Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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O que fazer para melhorar o meio ambiente
04/09/2014 (Nº 49) BOLOTAS DE SEMENTES: UMA ESTRATÉGIA DE REVEGETAÇÃO
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FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL

 

BOLOTAS DE SEMENTES: UMA ESTRATÉGIA DE REVEGETAÇÃO

Leonardo Francisco Stahnke – Biólogo

 

 

 

A perda de vegetação por queimadas ou desmatamento é um problema que por muitos anos tem levado à extinção de várias espécies animais e vegetais pela fragmentação de hábitats e perda da qualidade do solo, visto que retira a matéria orgânica que o nutre e protege, deixando-o vulnerável à erosão.

Para reverter essa história, faz-se necessário que áreas verdes sejam protegidas desses agentes de degradação, motivo pelo qual surgiram o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e o próprio Código Florestal, o qual prevê a averbação de Reservas Legais e a proteção de Matas Ciliares em propriedades particulares. Essas ações visam à criação de Corredores Ecológicos que possam conectar distintos fragmentos florestais, viabilizando a mobilidade e as trocas gênicas entre espécies.

Apesar de todos esses esforços, que dependem majoritariamente da retirada dos fatores geradores de danos para que ocorra uma eficaz regeneração, cada pessoa pode contribuir com algumas outras ações mais ativas de aceleração à restauração, como o plantio direto, técnicas de nucleação e até mesmo a produção de bolotas de sementes.

As bolotas de sementes (ou Seed Ball, em inglês), é uma técnica fácil de dispersão de sementes por áreas degradadas, o qual pode ser realizada até mesmo por crianças. A técnica consiste na produção de bolas de argila e terra preta, que contém sementes em seu interior, as quais após secagem na sombra podem ser lançadas em áreas a serem vegetadas. Como a argila possui características de retenção de água, e a terra preta é rica em húmus (nutrientes provenientes da decomposição da matéria orgânica decomposta), as sementes contidas nas esferas encontram, após uma rápida chuva e alguns raios de sol, os recursos mínimos à sua germinação.

A técnica tem sido muito utilizada em escolas para demonstrar a função dos diferentes tipos de solo e da vegetação para as pessoas, além de dar oportunidade para que outros conceitos sejam aprendidos, como o de espécies nativas e exóticas, dos diferentes hábitos vegetais (herbáceas, arbóreos, arbustivos, trepadores, etc.), e de competição e cooperação entre espécies.

Para realizar a atividade, basta seguir as etapas descritas abaixo, guardando para o final a maior lição de todas: a de que qualquer terreno baldio em meio à cidade pode abrigar a vida e que isso também depende de nós, seres humanos (o que também podemos fazer, brincando!).

 

MATERIAIS:

- 1 bacia;

- 1 argila;

- 1 porção se sementes diversas nativas de sua região* (já secas, não retiradas direto da fruta);

- 5 porções de terra preta (rica em húmus);

- Jornal.

*OBS: É fundamental que as espécies a serem plantadas sejam realmente da sua região, evitando que espécies exóticas sejam introduzidas em áreas naturais, ou que estas sejam modificadas. Para isso, vale contatar a Secretaria do Meio Ambiente de sua cidade e definir com cautela as espécies mais indicadas para cada ecossistema local.

 

MODO DE FAZER:

- Coloque as sementes secas em uma bacia de água e retire todas aquelas que flutuarem, pois são inviáveis ao plantio;

- Deixe as sementes secarem bem à sombra e misture-as com a terra preta;

- Pegue a argila e amasse-a, de modo a formar uma grande “panqueca”;

- Espalhe a mistura de sementes e terra nos dois lados da panqueca de argila, pressionando para que ela fique presa;

- Enrole a panqueca como um rocambole e depois retire pequenos pedaços, dando-os o formato de esferas;

- Deixe secar à sombra sobre um jornal velho e distribua a bolas para seus amigos, que poderão guarda-las no bolso e espalhá-las no caminho do trabalho ou da escola. Se vocês mapearem os locais onde jogaram as bolotas de sementes poderão acompanhar seu desenvolvimento.

*OBS: Uma variação da técnica, ao invés do “rocambole” é espalhar a argila na própria mão, recheá-la com a mistura e fechá-la, dando o formato esférico.

 

As bolotas de sementes são alternativas viáveis de revegetação aleatória, desde que dispersem sementes nativas.

Ilustrações: Silvana Santos