Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 38) Interpretação da percepção ambiental dos Educadores treinados no curso de sensibilização do Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília³
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Revista Educação Ambiental em Ação 38

Interpretação da percepção ambiental dos Educadores treinados no curso de sensibilização do Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de  Brasília³

Maria da Silva Pires¹ e Juliana Martins de Mesquita Matos²

¹Discente do Curso de especialização em Perícia Ambiental da FAMATEC 

² Professora do Curso de Perícia Ambiental da FAMATEC / Orientadora julianamartins21@yahoo.com.br

 

³ Trabalho apresentado para obtenção do título de Perita Ambiental apresentada a FAMATEC

 

Introdução

 

O impacto da espécie humana sobre o meio ambiente tem sido comparado, por alguns cientistas, às grandes catástrofes do passado geológico da terra. A humanidade deve reconhecer que agredir o meio ambiente põe em perigo a sobrevivência de sua própria espécie e pensar que o que está em jogo não é uma causa nacional ou regional, mas sim a existência da humanidade como um todo. Com todos os desastres que têm acontecido com o meio ambiente, percebe-se que o ser humano tem sido capaz de modificar seu meio ambiente para adaptá-lo às suas necessidades. O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Ocupa 21% do território nacional e é considerada a última fronteira agrícola do planeta, sendo a mais diversificada savana tropical do mundo, possuindo uma grande diversidade de habitats e espécies endêmicas (BORLAUG, 2002). Cerca de metade dos dois milhões de km² originais do cerrado foram transformados em pastagens plantadas, culturas anuais e outros tipos de uso. As transformações ocorridas no cerrado trouxeram grandes danos ambientais como a fragmentação de habitats, extinção da biodiversidade, invasão de espécies exóticas, erosão dos solos, poluição de aqüíferos, degradação de ecossistemas, alterações nos regimes de queimadas, desequilíbrios no ciclo do carbono e possivelmente modificações climáticas regionais.

 

 

 

 

 

 

A perda de habitat está causando a extinção de espécies, pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no cerrado estão ameaçadas de extinção (KLINK E MACHADO, 2005). Dentro deste contexto, é clara a importância da questão ambiental em qualquer discussão e também dentro dos debates da sociedade, no sentido de enfatizar a consciência de preservação do meio e a evolução para a gestão da sustentabilidade, porque, a cada dia, ficam evidentes as conseqüências dasagressões que o homem comete contra a natureza e a necessidade de mudança deste o comportamento (JACOBI, 2003).

A educação ambiental atua como catalisador no processo de conscientização da sociedade dos problemas ambientais, pois busca desenvolver em seus alunos, hábitos, comportamentos e atitudes sadios de conservação ambiental e respeito à natureza, transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do país (JACOBI, 2003). Desenvolver a educação ambiental não é tarefa fácil e requer criatividade, convicção e persistência para consecução de seus objetivos, pois a educação ambiental traz implícita uma mudança de hábitos e atitudes em relação a posturas de degradação do ambiente, almejando soluções individuais e coletivas para os problemas, presentes e futuros da humanidade (DIAS, 1993). A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais (SAUVÉ, 2005).  

 

 

 

O Parque Nacional de Brasília é uma unidade de conservação aberta para visitação pública. As visitações escolares e dos demais grupos estão vinculadas a formação prévia de professores e monitores que conduzirão as visitas dos grupos. Essa condição de capacitar o guia/monitor se deve a grande procura pela visitação do Parque e a pequena quantidade de funcionários para atender as visitações, as atividades do centro de visitantes e a fiscalização das áreas abertas ao público. Normalmente são os próprios Educadores que fazem o curso para poder desenvolver suas atividades educacionais no Parque.

            O curso de formação de multiplicadores ambientais do Parque Nacional de Brasília foi acompanhado durante os meses de junho e agosto de 2010, onde aplicou-se um questionário que teve por objetivo verificar a percepção  ambiental dos Educadores bem como a disponibilidade deste em desenvolver  projetos de educação ambiental nas suas instituições de origem.

 

 

Materiais e métodos

 

 

             Ao longo dos meses  de junho e agosto de 2010 foram acompanhados os cursos de sensibilização realizados pelo Núcleo de educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília. Neste curso os docentes recebem noções de ecologia, informações sobre o Parque Nacional, discutem sobre a preservação dos recursos naturais, formas de abordagem da educação ambiental nas escolas e realizam a visitação monitorada das trilhas abertas aos visitantes. Após a jornada do curso, os professores eram convidados a responder um questionário para a verificação no nível de sensibilidade destes às questões ambientais e a disponibilidade de realizarem atividades de educação ambiental com os alunos. Cerca de 70 professores responderam ao questionário composto por 8 questões de múltipla escolha (Anexo). O dados foram agrupados e discutidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resultados e discussão

 

 

 Na questão 1  foi perguntado se os professores tinham  ouvido  falar na Política Nacional de Educação Ambiental. Dos entrevistados 78%  responderam que já tinham ouvido falar na Política Nacional de Educação Ambiental.  Esse número  demonstra que a maioria  dos Docente estão  cientes  da existência dessa lei.

