Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2014 (Nº 49) CAIXA DA BIODIVERSIDADE: UMA PROPOSTA EDUCATIVA PARA ABORDAR A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

 

CAIXA DA BIODIVERSIDADE: UMA PROPOSTA EDUCATIVA PARA ABORDAR A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

 

Autoras: Camila Martins e Haydée Torres de Oliveira

Contato: ca_martins16@yahoo.com.br

 

 

Camila Martins

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Conservação da Fauna (PPGC-Fau), Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Ciências Ambientais – Laboratório de Educação Ambiental.

Contato: ca_martins16@yahoo.com.br

 

Haydée Torres de Oliveira

Pesquisadora e Docente da Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Ciências Ambientais – Laboratório de Educação Ambiental

Contato: haydee@ufscar.br

 

 

 

Resumo: No presente artigo descrevemos uma proposta educativa intitulada “Caixa da biodiversidade”, na qual os conteúdos, estratégias e elementos educativos foram construídos de forma participativa envolvendo professoras de ciências de uma escola municipal de São Carlos, durante o desenvolvimento da pesquisa de monografia da primeira autora. O objetivo dessa proposta educativa é promover o conhecimento e reflexão sobre a biodiversidade no município em questão (São Carlos, SP), podendo ser adaptada a outros contextos. Por meio de atividades práticas e visitas monitoradas, sugere-se que os estudantes explorem os vários sentidos atribuídos ao termo biodiversidade em uma perspectiva de educação ambiental crítica, valorizando as dimensões do processo educativo – conhecimento, valores éticos e estéticos e participação política.

 

1.    Introdução:

O impacto das ações humanas sobre os recursos naturais; o crescimento populacional; a elevada intensidade da degradação do ambiente natural; o desrespeito às formas de vida; o aparecimento de espécies invasoras; a poluição descontrolada de rios, solos, ar, são fatores primordiais que interferem a biodiversidade do planeta a afetam o equilíbrio e manutenção da qualidade de vida do ambiente natural e urbano.

Segundo Lévêque (1999) as espécies se extinguem de diversas maneiras, sendo uma delas o elevado grau de degradação da biodiversidade e ações antrópicas inadequadas. No quadro abaixo apresentamos uma estimativa de espécies animais e vegetais ameaçados no mundo todo:

 

Figura 1: Dados obtidos e adaptados do Global Biodiversity Assessment, 1995.

Esses dados foram obtidos a partir de estudos desenvolvidos pelo Global Biodiversity Assessment e Red List of Threatned animals (IUCN) e ilustram a atual crise socioambiental que o mundo vem enfrentando, destacando a necessidade de reflexões sobre as consequências da perda da biodiversidade para uma atuação crítica e transformadora na sociedade, uma vez que

“o patrimônio natural da Terra é composto por plantas, animais, terra, água, a atmosfera e os seres humanos. Juntos, fazemos todos parte dos ecossistemas do planeta, o que equivale a dizer que, se houver uma crise de biodiversidade, nossa saúde e meios de subsistência também entram em risco” (WWF BRASIL, s. d)”

Diante deste quadro de ameaça à biodiversidade, durante a Conferência Rio – 92 foi assinada a Convenção sobre a Diversidade Biológica (1992), cujo objetivo era levantar diretrizes e objetivos para que os países membros inserissem em suas ações governamentais a questão da conservação da biodiversidade. Segundo essa Convenção, a biodiversidade é entendida como,

“(...) variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas” (BRASIL, 1992, p. 9).

Entretanto, o termo biodiversidade é entendido como polissêmico para diversos autores (LÉVÊQUE, 1999; WALLS, 1999; WEELIE, 2002, BEGON et al, 2005; THIEMANN, 2013), uma vez que não apresenta um conceito único e fixo, podendo ser interpretado de diferentes maneiras a partir dos contextos abordados, levando em consideração as diversas esferas biológicas, econômicas, sociais, políticas e culturais que estão relacionadas.

