Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Evolução de eventos
sobre meio ambiente e seus reflexos na responsabilidade socioambiental das
empresas: reflexões para a conscientização ambiental
2. [1]Doutoranda em Desenvolvimento Rural
pela UFRGS, Bolsista CAPES. ana.matei@ufrgs.br 3. Doutoranda em Geografia pela UFRGS,
Professora do IFRS. shana.flores@osorio.ifrs.edu.br 4. Doutorando em Agronegócios pela UFRGS,
Bolsista CNPq. matheusdill@hotmail.com 5.
Doutorando
em Agronegócio pela UFRGS, Professor da UNOESC. cesar.cepan@gmail.com Endereço: CEPAN - Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Av.
Bento Gonçalves, 7712. Agronomia - 1.º Andar - Porto Alegre/RS - CEP: 91540-000
– Fone/FAX: +55 51 33.08.65.86 RESUMO Os impactos das mudanças climáticas têm exigido
de governos, empresas e ONG’s, propostas de soluções para os atuais problemas
ambientais. Na esfera pública, eventos são realizados e legislações são
elaboradas visando mitigar os efeitos da poluição ambiental, ao passo que na
esfera privada, muitas empresas têm buscado implementar práticas de gestão que
apresentem à sociedade o desenvolvimento de suas ações de responsabilidade
socioambiental. Este artigo propõe-se, ao observar esta conjuntura, a abordar as
questões da responsabilidade socioambiental das empresas, além de apresentar um
histórico dos principais eventos acerca da temática do meio ambiente e
aquecimento global ocorridos nas últimas décadas. Metodologicamente, realizou-se
uma revisão de literatura acerca dos conceitos do socioambientalismo, e
definições e caracterização de responsabilidade socioambiental das empresas no
âmbito da temática do aquecimento global; e levantamento de informações e dados
acerca dos marcos da política socioambiental, além das experiências existentes.
Observou-se que, apesar da dificuldade de maturação dos temas deste trabalho e
carência do debate, a proposta de incorporação do conceito de socioambientalismo,
aqui trabalhado, nas análises de responsabilidade socioambiental foi compreendida,
com o objetivo de pesquisar não somente as relações entre agentes/setores, como
também temáticas de eventos internacionais sobre a temática que permitam
promover reflexões para a conscientização ambiental. Palavras-chave: responsabilidade socioambiental; mudanças
climáticas; conscientização
ambiental. 1.
INTRODUÇÃO Os impactos das mudanças climáticas
(em especial o aquecimento global) têm exigido de governos, empresas e ONG’s,
propostas de soluções para os atuais problemas ambientais. Na esfera pública, os governos
realizam eventos e elaboram legislações visando mitigar os efeitos da poluição
ambiental e as organizações não-governamentais buscam representar os movimentos
sociais que pressionam por estas ações e mudanças. Na esfera privada, muitas empresas têm
implementado práticas de gestão que possam promover e apresentar à sociedade o
desenvolvimento de suas ações de responsabilidade socioambientais. Neste contexto, este artigo tem a
proposta de promover reflexões para a conscientização ambiental a partir da observação
desta conjuntura, buscando abordar as questões da responsabilidade
socioambiental das empresas, além de um histórico dos principais eventos
(marcos da política socioambiental) acerca da temática do meio ambiente e
aquecimento global ocorridos nas últimas décadas. 2. MÉTODO Para o desenvolvimento deste artigo foram
inicialmente estabelecidos limites para a busca de informações e delineamento
do mesmo. Observando o critério de classificação, quanto aos objetivos e
procedimentos, optou-se por um estudo exploratório pelo nível de conhecimento
do assunto. Quanto aos procedimentos, foram
realizados: i) revisão de literatura sobre
os conceitos do socioambientalismo, e definições e caracterização de responsabilidade
socioambiental das empresas no âmbito da temática do aquecimento global; e ii) levantamento de informações e dados acerca
dos marcos da política socioambiental e das experiências e práticas existentes. 3.