 Quando perguntados, na questão 2, sobre o que é educação ambiental, 95% do entrevistados responderam que  educação ambiental é um assunto que diz respeito a todos pois ajuda o individuo a entender seu papel  no ambiente onde vive. E apenas 5% responderam que era mais uma exigência da matriz curricular.  Na questão seguinte os professores são arguidos sobre a impressão que tem ao saber que terão que trabalhar educação ambiental. Cerca de  60%  respondeu que Acredito que  a melhor forma de apresentar a Educação Ambiental aos alunos é levando-os a ambientes naturais.  Desse universo 30% disseram  que sentem falta de um treinamento mais específico para realizar abordagens de educação ambiental. Nesse sentido, os Professores se sentem abandonados pelo estado que não fornece condições para que estes pratiquem as determinações da Política Nacional de Meio Ambiente. Na questão quatro os Professore são perguntados em qual momento escolar a educação ambiental deve ser trabalhada. Para essa questão os Professores foram unânimes em responder que todas as esferas de ensino deveriam discutir  e receber educação ambiental.

           A quinta questão perguntava sobre melhor forma de divulgação  da educação ambiental. Exatos   90% do professores entrevistados responderam que a educação ambiental seria melhor difundida se houvesse  um veículo de comunicação que trabalhassem o tema de maneira leve  e interessante para todas as idades.  Na questão seguinte, os professores são perguntados sobre o que é necessário para se falar de meio ambiente.  Como poderiam ser escolhidas mais de uma resposta, os professores se dividiram entre as seguintes respostas: 40% disse que  não é preciso usar o ensino formal, em  contrapartida 39%  dos entrevistados responderam que falar de meio ambiente é mais fácil na rotina do ensino formal.  52% concordam quando falam da  falta material adequado, como livros e filmes e estes elementos facilitariam a discussão sobre meio ambiente. Já 63% dos entrevistados afirmam que  não é necessária uma abordagem especifica basta que os alunos tenham contato direto com o meio ambiente para que a aprendizagem seja favorecida.

Na questão 7 , os entrevistados são perguntados o sobre o que esperavam  receber no curso que estavam fazendo no Parque Nacional de Brasília.  65% dos professores esperavam receber dicas de como trabalhar o meio ambiente na escola. 7% dos entrevistados responderam que fizeram o curso para cumprir um exigência do PNB para poder trazer os alunos para um momento de lazer, e  28% responderam que  fizeram o curso  para poder levar os alunos para um momento de vivência ambiental.   Na questão 8, os entrevistados são perguntados sobre  como se posicionam diante da temática ambiental  após fazerem o curso 70% dos professores responderam que se sentiam aptos multiplicar a idéia da sustentabilidade e da conservação do meio ambiente. Esse  estudo demonstrou que o Professor se propõe a trabalhar a educação ambiental, no entanto se sentem desamparados pelo Estado pois não dispõe de treinamento e recursos para inserir a educação ambiental de forma lúdica dentro das atividade curriculares.

Ainda que seja perceptível o crescente interesse da sociedade pelo meio ambiente, a escola  tem um papel fundamental de propagar  as condutas ambientais acertadas para a manutenção da qualidade de vida humana, bem como  discutir o papel do homem na natureza e os serviços prestados pela natureza ao homem. A mudança de comportamento deve ser estimulada em todo níveis de ensino, e a escola tem um papel fundamental  no que se refere a multiplicar as políticas nacionais de educação ambiental e  de meio ambiente.  Mesmo que não se perceba a importância da educação ambiental a curto prazo, faz-se necessário entender que  esta é uma ferramenta que pode garantir  a vida nos mais diferentes níveis biológicos, incluindo o homem.

 

Considerações finais

 

Há um consenso da necessidade de se educar o homem para se relacionar com o meio ambiente.  Apesar de haver uma política de incentivo a implantação da educação ambiental, faltam aos professores um treinamento especifico para desenvolver abordagens adequadas a cada  faixa etária.

A iniciativa do Núcleo de educação ambiental do  Parque Nacional de Brasília  é bastante louvável já que estimula os docentes a procurarem outros cursos e a trazerem os alunos para vivência ambiental num ambiente natural. De qualquer maneira deve-se ressaltar a importância da escola na promoção da  educação ambiental para que seja assegurada a  manutenção da qualidade de vida da sociedade.

 

Referencias Bibliográficas

 

 

CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Editora Cortez, 2008. (Coleção docência em formação).

 

JACOBI, P. EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE Cadernos de Pesquisa, n. 118, março de 2003.

 

KLINK, C. A., MACHADO, R. A conservação do Cerrado brasileiro. Revista MEGADIVERSIDADE , volume 1,Nº 1, Julho 2005.

 

KORNHAUSER, A . Criar oportunidades. Educação, um tesouro a descobrir. 6.ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF; MEC; UNESCO, 2001.

 

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: Possibilidades e limitações. Educação Pesquisa. Vol.31 no.2 São Paulo May/Aug. 2005.

Ilustrações: Silvana Santos