Sendo assim, por apresentar um conceito moldável a diferentes contextos, cabem às/aos professoras/es, educadoras/es ambientais, pesquisadoras/es e organizações políticas conhecerem os diferentes sentidos atribuídos à biodiversidade com o objetivo de abordar de forma adequada, reflexiva e crítica estratégias para sua conservação. Em complemento, podemos afirmar que a ausência de uma única definição para o termo não deve ser visto como uma fraqueza, mas uma solidez para a perspectiva da educação ambiental (WEELIE, 2005) que possibilita a formulação de práticas educativas que envolvam a comunidade de forma participativa, atuante e crítica.

Foi nesse contexto de diversos sentidos atribuídos à biodiversidade e do potencial dessa característica polissêmica que a presente proposta educativa se estruturou, ou seja, a partir de referenciais teóricos abordados e com base nas informações obtidas durante o processo de coleta de dados da pesquisa de monografia (MARTINS, 2013). Foi elaborada uma sequência de atividades que consideram os diversos sentidos atribuídos à biodiversidade, os contextos que o termo e seus elementos podem ser encontrados (ambiente urbano e natural) e a relação entre a ecologia, sociedade, economia, política e cultura que permitem um olhar holístico e sistêmico sobre a diversidade biológica.

Para a construção da proposta educativa, seguimos as categorias de biodiversidade postuladas por Lévêque (1999), sendo elas a diversidade de espécies, a diversidade genética e a diversidade ecológica, além de considerar as implicações da conservação da biodiversidade para além dos conhecimentos biológicos, trazendo aspectos econômicos, sócio-culturais e políticos. Além disso, também nos baseamos em uma perspectiva de educação ambiental crítica, que segundo Carvalho (2004), é “o encontro da educação ambiental com o pensamento crítico dentro do campo educativo”, em busca de uma compreensão das relações estabelecidas entre o ser humano e a natureza, além de “contribuir para uma mudança de valores e atitudes, culminando para a formação do sujeito ecológico”.

Em complemento as características das práticas educativas em EA, Carvalho (2006) descreve um conjunto de três dimensões e seus pressupostos que oferecem orientações para a construção de práticas educativas. Nesse modelo (Figura 2), o autor apresenta a dimensão política como sendo plano central no processo educativo e que envolve as dimensões do conhecimento, dos valores éticos e estéticos, e da participação, sendo assim, utilizamos esse referencial para conduzir a construção da proposta educativa sobre a conservação da biodiversidade em uma perspectiva de EA crítica:

 

dimensoes luiz marcelo

 

Figura 2: Dimensões da prática educativa propostas por Carvalho (2006) e utilizada na elaboração da proposta educativa.

 

Sendo assim, artigo tem como objetivo apresentar a proposta educativa intitulada Caixa da biodiversidade, como forma de contribuir para que educadoras e educadores possam utilizar e multiplicar os saberes construídos com suas educandas e seus educandos. A finalidade desse material é promover o conhecimento e reflexão sobre a biodiversidade de São Carlos (SP), podendo ser adaptada para outros contextos, por meio de atividades práticas e visitas monitoradas, permitindo o público envolvido explore as diversas dimensões da diversidade biológicas e que visualize a sua presença no cotidiano, como na escola e nos diversos espaços educadores das cidades (praças, bosques, parques, áreas verdes e zoológicos).

 

2.    Desenvolvimento da proposta educativa:

No processo de elaboração da proposta educativa, foram definidas dimensões da prática educativa (Carvalho, 2006) que estariam contempladas nas diversas ações e atividades da Caixa da biodiversidade, sendo elas:

Dimensão do conhecimento:

- Identificar as diversas dimensões da biodiversidade;

- Permitir que público participante perceba que a biodiversidade está próxima ao seu cotidiano;

- Identificar as questões sociais, culturais e biológicas que estão vinculadas à biodiversidade;

- Identificar a biodiversidade de fauna e flora presentes na sua cidade;;

- Identificar as paisagens e ecossistemas da região da sua cidade;;

- Elencar as questões sociais e culturais relacionadas com o Cerrado;

- Identificar os problemas socioambientais relacionados com as áreas verdes da sua cidade;

Dimensão da participação:

- Permitir que o grupo trabalhe em equipe e que contribua de forma coletiva;

- Dialogar e apresentar posicionamento sobre a problemática que envolve a conservação da biodiversidade;

- Cooperar durante elaboração de atividades e propostas em questão;

- Agir em conjunto com a comunidade e/ou em coletivos para definir estratégias de conservação da biodiversidade.

