Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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31/05/2013 (Nº 44) DINÂMICA DA ECOSOCIOPERCEPÇÃO
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DINÂMICA DA ECOSOCIOPERCEPÇÃO

 

Glória Cristina Cornélio do Nascimento¹

Eduardo Beltrão de Lucena Córdula²

 

¹Mestranda do PRODEMA-UFPB; Licenciada me Biologia pela UFPB; gccornelio@hotmail.com

²Pesquisador do GEPEA-GEPEC do Centro de Educação da UFPB; Licenciado em Biologia pela UFPB; ecordula@hotmail.com

 

                Desenvolver a socialização entre crianças de forma salutar e para o convívio harmonioso é uma tarefa que necessita lançar mão de técnicas e procedimentos diversificados, incluindo-se neste repertório as dinâmicas de grupo e a as atividades lúdicas, que, combinadas, passam a ser de extrema importância na sensibilização de crianças e adolescentes, por criativamente expandir o processo de abstração e entendimento da realidade (CÓRDULA, 2011a).

            As atividades lúdicas são representadas pela utilização dos jogos, brinquedos e dinâmicas, estando presente no dia-a-dia das pessoas, em suas atividades desde o início da humanidade (SANTOS, 2011).

Uma fonte inspiradora para uma dinâmica pode vir das mais inesperadas fontes. Acontecimentos do cotidiano, revistas especializadas, livros etc. Ao lermos o livro o “Alquimista” (COELHO, 1995), nos deparamos com um trecho da obra de ficção, muito curioso, que, adaptado, daria uma excelente dinâmica de grupo sobre percepção, a ser desenvolvido com crianças, estimulando assim, seu olhar sobre o meio a sua volta.

            Na obra em questão, o trecho que nos despertou interesse foi:

 

“Certo mercador enviou seu filho para aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. (...) O Sábio ouviu atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo de explicar-lhe o Segredo da Felicidade. Sugeriu que o rapaz desse um passeio por seu palácio, e voltasse daqui a duas horas. Entretanto quero lhe pedir um favor (...) entregando uma colher de chá, onde pingou duas gotas de óleo – enquanto você estiver caminhando, carregue esta colher sem deixar que o óleo seja derramado” (COELHO, 1995, p.31-32).

 

 

Desenvolvimento

 

            O público alvo foram alunos do ensino fundamental II, do 6° ano do turno da tarde da Escola municipal Major Adolfo Pereira Maia localizada na cidade de Cabedelo, Paraíba. Participaram da dinâmica 14 alunos, sendo 11 meninos e 03 meninas, cuja idade média era de 12 anos.

            O material utilizado foram colheres de plástico, bolas de gude e placas de papel com palavras e imagens coloridas que foram fixadas nos corredores e escadarias da escola (Figura 1), já que, a mesma possui salas de aula no térreo e primeiro andar.

            Primeiramente foi feito um discurso sobre a vida, a falta de atenção ao que está à nossa volta e o quanto deixamos de contemplar o meio que nos envolve. Após este momento, os alunos receberam cada um uma colher de plástico e uma bola de gude e foram orientados a sair da sala de aula e a andar pelos corredores da escola, equilibrando sobre a colher a esfera sem deixá-la cair e, após fazerem todo o percurso, retornarem a sala de aula (Figuras de 2 a 4).

 

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Figura 1 – Material utilizado na dinâmica.

 

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Figura 2 – Início da atividade lúdica da dinâmica. Alunos saindo da sala equilibrando as bolas de gude nas colheres.

 

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Figura 3 – Alunos percorrendo as escadarias da escola e passando pelos cartazes temáticos.


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Figura 4 – Os alunos retornando a sala de aula após a conclusão do percurso pré-estabelecido.

 

No terceiro momento, foi indagado aos alunos se perceberam alguma coisa diferente nos corredores da escola, e se conseguiram perceber o que estava fixado nas paredes. Alguns dos alunos rapidamente falaram que sim, e conseguiram observar os cartazes, enquanto que 70% deles só se preocuparam em equilibrar a bola de gude sobre a colher.

Foi gerado um debate didático com eles (LIBÂNEO, 1994), estimulando-os a comentarem e refletirem sobre as imagens e palavras colocadas nos corredores e escadarias, e que foram mostradas durante este momento, além de abordar temas socioambientes de relevante interesse para a comunidade escolar (CÓRDULA, 2011).

A dinâmica foi muito bem aceita pelos alunos, que, além de se divertirem, houve demonstração de habilidades de equilíbrio, concentração e da própria percepção socioambiental do seu entorno (DIAS, 2004). Além do que, os alunos foram sensibilizados a uma tomada de responsabilidade no desenvolver da atividade e, também, a começarem a perceber e observar atentamente de forma crítica o mundo a sua volta, e não apenas passar por ele, sem interagir com os paradigmas que preocupam a sociedade (CÓRDULA, 2012).

Portanto, este atividade permeada de ludicidade, pode ser utilizada em sala de aula, na escola ou em qualquer outro ambiente (SANTOS, 2011), podendo ter variações nos cartazes, utilização de objetos para demonstração ou mesmo um ambiente que já contenha imagens, formas, cores, texturas etc. e que estimulem a percepção das crianças do seu entorno.

 

 

REFERÊNCIAS

 

COELHO, P. O Alquimista. Rio de Janeiro: Rocco, 1995, 126p.

 

CÓRDULA, E. B. L. Dinâmica da Ecosocialização Compartilhada. Novo Hamburgo-RS, Educação Ambiental em Ação, ano IX, n° 35, março-maio, 2011a. Disponível em: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=978&class=02. Acesso em: 14 mar. 2011.

 

______. Oficinas Ecopedagógicas na Formação do Ecocidadão. Cabedelo, PB: EBLC, 2011b, 64p.

 

______. Ser Humano Holostêmico. Cabedelo, PB: EBLC, 2012, 46p.

 

DIAS, G F. Ecopercepção: um resumo didático dos desafios socioambientais. São Paulo: Gaia, 2004.

 

SANTOS, S. M. P. O Brincar na Escola: metodologia lúdico-vivencial, coletânea de jogos, brinquedos e dinâmicas. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, 108p.

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos