Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/12/2013 (Nº 46) GESTÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
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GESTÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

 

 

Jéssica de Castro

Especialista em Gestão Econômica e Financeira de Negócios.

Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO

e-mail: jeessicacastro@hotmail.com

 

 

João Francisco Morozini

Professor Orientador. Doutor em Administração de Empresas

Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO

e-mail: jmorozini@uol.com.br

 

 

 

Resumo

Atualmente as empresas têm buscado melhores formas de gerir seus negócios, o desempenho de uma gestão na organização pode refletir consideravelmente nos resultados, adotar um modelo de trabalho condizente com suas expectativas orientado por uma política de valores capaz de trazer retornos à entidade é essencial. A incorporação da situação ambiental em meio à gestão empresarial também vem impondo novas adequações nas organizações uma vez que a gestão ambiental vem gradativamente conquistando seu espaço na sociedade. O presente trabalho tem como objetivo evidenciar a utilização de procedimentos de práticas de Gestão Ambiental no contexto das Micro e Pequenas Empresas da Região Centro-Oeste do Paraná. A metodologia empregada quanto aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como descritiva, quanto aos procedimentos de coleta de dados, foi do tipo survey, quanto à abordagem do problema a pesquisa foi do tipo quantitativo descritivo. Dessa forma, a pesquisa teve como amostra 69 Micro e Pequenas empresas da região Centro-Oeste do Paraná, especificamente nos municípios de Bituruna, Chopinzinho e Coronel Vivida. Para a escolha da amostragem foi utilizado o método não probabilístico. Foi possível verificar que os empresários não dispõe informações suficientes sobre gestão ambiental, o que acaba dificultando a aplicação de praticas sustentáveis.

 

Palavras-chave: Gestão empresarial; Gestão Ambiental; Microempresa.

 

 

1. Introdução

 

A incorporação da situação ambiental em meio à gestão empresarial vem impondo novas adequações nas organizações. Levando em consideração o momento de ênfase que o mundo encontra-se hoje em relação às chamadas Práticas Sustentáveis, houve o intuito de se trazer este assunto, que via de regra aparece geralmente em empresas de Grande Porte, preocupadas além do próprio ambiente ao seu redor, também com sua imagem perante a sociedade, para o contexto das Micro e Pequenas empresas, as quais tem ocupado um espaço considerável hoje no país. Sob este prisma, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar a utilização de procedimentos de práticas de Gestão Ambiental no contexto das Micro e Pequenas Empresas da Região Centro-Oeste do Paraná.

 

2. Fundamentação Teórica

2.1 Gestão Ambiental Empresarial

 

A Gestão Ambiental vem gradativamente conquistando seu espaço na sociedade, notou-se a necessidade de amenizar ou até reverter os danos causados pelos seres humanos em busca das vantagens até então oferecidas por meio da utilização dos bens ofertados pelo meio ambiente.

Diante desse cenário, as atividades que causaram degradação ao meio ambiente ocorreram sem o devido dimensionamento das consequências que tais ações ocasionariam, neste momento em que pensava apenas em extrair, sem nenhuma contra partida, chegou-se a um momento, em que a sociedade necessita dar mais atenção e cuidados para que recursos antes abundantes, não se extingam e deixem de se tornar escassos, como nota-se atualmente. Os recursos naturais, que para Barbieri (2007, p. 8) “são bens e serviços originais ou primários dos quais todos os demais dependem” tem a necessidade atualmente de serem preservados, tendo consciência que estes são recursos finitos. No âmbito empresarial isso não é diferente, dadas às devidas proporções, as agressões contra o meio ambiente realizadas por atividades operacionais das organizações, acabam refletindo de forma negativa, quando não são tomadas as devidas precauções. Dias (2011, p. 102) explica que:

 

A gestão ambiental é o principal instrumento para se obter um desenvolvimento industrial sustentável. O processo de gestão ambiental nas empresas está profundamente vinculado a normas que são elaboradas pelas instituições públicas (prefeituras, governos estaduais e federal) sobre o meio ambiente.

