Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/12/2013 (Nº 46) NECESSIDADE DE PROPOSTAS PARA GERENCIAMENTO DE LÂMPADAS FLUORESCENTES DOMICILIARES NO BRASIL
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NECESSIDADE DE PROPOSTAS PARA GERENCIAMENTO DE LÂMPADAS FLUORESCENTES DOMICILIARES NO BRASIL

Samilla Rosana Moreira Marinheiro Chaves

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RESUMO                                                

A utilização de lâmpadas fluorescentes é uma realidade crescente, uma vez que o uso dela pode se perceber economia com relação ao consumo de energia. E esse crescente aumento no uso tanto pode ser percebido no ambiente domiciliar como empresarial. Tanto para empresa como para residência elas são significado de economia e qualidade de iluminação tem maior vida útil que as lâmpadas incandescentes e sendo que ser menos substituídas. Porém o que poucos têm conhecimento é que se trata de um utensílio que quando descartado de modo incorreto pode ocasionar males de proporções imensas. Uma vez que o mercúrio é um item que está presente na composição das lâmpadas fluorescentes, ele por sua vez é altamente tóxico, tanto ao meio ambiente como ao homem. E ainda nosso país não possui politicas públicas específicas para o tratamento de resíduos dessa natureza. Sendo assim, levanta-se uma necessidade de formular propostas para o gerenciamento das lâmpadas fluorescentes principalmente no ambiente residencial.

 

Palavras-chave: Lâmpadas. Fluorescentes. Mercúrio. Políticas-públicas. Tóxico.

 

1 INTRODUÇÃO

A utilização das lâmpadas fluorescentes vem crescendo tanto no ambiente empresarial como domiciliar. Porém não existem políticas públicas adequadas para o gerenciamento de resíduos dessa natureza, onde na grande maioria depois do seu uso o descarte é feito em lixões junto com os demais resíduos produzidos em uma residência ou empresa.

Esta pesquisa, realizada através de revisão bibliográfica, principalmente pela internet, procurado detectarem propostas existentes para o gerenciamento dos resíduos de lâmpadas fluorescentes como também os males ocasionados pelo mercúrio um dos elementos presentes na composição dessas lâmpadas. As informações foram então analisadas, levando em consideração a existência ou não de políticas públicas para o gerenciamento de resíduos tóxicos dessa natureza.

2     REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1 A lâmpada fluorescente

 

Segundo Zanicheli; et. al. (2004) a lâmpada foi criada por Thomas Edson, que hoje chamamos de “lâmpada incandescente”. Posteriormente com a evolução tecnológica chegamos á lâmpada fluorescente, inventada em 1938, “cujo nome técnico é lâmpada de mercúrio de baixa pressão, é responsável por 70% da luz artificial hoje presente no mundo.” (NAIME, GARCIA, 2004, p.2)

O que marca a substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes é o fato da qualidade da luz e da economia de energia que uma faz em relação á outra. Dessa forma, considera-se:

 

A lâmpada originalmente desenvolvida por Thomas Edson, que hoje conhecemos como “lâmpada incandescente”, utiliza um processo de irradiação termal, que consiste no aquecimento de um filamento de tungstênio ou no aquecimento dum filamento de tungstênio e um gás (halogéno). A corrente passa por um condutor de modo a aquecê-lo o máximo possível. Este aquecimento do filamento é convertido em luz quando o mesmo “incandesce”. Porém, tal processo possui uma eficiência energética baixa, uma vez que a dissipação de parte da energia elétrica sob a forma de calor, e não de luz, é inerente ao processo. (ZANICHELI, et al. 2004, p.2)

 

Segundo Zanicheli; et al. (2004) as lâmpadas incandescentes produz muito calor, em contra partida as lâmpadas fluorescentes transforma em luz toda energia recebida e podendo render até cindo vezes mais que as outras.

De acordo com Júnior; Windmöller (2008) as lâmpadas fluorescentes tem vários matérias em sua composição como: alumínio, vidro, mercúrio e outros. Sendo o Mercúrio o elemento que mais se devem ter cuidados.

