Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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31/05/2013 (Nº 44) AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE INSTITUCIONAL NO DESENVOLVIMENTO DA COLETA SELETIVA NO IF SUDESTE MG – CÂMPUS BARBACENA
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AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE INSTITUCIONAL NO DESENVOLVIMENTO DA COLETA SELETIVA NO IF SUDESTE MG – CÂMPUS BARBACENA

 

Rejane de Fátima Coelho

Tecnóloga em Gestão Ambiental formada pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Câmpus Barbacena

e-mail: rejaneard@yahoo.com.br

Cássia Ferreira Guimarães da Silva

Aluna do Curso Superior de Tecnologia em Logística - Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Câmpus São João Del Rey

e-mail: cassiafgsilva@yahoo.com.br

Eduardo Sales Machado Borges

Professor - Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Câmpus Barbacena

e-mail: eduardo.borges@ifsudestemg.edu.br

Elisângela de Paiva Melo Lima

Professora - Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Câmpus Barbacena

e-mail: elisangela.paiva@ifsudestemg.edu.br

Patrícia Cappuccio de Resende

Técnica em Assuntos Educacionais – Instituto Federal de Minas Gerais

e-mail: patricia.resende@ifmg.edu.br

 

 

Resumo

A crescente geração de resíduos sólidos e os impactos causados pela destinação inadequada destes são alguns dos grandes desafios enfrentados pela sociedade atual. Enquanto políticas de minimização e de não geração de resíduos não são implantadas, a prática da reciclagem vem sendo bastante utilizada. Pois, além de retornar ao ciclo produtivo materiais antes descartados como algo sem valor, ainda pode gerar trabalho e renda para muitos catadores de materiais recicláveis. Visto isso, o objetivo do presente estudo consistiu em avaliar a participação de alunos e funcionários do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Câmpus Barbacena (IF Sudeste MG – Câmpus Barbacena) no desenvolvimento da coleta seletiva. Para realizar esta avaliação foram feitas: a caracterização da infraestrutura existente para a prática da coleta seletiva no câmpus, a caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos dispostos nos cestos para a coleta seletiva e a avaliação da percepção da comunidade institucional por meio de um questionário relacionado à coleta seletiva. Notou-se que 69% dos ambientes são adequados para a prática da coleta seletiva, e que 64% dos alunos e 84% dos funcionários sabem como participar da coleta seletiva. No entanto, percebeu-se que os resíduos não vêm sendo descartados de forma correta. Um exemplo deste descarte incorreto é que nos cestos de plástico da instituição foram encontrados 41% de papel e apenas 36% de plástico. Por fim, recomenda-se, dentre outras ações, que os servidores e alunos repensem sua participação na prática da coleta seletiva.

 

Palavras-chave: coleta seletiva, gestão de resíduos, educação ambiental.

 

1.    Introdução/Justificativa

            O crescimento populacional, somado aos crescentes avanços da tecnologia, tem provocado uma demanda de bens de consumo, gerando um aumento significativo de produtos descartáveis, uma concentração exacerbada de resíduos sólidos e consequentemente a degradação do meio ambiente. Diante dessa realidade, a nova cultura da reciclagem apresenta-se como um fenômeno urbano, social e econômico, tão relevante que merece uma investigação interdisciplinar (ZATTERA et al., 2008).

            Segundo Vilhena & D’Almeida (2000), citado por Hisatugo & Júnior (2007), um processo de extrema importância para o sucesso da reciclagem é a coleta seletiva de lixo, que compreende a separação e coleta de materiais recicláveis na fonte geradora.

            Todavia, os programas de reciclagem devem ser cuidadosamente projetados para que um eventual fracasso não cause uma sensação de frustração na população, o que poderia desperdiçar irremediavelmente uma ferramenta de grande potencial. Programas muitos pretensiosos, mal projetados e com um grande número de itens a serem reciclados, podem resultar em uma contaminação excessiva dos produtos e também em altos custos (TENÓRIO & ESPINOSA, 2004 apud CAVALCANTI et al., 2008).

            Segundo Alves & Santos (2009), a coleta seletiva traz várias vantagens para o processo da reciclagem ou reuso, pois melhora a qualidade dos materiais, diminui a geração de rejeitos, exige menor área de instalação das usinas e menores gastos com a instalação de equipamentos de separação, lavagem e secagem dos resíduos. Entretanto, um bom programa de coleta seletiva vai muito além do ato de se adquirir os recipientes apropriados para tal - aqueles com as cores padronizadas: verde, vermelho, azul e amarelo - e fixá-los em locais considerados visíveis.

            Implementar a coleta seletiva de resíduos sólidos implica trabalhar vários conceitos e aspectos que vão da cultura à mudança de paradigmas. Implica mudar a visão que as pessoas ainda têm em relação ao que produzem e descartam diariamente em suas residências, no trabalho, durante o lazer, etc (ALVES & SANTOS, 2009).

            Segundo JACOBUCCI e JACOBUCCI (2007), para que um sistema de coleta seletiva seja eficaz, é indispensável a avaliação de todo o processo, desde a infraestrutura disponível para tal prática até a coleta e destinação final dos materiais recolhidos, passando pela prática do descarte do resíduo, por parte do gerador de lixo (cada cidadão). Especificamente sobre o gerador do lixo, AQUINO (2008) ressalta que este é quem realmente pratica e viabiliza o recolhimento selecionado de resíduos. Portanto, na coleta seletiva fatores como o tipo de resíduo e o volume gerado, bem como o tipo de recipiente instalado e o conhecimento adquirido pelos participantes da coleta deverão ser avaliados, uma vez que irão influenciar no resultado final desta prática. Adicionalmente, elementos como estes são considerados como bons indicadores para avaliação de desempenho em programas de coleta seletiva (CAMPANI et al., 2009).

            Particularmente, no Câmpus Barbacena, componente do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, iniciou-se a prática da coleta seletiva em março de 2008, posteriormente a estudos e preparo de infraestrutura, realizados entre novembro de 2006 e fevereiro de 2008. Desde então, ações vem sendo desenvolvidas, almejando melhorar tanto a infraestrutura física quanto a prática da coleta seletiva, passando pela fundamental atividade de educação ambiental da comunidade institucional, composta por servidores e alunos.

            Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar a participação da comunidade institucional no desenvolvimento da coleta seletiva nessa instituição. Essa avaliação, como será apresentado posteriormente, foi realizada através da caracterização da infraestrutura para a prática da coleta seletiva, da caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos gerados no câmpus, e da aplicação de questionário à comunidade institucional.

 

2. Objetivo

            Avaliar a participação da comunidade institucional no desenvolvimento da coleta seletiva no IF Sudeste MG – Câmpus Barbacena.

 

3. Metodologia

            A presente pesquisa foi realizada no IF Sudeste MG - Câmpus Barbacena, que juntamente com mais 5 (cinco) câmpus formam o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais. A instituição possui uma área de aproximadamente 479 ha (quatrocentos e setenta e nove hectares), e atualmente oferece 23 (vinte e três) cursos, entre estes cursos técnicos, tecnológicos, licenciaturas, PROEJA e Ensino à Distância.

 

3.1. Caracterização da infraestrutura física

        Primeiramente, todos os ambientes foram visitados com o intuito de verificar a infraestrutura para a prática da coleta seletiva no Câmpus Barbacena. Objetivando uma análise mais detalhada, os ambientes foram divididos em grupos, conforme a descrição a seguir:

1. Departamento de Administração e Planejamento (DAP);

2. Núcleo de Química (NQ);

3. Núcleo de Informática (NI);

4. Biblioteca;

5. Sede;

6. Núcleo de Agricultura (NA);

7. Núcleo de Zootecnia (NZ) e Equoterapia;

8. Núcleo de Indústrias Rurais (NIR) e

9. Outros - Almoxarifado; Posto de Vendas; Laboratório de Solos; Museu; Enfermagem; Oficina; Laticínios; Transportes; Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (FAPE); Ginásio; Piscina; EAD (Ensino a Distância) e Alojamento.

            Nesta caracterização, foi observada a existência e o número de coletores, se esses são adequados para a prática da coleta seletiva e se atendiam a todas as necessidades dos ambientes.