Dimensão ética e estética:

- Respeitar as opiniões e expressões da equipe;

- Dialogar e argumentar sobre seu próprio posicionamento;

- Respeitar todas as formas de vida;

- Contemplar e valorizar a biodiversidade;

- Perceber e sentir a biodiversidade presente no seu cotidiano.

 

 

2.1.        Temáticas e organização da proposta educativa

As temáticas que foram definidas e estabelecidas para contemplar as ações da proposta educativa são:

- Conceituação do termo biodiversidade em diversos espaços da cidade (bairro, bosques, parques, zoológicos, florestas, entre outros).

- Paisagens na cidade: caracterizar as formações vegetais que compõem as cidades e relacionar com a ocupação urbana;

- Biodiversidade do Cerrado: fauna, flora, paisagens, culturas e questões políticas da expansão urbana;

- Leitura, interpretação e escrita de textos relacionados com a conservação da biodiversidade;

- Produção de um jornal e uma exposição contendo as imagens produzidas durante as atividades como produto final da proposta educativa.

As temáticas acima foram elaboradas para serem abordadas durante seis semanas, totalizando 20 encontros que irão discutir de forma prática, participativa e dialogada as questões pertinentes à conservação da biodiversidade. Vale ressaltar que as/os professoras/es não precisam desenvolver todas as atividades propostas na ordem estipulada, ficando à seu critério estabelecer conexões entre os assuntos abordados no componente curricular da escola e os conteúdos presentes na Caixa da biodiversidade. Para facilitar a mediação das atividades, organizamos um roteiro dividido por semanas que contém todas as informações necessárias para subsidiar a prática das/dos docentes: quantidade de encontros necessários, temas, duração, objetivo, passo a passo, recursos necessários e o produto final.

2.2.        Descrição das atividades da “Caixa da biodiversidade”:

Primeira semana

1º e 2º encontro

Tema: “A biodiversidade na minha escola”

Objetivo: Apresentar a proposta educativa “Caixa da Biodiversidade”, ressaltando algumas etapas definidas pela equipe educadora e o produto final (produção de um jornal e exposição fotográfica) que espera-se construir de forma participativa com as/os estudantes. Também objetiva-se iniciar a discussão sobre a temática da biodiversidade por meio de uma visita no interior da escola como forma de observar que a diversidade biológica está nos locais mais próximos do cotidiano das/dos estudantes, e que não necessariamente é algo distante das/dos mesmas/os.

Passo a passo: Esse encontro será dividido em duas partes: 1) apresentação do material didático, indicando que haverá visitas e atividades práticas para a construção do conceito de biodiversidade, por meio dos princípios da educação ambiental crítica; 2) realização da atividade educativa “A biodiversidade da minha escola”, que consiste em dividir a turma em três grupos, por meio de dinâmicas cooperativas, sendo que cada um receberá um roteiro de visita contendo uma temática específica para observar no interior da escola, procurando elencar os elementos que julguem fazer parte da biodiversidade desse espaço. Os grupos serão divididos pelas seguintes temáticas: “A flora da minha escola”, “A fauna da minha escola” e “Paisagens da minha escola”, e contarão com o auxílio de câmeras fotográficas para documentar todos os elementos que indicarem relevantes para o roteiro (Figura 3).

Recursos necessários:

- Roteiros impressos;

- Câmeras fotográficas (um por grupo);

- Pranchetas (um por grupo) e lápis;

- Guia de pegadas (Santos; Fagionato-Ruffino, s.d)[1]

 

Produto final: Observação e documentação de elementos que envolvam a biodiversidade presente no ambiente escolar. Com a realização da atividade prática investigativa, as/os estudantes irão construir uma história em quadrinhos envolvendo os elementos da temática observada, a qual será exposta juntamente com as imagens fotografadas durante a exposição proposta no final dessa sequência de atividades.

Figura 3: Materiais que compõem a atividade “Biodiversidade na minha escola”.