 

A Gestão Ambiental no âmbito empresarial tem buscado oferecer sua contribuição à sociedade e a saúde da própria empresa.  Ainda Dias (2011, p. 55) salienta que “As empresas são as responsáveis principais pelo esgotamento e pelas alterações ocorridas nos recursos naturais, de onde obtêm os insumos que serão utilizados para obtenção de bens que serão utilizados pelas pessoas.”, o autor relata que as atividades incorridas na empresa, contribuem consideravelmente no que diz respeito a danos ambientais, pois, é da natureza que são extraídos os bens primários para desenvolvimento do seu negócio. Berle (1992, p. 150) diz que:

 

Hoje, o publico está mais atento que nunca aos problemas ambientais. Não se pode mais enganar algumas pessoas por algum tempo. Mesmo que, a curto prazo, você possa se dar bem com abusos ambientais, algum competidor ou burocrata de plantão o apanhará em uma mentira ou mesmo omissão. Hoje, não basta embarcar na onda da “Administração pelo Meio Ambiente”. Os empresários devem considerar como posicionar seus produtos de uma maneira ecológica, como transformar antigos passivos em ativos, como lidar com leis, criar novos produtos ou serviços e entender a psicologia envolvida nas embalagens.

 

Observa-se uma necessidade a mais para a contribuição na gestão ambiental por parte das organizações, a sociedade tem sentido os impactos e por sua vez, tem buscado caminhar ao lado de quem se preocupa com tal questão. Não só o publico consumidor, mas também o governo sentiu a necessidade de incentivar as empresas a cumprirem suas obrigações impondo assim normas básicas para que este quadro não se agrave. Para Andrade et al (2002, p. 12)  “A administração ambiental está associada a ideia de resolver os problemas ambientais da empresa. Ela carece de uma dimensão ética e suas principais motivações são a observância das leis e a melhoria da imagem da empresa”. É possível identificar que de forma constante as empresas estão se enquadrando nestes parâmetros, mesmo lentamente os empresários tem buscado o equilíbrio no que diz respeito ao desenvolvimento econômico e também do desenvolvimento sustentável seja por imposição da lei, melhoria da imagem perante a sociedade, ou estratégia de negócio.

 Segundo Dias (2011, p. 37):

 

Para alguns, alcançar o desenvolvimento sustentável é obter o crescimento econômico contínuo através de um manejo mais racional dos recursos naturais e da utilização de tecnologias mais eficientes e menos poluentes. Para outros, o desenvolvimento sustentável, é antes de tudo um projeto social e político, destinado a erradicar a pobreza, elevar a qualidade de vida e satisfazer às necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, considerando a apropriação e transformação sustentável dos recursos ambientais.

 

Com os diversos desafios encontrados pelos empreendedores para sua simples sobrevivência no mercado acaba tornando-se difícil a adequação das entidades à sustentabilidade, uma vez que estas empresas dependem de arrecadar recursos financeiros para investir em soluções ambientalmente corretas até que isso se torne uma estratégia favorável ao seu próprio crescimento. Barbieri (2007, p. 115) diz que empresas sustentáveis são as que:

 

Satisfazem as necessidades atuais usando recursos de modo sustentável;

Mantém um equilíbrio em relação ao meio ambiente, com base em tecnologias limpas, reuso, reciclagem, ou renovação de recursos;

Restauram qualquer dano causado por eles;

Contribuem para solucionar problemas sociais em vez de exacerbá-los; e

Geram renda suficiente para sustentar.

 

A inserção das práticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável no ambiente empresarial pode ser pautada de diversas maneiras, mesmo as atividades rotineiras podem ser foco de eficiência nos seus processos ambientalmente corretos. Do ponto de vista ambiental, as empresas devem organizar-se de forma a gerir sua cultura empresarial apoiando-se numa postura responsável, buscando a não agressão de qualquer forma do ambiente natural. Andrade Et al (2002, p. 8)  diz que “A proteção ambiental deslocou-se uma vez mais, deixando de ser uma função exclusiva de proteção para tornar-se também uma função da administração.”  Esta por sua vez vem integrando-se nos planejamentos e estratégias contemplando toda a estrutura organizacional da entidade, evidenciando a consequente evolução no quesito responsabilidade, as quais introduzidas no cenário buscado pelo gestor torna-se uma atividade importante na empresa. Barbieri (2007, p. 289) aponta que:

 

Os impactos podem gerar efeitos positivos e negativos. Quando se fala em impactos ambientais decorrentes de ações humanas, há uma tendência em associá-los apenas aos efeitos negativos sobre os elementos do ambiente natural e social, pois a degradação ambiental que nos rodeia é basicamente um resultado indesejável dessas ações. Porém, não se deve esquecer dos impactos positivos, que em última instancia são os que conferem sustentabilidade econômica, social e ambiental ao empreendimento ou atividade.