 

3.2. Caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos

            A caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos foi realizada entre Dezembro de 2010 e Março de 2011. Decidiu-se por não se trabalhar com amostragem, mas sim coletar e caracterizar todo o resíduo gerado em cada setor durante 1 (um) dia. Portanto, a caracterização foi realizada a partir de todos os coletores seletivos existentes nos ambientes internos da instituição, os quais representam um total de 125 coletores. Tais coletores apresentavam subdivisões para disposição de papel, plástico e metal, estes sempre com identificação nominal do tipo de resíduo a ser disposto, como também nas cores padrão, conforme Resolução n°275 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), para a prática da coleta seletiva (cores e tipos de resíduos relacionados à coleta seletiva).

            Para a caracterização, foram usados balança de precisão (Pesola), com capacidade de 1000g e precisão de 10g, sacos de lixo, etiquetas de identificação, prancheta para anotação, e luvas de procedimento para proteção individual. Todo o material encontrado em cada cesto, de papel, de plástico e de metal, foi separado e, posteriormente, pesado. Tal procedimento almejou determinar, por cesto, a composição gravimétrica dos resíduos. Por exemplo, em um cesto de papel, no qual foi encontrado papel, plástico e orgânico, cada tipo de material foi separado e pesado.

            Os resíduos foram separados em papel, plástico, metal, orgânico e outros. Assim como JÚNIOR (2005), optou-se por classificar como “outros”, todo o material que não se enquadrou na lista dos componentes acima citados.

            Após ter sido realizada a caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos dos ambientes internos, foi feita uma análise dos resultados obtidos em cada grupo, e comparando estes concluiu-se que os grupos que apresentavam a melhor e a pior disposição dos resíduos, respectivamente, foram o grupo 4 (Biblioteca) e 7 (Núcleo de Zootecnia e Equoterapia). Partindo dessa observação, decidiu-se por fazer a caracterização qualitativa e quantitativa dos coletores externos desses ambientes. Na realização da caracterização dos resíduos desses coletores foram utilizados os mesmos materiais utilizados na caracterização dos coletores internos, exceto a balança, que nesse caso, devido ao volume dos resíduos ser maior, foi usada uma balança analógica com capacidade de 5000 g e subdivisão de 20g.

            Na sequência, os dados foram inseridos em planilhas eletrônicas, analisando-se o quanto cada fração representava frente ao todo encontrado em cada cesto. Ou seja, calculou-se o percentual em peso de cada fração componente da massa total encontrada em cada cesto (Composição Gravimétrica).

 

3.3. Percepção da comunidade institucional

            Com o intuito de complementar os dados e informações coletados, submeteu-se um questionário aos alunos e servidores do Câmpus Barbacena. O objetivo desse instrumento foi o de avaliar o nível de conhecimento da comunidade institucional sobre a coleta seletiva.

            Os dados coletados foram inseridos em planilhas eletrônicas e analisados estatisticamente e, por fim, apresentados na forma de tabelas e gráficos.

 

4. Resultados e discussão

4.1. Caracterização da infraestrutura física

Após todos os ambientes terem sido visitados, verificou-se que 69% desses possuem infraestrutura adequada para a prática da coleta seletiva e 31% não possuem infraestrutura adequada, como mostra a Figura 1.

Fig. 1: Infraestrutura existente para a coleta seletiva no IF Sudeste MG - Câmpus Barbacena.

 

 

Após ter sido feita a caracterização dos coletores externos verificou-se a existência de vinte e oito desses, sendo que três encontram-se danificados.

 

 

4.2. Caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos

4.2.1. Caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos encontrados nos coletores internos

            Apesar de 69% dos ambientes do câmpus possuírem uma infraestrutura adequada, conforme pode ser visualizado na Figura 1, percebeu-se que, mesmo em ambientes onde os coletores são adequados à prática da coleta seletiva, os resíduos não são descartados de forma correta. A Figura 2 mostra a disposição dos resíduos na instituição, verificada a partir da análise qualitativa dos resíduos.

Fig. 2: Caracterização da disposição dos resíduos no IF Sudeste MG - Câmpus Barbacena.