 

3º e 4º encontro

Tema: Atividade “A biodiversidade no meu bairro”

Duração: 100 minutos

Objetivo: Com o diálogo realizado na atividade anterior sobre a presença da biodiversidade na escola, procuraremos ampliar o olhar das/dos estudantes e focaremos essa atividade na observação da biodiversidade presente no bairro em que a escola está inserida, elencado sua vegetação original, ocupação humana, espaços verdes, construções e empreendimentos do bairro, por meio da utilização de mapas, leitura de textos e atividades que envolvam cooperação.

Passo a passo: Para esses encontros, realizaremos a atividade educativa “A biodiversidade no meu bairro”, a qual será iniciada pela leitura de um texto e apresentação de um mapa do início da formação do bairro, para abordar o processo histórico no local que a escola está inserida, envolvendo as questões da ocupação urbana, possíveis impactos ambientais e tipos de vegetação existentes. Após essa leitura, desenvolveremos uma atividade de mapa contorno, na qual apresentaremos o contorno do mapa do bairro contendo apenas a presença da vegetação e as ruas que o compõe, juntamente com algumas fichas de imagens de locais específicos do bairro, como a escola, postos de saúde, espaços verdes, mercados, hortas, estabelecimentos antigos, espécies vegetais e animais que existem naquele ambiente, entre outros. Vale ressaltar que essas imagens podem ser produzidas pela equipe docente ou então durante uma atividade com as/os estudantes. Sendo assim, estes deverão observar o mapa contorno e inserir as imagens que lhes foram entregues, com o objetivo de ilustrar a biodiversidade que está presente no bairro e as mudanças ocorridas ao longo do tempo devido à ocupação urbana, destacando as potencialidades desse ambiente e os possíveis impactos existentes. (Figura 4).

Recursos necessários:

- Textos sobre a história do bairro (um para cada participante);

- Mapas do início da formação do bairro;

- Mapas da vegetação original do bairro e da cidade que as/os educandas/os estão inseridas/os;

- Produção de um mapa contorno contendo apenas a vegetação e a sinalização das ruas;

- Fichas contendo imagens dos elementos que fazem parte do bairro;

- Câmeras fotográficas.

Produto final: Espera-se que com o desenvolvimento desses encontros que as/os estudantes possam observar a biodiversidade que está presente no bairro em que vivem, como locais próximos as suas casas e que utilizam diariamente. Além disso, com a realização da atividade educativa do mapa contorno, esse material será apresentado durante a exposição que acontecerá ao final do encerramento dessa sequência educativa

Figura 4: Materiais que compõem a atividade “Biodiversidade no meu bairro”

 

Segunda semana

5º e 6º encontro

Tema: O Cerrado e os Zoológicos

Duração: 100 minutos

Objetivo: Após a realização de atividades educativas envolvendo os conceitos e a presença da biodiversidade local, realizaremos uma atividade com o objetivo de ressaltar os espaços naturais que existem na sua cidade, procurando observar a biodiversidade a sua volta. Para isso, apresentaremos sugestões de atividades teóricas e práticas sobre as características do fragmento de Cerrado localizado no campus da Universidade Federal de São Carlos e do Parque Ecológico de São Carlos “Dr. Antônio T. Vianna”, que poderiam ser desenvolvidas em outras áreas de Cerrado e em zoológicos da sua cidade.

Passo a passo: Para essa atividade, abordaremos as características da fauna, flora, paisagens e culturas relacionadas ao bioma Cerrado. A título de exemplo, no município específico em que este material foi elaborado e considerando os espaços educadores que nele existem (São Carlos, SP) sugerimos o enfoque nos fragmentos florestais desse ambiente e em algumas espécies da fauna. Para isso, primeiramente utilizaremos recursos multimídias, como datashow e vídeos para apresentar as principais características desses ambientes como subsídio para realizar, nos encontros subsequentes, uma atividade prática nesses locais. Após essa breve explanação sobre o fragmento de Cerrado, abordaremos a importância dos zoológicos para a conservação da biodiversidade, enfocando, nesse caso, a função do Parque Ecológico de São Carlos como elemento essencial para projetos de conservação da fauna silvestre brasileira.

Recursos necessários:

- Datashow;

- Sala de vídeo;

- Materiais audiovisuais sobre Cerrado e zoológicos.