 

Como comenta o autor, nem só de resultados positivos vive a humanidade, em contrapartida surgem as adversidades e dificuldades encontradas pelo gestor para de fato realizar este procedimento de respeito para com o meio ambiente. Alguns motivos que de certa forma criam uma barreira no envolvimento da empresa com a questão ambiental são apontados por Dias (2011, p. 64) como “a dificuldade de obtenção do investimento necessário para adaptação de seu processo produtivo, falta de conhecimento técnico-científico sobre a questão ambiental envolvida e o grau de compromisso do seu quadro de pessoal com a ética ambiental.”. Essa abordagem torna se ambígua, porém é necessário traçar metas e ter consciência das consequências que hoje podem ser mensuradas. Andrade et al (2002, p 63) comenta:

 

Antes que o desempenho sustentável de forma intraorganizacional, em qualquer nível, possa ser gerenciado, as expectativas em relação a esse desempenho devem ser claramente estabelecidas e comunicadas. Se não houver uma clara definição do negócio em que a empresa se insere, com certeza não se poderá gerenciar efetivamente a organização, sob a observância dos princípios de gestão ambiental em seus diferentes níveis decisórios. Sem a orientação de uma estratégia empresarial clara e por decorrência de uma estratégia ambiental específica, não se pode ter certeza da adequada alocação de recursos, de gerenciamento dos processos críticos de negócios e de recompensa do desempenho esperado.

 

Compreende-se que as organizações encontram diversas dificuldades no momento de objetivar e executar medidas ecologicamente corretas, porém este conjunto de responsabilidades organizacionais deve ser mantido, qualquer empresa de qualquer porte ou setor pode oferecer sua contribuição adotando práticas sustentáveis, começando com atividades simples como reduzir gastos com energia e água, utilizar produtos reciclados, entre outros, até uma gestão mais elaborada com uma maior contribuição ao ambiente. É importante que os empresários, não entrem nessa jogada apenas para expressarem uma boa imagem perante a sociedade, espera-se destes novos administradores que saibam a importância de manter e renovar recursos necessários para sua própria sobrevivência. É necessário que passem a criar processos e práticas que contribuam com esse crescimento favorável, adotar instrumentos que realmente cooperem com a prevenção e conservação da responsabilidade ambiental, para que assim o reflexo no futuro seja positivo.

 

3. Metodologia

 

De acordo com a metodologia empregada quanto aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como descritiva. De acordo com Silva e Morozini (2005) a pesquisa quanto aos procedimentos de coleta de dados, foi do tipo survey, pois foi questionado  a utilização de procedimentos de práticas de Gestão Ambiental no contexto das Micro e Pequenas Empresas da Região Centro-Oeste do Paraná.

Quanto à abordagem do problema a pesquisa foi do tipo quantitativo descritivo, pois os dados coletados por meio de questionários foram tabulados em planilhas eletrônica do Software Microsoft Office Excel, para garantir uma maior precisão na construção de gráficos, e para melhor análise e interpretação. As escalas foram adequadas para atender ao objetivo do estudo, sendo que as escalas foram diferentes para cada questão, possuindo o mesmo peso para cada alternativa.

De acordo com Cooper e Schindler (2003) universo ou população em uma pesquisa refere-se ao conjunto completo de elementos sobre os quais se deseja fazer algumas interferências. Dessa forma, a pesquisa teve como amostra 69 Micro e Pequenas empresas da região Centro-Oeste do Paraná, especificamente nos municípios de Bituruna, Chopinzinho e Coronel Vivida. Para a escolha da amostragem foi utilizado o método não probabilístico, e classificadas as empresas com maior facilidade de acesso, admitindo que pudessem efetivamente representar de forma adequada à população.

