio ambiente. Dar o destino correto para o óleo de cozinha usado e transformá-lo em sabão são atitudes sustentáveis que podem perpassar gerações, e assim pequenas mudanças de atitudes podem geram grandes resultados.

Diante de tais fatos, o papel da EA, além de proporcionar a conservação e a preservação do meio ambiente, é promover a integração saudável do ser humano com ele. Promover a sustentabilidade ambiental de maneira eficaz e urgente, levando em conta a atual gravidade ambiental.



AGRADECIMENTOS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)

Secretaria de Estado de Educação e Desporto (SEDUC-AM)

Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (SEJUSC)



REFERÊNCIAS



ARAUJO, E.F. Práticas Ambientais na Escola: uma experiência fundamentada na pedagogia de projetos e na Agenda 21 Global. Manaus: Valer, 2015.

BRASIL. de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm> Acesso em: 24/01/20.

BICUDO, M. A. V. Pesquisa qualitativa segundo a visão fenomenológica. São Paulo: Cortez, 2011.

LEAL, E. A.; MIRANDA, G. J.; CASA NOVA, S. P. C. Revolucionando a sala de aula: como envolver o estudante aplicando as técnicas de metodologias ativas de aprendizagem. São Paulo: Atlas, 2017.

LEFF, E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. São Paulo: Cortez, 2003.

MEDINA, N.M.; SANTOS, E.C. Educação Ambiental: uma metodologia participativa de formação. Petrópolis: Vozes, 2008.

MENDONÇA, D.J.F.; CÂMARA, R.J.B. Educação Ambiental em unidades de conservação: um estudo sobre projetos desenvolvidos na Apa do Maracanã. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. IX SEGeT, 2012.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2007.

POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A. Aprendizagem e o Ensino de Ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 2009.

RAMOS, A. A.; PUCOVSKI, F. Reflexões sobre o direito à educação no contexto socioeducativo. EDUCERE, PUC PR, 2015.

SANTOS, M. R. Atuação do educador em espaço socioeducativo. Encontrão da Educação Social. Maringá- PR, 2017.

SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007.

TOZONI-REIS, M.F.C. Metodologias Aplicadas à Educação Ambiental. 2 ed. Curitiba: IESDE Brasil, 2008.

WILDNER, L. B. A. Reciclagem de óleo comestível e fabricação de sabão como instrumentos de educação ambiental. 2011. Monografia, Universidade Federal de Santa Maria- RS, 2011.





Ilustrações: Silvana Santos