Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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07/12/2014 (Nº 50) A PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE SOBRE OS RESÍDUOS RECICLÁVEIS NA CIDADE DE CRUZ DAS ALMAS (BA).
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A PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE SOBRE OS RESÍDUOS RECICLÁVEIS NA CIDADE DE CRUZ DAS ALMAS (BA).

 

 

A PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE SOBRE OS RESÍDUOS RECICLÁVEIS NA CIDADE DE CRUZ DAS ALMAS (BA).

 

 

Catiane Santos do Nascimento1 e Lidiane Mendes Kruschewsky Lordelo2

1 Engenheira agrônoma pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, catiane.csn@gmail.com

2 Doutoranda em Energia e Meio Ambiente, Professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – Campus Universitário, Cruz das Almas – Cruz das Almas – BA. Engenheira sanitarista. (75) 9159 – 2508, lidiane@ufrb@ufrb.edu.br.

Resumo

O presente trabalho apresenta o resultado da percepção da comunidade de Cruz das Almas–Ba, sobre os resíduos recicláveis produzidos na cidade. A metodologia utilizada foi o levantamento de dados primários com aplicação de 574 questionários (amostra), em 4 bairros, abordando assuntos referentes ao conhecimento dos resíduos recicláveis, seus tipos, modo de descarte, dentre outros. Como resultados principais, foram percebidos que o assunto é compreendido pela população, mas essa não participa das ações de coleta seletiva, nem doam o material com potencial reciclável para a associação de catadores existente na cidade. Esse resultado visou propor ações de educação ambiental que viabilizassem a participação da comunidade na segregação adequada dos resíduos recicláveis para beneficiar a coleta seletiva.

Palavras-chave: Resíduos recicláveis, coleta seletiva

 

Introdução:

O crescente aumento do consumo tem contribuído consideravelmente para o aumento dos resíduos sólidos gerados pelas pessoas. No entanto é a falta de gestão desses resíduos que tem causado sérios problemas nas cidades. O descarte indevido, e a disposição final inadequado dado aos resíduos sólidos causam sérios impactos socioambientais, tais como degradação do solo, comprometimento dos corpos d'água e mananciais, enchentes, contribuição para a poluição do ar e desenvolvimento de vetores de importância sanitária nos centros urbanos e catação em condições insalubres nas ruas e nas áreas de disposição final (BENSEN et al., 2010).

Diante das problemáticas acima apresentadas, a coleta seletiva com a inclusão dos catadores de materiais recicláveis tem sido eficientes na redução desses resíduos no ambiente, dando a esses materiais o descarte correto, além de gerar renda para essas pessoas que dependem desses resíduos para a sua sobrevivência. A coleta seletiva, além de contribuir significativamente para a sustentabilidade urbana, vem incorporando gradativamente um perfil de inclusão social e geração de renda para os setores mais carentes e excluídos do acesso aos mercados formais de trabalho (SINGER, 2002).

Os catadores de resíduos sólidos recicláveis, embora ainda tenham que enfrentar o preconceito e a discriminação, tem desempenhado um importante papel, pois retiram do meio ambiente os resíduos descartados pelas pessoas, tornando-os uma fonte de renda. Com as constantes discussões sobre as questões ambientais e as suas problemáticas, os catadores têm conquistado reconhecimento, pois o desempenho do seu oficio tem demonstrado eficiência quanto a reciclagem e reaproveitamento dos resíduos recicláveis. Segundo Bove apud Gonçalves e Oliveira (2002) “No cenário dos centros urbanos, os catadores estão se tornando os protagonistas de um novo tempo. Constituem parcerias com o poder público e a sociedade civil, conquistando dignidade e cidadania”.

A forma correta de descarte do material também é algo que merece destaque, pois a população tem dado um destino final incorreto para os resíduos que produzem,  isso acontece devido a falta de informação e incentivo.  A reciclagem de resíduos sólidos urbanos apresenta variados benefícios tanto para a qualidade ambiental quanto para a sociedade conforme Grippi (2001) “os benefícios da reciclagem são: diminuição da quantidade de lixo a ser desnecessariamente aterrado; preservação dos recursos naturais; economia proporcional de energia; diminuição da poluição ambiental; geração de empregos”.