2.2 O mercúrio

 

 

Entendendo um pouco sobre o mercúrio:

 

O mercúrio (Hg) é um metal líquido e inodoro à temperatura ambiente, mas quando a temperatura aumenta transforma-se em vapores tóxicos e corrosivos mais densos do que o ar. Este metal vem sendo usado na indústria e na medicina desde há séculos. O seu nome homenageia o Deus grego Mercúrio, mensageiro dos deuses, lembrando a fluidez do metal. O símbolo Hg vem do latim “hydrargyrum” (hydor que significa “água” e argyros que era o nome grego da “prata”), que significa prata líquida. O mercúrio é um elemento químico de número atómico 80 e massa atómica 200,59 (massa atómica relativa ao átomo de carbono-12 e recomendada pela IUPAC em 2001). Em conjunto com o gálio são os únicos metais líquidos à temperatura ambiente. Pertence ao grupo 12 (anteriormente designado de 2B), integrando a classe dos metais de transição. Pode ainda ser encontrado em termómetros e medidores pressão arterial utilizados nos hospitais e, comercialmente, em baterias, luz fluorescente e interruptores (CLARKSON et al., 2003, apud CUNHA, 2008, p.1)

 

 

De acordo com Junior e Windmöller (2008) o mercúrio ainda pode ser encontrado em termômetros, baterias e outros.

Pode-se entender um pouco do mercúrio e da sua aplicação na indústria, comércio e residência. Porém o que se sabe é que ele é um material altamente tóxico. Dessa forma deduz-se que:

Os riscos toxicológicos da presença de mercúrio no ambiente são relevantes no Brasil, em muitas áreas, porque existem as fontes humanas, além das naturais. No entanto, ainda é pouco conhecido o ciclo do metal em águas, solos e atmosfera tropicais. (MAURO, GUIMARÃES, 1999, p.70)

 

Segundo a Embrapa o mercúrio é responsável pela contaminação do Pantanal, através de atividades de garimpo.

O mercúrio está presente na natureza, podendo ser encontrado associado a várias situações:

O mercúrio tem uma grande capacidade de se acumular nos organismos vivos ao longo da cadeia alimentar, processo esse conhecido como biomagnificação. Sua toxicidade já é conhecida de longa data, sendo que não se conhece qualquer função do mercúrio que seja essencial ao organismo humano.(SOUZA; BARBOSA, 2008, p.15).

 

Como lembra Sousa; Barbosa (2008) o vapor de mercúrio acaba sendo mais solúvel no sangue do que na água. Podendo penetrar no organismo humano e se depositar-se nos tecidos onde causa vários problemas.

Em mulheres gestantes o mercúrio pode ser transferido da mãe ao feto pela placenta podendo lhe causar problemas neurais. (CUNHA, 2008).

Esse problema pode ser observado não só em fetos em desenvolvimento mais também em indivíduos já adultos que por ventura vierem á exposição ao vapor de mercúrio. (TAUB; 2006).

2.3 O descarte das lâmpadas fluorescentes em lixões e a reciclagem

Entende-se que o impacto que uma única lâmpada geraria ao meio ambiente e considerável desprezível. Porém no Brasil por ano cerca de 50 milhões de lâmpadas é descartadas tornando-se um grande problema. (NAIME; GARCIA, 2004).

            Ainda segundo Naime; Garcia (2004) as lâmpadas fluorescentes no Brasil acaba indo parar em aterros e lixões. Que apenas uma pequena minoria delas recebem o destino correto, as oriundas de empresas que procurando adequação ambiental aderem á reciclagem das mesmas. Quando considera a de origem domiciliar:

Já o uso residencial não tem qualquer política pública voltada para a questão do gerenciamento e por desconhecimento ou desinformação, a população prossegue quebrando as lâmpadas sem quaisquer cuidados, ou misturando as lâmpadas com os demais resíduos não-inertes. Este procedimento é inadequado, pois acaba tornando resíduos perigosos todos os demais itens constituintes do descarte, devido à contaminação de todos.(NAIME; GARCIA, 2004, p.2)

 

Seguindo esse raciocínio deduz que a grande maioria das residências descartam suas lâmpadas em lixões por falta de conhecimento dos perigos e de possibilidade de uma forma correta para trata-las. Sendo a reciclagem é o meio mais adequado para neutralização dos males que as lâmpadas fluorescentes podem causar. (JUNIOR; WINDMOLLER, 2008).