 

 

4. Resultados

4.1 Micro e Pequenas Empresas

 

O presente estudo foi focado nas Micro e Pequenas empresas da Região Centro Oeste do Paraná, nas quais foram coletados o total de 69 questionários respondidos nos municípios selecionados, entre os meses de março a junho de 2013, os quais apresentaram as seguintes informações:

 

Tabela 01 – Tempo de Atividade da Empresa

 

Frequência

Porcentagem

Até 1 ano;

14

20%

De 1 a 5 anos;

23

33%

De 5 a 10 anos;

14

20%

De 10 a 15 anos;

11

16%

Mais de 15 anos.

07

10%

Total

69

100%

 

 

Dentre os microempresários que responderam os questionários, conforme tabela e gráfico 01, foi possível identificar que o tempo de existência de suas empresas, concentra-se nas empresas mais jovens, tendo entre 1 e 5 anos de existência no mercado, posteriormente salientam-se as empresas de até um ano, e entre 5 e 10 anos, e a quantidade menor apresentaram-se as empresas com maior tempo de existência com mais de 15 anos.

 

Tabela 02 – Nível de Escolaridade

 

Frequência

Porcentagem

Sem escolaridade

00

00%

Ensino fundamental incompleto

09

13%

Ensino fundamental completo

06

09%

Ensino médio incompleto

06

09%

Ensino médio completo

22

32%

Superior incompleto

09

13%

Superior completo

13

19%

Especialização

04

06%

Mestrado

00

00%

Doutorado

00

00%

Total

69

100%

 

Com relação ao nível de escolaridade dos entrevistados, de acordo com a tabela e gráfico 02, a maioria dos microempresários possui apenas ensino médio completo, os demais distribuem-se entre ensino fundamental até a especialização, não foi encontrado pessoas sem escolaridade, com mestrado e doutorado.

 

Tabela 03 – Faixa Etária

 

Frequência

Porcentagem

Menos de 25 anos;

06

09%

Entre 25 e 29 anos;

11

16%

Entre 30 e 34 anos;

15

22%

Entre 35 e 39 anos;

07

10%

Entre 40 e 44 anos;

12

17%

Entre 45 e 49 anos;

11

16%

Acima de 50 anos.

07

10%

Total

69

100%

 

 

A faixa etária dos participantes ficou bastante distribuída, tendo uma leve concentração nas pessoas entre 30 e 34 anos como mostra a tabela e o gráfico 03.

 

Tabela 04 – Como você avalia o seu nível de conhecimentos sobre os problemas ambientais atuais?

 

Frequência

Porcentagem

Péssimo

03

04%

Ruim

04

06%

Regular

23

33%

Bom

35

51%

Ótimo

04

06%

Total

69

100%

 

           

Em relação a auto avaliação dos participantes, observou-se na tabela e gráfico 04 que a maioria deles classifica-se como bom, e na sequencia a maioria enquadra se próprio conhecimento como regular, os demais, pulverizam-se entre péssimo, ruim e ótimo.

 

 

Tabela 05 – Com que Frequência você procura se informar a respeito de meio ambiente e práticas sustentáveis?

 

Frequência

Porcentagem

Não procuro me informar

14

20%

Uma vez por mês

17

25%

Menos de uma vez por semana

13

19%

Mais de uma vez por semana

11

16%

Todos os dias

14

20%

Total

69

100%

 

            Nesse caso, pode-se notar na tabela e gráfico 05 que os entrevistados ficaram bastante divididos em relação à frequência com a qual, buscam se informar a respeito das práticas sustentáveis. As respostas apresentadas foram distribuídas quase que igualitariamente entre os que se informam diariamente, os que se informam com menos frequência e os que não costumam se informar.

 

Tabela 06 – Como você se enquadra em relação a práticas sustentáveis?

 

Frequência

Porcentagem

Péssimo

02

03%

Ruim

03

04%

Regular

25

33%

Bom

36

52%

Ótimo

03

04%

Total

69

100%

 

 

Observa-se na tabela e gráfico 06  que a grande maioria dos microempresários dizem enquadrar-se como, regulares e bons, seu desempenho com práticas sustentáveis.

 

Tabela 07 – Como você classifica o nível dos procedimentos implementados na Gestão Ambiental na sua empresa?