Todavia faz-se necessário que as pessoas sejam informadas, sensibilizadas e educadas ambientalmente, desta forma cria-se uma consciência socioambiental, cuja finalidade é formar cidadãos comprometidos com o meio ambiente, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida para as futuras gerações.

 

Metodologia

Para realização deste trabalho, foram realizadas as seguintes etapas:

1) Escolha dos bairros que iriam participar do projeto. Através de reunião com o grupo (coordenadores, associados e discentes), foram selecionados os bairros a partir dos seguintes critérios: econômico, tipo e quantidade de resíduos gerados, a vontade da população em participar do projeto e a presença de escolas.

2) Calculo da amostra. Foi calculada a amostra a partir de estudo estatístico. Para a aplicação dos questionários foram trabalhados com os bairros escolhidos acima, sendo estes, representantes de bairros com classes sociais distintas: alta - A, média - B e baixa - C. Para a aplicação dos questionários, foi tomado como base, o mapa da cidade, construído pela prefeitura municipal, delimitando o bairro escolhido, em seguida os questionários foram aplicados entrevistando os moradores do local. Após a aplicação dos questionários os dados foram sistematizados procedendo à análise dos mesmos O cálculo foi realizado a partir de método estatístico, de forma aleatória. A fórmula usada foi:

                                            equação 1

Z = nível de confiança de 95% = 1,96;

n = tamanho da amostra;

P = proporção estimada da pergunta mais importante = 0,5;

N = universo da pesquisa;

d = erro amostral = 0,05

 

3) Aplicação de questionário. Os questionários foram aplicados de forma estratificada, com a distribuição igualitária dos questionários na quantidade de ruas de cada bairro. As casas trabalhadas, as entrevistas iniciavam-se sempre a 2ª casa do lado esquerdo da rua. Caso não estivesse ninguém, o discente passava para a 2ª casa da rua do lado direito. Ainda sem ninguém, o aluno passaria para a 3ª casa do lado esquerdo, e assim repetidamente, até que conseguisse encontrar um morador.

O questionário tinha que ser aplicado a um adulto, que tivesse entendimento sobre a rotina da residência. Os tratamentos dos dados: Os dados foram lançados no programa Excel, e rodados no programa estatístico R.

4) Análise dos resultados encontrados nas atividades de campo.

Resultados e discussão

O trabalho foi desenvolvido durante 6 meses, como o apoio de 8 estudantes, 2 em cada bairro. Os questionários foram divididos, e de posse do mapa base do bairro e questionários, os estudantes conversavam com os moradores sobre o assunto resíduo reciclável. O morador aprovando fazer parte do trabalho, era então aplicado o questionário. O consentimento foi verbal.

Bringhenti (2004) diz que a “participação da população na coleta seletiva é decorrência da organização e adequação da infra-estrutura implantada para dar suporte ao programa e da existência de ações continuadas de divulgação, mobilização e informação”.

 O bairro da Suzana ocupa o primeiro lugar em produção de material orgânico, sendo 28,38% da produção. O bairro do Inocoop é o maior produtor de papelão dentre os bairros, sendo esta produção de 40%. As famílias do bairro do Lauro Passos são as que produzem a maior quantidade de papel, latas de alumínio e garrafas PET. Partindo do princípio que quanto o maior poder aquisitivo, mais se consome, o bairro Lauro Passos obteve os maiores números quanto a produção de materiais recicláveis cujo custo é mais alto. Para Fonseca (2001), a geração de resíduos está relacionado a fatores culturais, incluindo as condições e hábitos de consumo, além de serem influenciados pela renda e padrões da sociedade, no qual está envolvido o poder aquisitivo, como também os fatores climáticos e das características de sexo e idade dos grupos sociais.