RESULTADOS e DISCUSSÃO 3.1 Conceitos de Socioambientalismo e Responsabilidade
Socioambiental Nas últimas três décadas, as ciências
sociais vêm abrigando a construção de um novo paradigma científico, como aponta
Julia Guivant (1995). Entendido
que os recursos naturais do planeta são finitos e sujeitos a sérias
degradações, o que estabelece os limites dentro dos quais planejar o
crescimento econômico e o bem-estar dos seres humanos, passa-se a estudar os
processos sociais no contexto maior da biosfera, considerando-se que as
práticas humanas deliberadas, afetando o meio ambiente, têm provocado efeitos
negativos não previstos. As pesquisas sobre agricultura realizadas nestes
últimos anos são compreendidas na problemática ambiental pela ótica social. Neste novo paradigma, há trabalhos
integrados na crítica ao modelo agrícola brasileiro, fundamentados em uma
perspectiva que busca quebrar o isolamento da questão referente à
sustentabilidade agrícola (nas pesquisas de ciências sociais ligadas ao meio
ambiente no Brasil), como é o caso de Francisco Graziano Neto (1985); George
Martine e Ronaldo Garcia (1987); Ademar Romeiro (1992); e Donald Sawyer
(1991). Por conseguinte, mesmo que o caráter
deste artigo não permita um aprofundamento da questão da sustentabilidade
agrícola, é importante mencionar sinteticamente a inclusão e compreensão do
termo “socioambientalismo”, que no Brasil é caracterizado “pela busca do
desenvolvimento não só da sustentabilidade de ecossistemas, espécies e
processos ecológicos, mas também a sustentabilidade social e cultural por meio
de políticas públicas sociais” (VIEIRA, 2006), ainda que a realidade da gestão
socioambiental pública brasileira atual esteja em busca deste resultado. Já no âmbito da gestão privada, muitas
empresas têm implementado práticas de gestão que possam promover e apresentar à
sociedade o desenvolvimento de suas ações de responsabilidade socioambientais,
havendo muitas ferramentas e modelos vigentes (certificações) atualmente. Isto porque a maior consciência
coletiva em relação ao meio ambiente e a complexidade das demandas sociais que
a sociedade repassa às organizações, induzem um novo posicionamento por parte
de empresários e executivos frente a tais questões (TACHIZAWA et. al., 2007). Portanto, na visão empresarial, a responsabilidade
socioambiental (RSA) é um conceito empregado por empresas e organizações no
intuito de expressar o quão responsáveis são para com as questões sociais e
ambientais que envolvem a produção de bens ou a realização de serviços, em
relação ao seu impacto para a sociedade e o meio ambiente, buscando reduzir ou
evitar possíveis riscos e danos sem redução nos lucros. Corresponde a um compromisso das
empresas (melhor difundido entre as urbanas, mas ainda incipiente nas rurais,
especialmente na agricultura empresarial) em atender à crescente
conscientização da sociedade, principalmente nos mercados mais maduros. Diz
respeito à necessidade de revisar os modos de produção e padrões de consumo
vigentes de tal forma que o sucesso empresarial não seja alcançado a qualquer
preço (LEME, 2006), mas ponderando-se os impactos sociais e ambientais consequentes
da atuação administrativa da empresa. Mas todas estas definições atuais,
públicas e privadas, só chegaram a este nível de elaboração, por causa das
pressões advindas de movimentos e momentos históricos, que contribuíram
fundamentalmente para a discussão. 3.2 Marcos da questão
ambiental no mundo Em 1968, é constituído o chamado
“Clube de Roma”, envolvendo 30 cientistas de 10 países desenvolvidos
interessados em discutir a questão ambiental. Estes pesquisadores objetivavam
analisar os problemas resultantes do modelo de crescimento vigente na época,
passando a estudar sobre fenômenos como o crescimento descontrolado da
população, a aceleração do nível de industrialização, a escassez dos recursos
naturais não-renováveis e a degradação ambiental. A partir desta mobilização, foi
apresentado relatório The limits of Growth, divulgado em 1972,
despertando interesse e servindo de base para a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, na cidade de Estocolmo, Suécia, também em 1972. Nesta conferência, criou-se o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Naquela época, a idéia era dar
mais visibilidade aos problemas ambientais, que ainda não tinham atingido as
atuais proporções, mas já revelavam seus perigos em potencial (LEIS, 1991). A 1ª. Conferência de 1972
teve seu principal desdobramento duas décadas depois, na ECO 92 (ou Rio 92),