 

            Analisando-se os resultados apresentados na figura 2, nota-se que:

·                     Nos cestos de papel, encontrou-se 65% de papel, 13% de plástico, 6% de metal, 5% de orgânico e 12% de outros resíduos;

·                     Nos cestos de plástico, encontrou-se 41% de papel, 36% de plástico, 1% de metal, 6% de orgânico e 15% de outros resíduos;

·                     Nos cestos de metal, encontrou-se 33% de papel, 9% de plástico, 32% de metal, 21% de orgânico e 5% de outros resíduos;

            A partir destes resultados, como também da caracterização quantitativa, pode-se notar que o resíduo mais gerado na instituição é o papel (2.681,8 g) e os gerados em menor quantidade são o metal (235 g) e outros (323,9 g).

            De maneira mais específica, apresentam-se os resultados referentes ao Prédio Sede e ao Prédio do Departamento de Administração e Planejamento (DAP). Optou-se por apresentar os resultados desses locais devido ao fato de que a Sede apresenta uma boa representatividade da prática dos alunos e dos professores, visto que é o local onde esses circulam em maior quantidade; e o DAP é o ambiente onde há maior circulação de servidores técnico-administrativos, por se tratar de um departamento administrativo.

            E ainda apresentam-se os resultados referentes à Biblioteca e ao NZ e Equoterapia pelo fato de esses apresentarem, respectivamente, a melhor e a pior disposição dos resíduos nos coletores.

            Na área administrativa da Sede, os resíduos recolhidos nos cestos para a prática da coleta seletiva apresentaram a seguinte caracterização:

Fig. 3: Caracterização da disposição dos resíduos da área administrativa da Sede.

 

·                     Nos cestos de papel, encontrou-se 81% de papel, 10% de plástico, 0% de metal, 7% de orgânico e 2% de outros resíduos.

·                     Nos cestos de plástico, encontrou-se 36% de papel, 55% de plástico, 2% de metal, 7% de orgânico e 0% de outros resíduos.

·                     Nos cestos de metal, encontrou-se 55% de papel, 0% de plástico, 13% de metal, 33% de orgânico e 0% de outros.

 

            Já na área em que os alunos têm acesso, a caracterização dos resíduos presentes nos coletores foi a seguinte:

Fig. 4: Caracterização da disposição dos resíduos da área frequentada por alunos na Sede.

 

·                     Nos cestos de papel, encontrou-se 56% de papel, 21% de plástico, 2% de metal, 0% de orgânico e 21% de outros resíduos.

·                     Nos cestos de plástico, encontrou-se 10% de papel, 54% de plástico, 5% de metal, 10% de orgânico e 20% de outros resíduos.

·                     Nos cestos de metal, encontrou-se 31% de papel, 43% de plástico, 1% de metal, 16% de orgânico e 10% de outros.

 

            Referente ao Departamento de Administração e Planejamento (DAP), os resíduos recolhidos nos cestos para a prática da coleta seletiva apresentaram a seguinte caracterização:

Fig. 5: Caracterização da disposição dos resíduos da área administrativa do DAP.

 

·                     Nos cestos de papel, encontrou-se 82% de papel, 5% de plástico, 0% de metal, 4% de orgânico e 8% de outros.

·                     Nos cestos de plástico, encontrou-se 50% de papel, 25% de plástico, 6% de metal, 9% de orgânico e 11% de outros.

·                     Nos cestos de metal, não foi encontrado nenhum resíduo.

 

Na área administrativa da Biblioteca, os resíduos recolhidos nos cestos para coleta seletiva apresentaram a seguinte caracterização qualitativa:

Fig. 6: Caracterização da disposição dos resíduos da área administrativa da Biblioteca.

 

·                     No cesto de papel, encontrou-se 100% de papel, 0% de plástico, 0% de metal, 0% de orgânico e 0% de outros resíduos.

·                     No cesto de plástico, encontrou-se 98,3% de papel, 1,7% de plástico, 0% de metal, 0% de orgânico e 0% de outros resíduos.

·                     No cesto de metal, não foi encontrado nenhum resíduo.