De acordo com a Figura 1 pode-se perceber que o bairro da Cooplan e do Inocoop demonstra que os seus moradores separam os seus resíduos, obtendo respectivamente, 69,12% e 63,34%. Este resultado pode ter sido devido a ação da coleta seletiva realizada pela associação local, nesses dois bairros. Nesses bairros também houve ações de educação ambiental, além de distribuições de panfletos explicativos de como fazer a separação correta dos resíduos. Também pode-se perceber que o bairro Lauro Passos (Classe A) obteve uma pequena quantidade de pessoas, apenas 42,5% que separam seus resíduos. Pode-se atribuir este resultado a falta de ações de coleta seletiva no bairro, bem como de educação ambiental.

Figura 1- Percentual das famílias que fazem a separação dos resíduos recicláveis

 

Segundo a Figura 2, os bairros da Cooplan, Lauro Passos e Inocoop, obtiveram os maiores percentuais quanto a mais de um tipo de material separado, sendo 39,71%, 35% e 21,43% respectivamente, sendo o bairro do Inocoop que mais separa outros tipos de materiais, sendo 43,33%. O bairro da Suzana obteve o maior resultado quanto a separação de material orgânico, bem como a separação de papel e latas de alumínio. A geração de papel também é considerável no bairro Lauro Passos, seguido da geração de vidro e papelão. As garrafas PET são separadas em alto número no bairro do Inocoop, bem como o papel.

Figura 2 - Tipo de material separado

O lixo comum ainda é o destino dado as baterias de celulares, pilhas e equipamentos eletrônicos (Figura 3), sendo a opção de 91,18% dos moradores da Cooplan, apenas 5,88% de seus moradores levam esse tipo de resíduos a uma empresa receptora e 2,94% dizem ter outras opções de destino. O lixo comum também é a primeira opção dos moradores da Suzana e Inocoop, sendo 91,18% e 82,43%, respectivamente. Já no bairro Lauro Passos 42,5% dos residentes dão o lixo comum como destino aos equipamentos eletrônicos, baterias de celulares e pilhas, 22,5% destinam a empresas, e 35%  tem outras opções. Dessa forma, atribui-se esse resultado a falta de informação por parte dos fabricantes desses produtos e a ausência de empresas receptoras na cidade.

                             

Figura 3 – Destinos de baterias de celulares, pilhas e equipamentos eletrônicos

Quanto ao destino dos materiais separados (Figura 4), vezes os resíduos são direcionados para a coleta seletiva sendo 29,73% a opção dos moradores do bairro da Suzana, e 20% dos moradores da comunidade do Lauro Passos, e apenas 10,29% dos moradores da Cooplan. Os bairros da Suzana e Lauro passos são servidos de Ponto de Entrega Voluntária – PEV -, e não têm coleta porta-a-porta. Já no bairro da Cooplan existe além do PEV, a coleta porta-a-porta, todavia ouve um percentual menor, isso pode ter ocorrido devido a pouca divulgação da presença do PEv no bairro e da coleta realizada pela associação Cata-Renda. Muitos moradores têm levado os seus resíduos até a casa do catador, sendo esta ação praticada por 62,38% dos moradores do bairro do Inocoop, bem como para 4,05% dos moradores da localidade da Suzana e 2,94% dos residentes da comunidade da Cooplan.  Esse resultado pode-se atribuir a um catador está residindo nestas comunidades ou em suas proximidades, desta forma fica mais fácil para os moradores levarem os seus resíduos até a casa de um catador. Os bairros da Cooplan e do Inocoop obtiveram um maior percentual de pessoas que doam seus resíduos para uma associação, sendo 51,47% e 37,62% respectivamente, esses valores correspondem a coleta seletiva feita porta a porta pela associação Cata Renda nesses dois bairros, na comunidade do Lauro Passos, apenas 10% dos moradores destinam o seu material a uma associação. Dessa forma, o bairro Lauro Passos ocupa o primeiro lugar, com 52,5%, quanto ao destino dos materiais para o lixo comum, e a comunidade da Suzana ocupa o segundo lugar com 32,43%, já os bairros do Inocoop e Cooplan, com 13,81% e 4,41% .respectivamente. Sendo assim, os valores aqui expostos afirmam que a falta de ações de coleta seletiva e a falta de informação sobre a associação existente na cidade, nas localidades do Lauro Passos e da Suzana fazem com que seus moradores destinem seus materiais ao lixo comum, já os bairros do Inocoop e da Cooplan tiverem os menores valores, isso devido as ações desenvolvidas pela associação Cata Renda nesses dois bairros. Todavia a localidade do Inocoop obteve um pequeno resultado quanto ao número de pessoas que entregam os seus resíduos para a coleta seletiva, porém o melhor resultado entre os demais bairros, correspondendo a 1,9%, a Suzana vem logo em seguida com 1,35%, Lauro Passos e Cooplan não destinam nenhum material para a coleta seletiva. Tendo em vista que no bairro da Suzana não há ações de coleta seletiva, pode-se observar que esse bairro está à frente da Cooplan onde a coleta seletiva é desenvolvida no bairro. Este resultado pode ser consequência de educação ambiental realizada nesta comunidade.

