Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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19/09/2003 (Nº 4) A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
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A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO DOS FILHOS

 

                                                                      “Seja você mesmo a mudança que espera ver no mundo”.

                                                                                                              Maratma Ghandi

              

Já ouvimos algumas vezes a seguinte frase: “a escola virou depósito de alunos”. Na verdade não é exatamente assim. O que ocorre muitas  vezes é que pais, por alegarem falta de tempo ou mesmo por desinteresse em  querer se envolver com questões relacionadas com seu filhos na escola, contribuem para que o ditado  se perpetue. Não obstante, existem aqueles pais que também querem fazer da escola uma extensão do seu quarto, sala e até  da cozinha, ou seja, não desgruda um dia da escola, querendo  até sentar-se junto ao filho na sala de aula. Por isso,  o ideal seria: nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

O que torna este comportamento relevante  é o acompanhamento sistemático que os pais devem exercer na escola em que o filho vai estudar,  conhecendo melhor deste as instalações físicas,  passando pelos professores e até mesmo tomar conhecimento do projeto político-pedagógico  que será desenvolvido pela instituição durante o processo educacional,  pois é dentro y de dentro deste ambiente que alunos deverão ser preparados para enfrentar os desafios da vida.. Também se faz necessário manter um bom  e estreito relacionamento com os professores e o pessoal de apoio para que o elo  de ligação esteja  sempre fortalecido.

Este comportamento ou atitude mostra para os responsáveis pela escola que você está se preocupando com o que se passa dentro da instituição em que você confiou a compartilha da educação do seu filho. Já para o filho, a visão é a de que os pais estão preocupados com seus estudos e também acompanhando de perto o comportamento dele dentro da escola. Para os professores e demais funcionários envolvidos diretamente na educação das crianças é uma oportunidade de fortalecer os laços de amizade e de travar contato, transmitindo aos responsáveis pela criança qualquer desvio de conduta, que possa trazer preocupações futuras. Afinal, como alguém um dia disse:  prevenir é melhor do que remediar. Este conjunto de comportamento e ações contribui de forma significativa para a formação da personalidade do aluno, chamando a atenção para o sentido da responsabilidade quando do desenvolvimento de suas atividades, respeitando e se fazendo respeitar por todos que o cercam, zelando pelo  patrimônio da instituição e colocando em prática os verdadeiros valores que devem estar presentes numa sociedade pluralista e justa.

Neste contexto, é muito importante que os pais compareçam à escola, principalmente no início do ano letivo, durante as reuniões de pais e mestres, para se inteirarem do planejamento geral da instituição que será implementado no transcorrer do ano escolar. Más, não podemos nos esquecer de que em outras ocasiões, como por exemplo, festas, comemorações e atividades cívicas são também excelentes momentos para mostrar ao filho que os pais também gostam de se engajarem  também nestas atividades, fortalecendo, desta maneira, os relações de afeto e de amizade com os demais pais ou residentes da comunidade. É necessário, portanto, criar um environment salutar e forte para mostrar à comunidade discente e à própria instituição que também nas atividades culturais/recreativas os pais se fazem presentes.

Os pais têm a oportunidade e por que não dizer o dever de desempenhar a função do primeiro professor dos seus filhos, durante o tempo em que estiverem juntos: uma oportunidade para dialogar e observar como a criança está crescendo e moldando a sua personalidade. Quanto mais próximo da família mais chances de se perceber possíveis desvios de comportamento que poderão causar transtornos futuros.

É importante observar algumas dicas básicas (existem outras mais) para participar de forma positiva na educação dos filhos.

Desenvolver a auto-estima. Saber ouvir os filhos é uma atitude sábia.  Os pais devem falar abertamente com seus filhos.  Respeitar seus pontos de vistas e  elogiá-los no momento e local adequados proporcionam a auto-confiança e eles sentir-se-ão estimados. Concomitantemente,  devem ser repreendidos sempre que as circunstâncias assim os exigirem.

Incentivá-los a compartilhar com vocês de momentos alegres e tristes,  nas conquistas, nas dificuldades, na resolução de problemas e também nas derrotas. Desta forma não pensarão que a vida é um mar de rosas. Afinal, no decorrer de suas vidas irão se defrontar com obstáculos  de toda sorte e que deverão estar preparados para transpô-los. Incluir os filhos nas discussões familiares: os filhos de hoje serão os pais de amanhã; isto significa que quando adultos terão mais  responsabilidades a assumir, dependendo da função ou cargo que irão desempenhar. Se começarem desde cedo entender que isto faz parte da nossa vida, menos dificuldades terão quando adultos.

Seja um modelo positivo para seus filhos, para que se sintam orgulhosos dos pais que têm. Procure mostrá-los desde cedo a diferença entre o bem e  o mal. Apesar de ser muitas vezes difícil de captá-los  em sua essência,  más é possível estabelecer um arcabouço do que seja positivo ou negativo em nossa sociedade, considerando as rápidas e significativas transformações culturais, sociais e econômicas  pelas quais vem passando nossa sociedade nestes últimos tempos.  

Dizer aos filhos que é normal cometer erros. Desde  que possam  tirar exemplos positivos dos mesmos. Ou seja, aprender com os erros. Tente entender o ponto de vista do seu filho. Recorde-se de como você se sentia quando tinha a idade dele. Além dessa grande diferença, as transformações por que passam as pessoas atualmente  fazem com que não tenhamos condições e  tempo suficientes para  entender e refletir satisfatoriamente sobre a verdadeira essência da mensagem que está sendo enviada ou recebida. Ou seja, o ato de digerir a mensagem e absorver seus “nutrientes” não é tarefa nada fácil.

