Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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07/12/2014 (Nº 50) A INTERIORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO TEMA GEODIVERSIDADE
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A INTERIORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO TEMA GEODIVERSIDADE

 

Anna Raquel Fernandes Perazzo¹; Tarcianne Maria de Lima Oliveira²

 

¹Bacharel em Ecologia-UFPB. Rua Epitácio Pessoa, 120, centro ,Areia- PB CEP: 58397000 Telefone: (83) 88315002. Email: aninhaperazzo@hotmail.com

²Bacharel em Ecologia-UFPB. Rua Ernesto Batista da Cunha, 155, Vale Verde, Mamanguape-PB. CEP: 58280-000. Telefone: (83)9642-5156. E-mail: tarci_ecologia@hotmail.com

 

 

RESUMO

Durante muito tempo a geodiversidade foi vista como matéria prima ou como objeto científico, mas nos dias atuais já se pensa na geodiversidade como patrimônio.  Apresentando grandes valores para a humanidade e manutenção da vida na Terra, a geodiversidade pode ser classificada de acordo com seus valores intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional, científico e educativo. A fim de preservar os recursos geológicos a educação ambiental surge como um processo contínuo que visa conscientizar e analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais, na qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir individual e coletivamente, no sentido de resolver problemas ambientais presentes e futuros. Tendo em vista a importância cultural e ecológica desta região, propõe-se com o presente artigo trabalhar, nas vivências do lazer infantil, a inserção de valores sócio-ambientais pela integração das práticas de educação ambiental com as atividades lúdicas e artísticas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi, Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto/PB. A pesquisa foi realizada junto a crianças e jovens da Barra do Rio Mamanguape, onde foi trabalhada a percepção ambiental, com 15 alunos do 1o ao 5o ano, entre 7 a 13 anos. A percepção das crianças pôde ser notada por meio de uma atividade onde foi solicitado que representassem em forma de desenhos os aspectos naturais de sua comunidade. Ainda na coleta de dados, foram elaborados mapas falados produzidos pelo grupo de estudantes, de forma individual e coletiva. Também foi realizada a atividade de travessia/ caminhada linear guiada pelos mesmos, onde se permitiu obter informações sobre a geodiversidade do local e os elementos interligados. O processo educativo foi acrescido ainda com a realização de uma palestra educativa tendo como tema geoeducação e geoconservação, seguida de um coleta seletiva cm o intuito de recolher o lixo descartado nas dunas e nos seus arredores explicando os impactos que ele pode causa no ambiente e o tempo que cada resíduo passa até se decompor. Na oficina de geotinta, foi feito uma pequena discussão dos recursos geológicos existente na comunidade e a importância desses recursos. A riqueza do conhecimento local foi notadamente demonstrada ao longo de toda a experiência de campo e verificou-se uma supervalorização por parte da comunidade com relação à geodiversidade local, como também a ação antrópica em todo trabalho realizado foi a mais citada e explanada.

 

Palavras-Chave: Geodiversidade, Educação Ambiental, Barra de Mamangupe.

 

INTRODUÇÃO

O planeta Terra abriga todos os seres vivos, dentre eles, aproximadamente 6 bilhões de pessoas, que estão espalhadas pelos diferentes continentes, países e cidades. Este planeta, no entanto, não possui a mesma configuração desde o início. A Terra é dinâmica e viva e se constrói através de eventos espetaculares (MEDEIROS, 2012). As paisagens naturais que nos rodeiam, o chão em que pisamos, estão em constante transformação, decorrente de processos e fenômenos formadores de uma grande diversidade de materiais (rochas, minerais, solos) que constituem a base para existência de toda espécie de vida na Terra. A esta diversidade de materiais e processos chamamos de geodiversidade (MOCHIUTI, 2009).

Durante muito tempo a geodiversidade foi vista como matéria prima ou como objeto científico, mas nos dias atuais já se pensa na geodiversidade como patrimônio (SOUZA, 2009).  Apresentando grandes valores para a humanidade e manutenção da vida na Terra, a geodiversidade pode ser classificada de acordo com seus valores intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional, científico e educativo (BRILHA, 2005).

Apesar de a geodiversidade ser considerada a base para a biodiversidade, o que nota-se é que em muitos anos a biodiversidade vem sendo muito mais contemplada e divulgada em ações de conservação em detrimento à geodiversidade. Estando em constante relação com a biodiversidade, não é possível falar em preservação da flora, por exemplo, sem considerar elementos da geodiversidade tais como: o solo, os minerais, o relevo, entre outros. Diante deste desafio, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que visem à conservação do patrimônio geológico mitigando ao máximo a degradação.