uma nova reunião mundial para discutir os problemas ambientais, que se
diferenciou da anterior por contar com a presença de chefes de Estado. Isso
evidenciava que as questões relativas ao meio ambiente tinham ganhado a atenção
das políticas governamentais, uma vez que em nível nacional, 1992 é o ano de
criação do Ministério do Meio Ambiente. No âmbito da análise dos
problemas e de suas soluções, a ECO 92 apresentou uma contribuição definitiva
ao estabelecer o conceito de desenvolvimento
sustentável, que deixava claro que no centro das questões ambientais se
encontravam questões centrais da economia. A questão era conciliar o equilíbrio ecológico com o desenvolvimento econômico, o
crescimento dos países pobres e em desenvolvimento. Além disso, os eventos
paralelos que aconteceram no Rio de Janeiro durante a realização da ECO 92
mostraram que a sociedade civil poderia contribuir com a solução dos problemas
e começava a se organizar em ONG´s que objetivavam cuidar de questões
ecológicas e sociais (LAGO, 2007). Na ECO 92, foram assinados
documentos que delineavam ou instituíam políticas internacionais sobre as
questões ambientais e suas implicações econômicas e sociais. Entre eles, a Carta da Terra, uma proclamação de
princípios, que equivale à Declaração Universal dos Direitos Humanos no que se
refere à sustentabilidade e à justiça social. A Carta estabelece diversos
valores a se observar e ideais a se perseguir, como o respeito ao planeta, a
produção e o consumo sustentáveis, a responsabilidade e transparência nos
processos administrativos, a paz
e as soluções não-violentas para os conflitos. Ressalta-se ainda, que a ECO 92 contou
com a participação de 170 países e que o resultado desta conferência culminou
com a proposição de uma agenda para o século XXI, batizada de Agenda 21. Na Agenda 21, foram relacionadas 2.500 medidas que podem servir como
base para que cada país elabore o seu plano de preservação do meio ambiente,
tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2004). Foram assinadas também as Convenções da Biodiversidade e das Mudanças
Climáticas. Esta última teve as consequências mais práticas e efetivas,
uma vez que lançou as bases do Protocolo de Kyoto (Japão - 1997), que
estabeleceu metas concretas para redução de gases do efeito estufa, em especial
o CO2. Foi assinado por 55 países e seu objetivo inicial deve ser
atingido entre 2008 e 2012. Entretanto, não foi assinado pelos EUA, país
responsável pela maior parte da emissão desses gases. Em 2002, uma nova
Conferência Mundial do Meio Ambiente, a Rio
+ 10, ocorreu em Johannesburgo, África do Sul e serviu para constatar os
pequenos avanços no combate aos problemas ambientais e para evidenciar que
ainda há muito por se fazer, num contexto cada vez mais crítico. Em 2009, ocorreu a
Conferencia das Partes (COP-15) em Copenhagen. Organizada pela ONU, reuniu os
líderes mundiais para discutir como reagir às mudanças climáticas. A “Conferência do Clima”
valeu pela mobilização (ONGs e a opinião pública global e local) e pelo fato de
ter colocado assunto da sustentabilidade e da preservação do meio
ambiente na prioridade da agenda mundial. Mas do ponto de vista de ações
práticas e imediatas para enfrentar a urgência dos problemas climáticos do
Planeta, a COP-15 ficou muito aquém do esperado. Não se conseguiu desbloquear a
questão do MRV (mensurável, reportável e verificável), nem estabelecer o
montante de recursos financeiros necessários ao longo da próxima década e não
se garantiu medidas claras de mitigação e de adaptação (WWF,2011). O próximo acordo global
sobre clima, que substitui o Protocolo de Kyoto ocorrerá em 2012. O primeiro período
de compromisso vai de 2008 a 2012 e estabelece metas para os países
desenvolvidos de 5,2% de redução dos gases de efeito estufa com base nos níveis
medidos em 1990. 3.3
Marcos da questão ambiental no Brasil Os primeiros antecedentes do ambientalismo
no Brasil são de caráter preservacionista e remontam a 1958, data de criação da
Fundação Brasileira para Conservação da Natureza. Mas a escassa importância de seu
desempenho no espaço público traz para os anos 1970 o processo de constituição
do ambientalismo brasileiro, quando então começam a configurar-se propostas
provenientes tanto do estado quanto da sociedade civil (VIOLA, 1987). A
profundidade e a violência das mudanças modernizadoras destes anos explicam
inclusive o maior espaço de atenção que as novas questões ambientais tiveram no
Brasil. Essas circunstâncias marcam