Lauro Passos possui outras opções (17,5%) de destino do seu material reciclável, bem como a Cooplan 1,47%, a Suzana com 1,35% e o Inocoop com 0,95%.

Figura 4 – Destino dos resíduos sólidos separados.

O papel dos catadores de resíduos sólidos é considerado importante por todas as comunidades que fizeram parte deste trabalho, tendo um percentual de 100% no bairro da Cooplan. Apenas 8,11% dos moradores da Suzana disseram não considerar importante o papel dos catadores. O que representa que o catador é visto como um cooperador do meio ambiente, além, do seu trabalho também ser um meio de obter renda para a sua sobrevivência (Figura 5). Todavia a associação desconhece a figura do atravessador, que são catadores individuais que não fazem parte de nenhuma associação. Estes, por sua vez compram o material coletado ao dia por um preço irrisório, caracterizando uma relação de exploração, porém muitos catadores individuais preferem esta relação por ganharem pelo material coletado ao dia o valor pelo material coletado, contudo tem um baixo rendimento, pois depende da quantidade de material coletado.

 

Figura 5– Importância do papel do catador de resíduo sólido

Cooplan é o bairro que possui o maior percentual sobre o conhecimento da associação Cata Renda (50%), conforme o gráfico 6. Embora a Suzana ainda não possua ações da associação Cata Renda, apresentou o segundo maior percentual (27,03%). Em contra partida o bairro do Inocoop obteve o pior resultado, apenas (0,48%) dos seus moradores disseram conhecer o  Cata Renda, sendo este bairro contemplado pela associação. Apesar das famílias do bairro da Inocoop apresentarem mais de 60% de resíduos segregados e destinados adequadamente, e esses serem destinados para a associação Cata Renda, não existe uma sensibilidade para quem está doando seus resíduos.

Esses resultados apresentam a pouca visibilidade que a associação tem na cidade, apesar de haverem programas de divulgação nos bairros onde a coleta porta-a-porta acontece, e programa de divulgação nas rádios da cidade.

Figura 6 – Conhecimento sobre a associação Cata Renda

A associação Cata Renda desenvolve uma atividade de educação Ambiental em 5 escolas localizadas nos bairros de ação e avaliação desses estudos. Assim, foi realizada uma pesquisa de como as ações do programa de educação ambiental desenvolvido com os alunos, adentra as residências dos bairros.

Pode-se perceber que os filhos compartilham, com a família, seu aprendizado na escola sobre a temática educação ambiental e o destino correto dos resíduos sólidos gerados pela sociedade (Figura 7), isso para todos os bairros que fizeram parte da realização deste trabalho. Desta forma pode-se implicar que as crianças têm contribuído para a multiplicação da informação, agindo como educadores ambientais em sua família.

Nas residências onde os filhos já não fazem parte da escola, ou não moram com os pais, foi considerado, não se aplica.