Já na área em que os alunos têm acesso, a caracterização dos resíduos presentes nos coletores foi a seguinte:

Fig. 7: Caracterização da disposição dos resíduos da área frequentada por alunos na Biblioteca.

 

 

·                     No cesto de papel, encontrou-se 77% de papel, 2% de plástico, 20% de metal, 0% de orgânico e 1% de outros resíduos.

·                     No cesto de plástico, encontrou-se 3% de papel, 83% de plástico, 0% de metal, 13% de orgânico e 0% de outros resíduos.

·                     No cesto de metal, encontrou-se 10% de papel, 0% de plástico, 40% de metal, 40% de orgânico e 10% de outros.

 

            No Núcleo de Zootecnia (NZ), a caracterização da disposição dos resíduos da área administrativa foi a seguinte:

Fig. 8: Caracterização da disposição dos resíduos da área administrativa do NZ.

 

·                     No cesto de papel, encontrou-se 11% de papel, 22% de plástico, 35% de metal,             23% de orgânico e 10% de outros resíduos.

·                     No cesto de plástico, encontrou-se 25% de papel, 38% de plástico, 0% de metal, 34% de orgânico e 2% de outros resíduos.

·                     No cesto de metal, não foi encontrado nenhum resíduo.

 

Já na parte em que os alunos têm acesso, a caracterização foi a seguinte.

Fig. 9: Caracterização da disposição dos resíduos da área frequentada por alunos no NZ.

 

 

·                     No cesto de papel, encontrou-se 83% de papel, 17% de plástico, 0% de metal, 0% de orgânico e 0% de outros resíduos.

·                     No cesto de plástico, encontrou-se 52% de papel, 48% de plástico, 0% de metal, 0% de orgânico e 0% de outros resíduos.

·                     No cesto de metal, encontrou-se 50% de papel, 0% de plástico, 50% de metal, 0% de orgânico e 0% de outros resíduos.

 

            Visto isso, a partir da caracterização qualitativa e quantitativa, observou-se que tanto alunos quanto servidores não estão fazendo o descarte dos resíduos de forma adequada, pois em todos os setores notou-se a presença de resíduos orgânicos em cestos de resíduos recicláveis e a mistura de tipos de materiais recicláveis entre si. JACOBUCCI e JACOBUCCI (2007) aponta o mesmo problema no Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB), o qual ressalta:

Alguns problemas foram frequentes em todo o período estudado, dos quais pode-se destacar: presença de lixo orgânico em sacos de resíduos reciclável; mistura de tipos de materiais recicláveis entre si... (JACOBUCCI e JACOBUCCI, 2007, p. 9)

            Adicionalmente, segundo AQUINO (2008), de acordo com a metodologia do Projeto Reciclar, da Universidade Federal de Viçosa, um grande problema dessa mistura é que quando uma porção não reciclável é misturada a uma porção de material reciclável, o conjunto torna-se inviável para reciclagem. Tal prática reflete, ainda, a participação inadequada da comunidade institucional no desenvolvimento da coleta seletiva.

 

4.2.2. Caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos encontrados nos coletores externos

            Conforme citado na metodologia, a escolha dos coletores externos caracterizados teve como critério a avaliação do pior e melhor resultados obtidos na caracterização dos coletores internos. Os grupos escolhidos foram: 7) Núcleo de Zootecnia (NZ) e Equoterapia (pior resultado); 4) Biblioteca (melhor resultado).

            A fim de facilitar a comparação dos resíduos dos coletores internos e externos foi feita a junção dos gráficos da caracterização da disposição dos resíduos da área administrativa e da área frequentada por alunos dos grupos 7 e 4, conforme figuras 10 e 11.

 

Fig. 10: Caracterização da disposição dos resíduos dos coletores internos do NZ e Equoterapia

 

 

Fig. 11: Caracterização da disposição dos resíduos dos coletores internos da Biblioteca

 

Nos coletores externos do grupo 7) NZ e Equoterapia, a composição gravimétrica encontrada foi a seguinte:

 

Fig. 12: Caracterização da disposição dos resíduos do coletor externo do NZ e Equoterapia

 

            Comparando o cesto de metal interno (Fig.10) com o externo (Fig.12), percebe-se que no cesto interno os resíduos estão dispostos de maneira correta, já que esse possui apenas metal (100%). No coletor externo foi encontrada uma quantidade maior de resíduos não recicláveis (81%). Analisando esses resultados, observa-se que não houve uma melhora da disposição dos resíduos.

