Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2012 (Nº 41) AÇÕES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ANIMAIS PERIGOSOS NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO
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AÇÕES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ANIMAIS PERIGOSOS NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

AÇÕES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ANIMAIS PERIGOSOS NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

 

Almeida, T. F.¹ & Soares, M. A.¹

 

1 – Núcleo de Meio Ambiente e Educação Ambiental, Escola de Saúde e de Meio Ambiente, Universidade Castelo Branco, Campus Realengo, Av. Santa Cruz 1631, Realengo, Rio de Janeiro, RJ, 21.710 250, RJ: Fone: (21) 2406-7700. thaisferreira.bio@gmail.com

 

RESUMO

 

Entendendo-se por educação ambiental os processos por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para a conservação do meio ambiente, essencial à sadia qualidade de vida, assim como a preservação das espécies. Promove-se, neste trabalho, a articulação de ações educativas voltadas às atividades de prevenção de acidentes com animais perigosos, e melhoria sócio-ambiental, e potencializar a função da educação para as mudanças culturais e sociais, que se insere a Educação Ambiental no planejamento estratégico para a mudança de comportamento e a melhoria da qualidade de vida. Utilizando-se metodologias de análises em Educação Ambiental, demostrou-se que a principal causa de acidentes com escorpiões são as condições precárias de habitação é a falta de conhecimento sobre a biologia e o comportamento desses animais peçonhentos. Fica evidente a necessidade de articular ações educativas voltadas às atividades de prevenção de acidentes com animais perigosos.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental; Prevenção; Preservação; Escorpiões.

 

1.    INTRODUÇÃO

 

Ao contrário de outros seres vivos que, para sobreviverem, estabelecem naturalmente o limite de seu crescimento e consequentemente o equilíbrio com outros seres e o ecossistema onde vivem, a espécie humana tem dificuldade em estabelecer o seu limite de crescimento, assim como para relacionar-se com outras espécies e com o planeta (DONELLA, 1997). Entendendo-se por educação ambiental os processos por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade, assim como a preservação das espécies (EFFTING, 2007), promove-se, neste trabalho, a articulação de ações educativas voltadas às atividades de prevenção de acidentes com animais perigosos, e melhoria sócio-ambiental, e potencializar a função da educação para as mudanças culturais e sociais, que se insere a Educação Ambiental no planejamento estratégico para a mudança de comportamento e a melhoria da qualidade de vida. Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementação destas atividades. A escola dentro da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconseqüente dos recursos naturais e de inúmeras espécies. Utilizando-se metodologias de análises em Educação Ambiental, demonstrou-se que a principal causa de acidentes com escorpiões são as condições precárias de habitação é a falta de conhecimento da população geral sobre a biologia desses animais peçonhentos. Essa prevenção envolve cuidados no manuseio de roupas, calçados e utensílios domésticos, a limpeza rotineira de quintais e jardins, e a manutenção do entorno dos imóveis livres de entulho e lixo dificulta a proliferação de baratas, principal alimento dos escorpiões no meio urbano. Neste trabalho, fica evidente um distanciamento entre a abordagem dos conteúdos científicos escolares e as concepções prévias dos estudantes. Os resultados revelam a permanente necessidade de esclarecer sobre a importância dos animais venenosos e peçonhentos e os riscos de acidentes, a fim de mostrar o importante papel ecológico desses animais e a importância de sua preservação.

No Brasil, três espécies de escorpiões do gênero Tityus considerado de importância médica têm sido responsabilizadas por acidentes graves e fatais, sendo T. serrulatus responsável pela maioria dos acidentes fatais (CARDOSO et al., 2009). As picadas de escorpião destacam-se entre os acidentes com animais peçonhentos na infância, devido às particularidades de vida desses artrópodes e as frequentes exposições das crianças. Nessa faixa etária, existe o risco de maior gravidade (HORTA et al., 2007). Além das condições precárias de habitação, outro principal fator responsável por esses índices é a falta de conhecimento da população geral sobre a biologia desses animais peçonhentos, bem como sobre a prevenção de acidentes (FERREIRA & SOARES, 2008). Essa prevenção envolve cuidados no manuseio de roupas, calçados e utensílios domésticos. A limpeza rotineira de quintais e jardins, e a manutenção do entorno dos imóveis livres de entulho e lixo dificulta a proliferação de baratas, principal alimento dos escorpiões no meio urbano (BRASIL, 2009).