 

Figura 7: Reflexo da Educação Ambiental desenvolvida com os filhos nas escola, na rotina familiar

 

Quanto aos pais ensinarem os seus filhos sobre a importância de se fazer coleta seletiva (Figura 8), o bairro do Inocoop apresenta os maiores valores com 34,76%. Isso pode ter acontecido devido a coleta seletiva realizada pela associação Cata Renda neste bairro, dessa forma há um incentivo dos pais em ensinarem seus filhos sobre a importância de se fazer coleta seletiva, e fazer a coleta seletiva juntos, além de poderem ver de fato que os resíduos que separam possuem um destino correto. O bairro Lauro Passos, apresentou 27,5%, embora não haja ações de coleta seletiva no bairro, os pais disseram ensinar os seus filhos sobre a importância de se fazer coleta seletiva. Embora o bairro da Cooplan também tenha ações de coleta seletiva, este apresentou um menor percentual (16,18%).

 

Figura 8: Ensinamento dos pais sobre a Educação Ambiental para os filhos

As sacolas plásticas ainda são as mais usadas nas idas às compras, conforme a figura 9. A utilização de sacolas retornáveis ainda não é um hábito para a maioria dos entrevistados, além disso, a praticidade e a disponibilidade dessas sacolas plásticas nos mercados e nos estabelecimentos comerciais tornam o uso dessas sacolas mais frequente.

 

Figura 9: Tipo de sacolas nas idas ás compras

 

Quando foi perguntado se a cidade de Cruz das Almas, possui lixão ou aterro sanitário, as respostas não variaram. Pode-se observar que as pessoas desconhecem o destino final do lixo da cidade, isto pode ser consequência da falta de informação, e de educação ambiental. O resultado do desconhecimento sobre a destinação final dos resíduos reflete no alto percentual de moradores que ainda não segregarem e nem destinarem adequadamente seus resíduos.

Para 27,94% dos moradores da Cooplan, a cidade é considerada limpa, da mesma forma para os 35% dos moradores do Lauro Passos, apenas 19,05% dos residentes do Inocoop e só 14,86% do bairro da Suzana. Para a maioria dos residentes do bairro Lauro Passos 47,5% , não consideram a cidade limpa, bem como para 35,24% no bairro do Inocoop e 28,38% no bairro da Suzana, pois neste bairro houve o maior percentual de pessoas que consideram a cidade mais ou menos limpa (56,76%), seguida do Inocoop (45,71%).  Muitas pessoas podem atribuir a limpeza da cidade pela limpeza do bairro onde residem, e pelos lugares onde costumam frequentar, muitas vezes não levando em conta as demais localidades. Assim, devido o bairro da Cooplan haver coleta seletiva, há uma contribuição dessa ação para a limpeza do bairro, pois é dado um destino correto para os resíduos separados pelas pessoas. Já o bairro Lauro Passos, embora seja de classe alta, obteve a maior porcentagem de pessoas que disseram que a cidade não é limpa.

Todos os bairros consideram a coleta de lixo do seu bairro ideal (Figura 10). Isso, pode ser considerado a forma regulada com que a coleta de lixo é feita na cidade, bem como os horários. No entanto muitos acham que poderiam melhorar, ou passar mais vezes na semana.

Figura 10: Serviço da Coleta de Lixo

 

A frequência que o caminhão de lixo passa (Figura 11), no bairro Lauro Passos é o maior que nos demais bairros, sendo todos os dias. Já nas demais localidades, geralmente a frequência é de três dias. Não se sabe o porquê do bairro Lauro Passos ter uma sequencia maior de coleta de lixo, mas pode-se atribuir esse resultado a classe social que reside neste bairro. Todavia, a frequência da coleta não é o suficiente para que os seus moradores considerem a cidade limpa, como foi visto anteriormente. A coleta de lixo deveria ser diariamente coletada em todos os bairros para atender a demanda da população.