 

Produto final: Com esse encontro espera-se que as/os estudantes dialoguem sobre os principais elementos que fazem parte da biodiversidade de um fragmento de Cerrado de sua cidade, além de visualizar o potencial dos zoológicos para a conservação da fauna silvestre brasileira.

7º encontro

Tema: Visita monitorada ao fragmento de Cerrado da UFSCar[2]

Duração: 3 horas

Objetivo: Essa atividade terá como objetivo uma visita monitorada ao fragmento de Cerrado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com o objetivo de observar e elencar os elementos que compõem as diversas dimensões da biodiversidade

Passo a passo: Para a realização da atividade educativa “A biodiversidade do Cerrado”, as/os alunas/os serão divididas/os em três grupos a partir das temáticas: “A flora do Cerrado”, “A fauna do Cerrado” e “Paisagens do Cerrado”. Cada grupo receberá um roteiro de visita e um kit contendo materiais necessários para a realização das práticas indicadas. (Figura 5).

Recursos necessários:

- Ônibus para a realização da visita;

- Permissão para entrada no fragmento de Cerrado;

- Recursos humanos: no mínimo um professor por grupo de trabalho;

- Kit de primeiros socorros.

Recursos para a equipe da fauna:

- Roteiro e prancheta;

- Mochila para colocar todos os materiais;

- Guia de vestígios de animais;

- Luvas;

- Régua e lápis;

- Câmera fotográfica;

- Gesso e pote para misturar do gesso;

- Pote com água;

- Colher ou espátula;

- Pano/toalha;

- Gravador.

Recursos para a equipe da flora:

- Roteiro e prancheta;

- Mochila para colocar os materiais;

- Guia da flora do Cerrado;

- Luvas;

- Caixa de papelão e jornais para colocar os exemplares;

- Tesoura para corte dos exemplares;

- Toalha/pano;

- Câmera fotográfica.

- Estufas para a confecção dos herbários.

Recursos para a equipe das paisagens:

- Roteiro e prancheta;

- Câmera fotográfica.

Produto final: Com a realização da atividade, serão produzidas imagens e informações sobre os elementos observados durante a visita, além da construção de herbários e materiais sobre os vestígios dos animais.

Figura 5: Materiais que compõem a atividade de visita monitorada ao Cerrado

 

Terceira semana

8º e 9º encontro

Tema: Escolhendo imagens e informações sobre a biodiversidade do Cerrado

Duração: 100 minutos

Objetivos: As atividades desse encontro terão como objetivo a separação das melhores imagens para serem expostas e a confecção de suas respectivas legendas contendo informações relevantes que foram observadas durante a visita monitorada no Cerrado. A construção dessas legendas poderá ocorrer com os recursos de computadores disponíveis na escola ou utilizando folhas de sulfite e canetas coloridas.

Passo a passo: Nessa atividade levaremos impressas todas as imagens produzidas pelas/pelos estudantes durante a visita ao Cerrado para que elas/eles possam escolher um número delimitado de imagens que irão compor a exposição. Os roteiros de visitas serão utilizados para a formulação de legendas que virão seguidas das imagens. Para a construção das legendas utilizaremos os computadores da escola e/ou folhas de sulfite e canetas coloridas. Sugerimos que as/os docentes desenvolvam uma exposição com base nos princípios da sustentabilidade.

 Recursos necessários:

- Computadores da escola;

- Internet;

- Fotos impressas;

- Papel sulfite para impressão das legendas;

- Roteiro para guiar a formulação das legendas.

 

Produto final: Com a realização das atividades, espera-se ter como produto final a separação das melhores imagens para compor a exposição, bem como a produção de legendas contendo informações pertinentes relacionadas com a biodiversidade encontrada durante a visita.

 

 

10ª e 11ª encontro

Tema: Construindo uma exposição sobre a biodiversidade do Cerrado

Duração: 100 minutos

Objetivo: Após a escolha das imagens e formulação das legendas no encontro anterior, desenvolveremos uma atividade educativa com o objetivo de organizar os materiais produzidos anteriormente para que cada grupo apresente suas informações para as/os demais, procurando observar os diversos elementos que fazem parte da biodiversidade do Cerrado.