            Comparando o cesto de plástico interno (Fig.10) com o externo (Fig.12), nota-se que não houve uma diferença relevante da disposição dos resíduos destes coletores, uma vez que o resíduo de plástico não prevaleceu em ambos os cestos.

            Comparando o cesto de papel interno (Fig.10) com o externo (Fig.12), observa-se que a disposição do papel no cesto externo (45%) é maior do que no cesto interno (8%). Diante disso, nota-se que houve uma melhora da disposição dos resíduos no coletor externo, para o cesto de papel.

            Já no coletor externo do grupo 4) Biblioteca, a composição gravimétrica encontrada foi a seguinte:

Fig.13: Caracterização da disposição dos resíduos do coletor externo da Biblioteca.

 

 

 

            Comparando o cesto de metal interno (Fig.11) com o externo (Fig.13), nota-se que não houve uma melhora na disposição dos resíduos. No entanto, no coletor interno foi encontrada uma pequena porcentagem de metal (7%), o que não ocorreu no coletor externo, uma vez que, encontrou-se apenas resíduos não recicláveis (100%).

            Comparando o cesto de plástico interno (Fig.11) com o externo (Fig.13), percebe-se uma melhora da disposição dos resíduos no coletor externo, já que a porcentagem dos resíduos de plástico no cesto externo (67%) é maior do que no cesto interno (23%).

            Comparando o cesto de papel interno (Fig.11) com o externo (Fig.13), observa-se que a disposição dos resíduos de papel no cesto externo é satisfatória, uma vez que foi encontrado 100% de papel. E no coletor interno, também foi encontrada uma porcentagem maior de papel (80%).

 

4.3. Percepção da comunidade institucional

            No questionário, que teve como objetivo avaliar a percepção da comunidade institucional referente à prática da coleta seletiva, aplicado à comunidade institucional, foram feitas as seguintes perguntas:

 

1)    Você sabia da existência da coleta seletiva no IF Sudeste MG Câmpus Barbacena?

2)    Você sabe como participar da coleta seletiva?

3)    Na hora de descartar algum resíduo você tem dúvida de qual é o cesto correto?

4)    Você acha que os coletores existentes no Câmpus Barbacena permitem que as pessoas participem de forma adequada da coleta seletiva?

5)    Você já participou de alguma atividade no Câmpus Barbacena sobre educação ambiental para a prática da coleta seletiva?

6)    Você tem interesse em participar da coleta seletiva no Câmpus Barbacena, ou continuar participando, descartando seus resíduos gerados de forma correta nos cestos coletores?

           

            À época da aplicação do questionário, a instituição possuía 1.517 alunos e 295 funcionários. Este foi respondido por 1.150 alunos (76%) e por 206 funcionários (70%). No grupo funcionários estão incluídos os servidores efetivos e os terceirizados.

 

 

Tabela 1: Respostas do questionário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

*NSR: Não Sabe Responder

 

            Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 1, é interessante enfatizar que 88% dos alunos e 95% dos funcionários sabem da existência da coleta seletiva no IF Sudeste MG – Câmpus Barbacena; 64% dos alunos e 84% dos funcionários sabem como participar da coleta seletiva. Entretanto, 32% dos alunos e 29% dos funcionários disseram ter dúvidas de qual é o cesto correto na hora de descartar algum resíduo. Essas dúvidas em relação ao descarte correto dos resíduos não são realidade apenas no IF Câmpus Barbacena. Na pesquisa de NUNESMAIA (1996), 58% dos estudantes apresentaram dificuldades para identificar o tipo de lixo que recebe cada lixeira.