       Junior; Windmoller (2008) afirma que no exterior e até mesmo no Brasil existem várias empresas especializadas na reciclagem de materiais dessa natureza, porém todas de âmbito particular.

       Oliveira afirma que há uma necessidade de gerenciar esse tipo de resíduo devido sua toxicidade.

Segundo Raposo (2001) á uma grande necessidade de formulação e aplicação de uma proposta federal para o gerenciamento das lâmpadas fluorescentes, uma vez já comprovado sua toxicidade e a possibilidade de neutralização desses malefício através da reciclagem da mesma.

 

3     METODOLOGIA

 

Na busca de informações para a fundamentação este trabalho foi utilizado revisão bibliográfica de artigos e trabalhos sobre o tema publicado na internet.

 

4     RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Dentre os resultados observados na pesquisa pode-se verificar que as lâmpadas de baixa pressão são muito mais econômicas que as “incandescentes”, tem vida útil até cinco vezes maior tendo uma qualidade de iluminação superior como lembra (ZANICHELI; et al, 2004).

Tendo em vista tantos benefícios, principalmente orçamentários, é inerente o crescente aumento do consumo desse item, principalmente por meio da sociedade em todos os ramos conhecidos como as indústrias, o comercio e principalmente as residências. No Brasil como afirma (NAIME; GARCIA, 2004). 50 milhões de lâmpadas dessa natureza são descartadas anualmente, em sua grande maioria em aterros e lixões.

Júnior (2004) fala que em consideração a lâmpada intacta ela não é um problema para o homem ou meio ambiente. Porém no processo de destarte inadequado elas acabam quebrando e liberando na atmosfera seu conteúdo. O mercúrio em vapor ele é altamente tóxico, pode contaminar, o solo, a água e a atmosfera causando males principalmente ao homem.

No homem, o mercúrio deposita-se nos diversos tecidos causando lesões graves e doenças. Em estudos já realizados observou-se a contaminação de um subproduto do mercúrio em fetos (TAUB, 2006).

Sabe-se que o mercúrio está presente em vários outros setores da sociedade em outros equipamentos e utensílios. Porem o que nos leva em reflexão é a quantidade de lâmpadas que tem em sua composição mercúrio, e como elas são descartadas como resíduo domiciliar comum, sem seus devidos cuidados.

Naime; Garcia (2004) esclarece sobre a possibilidade da reciclagem total dos itens da lâmpada fluorescente, chegando a reutilizar todos os componentes, porém essa iniciativa é cara e de pouco acesso, principalmente por parte da grande massa, uma vez por falta de informação e de consciência da situação.

Alguma iniciativa de reciclagem pode ser notada no ambiente empresarial, por meio de qualificação ambiental no gerenciamento de resíduos. Mas em vista do consumo domiciliar ainda ser maior que a industrial, o risco ambiental ainda é muito grande.

Tudo isso ainda agrava pela falta de políticas públicas adequadas que gerencie esse tipo de resíduo de acordo com a importância que ele merece.

 

5     CONCLUSÃO

 

As lâmpadas chamadas fluorescentes são bem mais econômicas em vista das “incandescentes”, podendo chegar a uma vida útil ate cinco vezes maior oferecendo ainda uma qualidade de iluminação muito superior. Por isso o crescente aumento da substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes.

O conhecimento que a população tem sobre a toxicidade do mercúrio presente na composição das lâmpadas fluorescentes ainda é muito pequeno. Gerando assim um descarte inadequado desse mesmo item, quando sua vida útil termina.