A fim de preservar os recursos geológicos a educação ambiental surge como um processo contínuo que visa conscientizar e analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais, na qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir individual e coletivamente, no sentido de resolver problemas ambientais presentes e futuros.

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, Litoral Norte Paraibano, possui diversos recursos geológicos, como praias arenosas com cordões de dunas, falésias, esporões arenosos e arrecifes areníticos, que são extremamente ricos e de suma importância, necessitando serem preservados e conservados, uma vez que se trata de recursos não renováveis.

Criada com o intuito específico de conservar o Peixe-Boi Marinho (Trichechus Manatus) e seu habitat, garantir a conservação dos manguezais, dos remanescentes de Mata Atlântica e dos recursos hídricos; melhorar a qualidade de vida da população local e fomentar a educação ambiental e o turismo ecológico (Oliveira, 2003). A comunidade tradicional da Barra do Rio Mamanguape, encontra-se distribuída no interior da Área de Proteção Ambiental (APA), onde a comunidade existente na área é fruto da miscigenação por índios potiguaras, negros e brancos.

Sua população é extremamente pequena com aproximadamente 50 famílias, que totalizam cerca de 150 habitantes. Tendo estreita relação com os recursos naturais, essas famílias vivem há muito tempo na unidade de conservação e o acúmulo de práticas adquiridas por essa comunidade ao longo do tempo, tais como, pesca artesanal com redes feitas manualmente e utilização de recursos geológicos para se fazer tinta, entre outros é resultado de seus valores, de suas crenças, de suas descobertas e de suas vivências experimentadas.

A pesca artesanal e a mariscagem são os principais meios de subsistência para essas famílias, atividades essas que têm uma forte ligação com os recursos geológicos da APA da Barra do Rio Mamanguape, onde os mesmos vivenciam diariamente nesses lugares e sabem da importância desses recursos na região.

Dentre as possíveis formas de abordagens que envolvem populações humanas, recursos geológicos e cultura, a educação ambiental tem se destacado como excelente ferramenta de trabalho para conscientizar e sensibilizar sobre a importância da geoconservação.

Tendo em vista a importância cultural e ecológica desta região, propõe-se com o presente artigo trabalhar, nas vivências do lazer infantil, a inserção de valores sócio-ambientais pela integração das práticas de educação ambiental com as atividades lúdicas e artísticas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi, Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, estado da Paraíba, Brasil.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

 

Área de estudo

O presente estudo foi desenvolvido na comunidade da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto- PB que reside dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA) federal, criada pelo Decreto da Presidência da República de nº 924 de 10/09/1993. Dentre os objetivos da criação desta Unidade de Conservação de Uso Sustentável, consta como principal a preservação da maior população existente de peixe-boi-marinho no Nordeste brasileiro. Situa-se no litoral norte do Estado da Paraíba, à cerca 50 km ao norte da capital, João Pessoa, e localiza-se entre as coordenadas geográficas 06º43'02’’ e 06º51’54’’ S, e 35º07’46’’ e 34º54’04’’ W. (Mapa 1).

Mapa 1  Mapa de localização da APA da Barra do Rio Mamanguape (Adaptado de MEDEIROS, 2011)

 

A região é drenada pelo estuário do Rio Miriri, que representa o limite litorâneo Sul e os estuários dos Rios Mamanguape e Estivas, que representam o limite litorâneo Norte, considerada assim a maior área conservada de mangue da Paraíba (Pereira & Alves, 2006). Os compartimentos geomorfológicos que integram a APA são os mesmos que existem na zona costeira do Estado da Paraíba e incluem as Planícies Costeiras e as Planícies Aluviais, que ocupam os terraços mais baixos, e o Baixo Planalto Costeiro que ocupa cotas topográficas mais elevadas (Rosa & Sassi, 2002).

A composição florística da APA é bem diversificada, constituída principalmente por um estrato arbóreo, arbustivo e subarbustivo, tendo sido registrado só na Mata do Oiteiro um total de 111 espécies, distribuídas em 92 gêneros, integrantes de 44 famílias (Pereira & Alves, 2006).

 

Procedimentos metodológicos

 

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi, junto a crianças e jovens da Barra do Rio Mamanguape – PB, onde foi trabalhada a percepção ambiental, com 15 alunos do 1o ao 5o ano, entre 7 a 13 anos. A percepção das crianças pôde ser notada por meio de uma atividade onde foi solicitado que representassem em forma de desenhos os aspectos naturais de sua comunidade. A realização da atividade durou aproximadamente 45 minutos. Em cada desenho foi verificada a presença de elementos físicos (céu, praia, mar, dunas, arrecifes), sociais (homem e casas), bióticos (fauna e flora) e degradação ambiental (lixo e trilhas de veículos nas dunas).