 

2.    MATERIAL E MÉTODOS

 

O presente estudo foi desenvolvido no projeto “O Bicho vai Pegar!”, do Núcleo de Meio Ambiente e Educação Ambiental da Universidade Castelo Branco, em parceria com o NGPS (Núcleo de Gestão de Programas Sociais). O trabalho foi realizado no bairro de Realengo, na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, no mês de outubro de 2011. Foram realizadas palestras e aplicados questionários pré-teste e pós-teste, com perguntas sobre o conhecimento, a biologia e o comportamento dos escorpiões, além de conter questões sobre os métodos preventivos e os aspectos terapêuticos de acidentes.

 

3.    RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Dos 22 alunos entrevistados todos de ensino fundamental e médio (figura 1), 73% foram do sexo feminino e 27% do masculino. No pré-teste, 36% dos entrevistados responderam que tinham medo de escorpiões e que a causa do medo era a aparência do animal. No pós-teste, essa mesma porcentagem persistiu, com relação em ter medo de escorpiões. Dos alunos entrevistados, 5% responderam no pré-teste que preservar os escorpiões não ajuda no equilíbrio ecológico. Segundo CECHIN et al., 2007, não só os escorpiões, mas os animais peçonhentos em geral, devem ser preservados pelo fato de fazerem parte de uma cadeia biológica. Apenas 68% dos alunos entrevistados estariam dispostos a preservar os escorpiões (figura 2). Quanto aos métodos preventivos (figura 3), 13% assinalaram como medida preventiva mais eficaz o uso de produtos químicos. O uso de produtos químicos é ineficiente, pois os inseticidas, além de serem irritantes para os escorpiões, acabam por desalojá-los de seus esconderijos (frestas, ralos, buracos, pilhas de tijolos, madeira, etc.), aumentando o risco de acidentes (BRASIL, 2009).

 

 

 

Figura 1: Sexo dos alunos entrevistados

 

 

 

 

Figura 2: Preservar os escorpiões ajuda no equilíbrio ecológico?

 

 

 

Figura 3: Métodos de prevenção contra acidentes.

4.    CONCLUSÃO

 

No presente trabalho, foi evidenciado um distanciamento entre a abordagem dos conteúdos científicos escolares e as concepções prévias dos estudantes. Os resultados revelam a necessidade de esclarecer sobre a importância dos animais venenosos e peçonhentos e os riscos de acidentes, (figura 4) onde através de ações educativas voltadas às atividades de prevenção de acidentes com animais perigosos se fazem necessárias e relevantes, segundo resultados obtidos indicam a necessidade de sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies, mesmo que perigosas.

 

 

 

Figura 4: Palestras educativas voltadas às atividades de prevenção de acidentes com animais perigosos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação epidemiológica das zoonoses de interesse à saúde publica. Boletim Eletrônico Epidemiológico. Ano 9, nº 1, p.14. 2009.

CARDOSO, J. L. C.; CUPO, P.; AZEVEDO-MARQUES, M. M. & HERING, S. E. Escorpionismo. In: CARDOSO, J. L. C.; FRANÇA, F. O. S, WEN, F. H., MÁLAQUE, C. M. S. & HADDAD JR. V. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. 2. Ed. São Paulo: Sarvier, p. 215. 2009.

CECHIN, S. Z.; FREITAS, Thaís de; ARRUDA, Diego de. Prevenção de acidentes por animais peçonhentos. Caderno Didático Eletrônico do Programa de Licenciaturas. 2007.

DONELLA, M. Conceitos para se fazer Educação Ambiental. Secretaria do Meio Ambiente, 1997.

EFFTING, T. R. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidade e Desafios. Monografia, Pós-graduação, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2007.

FERREIRA A. M. & SOARES C. A. A. A. Aracnídeos Peçonhentos: Análise das Informações nos Livros Didáticos de Ciências, Revista Ciência & Educação. v. 14, n. 2, p. 307-314. 2008.

HORTA, F. M. B.; CALDEIRA A. P.; SARES, J. A. S. Escorpionismo em crianças e adolescentes: aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes hospitalizados, Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical vol. 40, n°3, Minas Gerais, p. 351. 2007.

 

Ilustrações: Silvana Santos