 

Frequência

Porcentagem

Péssimo

01

01%

Ruim

02

03%

Regular

28

41%

Bom

33

48%

Ótimo

05

07%

Total

69

100%

 

 

Seguindo o mesmo padrão das rotinas pessoais dos microempresários, eles também afirmam que as práticas sustentáveis dentro de suas empresas, estão classificadas na grande maioria com regular e bom como pode verificar-se na tabela e no gráfico 07.

 

Tabela 08 – Assinale as razões para adoção de práticas de Gestão Ambiental.

 

Frequência

Atender à exigência para licenciamento

22

Atender regulamentos ambientais apontados por fiscalização

26

Reduzir custos

14

Aumentar a competitividade dos produtos

09

Estar em conformidade com a política social da empresa

19

Melhorar a imagem perante a sociedade

26

Total

 

 

Entre as razões para adoção das práticas sustentáveis, foi possível notar que destacam-se a opção de atender os requisitos apontados por fiscalização, e melhorar  imagem perante a sociedade, posteriormente pode verificar a intenção de estar em conformidade com a política social da empresa e atender exigências para licenciamento conforme a tabela e o gráfico 08.

 

Tabela 09 – De onde vem a ideia para as soluções ambientais

 

Frequência

Geralmente desenvolvidas no próprio estabelecimento com seus técnicos

08

Geralmente definidas em outros segmentos da empresa

02

Utilizando consultoria

06

Com apoio de técnicos dos órgãos ambientais

31

Com apoio de técnicos dos órgãos ambientais

22

Não soluciona

02

Total

 

 

 

De acordo com estas informações, pode observar-se na tabela e gráfico 09 que as ideias para o funcionamento das práticas adotadas vem dos técnicos dos próprios órgãos ambientais.

 

 

Tabela 10 – A sua empresa possui relacionamento com Órgãos Ambientais? Quais?

 

Frequência

Fiscalização

21

Licenciamento Ambiental

11

Acordo entre as partes (termo de compromisso de conduta)

05

Medidades compensatórias

06

Nenhum

28

Total

 

 

 

Os empresários na sua maioria dizem não possuir nenhum tipo de relacionamento com qualquer tipo de órgão ambiental, os quais dizem possuir, apontam ser os responsáveis pela fiscalização, como visto na tabela e gráfico 10.

 

Tabela 11 – Situação da empresa em relação a multas ambientais

 

Frequência

Porcentagem

Sim, já foi multado

02

03%

Não, nunca foi multado

67

97%

Total

69

100%

 

 

Com relação ainda as fiscalizações realizadas nos estabelecimentos, conforme tabela e gráfico 11, quase que todos os empresários afirmam nunca terem sido multado, apenas 2, de um total de 69 participantes dizem ter levado multa alguma vez.

 

 

Tabela 12 – Razões que dificultam as soluções de problemas ambientais

 

Frequência

Não dispor de informações sobre as soluções técnicas

25

Não saber quanto custam estas soluções

04

Não dispor de financiamento de instituições financeiras, de pesquisa para implantar as soluções

13

Não apresentar uma prioridade da gestão

14

Não houve qualquer dificuldade

17

Total

 

 

 

Na tabela e gráfico 12 pode-se observar que a razão que mais dificulta no momento de colocar em prática tais situações é não dispor de informações sobre as soluções técnicas, ou seja, os empresários não tem conhecimento como funciona o procedimento para adotar e colocar em prática as soluções ambientalmente corretas.

 

Tabela 13 – Quais são suas expectativas futuras sobre Gestão Ambiental?

 

Frequência

Continuar a expansão do programa de controle ambiental

20

Aperfeiçoar procedimentos de gestão ambiental

25

Habilitação do estabelecimento para rotulagem ambiental

05

Usar a imagem ambiental da empresa para fins de marketing institucional

14

Não existe qualquer objetivo ainda definido

18

Total

 

 

 

É possível identificar na tabela e no gráfico 13 que ficaram equilibradas as opiniões quanto aos que pretendem aperfeiçoar e expandir as práticas de gestão ambiental, com os que ainda não possuem qualquer tipo de objetivo definido ainda.