Ainda na coleta de dados, foram elaborados mapas falados realizados na Escola de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi, produzidos pelo grupo de estudantes, de forma individual e coletiva, em folhas de papel ofício e em quadro de giz. Foi possível levantar informações e avaliar a visão deles sobre o passado e o presente dos ambientes geológicos da área de estudo e dos recursos associados. A realização da atividade durou aproximadamente 1 hora. O mapa falado trata-se de um desenho representativo do espaço ou território que está sendo objeto de reflexão, servindo para o planejamento e análise da informação visualizada para se identificar potencialidades e limitações existentes. Pode ser elaborado sobre papel, solo, quadro, entre outros (VERDEJO 2006).

Também foi realizada a atividade de travessia/ caminhada linear guiada pelos mesmos, onde se permitiu obter informações sobre a geodiversidade do local e os elementos interligados. Durante a caminhada foi possível fazer registros fotográficos e identificar os impactos ocorridos no local, à vegetação e a fauna. A travessia durou 1 hora e 30 minutos.

Após concretizada a coleta de dados de acordo com a metodologia estabelecida, estes foram sistematizados e analisados, com isso buscou-se basear na filosofia de Paulo Freire, onde procurou envolver o saber popular com o saber científico na busca por uma alternativa de imersão de geoconservação e geoeducação na comunidade sem alteração ou interferência nos costumes e culturas locais. Desta forma, a educação ambiental buscou sensibilizar e conscientizar a comunidade para conservar os recursos geológicos existentes na região. Diante disso, foi desenvolvido um modelo pedagógico que tem como proposta o processo da pesquisa-ação, realizando apresentação de palestras educativas de forma dinâmica e contínua sobre geodiversidade e geoeducação; apresentação de vídeos educativos, músicas de preservação do meio ambiente; plantio de mudas; oficina de confecção de animais nativos das dunas feitos com argila; oficinas de geotintas e confecção de placas informativas para distribuir na trilha das dunas.

A palestra educativa foi realizada de forma dinâmica e contínua, ministradas por alunos monitores do curso de Ecologia. Tendo como tema geoeducação e geoconservação. Para realização da palestra foram usados cartazes, figuras, revistas de meio ambiente, vídeos educativos e músicas com temas de meio ambiente. O plantio de mudas foi realizado na própria escola, sob orientação de alunos do curso de bacharelado em Ecologia, onde de forma prática os alunos aprenderam a relação planta-solo, o procedimento do plantio e cuidados com as árvores. Os alunos batizaram as mudas plantadas e se comprometeram em cuidar de cada uma delas com carinho e amizade. A oficina de confecção de animais nativos das dunas feitos com argila teve o intuito de cada aluno representar os animais que vivem nas dunas e a importância deles no ambiente geológico. Para realização dessa atividade foi utilizada argila branca e água. A trilha das dunas foi guiada pelos próprios estudantes onde os mesmos apresentaram algumas plantas e o lugar onde há o tráfego de veículos. Após a trilha foi realizada a gincana de coleta seletiva e distribuição de placas informativas de preservação da natureza.

A coleta seletiva teve o intuito de recolher o lixo descartado nas dunas e nos seus arredores. Os alunos foram divididos em grupos e foi dado um tempo de 1 hora de coleta, após a atividade os alunos voltaram para escola e os resíduos coletados foram classificados em: vidro, plástico, isopor, madeira e metal, seguindo com explicação dos impactos que ele pode causa no ambiente e o tempo que cada resíduo passa até se decompor. A oficina de geotinta foi realizada com a comunidade local na casa da moradora Taís, onde antes de iniciar a oficina foi feito uma pequena discussão dos recursos geológicos existente na comunidade e a importância desses recursos. Após toda explanação foi desenvolvida a geotinta, sendo uma tinta sustentável, a base de argila ou barro, goma de tapioca ou cola, água, estratos de sementes e corantes naturais.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

 

Percepção dos alunos com base na geodiversidade

 

Identificar a forma como os seres humanos percebem o ambiente em que vivem é de fundamental importância para entender a relação que desenvolvem com este lugar. A percepção ambiental com alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi foi de suma importância para compreender e entender sua relação com a geodiversidade local. Os alunos mostraram-se bastante receptivos a aplicação metodológica dos desenhos, demonstrando grande habilidade em suas representações. Este instrumento de investigação foi extremamente relevante para revelar a percepção dos alunos em relação aos recursos geológicos, seja do espaço vivido e/ou do espaço concebido por eles (Figura 02).