            Adicionalmente, 71% dos alunos e 69% dos funcionários acham que os coletores existentes no Câmpus Barbacena permitem que as pessoas participem de forma adequada da coleta seletiva; 82% dos alunos e 57% dos funcionários disseram nunca ter participado de atividades sobre educação ambiental no câmpus para a prática da coleta seletiva e 88% dos alunos e 96% dos funcionários têm interesse em participar da coleta seletiva no câmpus, ou continuar participando, descartando seus resíduos gerados de forma correta nos cestos coletores.

            Sobre a participação de estudantes em projetos de coleta seletiva, em uma pesquisa na Universidade Estadual de Feira de Santana, NUNESMAIA (1996), observou que 81% dos alunos consideram simples a separação do lixo em sua fonte geradora, embora não procurem destinar os seus resíduos nos cestos coletores adequados. A pesquisadora questionou o que pode levar as pessoas a considerarem simples o sistema e ao mesmo tempo não participarem desse processo. Para a autora, o condicionante cultural é o grande responsável por essa contradição. Em nosso caso, essa explicação também parece ser pertinente, já que culturalmente ainda não está consolidada a prática da coleta seletiva em outros locais nos quais alunos e funcionários do Câmpus Barbacena circulam, como nos espaços públicos da cidade de Barbacena e também no interior de suas próprias residências.

 

 

5. Conclusões/Recomendações

            A partir dos resultados encontrados conclui-se que:

Ø  Grande parte das dependências do IF Sudeste MG – Câmpus Barbacena possui infraestrutura adequada para a prática da coleta seletiva (69%);

Ø  A partir da caracterização dos resíduos, pode-se inferir que a comunidade institucional não está descartando os resíduos sólidos de forma adequada, pois nos coletores específicos não foram encontrados exclusivamente os resíduos desejados;

Ø  A maioria dos alunos (88%) e dos funcionários (95%) sabe da existência da coleta seletiva no Câmpus Barbacena;

Ø  Um número significativo de estudantes (32%) e de funcionários (14%) não sabem como participar da coleta seletiva;

Ø  A maioria dos alunos (82%) e dos funcionários (57%) nunca participou de nenhuma atividade de educação ambiental no câmpus.

            Por fim, conclui-se que muito ainda precisa ser feito para se obter um bom funcionamento do projeto da coleta seletiva na instituição.

            Nesta conjuntura, deve-se levar em conta algumas ações necessárias a serem executadas para melhorar o desempenho do projeto. Algumas dessas ações são citadas abaixo:

Ø  Intensificar os trabalhos de educação ambiental no câmpus, uma vez que é por meio dessa que se conseguirá a sensibilização da comunidade institucional em relação ao correto gerenciamento de resíduos sólidos gerados na instituição;

Ø  É necessário que servidores e alunos repensem suas ações no desenvolvimento da coleta seletiva, tendo em vista que a formação de hábitos para a participação da coleta seletiva é difícil de ser construída;

Ø    Realização de estudos mais específicos, tais como, por exemplo, referentes aos resíduos gerados no refeitório e a outros resíduos; e ainda impactos de atividades de educação ambiental no cotidiano institucional.

 

6. Referências Bibliográficas

AQUINO, D. Educação Ambiental como Ferramenta da Coleta Seletiva na Universidade Federal de Viçosa. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Revista Ponto de Vista, 2008.

 

ALVES, C. B.; SANTOS, G. O. A coleta seletiva de resíduos sólidos: do planejamento à prática. 25° Congresso de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2009.

 

CAMPANI, D. B.; RAMOS, G. G. C.; WARTCHOW, D.; ZANINI, D.; MSARTIN, C. G.    Desenvolvimento de indicadores socioambientais para o programa da coleta seletiva do município de São Leopoldo. Anais do 2° Fórum Internacional de Resíduos Sólidos. Julho 2009. Disponível em: <http://www.institutoventuri.com.br/t015.pdf>.

 

CAVALVANTI, B.; PEDROSA, F.; HENRIQUES, J. M. Experiência do projeto de coleta seletiva na Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP/UPE. Recife – PE, 2008.

 

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução n° 275, de 25 de abril de 2001. Diário Oficial da União n° 117-E, de 19 de junho de 2001, Seção 1, página 80.

 

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Ilustrações: Silvana Santos