Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2014 (Nº 48) CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE EXTREMOZ/RN A PRESERVAR O MEIO AMBIENTE ATRAVÉS DA RECICLAGEM DO ÓLEO USADO DE COZINHA PARA CONFECÇÃO DE SABÃO
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CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE EXTREMOZ/RN A PRESERVAR O MEIO AMBIENTE ATRAVÉS DA RECICLAGEM DO ÓLEO USADO DE COZINHA PARA CONFECÇÃO DE SABÃO

 

Thaís Sousa Costa Guimarães (Bióloga, especialista em Educação Ambiental). E-mail: thais-sousa2009@hotmail.com

 

RESUMO

A contaminação dos mananciais e do lençol freático é um grave problema, pois a água é essencial para todas as formas de vida, e a sua falta pode resultar em um desequilíbrio ambiental. É necessário tomar medidas que protejam as águas, uma projeto a população do município de Extremoz/RN, Esse projeto foi realizado através da exposição oral sobre a preservação e os impactos gerados pelo óleo ao ambiente, bem como por meio de uma oficina onde o objetivo foi ensinar como confeccionar o sabão, A expectativa do trabalho foi alcançada por sensibilizar pessoas acerca da problemática que é causada pelo despejo incorreto do óleo usado e que existem medidas como a reciclagem do óleo que minimizam os impactos provenientes da disposição do óleo na natureza. 

Palavras-chave: Óleo. Reciclagem. Preservação.

 

1 INTRODUÇÃO                                     

 

A ação antrópica desde muito tempo tem ocasionado danos à natureza e a sua interferência negativa acarreta sérios problemas ao meio ambiente. Jacobi (2003, p. 175) faz uma reflexão sobre a intervenção humana no meio ambiente: “o quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos”.

Como exemplo de ação antrópica que vem prejudicando a natureza tem-se o óleo de cozinha usado que, quando despejado de maneira imprópria nos ralos de pias, solos e mananciais, causam sérios transtornos ao meio ambiente, como a contaminação das águas, poluindo córregos, riachos e rios, além de danificar o encanamento da casa, como afirma Borges (2011).

A complexidade da contaminação das águas pelo despejo incorreto do óleo de cozinha afeta ecossistemas, mananciais e a própria vida humana, pois uma quantidade, por menor que seja de óleo despejado quando alcança o lençol freático contamina uma quantidade grande de litros de água.

Lopes, (2009 p. 1036) afirma que:

 

Por ser menos denso que a água, o óleo de cozinha forma uma película sobre a mesma, o que provoca a retenção de sólidos, entupimentos e problemas de drenagem quando colocados nas redes coletoras de esgoto. Nos arroios e rios, a película formada pelo óleo de cozinha dificulta a troca de gases entre a água e a atmosfera, causando a morte de peixes e outros seres vivos que necessitam de oxigênio. O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode prejudicar o meio ambiente.

 

  Uma medida que pode ser usada como ferramenta na preservação das águas é a reciclagem de óleo para a confecção do sabão, que poderá ser aproveitado pelos próprios fabricantes e também ser comercializado.

A reciclagem é uma ferramenta que proporciona uma consciência ambiental, pois antes de se pensar em reciclar, primeiro é necessário entender o porquê de está reciclando, qual a importância e o objetivo em fazer isso. Além do benefício como o próprio sabão, a reciclagem interfere na sociedade e no meio ambiente propiciando um hábito, uma vida socioambiental, voltada para a melhora do meio ambiente.

 

2 A RECICLAGEM NO BRASIL

 

No Brasil existem graves problemas ambientais, causados principalmente pela ação humana, como queimadas, desmatamento, poluição e contaminação dos recursos hídricos, isso causa bastante preocupação pelos prejuízos alarmantes e danos muitas vezes incalculáveis, como afirma Rocha, (2007 p. 02).

 

As questões da poluição ambiental e dos respectivos danos constituem evidentemente, inquietantes problemas [...] agravados pelos permanentes e contínuos fenômenos da generalizada degradação do patrimônio ambiental, com repercussão danosa [...] já irremediáveis, irrecuperáveis, incalculáveis, irreparáveis, irreversíveis, vem assumindo dimensões exorbitantes, já alarmantes e preocupantes [...].

 

Mesmo com tantos agravos, ainda é pouco o que se tem feito para atenuar essa problemática, porque não depende apenas dos governantes, mas de toda a sociedade preservar o que ainda resta, sem queimadas, desmatamentos, emissão de gases poluente e ter um local apropriado para o lixo inclusive para o óleo usado evitando a contaminação do solo e do lençol subterrâneo de água. O ideal seria minimizar ou evitar esses danos que prejudicam a todos os seres vivos.

Como afirma Rosa (2012), a preocupação com a poluição de águas subterrâneas é recente e restrita no Brasil, pois boa parte dos usuários de tais recursos (particular ou governamental) ainda desconhece sua importância ignorando as consequências da poluição. O que deveria ser diferente, pois esse recurso é necessário para todas as formas de vida, e apenas 1% de toda água do mundo é potável, conforme representado na figura 1.

 

 

Descrição: Descrição: a distribuicao da agua no planetaFig.1 Quantidade água presente na Terra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-distribuicao-agua-no-planeta.htm

 

No Brasil, as formas de utilização e má gestão da água, em especial nas cidades, têm consequências graves sobre a qualidade o que resultam em perda de disponibilidade desse recurso em condições adequadas para o abastecimento da população, como afirma Campanili (2008, p. 310).

Uma maneira de contaminação das águas é por meio do óleo usado de cozinha. No Brasil existem centros de coleta em algumas cidades, como afirma Garcez (2010, p. 12), onde o óleo de cozinha é entregue no posto de coleta e a pessoa recebe o sabão fabricado com o óleo usado. E esse óleo que seria descartado inadequadamente pode servir de “biodiesel, tintas, óleos para engrenagens, sabão, detergentes, entre outros” (PITTA JR., 2009, p. 2).

Então, o óleo pode ser reaproveitado através da reciclagem ao invés de ser jogado fora prejudicando o ambiente. Nesse quesito Strausz (2008, p. 64) registrou que:

 

Hoje em todo o país há entidades, governamentais ou não, que procuram reciclar o óleo usado em cozinhas residenciais e industriais. Essas entidades ensinam a guardar o produto adequado até que possa ser recolhido para reciclagem. Esse material vem sendo usado na fabricação de sabão e também na produção de biodiesel.

 

Isso deveria ocorrer com frequência e ter mais entidades voltadas para esse fim, porque a contaminação dos mananciais pelo óleo deveria ser uma preocupação de toda a população e também dos governantes, já que esse recurso é tão necessário e por isso o interesse em preservá-lo deveria ser de todos.

“Alguns municípios já instituíram leis municipais específicas regularizando o destino correto do óleo de cozinha, haja vista, que o mesmo é um resíduo altamente poluente e necessita de um tratamento especial” (NEZI, 2011, p. 02), visando preservar todos os bens que a natureza oferece que são fundamentais para uma melhor qualidade de vida, com ar mais puro e água de qualidade.

 

2.1 O município de Extremoz /RN e a reciclagem do óleo usado

 

O município de Extremoz/RN está situado a aproximadamente 15 km de Natal/RN. Apresenta sua economia voltada para o comércio, extrativismo e agropecuária (MASCARENHAS, 2005 p.03).

Como em quase todos os municípios do Brasil, a preservação ambiental, seja do ar, do solo e da água, precisa ser tratado com mais vigor e atenção, prova disso é que ainda não há tratamento do esgoto e alguns moradores ainda utilizam poços, o que requer uma água de boa qualidade, como mostra a figura 2 sobre o levantamento realizado nesse município que registra a existência alguns poços nessa comunidade.

 

Fig. 2 Tipos de pontos d’água cadastrados no município de Extremoz

Fonte: Mascarenhas (2005).

 

Extremoz possui uma lagoa que, segundo um estudo realizado de janeiro a abril do corrente ano:

A qualidade da água foi considerada de boa a ótima, aferida por dois indicadores de qualidade de água. Porém, observa-se cenários de riscos no que diz respeito a concentração de cianobactérias e elementos que influenciam diretamente no custo de tratamento desta água, tais como a alcalinidade, dureza, turbidez e cor (JERÔNIMO, 2013, p. 13).