 

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Figura 02: Percepção ambiental com alunos da Escola de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi na Barra do Rio Mamanguape.

 

Conceituar a geodiversidade não é uma tarefa simples, todavia, a elaboração dos desenhos facilitou essa conceituação, além disso, permitiu que os alunos atribuíssem significados que dificilmente seriam verbalizados naturalmente. Com a percepção realizada, os alunos expuseram seus desenhos e relataram o que cada um significava. Notou-se que todos tinham conhecimento sobre o tema geodiversidade, sua importância e até mesmo os impactos.

Os desenhos foram classificados de acordo com os métodos adotados por Tamoio (2002, apud Santos, 2007) com devidas adaptações. Os métodos de representação classificaram-se em: Socioambiental, Naturalista e Romântica (Figura 6).

 

Figura 06: Frequência de desenhos na categoria de análise.

 

A primeira categoria abarcou 48% das representações dos participantes da pesquisa. Como exemplo de categoria socioambiental, observa-se na Figura 08 a ação antrópica de forma negativa nas dunas da Barra do Rio Mamanguape, sendo possível observar o tráfego de veículos em cima das dunas, o que ocasiona a degradação da vegetação rasteira, o atropelamento de indivíduos da fauna, a compactação do solo, alteração da dinâmica sedimentar e morfológica, bem como o descarte do lixo nas dunas e nos seus arredores.

 

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Figura 07: Exemplos de desenhos de categoria socioambiental.

 

A percepção Naturalista também foi significativamente representada por 29% dos alunos. O desenho da Figura 09 remete as dunas com características originais. Neste desenho o aluno citou as dunas, a vegetação, o arrecife arenítico, pássaros, praia, entre outros.

 

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Figura 08: Exemplo de desenhos de categoria naturalista.

 

A terceira categoria abarcou 24% das representações dos participantes da pesquisa (Figura 9). Como exemplo de categoria romântica, observa-se na figura das dunas de uma paisagem romantizada com frutos em forma de coração, borboleta, sol personificado, ou seja, um cenário avesso à realidade dos entrevistados.

 

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Figura 09: Exemplo de desenhos de categoria romântica.

 

Diagnóstico do Mapa Falado e Caminhada Linear

 

A atividade de elaboração do mapa falado com alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi foi bastante importante para diagnosticar de forma rápida e participativa alguns dos indivíduos da fauna e da flora abrigadas nas dunas (Figura 10).

 

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Figura 10: Mapa falado.

 

Foi observada grande habilidade em suas representações, com isso identificou-se duas espécies de plantas (Figura 11 a 13), 4 espécies de répteis (Figura 14 a 17), 1 mamífero (Figura 18) e 1 ave (Figura 19), onde a partir do nome popular, pesquisou-se na literatura e foram identificados os nomes científicos. No mapa falado também foi representado à ação destruidora do homem nas dunas, onde foi citado o tráfego de veículos e o descarte de lixo. 

 

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Figura 11: Capim das dunas. Foto: Ana Raquel Perazzo

 

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Figura 12: Cacto. Foto: Melba Godoi

 

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Figura 13: Guajiru. Foto: Ana Raquel Perazzo

 

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Figura 14: Cobra coral falsa. Foto: Linccon Carvalho

 

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Figura 15:Iguana. Foto: Linccon Carvalho

 

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Figura 16: Cobra verde Foto: Ivan Lívio

 

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Figura 17: Tartaruga. Foto: Ana Raquel Perazzo

 

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Figura 18: Raposa. Foto: acervo internet

 

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Figura 19: Bem-te-vi. Foto: Ciro Albano

 

Após a elaboração final do mapa falado foi realizada a caminhada linear/ travessia onde os alunos guiaram os monitores do curso de Bacharelado em Ecologia para as dunas a fim de mostrar os ambientes citados no mapa falado. A atividade foi bastante importante, pois foi aberto um diálogo com os estudantes, onde os mesmos relataram fatos vividos e contados por seus familiares.  (Figura 21).