simultaneamente a força e a origem do ambientalismo no Brasil que, promovido
por cima e por baixo estrutura-se no seu período formativo como um movimento bi-setorial
constituído por Associações
Ambientalistas e Agências Estatais de
meio ambiente. A relação entre ambas dá-se
simultaneamente em caráter de conflito e cooperação, porque, uma questionava a
outra no sentido da atuação na dinâmica socioambiental. Porém a criação das Agências
significou um estímulo à formação e desenvolvimento das Associações, sendo que,
uma parte significativa dos técnicos e alguns dirigentes das agencias são
também ativistas nas entidades e as mobilizações e lutas das Associações
implicam um reforço da posição das Agências na estrutura estatal. A partir da segunda metade da década
de oitenta, o movimento ambientalista no Brasil torna-se Multissetorial, pois a
preocupação pública com a deterioração do meio ambiente vinha crescendo e
disseminando-se progressivamente. Este ambientalismo constitui-se por oito
setores principais, os dois já existentes e mais novos seis (tipos de
ambientalismo), com diversos graus de integração e institucionalização (VIOLA e
LEIS, 1995): Strico Sensu: associações e grupos comunitários
ambientalistas, que agora diferenciam-se em 3 tipos (profissionais,
semiprofissionais e amadoras); Governamental: as agencias estatais do
meio ambiente (no nível federal, estadual e municipal); Socioambientalismo:
as organizações não-governamentais, sindicatos e movimentos sociais que tem
outros objetivos, mas incorporam a proteção ambiental como dimensão relevante
de sua atuação. Ex: Movimento dos Seringueiros, Movimentos Indígenas, Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (que em algumas regiões tem avançado na
direção de uma proposta de “reforma agrária ecológica”); Dos Cientistas:
as pessoas, grupos e instituições que realizam pesquisa cientifica sobre a
problemática ambiental; Dos Políticos Profissionais: os quadros e
lideranças dos partidos existentes que incentivam a criação de políticas
específicas e trabalham para incorporar a dimensão ambiental no conjunto das
políticas públicas; Religioso: as bases e representantes das várias
religiões e tradições espirituais que vinculam a problemática ambiental à
consciência do sagrado e do divino; Dos educadores, jornalistas e artistas
fortemente preocupados com a problemática ambiental e com a capacidade de
influir diretamente na consciência das massas. Em janeiro de 1989, no auge das criticas nacionais e
internacionais à gestão ambiental, provocadas principalmente pelas queimadas na
Amazônia e pelo assassinato de Chico Mendes, o governo cria o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o que
implica uma reforma conceitual-organizacional na definição da problemática
ambiental, já que pela primeira vez associa-se a proteção ambiental com o uso
conservacionista de alguns recursos naturais. Com a onda ambientalista brasileira cada vez ganhando
mais espaço na mídia e conscientizando vários setores da sociedade, alguns
empresários começam a dar um significativo apoio às novas organizações
ambientalistas profissionais. Então em 1991 funda-se a Sociedade Brasileira
para o Desenvolvimento Sustentável, reunindo empresas que pretendem pautar sua
atuação pelo critério da sustentabilidade, um passo importante no
desenvolvimento da responsabilidade socioambiental e seus reflexos, tratados no
item 3.4. Por fim, em 1992 ocorre a ECO-92, que coloca o Brasil em
sintonia com os marcos da questão ambiental mundial mencionados na seção 3.2.
3.4 Responsabilidade Socioambiental
das Empresas O conceito de Responsabilidade
Social Empresarial (RSE) faz referência ao escopo ampliado das empresas, onde
se sai de uma visão em que a responsabilidade da empresa estaria relacionada
apenas ao aspecto econômico, partindo para inclusão de aspectos sociais,
ambientais e relação com as partes interessadas – ou stakeholders. Embora seja difícil sintetizar um histórico para essa
abordagem, é inegável que a emergência e evolução nas discussões a respeito da
questão ambiental e desenvolvimento sustentável, acima relatadas, estão
diretamente relacionadas com a visão de escopo ou responsabilidade ampliada das
empresas. Muito se discute sobre o conceito e
amplitude no tratamento do tema, bem como metodologias e indicadores para
comparar práticas de empresas em setores distintos. Dessa forma, organizações
nacionais e internacionais vêm propondo normas e metodologias que dizem
respeito, principalmente, a produtos, processos e formas de comunicação da RSE.