Outro aspecto importante, principalmente na era da informática, é o fato de que os filhos vejam os pais lendo bons jornais, revistas e livros ou fazendo uso de instrumentos educacionais e/ou informativos que possam  contribuir de forma eficaz para  o desenvolvimento  afetivo-cognitivo da criança.

Quando possível levar as crianças aos museus, bibliotecas e a eventos culturais e educativos. Estar em contato com estes eventos e com outras pessoas que compartem estes espaços e momentos é muito importante para ampliar a visão da realidade que nos circunda. Mostrar-se interessado pelas atividades escolares de seu filho, proporcionando ajuda quando for necessário. Ajuda, neste caso, não deve ser entendida como “fazer o dever” para o filhos. Este é um fato interessante porque muitos pais querem demonstrar que o filho  sabe fazer a tarefa e, diante da primeira dificuldade, o responsável, por pena, se transforma no aluno. Temos que pensar quando o filho estiver maior e  se deparar com uma situação em que não há ninguém por perto para dar uma “ajudinha”, ele mesmo deverá ter condições emocionais e de conhecimento para resolver o problema.

Quando for à escola, solicitar informações(relatórios) sobre o filho. Caso esteja ocorrendo algo um pouco mais sério, não hesitar em conversar abertamente com ele ou ela e tentar resolver o problema. Caso não consiga, solicite ajuda da escola ou em último caso  de um especialista no assunto. A criança vai perceber que não está desamparada.

 

                                                     AS FUNÇÕES DA FAMÍLIA

 

As atividades e as relações que ocorrem no seio familiar estão voltadas para a satisfação de importantes necessidades de seus membros, não como indivíduos isolados, mas em estreita dependência, tendo em vista o legado histórico-social presente na cultura. 

Para Alegret (1996)  o conceito família é entendido como o grupo humano primário mais importante da vida do homem.

Ainda o citado autor considera o conceito de função familiar como sendo a inter relação e a transformação real que ocorre no seio da família através de suas relações ou atividades sociais.

Sendo assim, a primeira função familiar a que vamos fazer referência é a função biossocial que compreende a procriação dos filhos, as relações afetivas e sexuais do casal, que proporcionam a estabilidade familiar e a formação emocional dos filhos. Na função biossocial está também presente a transmissão dos valores.

Já a função espiritual-social se incumbe de satisfazer as necessidades culturais de seus membros, proporcionando e divulgando suas expressões culturais. Neste mesma função podemos incluir a educação dos filhos.  Não devemos esquecer também de um momento muito importante para todos nós: o momento religioso. É o instante da alimentação espiritual. Este ato é de  importância fundamental em nossos vidas, e necessário também para  formação da personalidade da criança. Precisamos incorporar esta prática nas escolas desde as séries iniciais.

Quanto à função econômica, segundo Engels, congrega as atividades relacionadas com a reposição da força de trabalho de seus integrantes; o orçamento dos gastos domiciliares confrontados com a renda; as tarefas domésticas relacionadas ao abastecimento, o consumo e a satisfação de uma série de necessidades materiais. A função econômica gira em torno da necessidade de as crianças entenderem desde a tenra idade os postulados da economia do lar: quanto se ganha e quanto se deve gastar e quanto se deve poupar. O ato de poupar (quando possível) é uma atitude positiva, pois o importante não é somente o quanto se ganha mas sim o quanto se poupa. O desperdício de alimentos e produtos utilizados dentro de casa; a má utilização ou a sub utilização dos bens duráveis e de consumo; a busca pelo menor preço (sem perder a qualidade) na hora de comprar. Estes requisitos e outros são importantes e devem ser levados em consideração na hora do planejamento familiar, visando uma melhor aplicação dos recursos financeiros.

Por sua vez a função educativa se produz através de todas as demais funções que  acabamos de mencionar. Propicia a satisfação das necessidades dos membros da família. Desde o momento em que decidimos matricular o filho nesta ou naquela escola, comprar este ou aquele caderno, optar por uma escola que segue uma determina orientação religiosa, ou que seja pública ou privada, estamos aplicando a função educativa. Podemos incluir também como uma extensão da educação familiar, a educação ambiental, que deve permear as nossas ações no cotidiano quando de nosso relacionamento/contato com uma pessoa, um animal, uma árvore, uma montanha, o ar, a

água, um inseto, etc. O cuidado com tudo aquilo que produzimos, usamos e descartamos deve ser redobrado para não gerar formas de poluição que possa prejudicar o meio ambiente. Não podemos negar que fazemos parte deste complexo sistema,  juntamente com nosso lar, nosso quintal, nossos vizinhos. Todos dependem de todos para sobreviver. Uma ação em seu lar poderá afetar o seu vizinho. Portanto, sua ação local trará consequência global.

Está claro, portanto, que as funções familiares que acabamos de mencionar constituem um sistema complexo e intercondicionado, e que sem elas a família não terá bases sólidas para a sua sobrevivência e a perpetuação da  espécie humana . A ruptura ou debilidade em uma destas funções, acarretará uma alteração no sistema como um todo.

Zenobio Eloy Fardin

Graduado em Geografia

Pós-Graduado em Estudo Brasileiros

Mestrando em Educação

E-mail: zenobiofardin@bol.com.br

Telefax: (027)  3336-3418

Ilustrações: Silvana Santos