           

Mesmo com essa pesquisa recente que indica a qualidade da água, é necessário, preservá-la, pois beneficia cerca de 220.000 habitantes de várias cidades do RN, servindo também como abrigo para muitos seres vivos, como ressalta ainda o autor: “é preciso ter os cuidados essenciais para preservar este local e o lençol freático, pois além da lagoa abastecer cidades no RN, também é o habitat de muitos seres vivos”.

 

Um dos cuidados fundamentais que é preciso ter é não contaminar a lagoa e as águas subterrâneas com resíduos poluentes, como o lixo e também dar uma atenção maior ao saneamento básico, que é extremamente importante para manter a cidade limpa e o meio ambiente sem contaminação e poluição. Mas essas questões não dependem apenas dos governantes, mas de toda população que também é responsável pelos benefícios e malefícios presentes no município, Como ressalta Mucelin, (2008, p. 123) “situações de poluição [...] provocam impactos ambientais negativos em diferentes ecossistemas da cidade como as margens e leito dos rios, margens de ruas e estradas [..]”.

 

Ter um local adequado para o despejo do óleo usado é uma maneira de não contaminar o meio ambiente. No município Extremoz não tem nenhum centro de coleta para o óleo de cozinha usado, mas no RN tem algumas instituições que recebem esse óleo.

Embora Extremoz não possua ainda nenhum centro de coleta de óleo, algumas pessoas já tomaram a atitude de utilizar o óleo para confeccionar o sabão, como por exemplo, uma comerciante que trabalha em um quiosque na Praça Estrela do Mar recicla o óleo usado, para uso próprio. O ideal seria se mais pessoas tivesse essa consciência, pois além de fazer bem ao meio ambiente também se obtém produtos como o sabão que é útil na limpeza doméstica. 

 

3 JUSTIFICATIVA

 

A contaminação das águas vem aumentando nas últimas décadas, uma delas é com resíduos, como o óleo usado de cozinha que na maioria das vezes é despejado de casas, fábricas e comércios de forma não adequada, provocando danos ao meio ambiente. Um dos resíduos gerados pelo homem que possui poder de contaminação mais preocupante é justamente o óleo de cozinha usado, descartado diretamente no lixo ou nos ralos das pias. Uma agressão enorme para o meio ambiente (ULBANERE, 2011, p 08).

Para atenuar essa agressão, a reciclagem do óleo seria uma alternativa para minimizar a contaminação, pois um litro de óleo pode contaminar milhões de litros de água. Por outro lado, este óleo pode ser reaproveitado para a produção do sabão. É uma forma de preservar o meio ambiente e é algo útil e eficaz para o uso doméstico.

Segundo Rebouças (2010) apud Godoy et al (2010, p 211):

 

O óleo de cozinha representa um fator nocivo à natureza, cada litro de óleo que vai para o esgoto possui a capacidade de poluir até 1 milhão de litros de água. Além da poluição na água, o óleo fica retido nos encanamentos e nas estruturas dos esgotos provocando entupimentos e rompimentos das redes de esgoto.

 

Além do prejuízo nos encanamentos e no esgoto que encarece o seu tratamento, o óleo quando chega aos rios altera o pH da água, diminui as trocas gasosas da água com a atmosfera e, ficando o óleo exposto ao sol, aumenta sua temperatura  em até 60cº, matando os microrganismos, animais e vegetais aquáticos. Quando óleo é jogado diretamente no solo, causa a sua impermeabilização podendo contribuir com enchentes, como afirma Nezi, (2011, p. 01-02).

 

Quando o óleo de cozinha usado é descartado inadequadamente no meio ambiente provoca danos diversos aos ecossistemas aquáticos, além de provocar impermeabilização do solo e obstrução das galerias de esgoto ocasionando enchentes que geram transtornos que atingem toda a sociedade. [...] É insolúvel e menos denso que a água, dificulta a troca de gases entre a água e a atmosfera, causando danos a vida aquática, e também, ao ser colocado nas redes coletoras de esgoto, provoca a retenção de sólidos, entupimentos e problemas de drenagem.

 

 

Uma ação adequada para diminuir os impactos que o óleo descartado inadequadamente no ralo da pia ou no solo que acaba direcionado aos rios, lagos, mares e os lençóis freáticos, causando danos ao meio ambiente é a reciclagem que é também uma medida de transformação, pois boa parte desse resíduo pode ser reaproveitada para a confecção de novos produtos, como por exemplo o sabão.

Na sociedade essa problemática ainda precisa ser mais abordada, nem todas as pessoas tem conhecimento de que o óleo causa danos ao meio ambiente e que isso pode ser revertido com a reciclagem desse produto evitando estragos ao meio ambiente. Como afirma Nezi (2011, p. 03), “devido à falta de informação da população [...] o resíduo do óleo de cozinha gerado acaba sendo despejado em rios ou riachos, causando a sua contaminação”.

Por isso é necessário que haja iniciativa tanto do governo, de educadores e até mesmo de pessoas que sabe o maleficio que o óleo usado despejado no ambiente pode causar e assim pode influenciar ou alertar as outras pessoas desprovidas desse conhecimento.

Segura (2001 p. 51) fala exatamente sobre a importância e responsabilidade que cada cidadão tem na sociedade e no meio ambiente:

 

Promover um aprendizado sobre a importância da defesa da qualidade ambiental significa despertar os cidadãos para a responsabilidade de cada um na defesa da vida. Mas ampliar o nível de responsabilidade dos cidadãos diante das questões ambientais passa, primeiro, por provocar mudanças na compreensão a respeito da própria importância do ambiente.

 

É preciso que a população tenha consciência e através disso desenvolva atitudes socioambientais. São nos pequenos detalhes que se desenvolvem melhorias a favor do meio ambiente, se cada um fizer a sua parte essa geração e também a futura será uma geração diferenciada.

Jacobi, (2003 p. 04) faz uma reflexão sobre a complexidade ambiental:

 

Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para compreender a gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. Mas também questiona valores e premissas que norteiam as práticas sociais prevalecentes, implicando mudança na forma de pensar e transformação no conhecimento e nas práticas educativas.

 

É necessário haver mudanças tanto no pensar como no agir para adquirir um compromisso ambiental e a reciclagem já é fruto disso sendo de grande valia para a sociedade e é claro para a natureza, pois um dos problemas ambientais é a grande quantidade de resíduos lançados no ambiente, e a reciclagem propicia maior vida útil aos objetos diminuindo a problemática do espaço utilizado para o depósito do lixo que polui e contamina todo ambiente.

Nezi, (2011 p. 03) ressalta sobre o prejuízo que o óleo lançado no meio ambiente pode causar:

 

Devido à falta de informação da população e dos empresários, o resíduo do óleo de cozinha gerado acaba sendo despejado em rios ou riachos, causando a sua contaminação, ou nas pias e vasos sanitários, indo parar nos sistemas de esgoto e causando o entupimento dos canos, encarecendo os processos das Estações de Tratamento de Efluentes.

 

A reciclagem do óleo é eficaz para a confecção do sabão que pode ser feito tanto em barra como líquido e ser usado para o comércio servindo como fonte de renda para muitas famílias, sendo também uma atividade dinâmica que necessita de cuidado, concentração e responsabilidade.

Atentando para os problemas causados pelo despejo incorreto do óleo ao meio ambiente, este trabalho ressalta essa questão compreendendo os diversos danos ocasionados pelo mesmo e sensibilizando a população através da exposição oral a respeito dessa problemática e incentivando o despejo correto, que pode ser reciclando, transformando-o em sabão ou deixando-o em um centro de coleta para ser reaproveitado.

Objetivo Geral:

.           Sensibilizar a população da importância da preservação dos recursos hídricos através do aproveitamento do óleo usado de cozinha.

Objetivos Específicos:

  • Alertar a população sobre os impactos ambientais do descarte inadequado do óleo de cozinha.
  • Utilizar o óleo usado para confeccionar o sabão.
  • Promover palestra sobre a importância de utilizar o óleo usado para preservar o meio ambiente.
  • Debater sobre a contaminação do óleo nos recursos hídricos.