Na grande maioria das lâmpadas consumidas seu descarte ocorre em lixões e aterros, vindo a contaminar lenções freáticos, o solo, a atmosfera e causando males ao homem.

A ideia da reciclagem aparece como uma forma boa para gerenciar esse tipo de resíduo, porém pela falta de politicas publicas adequada muito pouco pode ser feito.

A reciclagem existe, por empresas particulares que cobram pelo serviço. Algumas empresas no Brasil oferece esse serviço, mais ainda é um tanto desconhecido pela grande maioria da população.

Ela deveria ser mais bem informada quanto aos males ocasionada pela toxicidade do mercúrio principalmente para o homem.

O mercúrio pode se unir á vários tecidos do organismo humano, causando lesões e várias doenças. Em mulheres gestantes quando expostas à ele o feto pode sofrer sérias deformações neurais.

Ele pode estar presente em vários equipamentos de utilidade ao homem, desde um simples termômetros a complexos equipamentos de pressão sanguínea.

É um metal, líquido que pode facilmente entrar em contato com vários ambiente por diversos tipos de uso.

Constata-se a importância da formulação de politicas públicas em âmbito federal, que tratem as lâmpadas fluorescentes como um resíduo tóxico. Empregando assim, um gerenciamento mais correto tanto por parte das empresas como especialmente pelos domicílios. Reduzindo assim, a exposição aos riscos do mercúrio.

                                                                                                   

6     REFERÊNCIAS

 

 

CUNHA, Elisabete da S. Interacção entre Mercúrio e Sistemas Biológicos. 2008. 55 f. Dissertação (Doutorado Ciências Biomédicas) - Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto, 2008. Disponivel em:< http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/9169/2/Tese%20MCunha.pdf>

 

 

EMBRAPA.. Disponível em: < http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/download.php?arq_pdf=ADM073> Acesso em 22 set. 2011.

 

JUNIOR, Walter A. D; WINDMOLLER, Cláudia C. A questão do mercúrio em lâmpadas fluorescentes.  Química nova na escola, n.28, p. 15-19, 2008. Disponível em:< http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc28/04-QS-4006.pdf> Acesso em: 20 set. 2013.

 

MAURO, Jane B. N; GUIMARÃES, Jean R. D; MELAMED, Ricardo. Aguapé agrava contaminação por mercúrio. Ciência Hoje. V. 25, n.150, p, 68-71, jun.1999. Disponível em:.Acesso em: 19 set. 2013.

 

 

NAIME, Roberto; GARCIA, Ana C. Proposta para o gerenciamento dos resíduos de lâmpadas fluorescentes. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.6, n.1, p. 1-6, dez. 2004. Disponível em: acesso em: 20 de setembro de 2011.

 

 

OLIVEIRA, Marcos R; et al. Gerenciamento de lâmpadas fluorescentes  IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, p. 980-984.

Disponível em: <http://biblioteca.univap.br/dados/INIC/cd/inic/IC6%20anais/IC6-106.PDF>. Acesso em: 20 set. 2013.

 

 

RAPOSO, Claudio. Contaminação ambiental provocada pelo descarte não-controlado de lâmpadas de mercúrio no Brasil. 2001. 202 f. Tese (Doutorado em Geologia) - Universidade Federal de Ouro Preto, Belo Horizonte, 2001.

 

 

SOUSA, Jurandir R.; BARBOSA, Antonio C. Contaminação por mercúrio e o caso da Amazônia. Química Nova, n.12, nov. 2000.

 

 

TAUB, Anita. Aplicação da neuropsicologia na pesquisa experimental: o exemplo da intoxicação por vapor de mercúrio. Psicologia USP, 2006, 17(4), 287-300. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pusp/v17n4/v17n4a15.pdf>. Acesso em 10 set. 2013.

 

 

ZANICHELI, Claudia; et al. Reciclagem de lâmpadas Aspectos Ambientais e Tecnológicos. Pontificia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas Ambientais e de Tecnologias de engenha Ambiental. Campinas, 21 p. nov.2004.

 

Ilustrações: Silvana Santos