Passo a passo: A atividade consistirá em fixar nos painéis as imagens e as legendas selecionadas na atividade anterior. Após esse processo, cada grupo será responsável por apresentar para a turma as informações que observaram e vivenciaram durante a visita monitorada no Cerrado.

Recursos necessários:

- Painéis expositivos;

- Imagens impressas;

- Legendas impressas;

- Fita adesiva dupla face.

Produto final: Construção da exposição, envolvendo a fixação das imagens e legendas e apresentação dos conteúdos abordados por cada grupo durante a visita monitorada.

Quarta semana

12º encontro

Tema: Visita monitorada ao Parque Ecológico de São Carlos “Dr. Antonio T[3]. Vianna”

Duração: 3 horas

Objetivos: Realização de uma visita monitorada ao Parque Ecológico de São Carlos “Dr. Antônio T. Vianna”, como o objetivo de visualizar os elementos de biodiversidade que compõem o ambiente, como a fauna característica do Cerrado, a vegetação que está presente no parque e as paisagens que podem ser observadas durante a visita como as áreas de vegetação de Cerrado e de mata galeria.

Passo a passo: Essa atividade será desenvolvida em complemento à atividade “A biodiversidade do Cerrado”, sendo que agora as/os estudantes receberão roteiros específicos em grupos com a mesma temática abordada anteriormente na visita ao Cerrado, ou seja, “A flora do Parque Ecológico”, “A fauna do Parque Ecológico” e “Paisagens do Parque Ecológico”. Cada grupo será responsável por seguir o roteiro e desenvolver as atividades de observação, identificação e documentação dos elementos constituintes do Parque Ecológico e sua relação com a biodiversidade (Figura 6).

Recursos necessários:

- Ônibus para a realização da visita;

- Agendamento de visita com equipe do Parque Ecológico;

- Recursos humanos: no mínimo um professor por grupo de trabalho.

Recursos para a equipe da fauna:

- Roteiro;

- Prancheta;

- Mochila para colocar todos os materiais;

- Guia de vestígios de animais;

- Lápis;

- Câmera fotográfica;

- Gravador.

Recursos para a equipe da flora:

- Roteiro;

- Prancheta;

- Mochila para colocar os materiais;

- Guia da flora do Cerrado;

- Câmera fotográfica.

Recursos para a equipe das paisagens:

- Roteiro;

- Prancheta;

- Câmera fotográfica.

 

Produto final: Produção de imagens e informações sobre os elementos observados durante a visita, além de reflexões sobre a importância dos zoológicos e parques ecológicos para a conservação da biodiversidade.

Figura 6: Materiais que compõem a atividade de visita monitorada ao Parque Ecológico de São Carlos (SP).

 

Quinta semana

13º e 14º encontro

Tema: Escolhendo imagens e informações sobre a biodiversidade da visita ao zoológico

Duração: 100 minutos

Objetivos: As atividades desse encontro terão como objetivo a separação das melhores imagens para serem expostas e a confecção de suas respectivas legendas contendo informações relevantes que foram observadas durante a visita monitorada ao zoológico. A construção dessas legendas ocorrerá com apoio do recurso dos netbooks e/ou folhas de sulfite e canetas coloridas.

Passo a passo: Nessa atividade levaremos impressas todas as imagens produzidas pelas/os estudantes durante a visita ao zoológico para que elas/es possam escolher um número delimitado de imagens que irão compor a exposição. Os roteiros de visita serão utilizados para a formulação de legendas que virão seguidas das imagens. Para a construção das legendas utilizaremos os netbooks da escola e/ou folhas de sulfite e canetas coloridas.

Recursos necessários:

- Computadores da escola;

- Internet;

- Fotos impressas;

- Papel sulfite para impressão das legendas;

- Roteiro para guiar a formulação das legendas.

 

Produto final: Com a realização das atividades, espera-se ter como produto final a separação das melhores imagens para compor a exposição, bem como a produção de legendas contendo informações pertinentes relacionadas com a biodiversidade encontrada durante a visita.

 

15º e 16º encontro

Tema: Construindo uma exposição sobre a biodiversidade presente no zoológico

Duração: 100 minutos

Objetivo: Assim como foi estipulado para a visita ao Cerrado, após a escolha das imagens e formulação das legendas, desenvolveremos uma atividade com o objetivo com o objetivo de organizar os materiais produzidos anteriormente para que cada grupo apresente suas informações para as/os demais, procurando observar os diversos elementos que fazem parte da biodiversidade do zoológico visitado.

Passo a passo: A atividade consistirá em fixar nos painéis construídos anteriormente para os materiais do Cerrado, as imagens e as legendas selecionadas sobre o -zoológico visitado. Após esse processo, cada grupo será responsável por apresentar para a sala as informações que observaram e vivenciaram durante a visita monitorada.

 

Recursos necessários:

- Painéis expositivos;

- Imagens impressas;

- Legendas impressas;

- Fita adesiva dupla face.

 

Produto final: Construção da exposição, envolvendo a fixação das imagens e legendas e apresentação dos conteúdos abordados por cada grupo durante a visita monitorada.

Sexta semana

17º e 18º encontro

Tema: A cultura presente na biodiversidade do Cerrado

Duração: 100 minutos

Objetivos: Realizar atividades que envolvam as questões culturais do Cerrado no território brasileiro que estão relacionadas com a questão da biodiversidade, como lendas, comidas típicas, danças, entre outros.

Passo a passo: Após abordar a fauna, flora e paisagens que constituem o Cerrado, apresentaremos as características da cultura e dos povos que fazem parte da biodiversidade desse bioma. Para isso, utilizaremos diversos materiais educativos para enriquecer o diálogo sobre as diferentes tradições, costumes, comidas típicas, povos e conflitos existentes nas regiões do país que apresentam essa formação vegetal. Dessa forma, dividiremos as/os estudantes em quatro grupos, sendo que cada um será responsável por abordar um assunto específico sobre a cultura do Cerrado. As temáticas estabelecidas serão: “Comidas típicas”, “Sons do Cerrado”, “Povos do Cerrado”, “Conflitos que ameaçam o Cerrado em São Carlos e no Brasil”. Entregaremos um kit de materiais contendo livros, músicas, reportagens e fichas do “PROBIO - Jogo da Biodiversidade” (Ministério do Meio Ambiente, 2006, Departamento de Ecologia da UnB, Brasília) abrigando informações sobre os conflitos e soluções no Cerrado para que os grupos possam realizar a leitura e sintetizar as informações para construir um painel e exposição sobre as principais características da cultura presente nesse bioma. O painel será montado a partir de ilustrações, músicas, vídeos, tecidos e receitas de forma que aproximem os principais materiais utilizados nesses ambientes com o público visitante.

Recursos necessários:

- Livro sobre culinária do Cerrado;

- CD com músicas do Cerrado;

- Reportagens e documentos sobre os povos do Cerrado;

- Reportagens e livros sobre os principais conflitos que ameaçam a biodiversidade do Cerrado;

- Tecidos para confecção dos painéis;

- Pregadores para fixação de informações e materiais nos painéis;

- Frutas e outros tipos de alimentos elencados pelas/os alunas/os para a realização de uma receita típica sobre o Cerrado;

- Canetinhas e lápis coloridos;

- Folhas de sulfite;

- Cartelas para escrita das informações.

 

Produto final: Com o desenvolvimento dessa prática, pretendemos que os estudantes produzam um material para ser divulgado e exposto para a comunidade escolar sobre as características da cultura que estão relacionadas com o Cerrado, além de poderem preparar uma receita sobre as comidas típicas para que os demais grupos possam saborear.

19º e 20º encontro

Tema: Produção do Jornal da Biodiversidade

Duração: 100 minutos

Objetivos: Os dois últimos encontros estão relacionados com a construção do jornal, separação de imagens e informações para serem divulgados no jornal; produção de poesias músicas e desenhos para ilustrar e enriquecer o material a ser distribuído na escola; e uma breve avaliação sobre o desenvolvimento das atividades como forma de contribuir para a melhora da mesma.

Passo a passo: Primeiramente as/os alunas/os se organizarão nos grupos definidos anteriormente para decidirem quais informações eles destacam ser de grande relevância para estar contemplado no jornal. Logo após, elas/eles produzirão poesias, músicas e desenhos que exemplifiquem e enriqueçam as atividades desenvolvidas anteriormente. Essa prática poderá ser desenvolvida em casa e entregue na aula subsequente. Assim que todos os grupos elencarem as informações pertinentes para o jornal, realizaremos um diálogo sobre as principais características físicas e estéticas que foram observadas durante a proposta educativa e de que maneira podemos atuar na conservação da biodiversidade da nossa cidade. Ao final do dia, os participantes receberão um questionário simples para realizarem a avaliação de todas as atividades desenvolvidas até o presente momento.

Recursos:

- Imagens impressas de todas as atividades;

- Legendas impressas de todas as atividades;

- Papel manilha para selecionar as informações pertinentes de cada grupo (um por grupo);

- Canetinhas;

- Lápis colorido

- papel sulfite para produções de poesias, música e desenhos.

 

Produto final: O produto final dessa atividade será construção prévia, juntamente com as/os estudantes, sobre os conteúdos que estarão contidos no Jornal da Biodiversidade.

3.    Considerações finais

Atualmente o material está em fase de análise e avaliação, sendo que foi aplicado em três momentos no ano de 2013 durante cursos de formação de educadoras e educadores ambientais de São Carlos envolvendo a temática da biodiversidade em espaços educadores. O material completo da Caixa da Biodiversidade está disponível para empréstimo no LEA – Laboratório de Educação Ambiental, do Departamento de Ciências Ambientais da UFSCar e os roteiros de visita utilizados nas atividades “Biodiversidade na escola”, “Biodiversidade no Cerrado” e “Biodiversidade no Parque Ecológico de São Carlos” estão disponíveis na página: .

Observamos que o material constitui um grande potencial para abordar os diversos sentidos atribuídos à biodiversidade, uma vez que apresenta uma variedade de temáticas e atividades que permitem o envolvimento e aprofundamento do público participante nos assuntos que dizem respeito as formas de conhecer, valorizar e atuar em prol da conservação da biodiversidade em sua cidade e, consequentemente, do planeta.

 

4.    Agradecimentos

Agradecemos à equipe da Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Carmine Botta, especialmente aos estudantes, professoras, coordenadoras pedagógicas e vice-diretora pela oportunidade de desenvolver um trabalho em parceria. À Silvia Ap. Martins, bióloga e educadora do CDCC/USP (Centro de Divulgação Científica e Cultural – USP São Carlos) pela possibilidade de parceria em divulgar o material construído e por ceder guias de vestígios dos animais do Cerrado. À Profª Drª Maria Inês Salgueiro Lima, pelo auxílio na identificação e construção do Guia de Plantas do Cerrado da Caixa da Biodiversidade. À FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo financiamento da pesquisa de iniciação científica que viabilizou a construção da proposta educativa.

 

5.    Referências

BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecology: from individuals to ecosystems. Blackwell Publishing, 4ª edição, 2005.

 

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental Crítica: nomes e endereçamentos da educação In: LAYRARGUES, P. P. (coord.) Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.

 

CARVALHO, L. M. A temática ambiental e o processo educativo: dimensões e abordagens. In: CINQUETTI, H. S.; LOGAREZZI, A. Consumo e resíduo: fundamentos para o trabalho educativo. São Carlos: Edufscar, 2006. p. 19-41.

 

LÉVÊQUE, C. A biodiversidade. Editora da Universidade do Sagrado Coração, 1999.

 

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THIEMANN, F. Biodiversidade como tema para Educação Ambiental: contextos urbanos, sentidos atribuídos e possibilidades na perspectiva de uma educação ambiental crítica. 159 f. 2013. Tese (Doutorado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.

 

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[2] A visita monitorada foi elaborada para o fragmento de Cerrado da Universidade Federal de São Carlos, porém pode ser adaptada para diversos contextos das/os educandas/os.

[3] Essa visita monitorada foi elaborada para ser desenvolvida no Parque Ecológico “Dr. Antônio T. Vianna”, em São Carlos, SP, podendo ser adaptada para outros zoológicos e parques ecológicos do contexto das/os professoras/es e educandas/os.

Ilustrações: Silvana Santos