 

4 METODOLOGIA

 

4.1 Área de estudo

 

Extremoz faz parte da região metropolitana de Natal (figura 3) e pelo censo do IBGE 2010 possui uma área de e 134,7 Km². Tem o equivalente a 24.569 habitantes e abrange áreas como Genipabu, Santa Rita, Pitangui, Barra do Rio e Redinha Nova.

O projeto foi desenvolvido no município de Extremoz/RN, junto com a comunidade, no intuito de alertar a população a cerca da proteção ao meio ambiente, incentivando o descarte correto do óleo de cozinha e sua reciclagem.

 

 

 

 

Descrição: Descrição: mapa extremoz rn

Fig.3 Localização de Extremoz no mapa do RN.

 

Fonte: http://marista.edu.br/hospedagem/2010/07/05/centro-de-formacao-de-extremoz/

4.2 Etapas do estudo

 

Para o desenvolvimento desse projeto foi necessário seguir as seguintes etapas:

A etapa 1 do projeto consistiu na confecção dos brindes, que foram o sabão em barra e o imã de geladeira. Uma comerciante que trabalha com frituras cedeu o óleo usado para a confecção do sabão que para sua fabricação foi necessário seguir a seguinte receita:

  • 4 L de óleo comestível usado (coados antes de usar para retirar as impurezas)
  • 2 L de água
  • 1/2 copo de sabão em pó
  • 1 Kg de soda cáustica
  • 5 mL de essência aromatizante (opcional)

O sabão foi preparado da seguinte maneira:

  • Dissolveu-se o sabão em pó em ½ L de água quente.
  • Dissolveu-se a soda cáustica em 1L e ½ de água quente, para manuseá-la foi necessário tomar alguns cuidados como a utilização de EPIs (Equipamentos de proteção individual) como, máscara, luvas, óculos e jaleco.
  • Adicionaram lentamente as duas soluções ao óleo
  • A mistura foi mexida por 20 minutos
  • Adicionou-se a essência aromatizante
  • A mistura foi despejada em garrafas PET de 1 litro e no dia seguinte foi desenformada, cortada e embalada em papel filme. 

 

O Imã de geladeira não teve patrocínio e foi confeccionado por uma gráfica, contendo a receita do sabão em barra.

A etapa 2 - foi o convite para a população de Extremoz, realizado boca a boca e através das redes sócias e torpedos, especificamente para jovens e adultos para participarem do projeto sobre preservação ambiental “Reciclagem do Óleo” que foi realizada no dia 19/06/2013 na Igreja Batista em Extremoz, no horário das 20:00hs as 21:00hs.

A etapa 3 - Apresentação do projeto foi realizada na 1ª Igreja Batista em Extremoz cedida pelo pastor da instituição, onde os convidados se deslocaram para lá e responderam um questionário sobre o descarte do óleo de cozinha e sobre os danos que esse óleo causa ao meio ambiente.

Logo após ocorreu uma exposição oral (figura 4) com auxílio de data show, onde foi ressaltada a importância em preservar os recursos hídricos e os danos que o óleo causa ao meio ambiente, tendo como objetivo sensibilizá-los a não descartar o óleo incorretamente e alertá-los sobre os prejuízos causados por esse descarte incorreto. A população foi informada que existem formas de não contaminar as águas com esse resíduo, podendo ele ser deixado em um centro de coleta ou ser reciclado, como por exemplo, fazendo o sabão que foi demonstrado na apresentação.

Descrição: Descrição: 20130619_200825

Fig.4 Apresentação oral

 

 Para a confecção do sabão foi seguido o seguinte procedimento: primeiro foi coado 1L de óleo usado para tirar as impurezas, depois foi acrescentado o 1/3 do copo de sabão em pó dissolvido em 200 ml de água quente, Foi acrescentado 250g de soda cáustica que já havia sido dissolvido em 300 ml de água quente antes da apresentação, para evitar que os convidados ingerissem substâncias tóxicas que são eliminadas nesse procedimento. Para o manuseio da soda cáustica foi necessário usar jaleco, luvas e máscara devido à soda ser corrosiva e eliminar substâncias toxicas. Após esse procedimento foi acrescentada à mistura a essência aromatizante. Após a adição dos ingredientes é indispensável mexer por vinte minutos (figura 5).