(...) Esses lugares que não tem as plantas, é onde passam os carros, meu pai disse antes quando era protegido isso tudo era coberto de planta e que essas barreiras eram muito grandes (Yago, 13 anos)

“Aqui é um lugar muito bonito, sempre venho aqui com meu irmão, já vi muito carro passando aqui, isso aqui era tão grande que a gente tinha que parar na metade do caminho pra descansar de tão alto que era esse morro” (Marcelo, 14 anos)

“(...)Oia, esse lixo não é daqui, ele é trazido pela maré, tem muito vidro” (Gracielly, 12 anos)”

 

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Figura 20: Coleta de lixo na praia e marcas do tráfego de veículos nas dunas.

 

Educação Ambiental

 

A vivência das atividades de educação ambiental propostas, de forma prática, participativa e divertida, teve resultados positivos, onde foi percebida na fisionomia de alegria e felicidade dos alunos e da comunidade (Figura 21).

 

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Figura 21: Atividades na Escola de Ensino Fundamental Francisco Gerbasi na Barra do Rio Mamanguape.

 

Construtivamente, o fato das atividades serem realizadas em contato com as dunas de forma prática e como a oficina e ações envolviam a geodiversidade, colaboraram para o fortalecimento desses resultados. A palestra baseada a partir dos problemas citados pela comunidade e alunos, acrescentados os conceitos da comunidade científica, fez com que nascesse à sensibilização ambiental, possibilitando os mesmo sentirem-se agentes contribuidores no processo ambiental. As atividades tais como plantio de mudas na escola, oficina de geotinta (Figura 22), confecção de animais nativos, coleta seletiva e distribuição de placas informativas nas dunas, por exemplo, são comprovadas pelo deslumbre da comunidade e dos alunos, pela participação ativa nas falas e perguntas suscitando em esclarecimentos bastante positivos e demonstrando, assim, uma identificação e realização dos propósitos das atividades e, consequentemente, da construção da consciência ambiental.

Saber que as dunas têm uma importância para todos que residem nesse ambiente, e não fazer nada a favor disso é injusto, a conscientização possibilita a transformação de atitudes, a atitude de querer cuidar e de zelar. A conscientização é conscientizar o próximo.

 

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Figura 22: Oficinas de geotintas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A riqueza do conhecimento local foi notadamente demonstrada ao longo de toda a experiência de campo. A comunidade da Barra do Rio Mamanguape mostra-se rica em paisagens que estão interligadas com as modificações naturais e antrópicas ao longo dos anos, na região. A comunidade local conhece essas paisagens e suas modificações e muito do que as compõem, principalmente, as dunas, os recifes areníticos e do manguezal, com suas particularidades. Verificou-se uma supervalorização por parte da comunidade com relação à geodiversidade local, como também a ação antrópica em todo trabalho realizado foi a mais citada e explanada.

Algumas ações poderiam ser adotadas para minimizar os impactos ambientais, que as dunas vêm sofrendo. A fim de minimizar os impactos ambientais o geoturismo é uma ferramenta que visa à exploração sustentável do ambiente, considerando que a comunidade local vive basicamente da pesca, e o único turismo que existe na região esta relacionado ao projeto peixe-boi.

O geoturismo, portanto, é uma proposta de grande valia e de renda para comunidade, já que os mesmo poderiam ser os geoguias, pois têm muito conhecimento tradicional e cultural que deve ser reconhecido e admirado. Onde além de apresentar às paisagens e a comunidade turística eles podem contar suas vivências, os mitos e lendas que tem uma relação com as dunas.

A educação ambiental também é uma forma de minimizar os impactos causados, no entanto deve-se estender não só a Barra do Rio Mamanguape, mas também para os municípios de Lucena e Cabedelo, pois boa parte do lixo depositado na praia da Barra de Mamanguape vem desses municípios.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

 

MEDEIROS, S.C.O. Caracterização das dunas da área de proteção ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto-/PB. 2012

 

MOCCHIUTTI, N.F. Os valores da geodiversidade da região de Piraí da Serra, Campos Gerais do Paraná. Monografia. UEPG. 2009.

 

BRILHA, J. Patrimônio Geológico e Geoconservação: A conservação da natureza na sua vertente geológica, 2005.

 

PEREIRA, M.S. & ALVES, R.R.N. Composição Florística de um remanescente de Mata Atlântica na Área de Proteção Ambiental Barra do Rio Mamanguape, Paraíba, Brasil. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA, Volume 6- Número 1 - 2º Semestre, 2006

 

ROSA, R. S. & SASSI, R. Estudo da biodiversidade da Área de Proteção Ambiental Barra do rio Mamanguape.Relatório Técnico Final. IBAMA, CNPq. João Pessoa:Universidade Federal da Paraíba, 2002.

 

VERDEJO, M.E. Diagnóstico Rural Participativo, um guia prático DRP, Brasília, DF, 2006.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos