Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 38) MONITORAMENTO DE ASPECTOS AMBIENTAIS EM UMA COMPANHIA AÉREA NO AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO
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FACEL

MONITORAMENTO DE ASPECTOS AMBIENTAIS EM UMA COMPANHIA AÉREA NO AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO

NARDI, Anamaria Bergmann[1]

FOFONKA, Luciana2

 

RESUMO: O presente trabalho apresenta a situação de um determinada companhia Aérea que atua no Aeroporto Internacional Salgado Filho, RS que tem a finalidade de demonstrar e atingir um desempenho ambiental correto, através do gerenciamento dos aspectos de suas atividades e serviços para evitar impactos prejudiciais ao meio ambiente. Com tal objetivo, não apenas adota práticas e procedimentos de controle operacional, como estabelece ações de melhoria. Nesse contexto, no ano de 2011, a empresa implantou o plano de gerenciamento de resíduos sólidos junto à base de Porto Alegre, a fim de conferir um destino ambientalmente adequado a esses resíduos. O presente trabalho tem por objetivo apresentar as principais características das ações ambientalmente planejadas e executadas pela companhia em questão, através de uma abordagem que congrega tanto aspectos teóricos como práticos.   

 

Palavras-chave: Aeroporto. Meio ambiente. Gerenciamento de resíduos.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Os aeroportos, locais onde passam e trabalham milhares de pessoas causam impactos de variada ordem, a exemplo da geração de resíduos e da poluição sonora geradas por aeronaves. É nesse contexto, que determinada companhia aérea vem adotando práticas sustentáveis a fim de monitorar os seus aspectos ambientais, evitando impactos e riscos ao meio ambiente.

O artigo predispõe-se a mostrar o comprometimento da companhia aérea “X”³ no aeroporto Salgado Filho, Porto Alegre, RS com a prevenção à poluição, a melhoria contínua de desempenho ambiental e com o atendimento aos requisitos legais. As atividades e os serviços realizados na Base de Porto Alegre foram analisados para o levantamento dos principais aspectos ambientais, realizando posteriormente uma avaliação com o objetivo de determinar quais destes apresentam ou possam apresentar

impactos ambientais negativos significativos. A partir de então analisar a necessidade de serem ou não controlados.

  

2 LEVANTAMENTO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS

 

Para a avaliação dos aspectos ambientais, a companhia aérea realizou o levantamento de todos os processos, atividades ou serviços de suas respectivas áreas com o objetivo de sempre evitar os impactos ambientais negativos no meio ambiente e aumentar os impactos benéficos.

 

2.1 Atividade: manutenção de linhas de aeronaves

 

O processo de manutenção de linha de aeronaves é a execução de procedimentos ou itens que devem ser checados para garantir a integridade da aeronave e segurança do vôo, sendo realizado em aeronaves de trânsito ou de pernoite, que ficam estacionadas nas bases de manutenção por um determinado período à espera da próxima decolagem.

Os procedimentos ou itens a serem verificados que geram resíduos perigosos são:

 

Troca do óleo do motor

Sempre que o nível do óleo do motor estiver indicando “abaixo da média”, será necessário adicionar mais óleo a ele. Após a adição deste, a lata é colocada em um recipiente para esgotamento do óleo retido no seu interior. Quando é trocado o motor da aeronave, é esgotado o óleo do motor em um recipiente e adicionado óleo novo.

O aspecto ambiental verificado nesta atividade se traduz na geração de resíduo de embalagem metálica de óleo e de óleo proveniente do esgotamento da lata ou da troca do motor.

 

Troca do óleo de fluido hidráulico

Sempre que constatado algum vazamento de fluido hidráulico é adicionado o produto para nivelamento.

O aspecto ambiental deste procedimento se dá pela geração de embalagem metálica contaminada com óleo e o óleo proveniente do esgotamento da lata.

 

Troca do filtro de óleo

Sempre que necessário, o setor de manutenção estará trocando o filtro de óleo, que como aspecto ambiental terá a geração deste filtro contaminado com óleo.

 

Abastecimento da aeronave

A aeronave utiliza querosene de aviação como principal combustível. Durante as operações de abastecimento, as empresas responsáveis por sua realização deverão manter sinalização e delimitação da área de abastecimento com cones, fitas, torres, bandeirolas ou outros meios similares, de forma a assegurar que haja plena visibilidade em qualquer horário ou condição meteorológica, evitando choques mecânicos ao sistema de abastecimento.

Quando ocorre um vazamento no engate da mangueira, a mesma é limpa com manta absorvente. Neste procedimento, o aspecto ambiental se constitui na geração de manta absorvente contaminada com querosene de aviação.

 

Limpeza da aeronave

São realizadas limpezas diárias nas aeronaves, nas quais são utilizados produtos químicos, a exemplo do desinfetante de uso geral. Nesse caso, temos como aspecto ambiental a geração de embalagens vazias contaminadas com o produto, além dos equipamentos de proteção individuais (EPI’s), como aventais e máscaras de proteção, utilizados pela equipe da limpeza.

Nas limpezas das aeronaves, pode ser verificada a existência de resíduos de seringas contaminadas, utilizadas por passageiros. Nesse caso existe um procedimento de limpeza específico, onde se utiliza a caixa Sharp Box ou também chamada de Descartex para o devido acondicionamento da seringa.

A tripulação da aeronave entrega a caixa para a equipe de limpeza, que deverá seguir alguns cuidados, como descartá-la imediatamente no saco de lixo branco leitoso com simbologia infectante (lixo do toalete). Após a retirada do saco, a equipe deverá colocá-lo no contêiner do Aeroporto, em local adequado, administrado pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO).

 

Troca de pneu

Os técnicos da manutenção são responsáveis por sempre averiguar as condições físicas dos pneus das aeronaves e realizar a troca. Como aspecto ambiental, temos a geração de pneus inservíveis.

 

2.2 Atividade: operação de abastecimento de água potável da aeronave

 

Esta operação também é chamada de QTA (Quick Toilet Unit), sendo um dos procedimentos mais importantes na rotina de uma aeronave. A água potável, que abastece as aeronaves, serve para os toaletes e a cozinha (também chamada de galley - compartimento da aeronave onde são acondicionados, armazenados e manipulados os alimentos que serão servidos a bordo), sendo fornecida pela INFRAERO e vistoriada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para tanto, essa água deve atender aos padrões internacionais de qualidade, submetendo-se à verificação diária do seu teor de cloro e pH (consiste num índice que indica acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer).

Após realizada a medição de pH e cloro da água potável, é indicado que se adicione uma pastilha de clor.in (poderoso potabilizador, a base de cloro orgânico, elaborado para tratamento de água para consumo humano, eliminando os microorganismos causadores das doenças de veiculação hídrica) caso a mesma esteja com teor mínimo de cloro residual livre, que é o cloro presente na água nas formas de ácido hipocloroso.

Conforme a Portaria n°518, de 25 de março de 2004 “recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de abastecimento, seja de 2,0 mg/L” (SAÚDE, 2011).

Dentro da equipe de operadores de Serviço de Rampa – profissionais que cuidam da limpeza da aeronave e da bagagem – um grupo é responsável apenas por operar o veículo de abastecimento de água, a fim de garantir a não-contaminação em nenhuma etapa. Esse é o principal aspecto ambiental que pode ser verificado nesta atividade.

 

2.3 Atividade: operação de drenagem de detritos da aeronave

 

Esta operação é chamada de QTU (Quick Toilet Unit), onde é realizada a drenagem de detritos e abastecimento do líquido de rinsagem dos toaletes da aeronave, devendo ser executada com equipamentos motorizados ou rebocáveis da companhia aérea. O operador, quando em exercício deste procedimento, não pode desenvolver simultaneamente, outra atividade auxiliar de transporte aéreo.

Após a drenagem de todos os dejetos, o reservatório é abastecido com o líquido conhecido por BG-62, que é um fungicida bacteriostático de alta eficiência na desinfecção de superfícies e equipamentos, sendo recomendado para o uso em toaletes de aviões e outros meios de transporte.

A drenagem dos dejetos é feita em local específico para este fim, sendo de responsabilidade da Infraero e chamado de Estação de Tratamento de Dejetos (ETD) ou também conhecido no Aeroporto como cloaca.

Existem dois aspectos ambientais importantes nesta atividade:

- a existência de produto químico com prazo de validade em dia (Hipoclorito de Sódio 10 a 12% de cloro ativo) no veículo de QTU no caso de derrames de dejetos na pista. Caso haja resíduos como restos de plásticos no conteúdo derramado, a equipe da limpeza deve ser acionada para remoção e descarte apropriado em saco branco leitoso;

- verificação dos EPI’s utilizados que devem ser lavados com água abundante após o uso pelo operador.

 

2.4 Atividade: lavagem de equipamentos de solo

 

Limpeza e desinfecção do carro de abastecimento de água potável

A companhia aérea costuma realizar esta atividade a cada três meses e utiliza como produto principal o Hipoclorito de Sódio 10 a 12% de cloro ativo conforme procedimento descrito na Resolução da Diretoria Colegiada RDC n°2, de janeiro de 2003 da ANVISA que rege as condições higiênico-sanitárias satisfatórias.

O aspecto ambiental observado é a embalagem vazia do produto químico. Outro aspecto importante para evitar impacto ambiental significativo como a contaminação da água é verificar as condições estruturais, operacionais e higiênico-sanitárias do reservatório do carro de abastecimento após a limpeza, impedindo focos de contaminação da água potável como sujeiras, rachaduras ou vazamentos.

 

Limpeza e desinfecção do carro de drenagem de detritos

A limpeza e desinfecção do tanque do veículo de drenagem de detritos é realizada com Hipoclorito de Sódio após cada jornada de trabalho, de acordo com a necessidade ou derrame sobre o veículo junto à Estação de Tratamento de Dejetos.

Temos como aspecto ambiental a embalagem vazia do produto químico e a geração do efluente líquido (hipoclorito de sódio e resíduos do toalete da aeronave).

 

3 AÇÕES AMBIENTAIS 

 

3.1 USO DE COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO

 

As empresas aéreas estão em busca de soluções sustentáveis e ecologicamente corretas para satisfazer clientes que se preocupam com impacto ambiental das coisas que consomem. Existe uma verdadeira corrida em busca destas soluções sustentáveis para todo setor de transporte aéreo, sendo uma das alternativas o uso de biocombustíveis (RECICLAGEM LIXO, 2011).

A companhia aérea X já realizou teste com um tipo de aeronave utilizando como combustível o óleo de pinhão manso que é um tipo de biodiesel produzido no Norte, Sudeste e Centro-Oeste do País com grande sucesso. Estavam a bordo 18 pessoas, entre técnicos e executivos da companhia, além dos tripulantes.

Segundo estudo citado pela companhia, realizado pela Michigan Technological University, biocombustíveis de aviação produzidos a partir do pinhão manso permitem uma redução de 65% a 80% na emissão de carbono, em relação ao querosene de aviação derivado de petróleo (GLOBO, 2011).

  

3.2 ARMAZENAMETO DO ÓLEO DIESEL UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO DOS EQUIPAMENTOS DE SOLO

 

A companhia aérea encontrou uma maneira ambientalmente correta de armazenar o óleo diesel que abastece os seus equipamentos de solo evitando impactar o solo. Utilizam devida placa de sinalização que conforme consta na NBR 7500, o algarismo 30 (trinta) estabelece o número de risco (líquido inflamável) e 1202 (mil duzentos e dois) o número definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como identificador do óleo diesel.

 

3.3 RUÍDO AERONÁUTICO

 

Os aeroportos podem ser causadores de grande impacto no meio ambiente, sendo que, dentre os impactos, o ruído é sem dúvida o fator determinante de alterações na vida da população que exerce algum tipo de atividade em sua proximidade podendo produzir uma variedade de efeitos psicossociais e econômicos. (NUNES, 2011).

A turbina se constitui na parte da aeronave que ocasiona o maior nível de ruído. Assim, torna-se obrigatório o uso de protetor auricular do tipo concha ou plug por todos os funcionários que atuam na pista. Esses protetores são fornecidos pelo Departamento de Segurança, Saúde e Meio Ambiente, que também presta orientações sobre uso correto, cuidados e precauções que devem ser adotados.

  

3.4 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

 

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA com o objetivo de definir normas e procedimentos mínimos para o tratamento e gerenciamento de resíduos sólidos proveniente dos aeroportos, com a visão de que as ações preventivas são mais eficazes para minimizar os danos à saúde pública e ao meio ambiente edita sua Resolução nº 5, de 05 de agosto de 1993. (Ministério do Meio Ambiente - MMA, 2011).

A mencionada Resolução torna obrigatória a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), nos termos da legislação, no seu Inciso II do artigo 1º:

 

Documento integrante do processo de licenciamento ambiental, que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, (...) contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública (MMA apud GONÇALVES, 2006, p.7).

 

Com base nesta Resolução a companhia aérea elaborou o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a gestão de resíduos industriais gerados em sua base de operações no Aeroporto Internacional Salgado Filho. Assim, a companhia passa a ter uma gestão preventiva, de modo a evitar a geração de seus resíduos e impactar ao mínimo o meio ambiente, além de proporcionar a correta destinação dos resíduos gerados.

 

3.4.1 Avaliação Inicial dos Resíduos   

 

Vários resíduos foram tratados no PGRS, dentre os quais serão citados os mais importantes, gerados no processo de manutenção de linha e nos serviços de limpeza de aeronaves. 

  

3.4.2 Relação dos Resíduos  

 

Na tabela abaixo, encontra-se a relação dos resíduos gerados pelas diversas atividades realizadas pela companhia aérea. A classe de resíduo I refere-se aos produtos perigosos, já a classe II aos não perigosos, sendo II A os resíduos não inertes.

 

Resíduos

Local de    Geração

Classe de Resíduo (NBR1004/04)

Quantidade     mensal    estimada

 

 

 

 

Latas vazias contaminadas com óleos

Manutenção de aeronaves

Classe I

Sem estimativa

Óleos provenientes do esgotamento

das latas

Manutenção de aeronaves

Classe I

Sem estimativa

Mantas absorventes contaminadas

com óleos e querosene

Manutenção de aeronaves

Classe I

Sem estimativa

Avental contaminado com óleos e

querosene

Manutenção de aeronaves

Classe I

Sem estimativa

Máscara com validade vencida

Manutenção de aeronaves

Classe I

Sem estimativa

Pneus

Manutenção de aeronaves

Classe I

Sem estimativa

Resíduos recicláveis

Terminal de Cargas

Classe II A

Sem estimativa

Pilhas e baterias

Terminal de Cargas

Classe II A

Sem estimativa

Resíduos orgânicos

Serviço de bordo

Classe II A

Sem estimativa

 

 

 

 

Fonte: PGRS – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Companhia Aérea X – Porto Alegre-RS – Maio 2011.

 

3.5 PROGRAMA DE REDUÇÃO NA FONTE GERADORA

 

Uma forma encontrada para reduzir a geração dos resíduos perigosos nas atividades de manutenção se constitui na busca por novas tecnologias para os sistemas de motores e hidráulicos, fazendo com que a aeronave se torne mais econômica na queima de combustível, conseqüentemente ocasionando um consumo menor de óleo.

Para os demais resíduos (não perigosos) há um programa interno que possibilita a minimização e reciclagem dos mesmos.

 

3.6 SEGREGAÇÃO

 

A segregação dos resíduos deve ser realizada de acordo com sua periculosidade, compatibilidade química e método de destinação, seguindo a NBR 10004 - Resíduos Sólidos - Classificação. Muitas vezes, para se fazer a classificação dos resíduos há necessidade de realizar a caracterização dos mesmos, através de análises físico-químicas. Para os resíduos do processo de manutenção de aeronaves, que foram identificados como perigosos, por se tratar de materiais provenientes de hidrocarbonetos, não é necessário fazer análise físico-química, por se tratar de um resíduo conhecido, de óleo, portanto, caracterizados como Classe I.

.

3.7 ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO 

 

3.7.1 Acondicionamento

 

Este procedimento tem como objetivo garantir o correto acondicionamento dos resíduos até sua locomoção ao local de armazenamento para destinação final, levando em consideração aspectos de evitar acidentes ambientais (derramamentos) e a segurança das pessoas que estarão manuseando estes resíduos.

Os resíduos comuns são acondicionados em contêineres disponibilizados pela INFRAERO em locais estratégicos dentro do aeroporto.

Sempre que é gerado qualquer resíduo no processo de manutenção de aeronave ou de equipamentos, o mesmo será colocado em sua respectiva embalagem original, devidamente identificada, que estará disponível nas vans (veículos de transporte utilizados na manutenção). Após o término da operação de manutenção, o resíduo será encaminhado para a área de armazenamento.

Abaixo temos um exemplo da ficha de identificação de resíduos preenchida.

 

Imagem 1 – Ficha de Identificação de Resíduos. Fonte: Manual de procedimentos Companhia Aérea X (2011).

 

 

3.7.2 Armazenamento Temporário

 

Para os resíduos comuns não há um armazenamento temporário, por conta do grande volume e periodicidade com que a empresa coletora os recolhe.

Já para os resíduos perigosos a área de armazenamento fica isolada das demais áreas da base, estando confinada, com acesso restrito apenas a pessoas autorizadas. A área possui um KPA - Kit de Proteção Ambiental para auxiliar na contenção de derramamentos, conforme NBR 12235 - Armazenamento de resíduos perigosos, sendo o mesmo utilizado somente por funcionários treinados. Este kit contém EPI’s, absorventes sintéticos como cordões para contenção, mantas e almofadas, pá antifaísca, sacos em polietileno para descarte e turfa (absorvente natural e biodegradável indicado para reter óleos e derivados de petróleo).

Os resíduos de óleos serão armazenados em tambores devidamente identificados e fechados para que não haja vazamento. Os demais resíduos serão armazenados em Big Bag’s feitos em prolipropileno com liner (material que impede o vazamento do produto).

Os resíduos recicláveis serão armazenados em lixeiras apropriadas e posteriormente enviados para as cooperativas cadastradas pela INFRAERO. Elas recebem os resíduos em forma de doação para gerar renda a famílias carentes, além de contribuir para a inclusão social destas pessoas.

  

3.8 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

 

Atividades de transporte aéreo regular de passageiros, manutenção básica de aeronaves (sem reparos) e terminal de cargas não são passíveis de licenciamento no órgão ambiental, desde que sejam cumpridas as instruções contidas no PGRS e que as empresas contratadas para realizar o transporte e destinação final de resíduos sejam licenciadas no órgão ambiental competente.

Após realizar o levantamento inicial e definidos os modos de acondicionamento e armazenamento temporário, são identificadas as tecnologias para o tratamento dos resíduos oleosos ou contaminados com óleo, sendo feito o levantamento das empresas que realizam o tratamento e que estejam licenciadas pelo órgão ambiental competente.

 

 

3.9 MEDIÇÃO E CONTROLE 

 

Devido ao volume gerado nas atividades, a medição da quantidade de resíduo gerado será realizada quando for enviado o mesmo para o tratamento final, sendo o controle feito através do preenchimento da Ficha de Controle de Resíduos.

Também farão parte do controle dos resíduos os documentos gerados pelas empresas que recebem os resíduos, tais como: certificados de recebimento, certificados de destruição, manifestos de transporte de resíduos perigosos, etc.

O responsável pelo gerenciamento de resíduos deve emitir anualmente um inventário constando a movimentação dos resíduos.

 

 

3.10 TRANSPORTE

 

Sempre que houver a geração de um lote econômico será acionada a empresa de transporte para coletar e transportar os resíduos até a destinação final.

O transporte externo será realizado por transportadora devidamente licenciada para tal atividade com as devidas fichas de emergência, manifesto de transporte de resíduos, além de emissão de nota fiscal de simples remessa, conforme as normas e legislações. Se até a destinação final houver algum acidente, o motorista entrará em contato com o telefone de emergência da companhia aérea que avaliará a situação e caso seja necessário, chamará empresa especializada em atendimento a emergências ambientais.

  

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O constante zelo ambiental adotado pela Companhia X encontra-se demonstrado frente à realização das diversas ações que foram destacadas, ficando evidenciados seus esforços para gerenciar os aspectos e riscos ambientais inerentes às atividades que desenvolve.

Partindo do presente estudo, recomenda-se, para trabalhos futuros o aprofundamento na elaboração de estudos e projetos para redução dos resíduos gerados nas aeronaves referentes às embalagens e alimentos servidos a bordo, bem como a formação de um banco de dados onde sejam contempladas informações sobre a quantidade de resíduos gerados pela companhia aérea.

 

 

5 REFERÊNCIAS

 

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 56, de 06 de agosto de 2008. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas Sanitárias no Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas áreas de Portos, Aeroportos, Passagens de Fronteiras e Recintos Alfandegados. Disponível em: <http://anvisa.gov.br.> Acesso em: 23 ago.2011.

 

 

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária . Resolução RDC n°2, de 08 de janeiro de 2003. Institui o Regulamento Técnico para Fiscalização e Controle Sanitário em Aeroportos e Aeronaves. Disponível em: <http://anvisa.gov.br.> Acesso em: 23 ago.2011.

 

 

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500: Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro, 2003.

 

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8843: Aeroportos – Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 1996.

 

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12235: Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos. Rio de Janeiro, 1992.

 

 

Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais.  Meio Ambiente. Companhia Aérea X. 2009.

 

Avião com biocombustível e energia renovável da biomassa. Disponível em: <http://www.reciclagemlixo.com/negocios/aviao-com-biocombustivel-e-energia-renovavel-da-biomassa.html>. Acesso em: 29 ago.2011.

 

Companhia aérea faz primeiro vôo usando biocombustível de pinhão manso. Disponível em: . Acesso em: 29 ago.2011.

 

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 005 de 5 de agosto de 1993. Estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários. Diário Oficial da União, 31 ago. 1993.

 

GONÇALVES, E. Práticas sustentáveis de Gestão e Controle Ambiental em Aeroportos. Disponível em: Acesso em: 02 ago.2011.

Manual de Gestão Ambiental. Companhia Aérea X. Base de São Paulo. 2009.

 

NUNES, M. Ruído Aeronáutico no entorno do Aeroporto Internacional Salgado Filho: Realidade Acústica e Recomendações de Padrão Construtivo. Disponível em: www.cbtu.gov.br/estudos/pesquisa/anpet.../rt/RD_arq28.pdf>. Acesso em: 04 set.2011.

 

Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Companhia Aérea X. Base de Porto Alegre. Porto Alegre, maio 2011.

 

Portaria n°518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 23 ago.2011.



[1]  Química Industrial graduada pela PUC-RS em 2004 que atua como responsável técnica no transporte aéreo e rodoviário.

   E-mail: abnardi@yahoo.com.br

2  Professora orientadora da IERGS/UNIASSELVI

³ Foi determinado não expor o nome da companhia para preservar a sua imagem, adotando, portanto, a denominação Companhia X.

 

Ilustrações: Silvana Santos