 Os convidados puderam ver como fica o sabão após todo o procedimento (figura 6) e receberam o sabão em barra artesanal feito com óleo e o imã de geladeira contendo a receita do sabão (figura 7).


 

                                   
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Fig.5 Passo a passo para a confecção do sabão

 

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Fig. 6 mostrando a consistência do sabão

 

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Fig. 7 Entrega dos brindes

A última e 4ª etapa do evento foi servir um lanche sem fins lucrativos e sem patrocínio, ou seja, ofertado com investimento do próprio autor (figura 8).

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                                          Fig. 8 Lanche

 

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise dos questionários

 

A partir dos resultados obtidos pelo questionário aplicados a vinte (20) pessoas, verificou-se que a maioria das pessoas não tem o costume de armazenar o óleo, como mostra os resultados da primeira questão na figura 9. Apenas 4% dos questionados armazenam o óleo de cozinha usado, enquanto 48% deles o despejam no ralo da pia e os outros 48% joga-o no solo.

                                  Fig. 9 Resultado da primeira pergunta do questionário

 

Como afirma Torres (2009 p. 02) sobre as consequências de jogar o óleo usado no meio ambiente.

Muitas pessoas não levam em conta que a simples atitude de jogar um pouquinho de óleo diariamente pelo ralo da pia pode ser tão prejudicial ao meio ambiente e, consequentemente, a sua própria vida. O óleo que vai para o ralo da pia causa elevação nos custos de tratamento do esgoto; obstrução das redes coletoras; formação de uma barreira que não permite a entrada de luz nos corpos d’agua, e, consequentemente, a diminuição da sua oxigenação; impermeabilização do solo, o que dificulta o escoamento de água das chuvas, podendo dificultar o abastecimento do lençol freático ou ainda ocasionar enchentes e contaminação do solo e dos lençóis freáticos.

 

O óleo causa diversas alterações na natureza, como em alguns processos naturais, como a absorção da água pelo solo que abastece o lençol freático e a contaminação das águas que leva a morte alguns animais e vegetais presentes e sem falar nos prejuízos causados aos encanamentos das casas quando este é despejado no vaso ou no ralo da pia e o entupimento nas redes de esgoto que encarece o seu tratamento.

Esse resultado afirma que boa parte da população não tem conhecimento dos impactos gerados pelo despejo incorreto do óleo usado de cozinha ou não conhecem um local apropriado para o descarte do mesmo.

A segunda questão (figura 10) aponta que 71% das 20 pessoas presentes não reutilizam o óleo usado, enquanto apenas 29% reutilizam esse óleo na fabricação de novos produtos, como o biodiesel, graxa, detergente, ração, sabão, entre outros e ser fonte de renda beneficiando a economia da região contribuindo desta forma na preservação do meio ambiente.

 

Fig. 10 Resultado da segunda questão do questionário

 

Esse resultado afirma o que diz Nascimento (2010 p. 03)

 

O processo de reutilização do óleo usado, mais que benefícios socioambientais, pode trazer também crescimento econômico e financeiro [...]. A principal barreira a ser quebrada, no entanto, é a de conscientizar a população sobre a importância do descarte correto desse material.

 

A reutilização do óleo diminue os impactos provocados pelo mesmo, podendo servir na fabricação de novos produtos. Em meio a isto é essencial sensibilizar a população sobre os beneficios decorrentes da reciclagem do óleo usado e do favorecimento que isso traz para a população, ao ambiente e a própria economia.

Das pessoas envolvidas nesse projeto de reciclagem do óleo, 67%  afirmaram que tem conhecimento da agressão que óleo causa ao meio ambiente e 28% desconhecem os danos que o óleo causa ao meio ambiente e 5% não souberam responder a questão, como mostra a figura 11.

                                        Fig. 11 Resultado da terceira questão do questionário

Esse resultado afirma que é necessário despertar a consciência ambiental acerca desses maus hábitos que causam prejuízos principalmente ao meio ambiente, e lutar para que no futuro as pessoas possam usufruir dos bens que a natureza oferece da mesma maneira que é atualmente. 

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Art. 225 CF)

É dever de cada um preservar a natureza e esse trabalho induz a consciência  ambiental em algumas pessoas do município de Extremoz/RN  incentivando-os a não jogar o óleo de maneira inadequada no ambiente e sim reutilizá-lo na confecção do sabão ou sendo entregue em um centro de coleta.

Existe algumas instituições como o supermercado Hiperbompreço, que recebe o óleo usado, mas isso é desconhecido por muitos, como mostra o resultado da quarta questão da pesquisa (figura 12) onde 90% das pessoas que participaram do projeto não conhecem nenhuma instituição que receba o óleo usado de cozinha.

Fig. 12 Resultado da quarta questão do questionário

Uma alternativa para destinar o óleo usado é através de centros de coleta, e por isso é necessário ter mais centros de coletas e que sejam do saber de todos, é mais uma opção para destinar corretamente óleo usado de cozinha, assim como a reciclagem do mesmo que é uma alternativa para preservar o meio ambiente do óleo usado, como foi enfocado na exposição oral e também na oficina que teve o intuito de ensinar as pessoas presentes a confeccionar o sabão e também é uma forma de sensibilizar a população dos danos que o óleo causa no meio ambiente e que existem meios de minimizar essa agressão, como a produção do sabão caseiro.

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Desde muito tempo o meio ambiente tem sido alvo de destruições ocasionadas pelos próprios seres humanos, como desmatamento, queimadas e a contaminação dos recursos naturais que muitas vezes são causadas pelos dejetos líquidos ou sólidos lançados nos corpos hídricos.

A contaminação das águas algumas vezes é por causa do descarte incorreto do óleo de cozinha usado afetando o meio ambiente, podendo causar morte dos seres aquáticos, contribuir para o efeito estufa e aumenta a chance de enchentes.

Em meio a essa realidade o projeto “A confecção de sabão a partir do óleo de cozinha usado: uma forma de preservação ambiental” foi desenvolvido com o intuito de sensibilizar a população do município de Extremoz/RN sobre a reciclagem do óleo usado na confecção do sabão ou o despejo do mesmo em um centro de coleta óleo, já que este município não recolhe, nem possui um ponto de coleta.

A reciclagem é uma alternativa para minimizar os impactos provocados pelo óleo, já que muitos ainda têm o hábito de jogá-lo no ambiente. E ao invés das pessoas fazerem isso podem reutilizá-lo: na fabricação do sabão; utilizando para o uso doméstico e também para a sua comercialização.

Portanto, é importante chamar a atenção das pessoas do município de Extremoz/RN para os danos causados pelo óleo usado de cozinha, pois todos podem interferir para um ambiente mais limpo e menos degradado, já que somos responsáveis pela natureza, e podemos contribuir minimizando os impactos provocados pelo óleo.

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STRAUSZ, ROSA AMADA. LEITE, REJANE. Porteiros e Vigias: profissionais do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2008. p64

 

TORRES. JOANI APARECIDO DA SILVA. Projeto de Lei nº 11/2009 Poder Legislativo Joanópolis, 2009.

 

ULBANERE, RUBENS CARNEIRO et al. Logística reversa aplicada ao descarte do óleo de cozinha: uma ação a favor da segurança socioambiental. UNAERP, 2011.

                                    

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http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_225_.shtm

 

 

APÊNDICE

 

Questionário

 

1. Como é descartado o óleo em sua residência/comércio?

(      ) Na pia da cozinha

(      ) No solo

(      ) É armazenado

 

2. Na sua residência você reutiliza o óleo?

(      ) Sim

(      ) Não

 

3. Você sabia que o óleo despejado nos ralos da pia ou diretamente no solo contamina o lençol freático, os rios e a vida aquática?

(     )  Sim

(      ) Não

 

4. Você conhece alguma instituição que recolhe o óleo usado?

(     )  Sim

(      ) Não

 

Ilustrações: Silvana Santos