Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) O CONSUMO EM FOCO: PENSANDO NO CORPO E NA ALMA
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FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL

 

O CONSUMO EM FOCO: PENSANDO NO CORPO E NA ALMA

Leonardo Francisco Stahnke – Biólogo

 

Atualmente temos mais de 7 Bilhões de pessoas no planeta, com uma taxa de natalidade aproximada de dois bebês por segundo. Então inicialmente lhes faço um questionamento: o que cada uma destas jovens almas necessita para chegar à idade adulta? Todos me diriam: alimento, água, abrigo, roupas, calçado, fraudas, etc. Mas de onde vêm todos esses recursos que dão base à nossa vida? Da natureza, é claro! Os tijolos para sua moradia, retiramos da terra, assim como os vegetais que nos servem de alimentos (ou também como recursos para construção). A Terra também nos provém a água, que irriga cerca de 70% de nosso corpo, as plantas que cultivamos, bem como algumas espécies de animais com os quais convivemos, utilizamos e também nos alimentamos. A roupa, fizemos da seda, lã ou fibras que igualmente retiramos da natureza, e para ela devolvemos tudo isso na forma de resíduos, que não têm a mesma velocidade de decomposição daquela com a qual as fabricamos.

Essa breve síntese de nossa ação sobre o planeta já expõe um grande desafio a ser enfrentado: a equalização de nosso consumo. Precisamos perceber que os recursos naturais são limitados à somente este planeta, e que cada impacto (positivo ou não) gera uma reação em cadeia imprevisível, que afeta não somente ao ser humano, mas também todas as demais formas de vida com as quais convivemos.

Além do alimento sem agrotóxicos, da água potável, de uma boa casa (com padrões climáticos e de iluminação adequados), precisamos pensar que cada criança que nasce, necessita de pessoas que atentem por elas e que as eduque. Que sejam responsáveis e garantam que sua cultura e relações sociais se fortifiquem. Entretanto, estes fatores sociais também estão sendo modificados pela nova relação que o ser humano vem estabelecendo em função dos valores econômicos. Hoje temos pais ausentes, que necessitam trabalhar por até mais de 8 horas para alimentar sua família. Outros migram para distantes cidades ou regiões, perdendo o convívio familiar e, muitas vezes, o substituindo por álcool, drogas ou outros vícios de alegrias momentâneas.

Contaminamos as águas que bebemos, o ar que respiramos e o solo que nos sustenta. Já não temos mais quatro estações climáticas bem definidas no ano, podendo essas ocorrer na variação de apenas um dia, prejudicando desta forma qualquer tipo de produção agrícola. Segundo o último censo do IBGE, temos 160.879.708 pessoas no Brasil vivendo em áreas urbanas (84%) em contraposição aquelas 29.852.986 que se dispõem, muitas vezes de modo desconecto, em áreas rurais (16%), denotando o claro esvaziamento do setor produtivo de alimentos. Destaca-se aqui um aspecto que poderia estar beneficiando tanto os consumidores quanto os pequenos agricultores, que se refere à obtenção de alimentos oriundos de feiras de produtos orgânicos, por exemplo. Esses espaços, pouco divulgados, cumprem um papel fundamental na manutenção de uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, incentivam os agricultores à continuidade de sua atividade nos espaços rurais, produzindo em pequena escala e sem o uso de produtos químicos. Nas cidades, estes antigos agricultores desprendem-se de sua história e costumes, encontrando à margem da sociedade, formas de sobreviver. Isso acaba por desequilibrar ainda mais a frágil situação dos grandes centros urbanos, os quais consomem cada vez mais recursos e produzem infinitos resíduos, afetando, dentre outros aspectos, os preceitos de Qualidade de Vida e Segurança Alimentar[1] preconizados no país.

Desde modo, precisamos urgentemente perceber o quão danosa é nossa relação com este local que nos mantém, passando os princípios de sustentabilidade e justiça social para outros que hoje conosco convivem, a fim de que as gerações futuras já cresçam em um ambiente de cuidado e exemplos positivos, incorporando, de corpo e alma, os objetivos da Educação Ambiental.

 

 

 

PRODUZINDO E ENSINANDO HOJE PARA O FUTURO.

 



[1] Definido pelo direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde.

Ilustrações: Silvana Santos