 

Tabela 14 – Qual a sua intenção quanto a investimentos futuros em Gestão Ambiental

 

Frequência

Sistemas de disposição de resíduos sólidos

06

Adoção de tecnologias ou procedimentos para reduzir ruídos

07

Adoção de tecnologias ou procedimentos de conservação de energia

16

Adoção de tecnologias ou procedimentos de conservação ou recuperação de água

20

Adoção de tecnologias para melhoria do projeto, design e embalagem do produto

08

Cursos ou treinamentos da mão de obra para gestão ambiental

22

Não pretende realizar qualquer investimento ambiental neste período

04

Nenhuma

07

Total

 

 

 

Finalizando as questões, como pode ser visto na tabela e gráfico 14, os empresários dizem que seus investimentos futuros em relação a sustentabilidade vão principalmente para conservação da energia e da água, e cursos e treinamentos da mão de obra para gestão ambiental.

 

 

5. Considerações Finais

 

O objetivo do presente trabalho foi evidenciar a utilização de procedimentos de práticas de Gestão Ambiental no contexto das Micro e Pequenas Empresas da Região Centro-Oeste do Paraná, com base na análise dos dados encontrados por meio da aplicação de questionários para 69 empresários, verificou-se que o perfil dos micro e pequenos empresários da região centro-oeste do Paraná, possui  idades variadas com relação à faixa etária, seus níveis de escolaridade estão concentrados nos que possuem apenas ensino médio completo, tendo alguns casos de especialização e alguns com o ensino fundamental e, suas empresas, possuem na maioria entre 1 a 5 anos de tempo de existência no mercado. Tendo como base o assunto Gestão Ambiental abordado, os participantes afirmam que seus conhecimentos são considerados bons em relação ao tema, mesmo não apresentando um maior interesse em se informar sobre o assunto.

Diante do exposto, conclui-se que as micro e pequenas empresas estudadas, não possuem programas de Gestão Ambiental em prática, porém, elas não se isentam das responsabilidades ambientalmente corretas, foi possível identificar que as práticas sustentáveis que existem hoje nestas organizações são somente para atender requisitos básicos apontados por fiscalização e órgãos vigentes, não permitindo chegar ao ponto de haver problemas com autuações, mas práticas sustentáveis estas, que apenas minimizam as agressões contra o meio ambiente,  as entidades não realizam um trabalho mais focado e que realmente possa trazer um retorno favorável. A falta de informação e uma equipe técnica a disposição, bem como a falta de recursos para investimentos são as causas visíveis pela qual esse processo não tem seu lugar de destaque. As organizações hoje, tendem a “culpar” as dificuldades encontradas como forma de se justificar por não implementarem um sistema de gestão ambiental eficiente, a causa exige comprometimento e uma postura responsável, que deveria começar com atividades rotineiras básicas como cuidados com energia elétrica, água e reutilização de materiais, que além de preservar o meio ambiente, também auxiliam na redução de custos e assim dar sustentação a um projeto com maiores proporções.

Por fim, verificou-se que os empresários não dispõem de uma visão estratégica com relação ao assunto,  notou-se ausência de programação ou até mesmo intenção de adoção de práticas ambientalmente corretas, são poucos os que pretendem aperfeiçoar as práticas e consolidar um projeto de gestão ambiental.

 

Referencias

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COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em administração. 7 ed. Porto Alegre: Bookan,2003.

DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

FACULDADES BOM JESUS. Economia Empresarial / Fae Business School. Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, 2002 70p. (Coleção Gestão Empresarial).

GRAYSON, David; HODGES, Adrian. Compromisso social e gestão empresarial. tradutores Carlos Mendes Rosa, Cesar Taylor, Mônica Tambelli. São Paulo: Publifolha, 2002.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. 3 reimpr. São Paulo: Atlas, 2010.

SILVA, Enedina Maria Teixeira da; MACAGNAN, Silvia Regina Sasso; GUMA, Adriano Christ; SILVA, Claudete Trevisan da; Sistema de gestão ambiental, um novo desafio para as empresas do Corede Alto do Jacuí. Disponível em http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/uruguay30/BR10561_GUMA.pdf. Acesso em 03 de abril 2013.

SILVA, E.J.; MOROZINI, J.F. Fundamentos e técnicas de pesquisa em contabilidade. São Paulo: All Print, 2005

Ilustrações: Silvana Santos