 

Figura 11: Frequência da coleta

 

A figura 12 é bastante esclarecedora no que diz respeito a coleta seletiva e a redução do lixo nos bairros e na cidade. A maioria das pessoas considera que com a implantação de coleta seletiva em seus bairros a cidade seria muito mais limpa. O bairro Lauro Passos foi o que mais entendeu a importância desta iniciativa pois expressou-se quase que unanimemente essa necessidade na cidade (97,5%).

 

Figura12: Coleta seletiva e limpeza da cidade.

 

Como foi exposto anteriormente, o bairro Lauro Passos carece de uma coleta seletiva, sendo assim, este bairro teve o maior resultado quanto a não ter uma frequência de coleta seletiva adequada, essa foi a resposta de 92,5% dos entrevistados. Embora no bairro do Inoccop tenham coleta seletiva 41,43% disseram que não se aplica uma frequência de coleta seletiva adequada, bem como para o bairro da Suzana (67,56%). O bairro da Cooplan teve um percentual positivo quanto a frequência da coleta seletiva, seguido do bairro Lauro Passos, com 44,12% e 34,29% respectivamente. Ainda que não seja uma frequência ideal, segundo os resultados expostos no gráfico, os bairros da Cooplan e do Inocoop foram os que tiveram os melhores resultados por conta da realização de coleta seletiva feita pela Associação Cata Renda (Figura 13).

Figura13: Frequência da Coleta Seletiva

 

Conclusão

 

Desta forma, pode-se perceber que há uma quantidade significativas de pessoas que separam o seu material, sendo Cooplan e Inocoop os que mais separam obtendo  69,12% e 63,34% dos entrevistados. Todavia pode-se observar que no bairro Lauro Passos, onde 42,5% das pessoas separam o seu material, possui um grande potencial para a reciclagem, mas necessita de incentivos para que esse resultado cresça. Em consequência da falta de coleta seletiva no bairro Lauro Passos, as pessoas destinam os seus resíduos para o lixo comum (52,5%,), apenas 10% dos moradores entregam os seus materiais para uma associação.  Já os bairros da Cooplan e do Inocoop doam o seu material para uma associação sendo 51,47% e 37,63% respectivamente. Dessa forma pode-se observar que quando há incentivos, as pessoas sentem-se mobilizadas a participar. Sendo assim faz-se necessário que a Associação Cata Renda seja conhecida, abrangendo outros bairros da cidade, como Suzana, Lauro Passos e Inocoop, quem embora seja atendido pela associação obteve um pequeno percentual de conhecedores da associação (0,48%). Em contra partida, o bairro da Suzana, 27,93% de seus moradores disseram conhecê-la.

No entanto é unânime que as pessoas considerem que com a coleta seletiva, o lixo no bairro e na cidade reduziria, essa foi a resposta de 97,5% dos entrevistados do bairro Lauro Passos.

Sendo assim, pode-se concluir que as pessoas percebem a importância da coleta seletiva, e sentem que a cidade necessita desta ação. A coleta seletiva desenvolvida não é suficiente para atender a demanda de todos os bairros. Sendo assim, os bairros da Suzana e o bairro Lauro Passos, são os mais carecem de ações de coleta seletiva, sendo bairros de grande potencial em produção de materiais recicláveis. Já o bairro da Cooplan obteve números significativos de participação dos moradores na coleta seletiva desenvolvida na cidade. Assim, pode-se perceber que há necessidade de uma maior abrangência de ações de coleta seletiva, bem como de informação e educação ambiental. Dessa forma haverá benefícios para a sociedade que terá um destino adequado para os seus resíduos, além da retirada dos mesmos do ambiente, como também para a Associação Cata Renda que irá obter benefícios, pois com a entrada de maiores quantidade de materiais recicláveis a renda das famílias associadas que dependem da arrecadação desses materiais para a sua sobrevivência irá aumentar, consequentemente haverá uma melhor qualidade de vida tanto para a população como para os associados.

 

 

Referências Bibliográficas

 

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Ilustrações: Silvana Santos