Nesse sentido, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, fundado
em 1998, tem importante papel na consolidação e divulgação dos princípios de
RSE no contexto brasileiro. Como conceito de RSE, a definição divulgada pelo
Instituto Ethos sintetiza bem a questão da responsabilidade ampliada das
organizações conforme pode ser visto a seguir. Responsabilidade Social
Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente
da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as
gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais (Instituto Ethos, 2010). A partir desse conceito, pode ser
percebido que RSE é uma forma de integração do conceito de desenvolvimento
sustentável na estratégia empresarial. Assim, além dos fatores econômicos
(relacionados à relação e retorno aos acionistas),
as empresas também devem considerar em sua gestão variáveis relacionadas ao meio ambiente, além de sociais, essas
últimas divididas em: comunidade local,
sociedade, fornecedores, clientes e colaboradores. Assim, as metodologias
propostas acabam por integrar, de forma parcial ou total, tais variáveis na
tentativa de orientar e certificar as ações das empresas em parâmetros
internacionalmente aceitos. Quadro 1: Principais Normas e Metodologias relacionadas
à Gestão Socioambiental
Fonte: adaptado de FLORES,
2005. Cada uma dessas normas ou metodologias
vai tratar de diferentes aspectos relacionados à incorporação do conceito de
RSE nas empresas e formas de avaliação. De um modo geral, a busca é por
processos genéricos, que possam ser utilizados por organizações em diferentes
países, regiões, tamanhos e segmento econômico. No quadro 2 observa-se uma síntese
relacionando as metodologias acima citadas com as variáveis de RSE. Quadro 2:
Relação
entre Normas/Metodologias e variáveis da Gestão Socioambiental
Fonte:
adaptado de FLORES, 2005. A partir das metodologias propostas,
outro tema recorrente é a criação de indicadores para acompanhar o desempenho
das empresas com relação a RSE, bem como a evolução no tratamento do tema. De
um modo geral, as metodologias acima trabalham com a proposta de indicadores,
dentre elas, cabe destacar o Instituto Ethos. No quadro 3, são mostradas as
áreas de indicadores para cada esfera de avaliação; cada área é dividida em
indicadores quantitativos e qualitativos já propostos, além de deixar espaço
para que cada organização inclua novos indicadores no momento da avaliação. Quadro 3:
Áreas
e Indicadores avaliados pela metodologia do Instituto Ethos
Fonte: Instituto Ethos, 2008. Outra importante ferramenta nessa
área são os indicadores iBase, iniciativa pioneira no Brasil para a divulgação
de balanço social, uma referência aos balanços patrimoniais apresentados
anualmente pelas empresas de capital aberto. Na verdade, o iBase acaba por
propor uma estrutura semelhante aos balanços patrimoniais, exprimindo
indicadores predominantemente quantitativos e permitindo a comparação entre
diferentes anos. Os indicadores iBase são divididos nas categorias: indicadores
sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores ambientais e
informações referentes ao exercício da cidadania (IBASE, 2010). Por fim, ressalta-se que as
metodologias precisam ser aplicadas e convertidas em ações concretas para
fazerem sentido. Por isso, políticas e ações adotadas pelas empresas de modo a
incorporar a filosofia da RSE em seu cotidiano devem implantar projetos de
Responsabilidade Socioambiental que contemplem: inclusão social, coleta de
lixo, reciclagem, programas de coleta de esgotos e dejetos, entre outros. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da dificuldade de maturação dos
temas deste artigo, a proposta de incorporação do conceito de
socioambientalismo aqui trabalhado nas análises de responsabilidade
socioambiental foi compreendida. Através das leituras, pode-se concluir
que, na esfera pública, apesar de ter sido criada nos moldes norte-americano e
europeu, a política ambientalista no Brasil possui muitas particularidades e
vem criando uma identidade própria no sentido da preservação e manutenção do
meio ambiente. O processo de elaboração da Agenda 21 brasileira, por exemplo, é
a mais ampla experiência de planejamento participativo desenvolvida no país no
período posterior à Constituição Federal de 1988. A Agenda 21
Brasileira procura, pois, estabelecer equilíbrio negociado entre os objetivos e
as estratégias das políticas ambientais e de
desenvolvimento econômico e social, para consolidá-los num processo de
desenvolvimento sustentável. Esse esclarecimento é indispensável uma vez que os planos de desenvolvimento no Brasil tendem, em geral, a
listar objetivos e diretrizes potencialmente conflitivos
sem explicitar para o poder público os valores e preferências envolvidos. Já na esfera privada, percebe-se que
há uma conscientização social e uma maior cobrança em termos de ações transparentes
e comprometidas para com a responsabilidade socioambiental das empresas. Assim,
muitos autores também preocupam-se em desenvolver métodos e ferramentas capazes
de auxiliar as organizações na identificação de seus impactos e a buscar
alternativas para que estes passivos ambientais sejam amenizados e/ou
reduzidos. Por
fim, destaca-se que talvez o fato mais válido na escolha de temas como os aqui
abordados não se restrinja a um aprendizado específico ou operacional, mas sim,
poder utilizar-se do conhecimento da temática para refletir e discutir o
desenvolvimento de modelos sustentáveis de produção, articulados às questões
ambientais globais e locais por meio de uma ótica multidisciplinar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Agenda 21 Brasileira: ações
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COPESUL. Trabalho de Conclusão do Curso de Administração. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2005 FRANGUETTO, F. W.; GAZANI, F. R. Viabilização Jurídica do Mecanismo de
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Internacional. São Paulo: Peirópolis; Brasília, DF: IIEB- Instituto
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VIOLA, E. (org) Meio Ambiente,
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